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1. Material pré-aula
a. Tema:
b. Noções Gerais
Não se pode olvidar que tão antigo como o próprio ser humano é o
conceito de contrato, que nasceu a partir do momento em que as
pessoas passaram a se relacionar e a viver em sociedade. A própria
palavra sociedade traz a ideia de contrato, de composição entre as
partes com uma finalidade. A feição atual do instituto vem sendo
moldada desde a época romana sempre baseada na realidade social.
Com as recentes inovações legislativas e com a sensível evolução da
sociedade brasileira, não há como desvincular o contrato da atual
realidade nacional, surgindo a necessidade de dirigir os pactos para a
consecução de finalidades que atendam aos interesses da
coletividade1.
1
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 5ª ed. São Paulo: Gen Método, 2015, p. 549.
2
MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 32ª ed. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 159.
3
Idem.
denominação, como se verifica em 1905, com Evaristo de Moraes, em
Apontamentos de Direito Operário.
4
Idem.
5
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 559.
6
Idem.
7
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 7ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2016, p. 338.
GOMES e GOTTSCHALK citados pela saudosa Alice Monteiro de
Barros8 explicam que há uma variedade de critérios de classificação
dos contratos de trabalho. Classificam:
1) quanto à forma de celebração – escritos ou verbais;
2) quanto à regulamentação – comuns e especiais;
3) quanto ao local de prestação de serviços – no estabelecimento
do empregador, externamente e no domicílio do empregado;
4) quanto ao consentimento – expressos ou tácitos;
5) quanto à qualidade do trabalho – manual técnico e intelectual;
6) quanto aos sujeitos – contrato individual e contrato de equipe;
7) quanto ao modo de remuneração – por unidade de tempo, por
unidade de obra ou misto;
8) quanto a duração – determinado ou indeterminado;
9) quanto ao fim ou quanto à índole da atividade – doméstico,
rural, urbano, maritime, industrial e comercial.
LEITE9 aduz que, de toda sorte, o contrato de trabalho, além de ser
de direito privado, porém com excesso de regulamentação legal, é
também:
bilateral ou sinalagmático – porque contém prestações
recíprocas;
comutativo – porque a estimativa da prestação a ser recebida
por qualquer das partes pode ser efetuada no ato mesmo em que o
contrato se aperfeiçoa. Comutatividade também pode ser entendida
como equivalência nas prestações;
oneroso – impõe ônus e deveres para ambas as partes
contratantes. Além disso, o contrato de trabalho jamais poderá ser
celebrado a título gratuito;
consensual e não real – efetiva-se pela mera manifestação
(ainda que tácita) da vontade das partes, não dependendo de entrega
de coisa alguma;
consensual e não solene – independe da observância de forma
especial (salvo os contratos em que a lei exige a forma escrita, como
o de artistas, Atletas profissionais, aprendizagem, ou impõe alguma
formalidade essencial, como ocorre, v. g., na hipótese de investidura
em emprego público (CF, art. 37, II), na qual a aprovação prévia em
concurso constitui requisito indispensável à validade do contrato de
trabalho do servidor);
de trato sucessivo ou de execução continuada – não se exaure
com o cumprimento de uma única prestação. Aliás, a prestação do
8
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10ª ed. São Paulo: LTr, 2016,
p. 158.
9
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 7ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2016, p. 339.
trabalho e a obrigação de pagar salário renovam-se mês a mês;
de adesão – porquanto, via de regra, o empregado adere às
condições impostas unilateralmente pelo empregador. Na prática,
verifica-se que quanto mais baixa a qualificação profissional e a
formação educativa do empregado mais ele se sujeita à mera adesão
ao contrato de trabalho que lhe é apresentado para assinatura pelo
empregador. É importante lembrar que, nos termos do art. 423 do
CC, quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou
contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao
aderente, in casu, ao empregado, sendo certo que, de acordo com o
art. 424 do referido Código, nos contratos de adesão, são nulas a
cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do aderente
(empregado) a direito resultante da natureza do negócio. Tais
normas civilistas são aplicáveis subsidiariamente ao contrato de
trabalho (CLT, art. 8º, parágrafo único).
10
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 160
e capital, tendo em vista dividir o benefício que daí se origina.
A crítica é que não pode ser aceita porque no contrato de trabalho
não há a affectio scietatis, ou seja, a comunhão de interesses na
proporção existente no contrato de sociedade.
Entre as teorias contratualistas, existe ainda a vertente que atribui
natureza jurídica do contrato de trabalho a um mandato, afirmando
que o empregador atua como mandante e o empregado como
mandatário.
A crítica a essa teoria é que essa não pode prosperar, pois,
tradicionalmente, o mandato era gratuito, enquanto o contrato de
trabalho sempre foi oneroso.
BARROS 11 leciona que as teorias anticontratualistas, inspiradas nas
críticas de Gierke, se opunha ao caráter individualista do contrato,
baseado no antigo modelo romano de locacio operarum. O citado
autor apresenta como objeção ao materialismo das relações
obrigacionais, o espiritualismo da relação de trabalho, fundada na
lealdade do trabalhador e na proteção do empresário, unidos por
meio de um vínculo quase familiar que evoca os laços da servidão
medieval.
A terceira vertente doutrinária é a teoria acontratualista para explicar
a natureza jurídica do contrato de trabalho. Seus adeptos asseveram
que a relação de emprego não contrasta com o contrato, mas
também não afirmam sua existência12.
A saudosa Doutrinadora 13 concluiu que prevalece no Brasil, como
regra geral, a forma livre de celebração do contrato, que pode
assumir o caráter expresso (verbal ou escrito) ou tácito (art. 442 e
443 da CLT). Explica ainda que, infere-se do art. 468 da CLT que a
legislação brasileira adota a corrente contratualista, mas os arts. 2º,
503 e 766 da CLT enquadram-se na corrente institucionalista,
confundindo empregador com empresa. Daí sustentam alguns
autores o perfil eclético da nossa legislação brasileira.
No entendimento de BARROS 14 , predomina a teoria contratualista,
não nