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FACULDADE DO MARANHÃO

CURSO DE DIREITO

ANA PAULA CRISTINA CUNHA NUNES

DIREITO CIVIL III: Contrato de Mandato.

São Luís
2021
FACULDADE DO MARANHÃO
CURSO DE DIREITO

ANA PAULA CRISTINA CUNHA NUNES

DIREITO CIVIL III: Contrato de Mandato.

Trabalho de produção textual


entregue ao Professor Doutor. Nelson
Melo de Morais Rêgo, como requisito
para obtenção da segunda nota.

São Luís
2021
INTRODUÇÃO

O mandato tem raízes ainda na antiguidade, com o acordo entre as


pessoas; sendo o mandato é o contrato no qual uma pessoa recebe poderes de
outra, para que em seu nome possa praticar atos jurídicos ou administrar interesses.
O mandato está disposto nos artigos 653 a 692 do Código Civil e sua
existência dar-se em função da complexidade da vida em sociedade e da existência
da multidinamica para gerenciar interesses que, por vezes, é impossível de ser
exercida por somente uma pessoa.
O escrito tratar-se-á o contrato de mandato, bem como seu conceito,
características, obrigações, revogação e extinção do mandato.

CONCEITO
São diversas as aplicações do contrato de mandato, esse tipo de
contrato tem grande importância social ao passo que, na sociedade complexa em
que vivemos, é impossível um indivíduo, na defesa de seu interesse em diversos
negócios, ficar ciente de todas as demandas necessárias para a prática de atos que
atenda às suas vontades.
Para Gonçalves (2012, p. 406), o termo “mandato” pode assumir
diversos significados, pois, “designa ora o poder conferido pelo mandante, ora o
contrato celebrado, ora o título deste contrato, de que é sinônimo a procuração”.
Os elementos subjetivos que compõe as partes são o mandante, que é
quem confere os poderes e é representado e o mandatário, que é o representante.
Cabe destacar que o mandato não é a mesma coisa que mandado, pois, enquanto o
mandato é um contrato o mandado é uma ordem judicial.
O contrato de mandato encontra-se descrito no art. 653 do Código
Civil, do qual é possível extrair seu conceito e determinar a natureza do objeto da
prestação.
Coelho (2012) refere-se ao mandato como um contrato em que uma
das partes se obriga a praticar atos ou administrar interesses da outra. É contrato de
serviço porque o mandatário contrai, por ele, obrigação de fazer, de que é credor o
mandante. Ao obrigar-se, em suma, a praticar atos ou administrar interesses, o
mandatário vincula-se ao cumprimento de um fazer.
O Código Civil no seu art. 653 é importante frisar que se opera o
mandato quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome, praticar
atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato. Cabe
ressaltar que “em seu nome”, em razão de que isso se traduz na representação,
sendo isto o que distingue o mandato da locação de serviços e da comissão
mercantil, bem como das preposições que se verificam em diversas relações diárias.

CARACTERÍSTICAS
O contrato de mandato tem como características: A tipicidade, logo,
encontra previsão expressa na lei.
A unilateralidade, dado que acarreta em obrigações, a priori, a apenas
uma das partes, o mandatário. No entanto, é também classificado como bilateral
imperfeito, visto que, segundo Rodolfo Pamplona e Pablo Stolze (2017, p. 838), o
contrato de mandato “pode, eventualmente, durante a sua execução, gerar efeitos à
parte contrária, por fato superveniente. ”
A gratuidade que, no entanto, é ressalvada no art. 658 do Código Civil:
O mandato presume-se gratuito quando não houver sido estipulada
retribuição, exceto se o seu objeto corresponder ao daqueles que o mandatário trata
por ofício ou profissão lucrativa.
Parágrafo único. Se o mandato for oneroso, caberá ao mandatário a
retribuição prevista em lei ou no contrato. Sendo estes omissos, será ela
determinada pelos usos do lugar, ou, na falta destes, por arbitramento.
Na ocorrência do previsto no artigo citado, o contrato se tornará
bilateral propriamente dito.
Quanto as partes com quem se convenciona o contrato, ele é
personalíssimo porque o mandante baseia-se tanto na confiança como nas
características pessoais para a definição do mandatário, sejam essas características
de idoneidade técnica ou moral.
É um contrato não solene que pode ser estabelecido verbalmente ou
tacitamente, pelo fato do mandato não exigir uma forma, exceção feita quando
houver previsão expressa em lei, artigo 654 e 657 do cc.
Quanto ao tempo ele poderá ser determinado ou indeterminado.
PARTES
Mandante é quem concede poderes a outrem para que este o
represente e execute atos em seu nome, gerando para aquele, obrigações como
se as tivesse assumido pessoalmente.
Mandatário é quem recebe os poderes para representar outrem na
prática de atos da vida civil ou de administração como se esse os tivesse
praticando.

ELEMENTOS DO MANDATO

SUBJETIVO
Consentimento, ou seja, o acordo de vontades aonde o mandante
escolhe o mandatário e este por sua vez aceita ou não a incumbência.
OBJETIVO
Transferência de poderes do mandante para o mandatário. Além da
representatividade que deverá ser exercida pelo mandatário em favor do
mandante.

PROCURAÇÃO
O art. 654 do Código Civil vem ressaltar:
Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante
instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do
outorgante.
§ 1o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde
foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o
objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes
conferidos.
§ 2o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a
procuração traga a firma reconhecida.
Nota-se que a lei descreve os requisitos para a validade da
procuração e quanto a isso, no que tangencia a capacidade, Gonçalves (2012, p.
410) afirma que:
a procuração poderá ser, quanto a natureza, judicial ou extrajudicial
e, quanto o instrumento, pública ou particular. Cada uma
corresponde a uma finalidade e forma. A judicial é a destinada para
procurar em juízo, por outro lado, a extrajudicial é destinada para
negócios os demais negócios que não se encontrem inseridos no
campo jurídico. É pública quando registrada em cartório através de
determinado procedimento notarial e é particular quando feita pelo
próprio mandante e por ele assinada, desde que tenha firma
reconhecida.

OBJETO DO MANDATO
Segundo Stolze (2017), objeto do contrato de mandato quase que
todos os atos da vida civil, ficando restrito apenas os atos que, por sua natureza,
não é compatível com a representação, dado que exige a intervenção pessoal do
mandante como, por exemplo, no testamento ou, ainda, aqueles atos que são
personalíssimos.
OBRIGAÇÕES DAS PARTES
MANDATÁRIO
Segundo Coelho (2012), no contrato de mandato existem quatro
obrigações do mandatário, a saber:

A de fazer cumprir o que se obrigara com diligência. Nessa obrigação,


o mandatário deve cumprir o que pactuou como se estivesse administrando seu
próprio interesse, tal como preceitua o art. 667 do Código Civil. Por sua vez, ser
diligente implica dizer em observar os limites dos seus poderes. Cabe mencionar o
art. 671 do Código Civil que, tratando, também, de dever de diligência, exprime que:

Se o mandatário, tendo fundos ou crédito do mandante, comprar, em


nome próprio, algo que deverá comprar para o mandante, por ter sido
expressamente designado no mandato, terá esta ação para obrigá-lo
à entrega da coisa comprada.

Por fim, o dever de diligência, de igual modo, é disposto no art. 674 do


Código Civil que descreve que “embora ciente da morte, interdição ou mudança de
estado do mandante, deve o mandatário concluir o negócio já começado, se houver
perigo na demora. ”
A de obedecer estritamente às instruções dadas pelo mandante. Essa
obrigação advém do que está disposto no art. 679 do Código Civil.
A de indenizar o mandante nos casos em que o mandatário não
observa o dever de diligência e que, em consequência disso, ocorra perdas para o
mandante.
A de prestar contas. Conforme o art. 668 do Código Civil, é dever do
mandatário a prestação de contas de sua gerência ao mandante.

MANDANTE

São quatro as obrigações do mandante:


A de responder pelas obrigações contraídas em seu nome. O contrato
de mandato surge com a finalidade de se realizar um outro negócio que vincule o
mandante a um terceiro, através da representação dos interesses do mandante pelo
mandatário.
A de assumir as despesas concernentes à execução do mandato.
Referente a isso, elucida o art. 675 do Código Civil que “o mandante é obrigado a
satisfazer todas as obrigações contraídas pelo mandatário, na conformidade do
mandato conferido, e adiantar a importância das despesas necessárias à execução
dele, quando o mandatário lhe pedir. ”
A de remunerar o mandatário. Doutrinando sobre isso, Fábio Ulhoa
Coelho aduz (2012, p. 661):
O mandato pode ser gratuito ou oneroso. Neste último caso, é
obrigação do mandante pagar ao mandatário a remuneração
contratada ou arbitrada. Ao contrário do que se verifica na
corretagem, a obrigação de remunerar, no mandato oneroso, não
está condicionada ao resultado positivo para o mandante advindo dos
esforços do mandatário.
Cabe mencionar que, conforme o art. 676 do Código Civil, “é obrigado
o mandante a pagar ao mandatário a remuneração ajustada e as despesas da
execução do mandato, ainda que o negócio não surta o esperado efeito, salvo tendo
o mandatário culpa.”
A de indenizar o mandatário. É entendimento consolidado que as
perdas sofridas pelo mandatário em razão da execução do mandato devem ser
indenizadas pelo mandante. Excetuadas aquelas que resultem da culpa do
mandatário ou do exercício do mandato que exceda os limites dos poderes
outorgados, conforme descrito no art. 678 do Código Civil.

IRREVOGABILIDADE DO MANDATO

A possibilidade de resilição é inerente a qualquer umas das partes, no


entanto, por exceção, existe previsão da irrevogabilidade no contrato de mandato.
Na análise do mandato, a resilição promovida pelo mandante é denominada
revogação.
A irrevogabilidade em relativa e absoluta. Exemplificando a
irrevogabilidade relativa é disposto no art. 683 do Código Civil e que diz que “quando
o mandato contiver a cláusula de irrevogabilidade e o mandante o revogar, pagará
perdas e danos”. De outro modo, há a irrevogabilidade de natureza absoluta, que
são aquelas que enseja a ineficácia do ato unilateral de revogação, devido questões
de ordem pública. Sobre a irrevogabilidade absoluta, dispõe o Código Civil:
Art. 684. Quando a cláusula de irrevogabilidade for condição de um
negócio bilateral, ou tiver sido estipulada no exclusivo interesse do
mandatário, a revogação do mandato será ineficaz.
Art. 685. Conferido o mandato com a cláusula "em causa própria", a
sua revogação não terá eficácia, nem se extinguirá pela morte de
qualquer das partes, ficando o mandatário dispensado de prestar
contas, e podendo transferir para si os bens móveis ou imóveis objeto
do mandato, obedecidas as formalidades legais.
EXTINÇÃO DO MANDATO

Sobre os modos de extinção do mandato, elucida o art. 682 do Código


Civil que:
Cessa o mandato:
I - pela revogação ou pela renúncia;
II - pela morte ou interdição de uma das partes;
III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os
poderes, ou o mandatário para os exercer;
IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mandato é o contrato no qual um indivíduo, denominado
mandatário, recebe poderes outorgados de outro indivíduo, denominado mandante,
para que realize, em seu nome, certos atos ou gerencie seus interesses. Trata-se
de um contrato Cuma relação de confiança e boa-fé, um direito potestativo.
A revogação pode ser expressa quando o mandante declara a
cassação, fazendo-a pela via da notificação.
A procuração pode ser feita por qualquer indivíduo capaz através de
instrumento particular. Por sua natureza, o contrato de mandato gera obrigação
para ambas as partes e que devem ser cumpridas.
Com isso, o contrato de mandato pode ser extinto, segundo o
art. 682 do Código Civil, cessando seus efeitos em decorrência de fatos, como a
revogação ou renúncia; morte ou interdição de uma das partes; mudança de
estado que inabilite o mandante a conferir os poderes, ou o mandatário para
exercê-los e, também, pelo término do prazo e pela conclusão do negócio.
REFERÊNCIA

BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União: seção 1, Brasília, DF.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil: Contratos. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2012.

FILHO, Rodolfo Pamplona; GAGLIANO, Pablo Stolze. Manual de Direito Civil. 1. ed.
São Paulo: Saraiva, 2017.

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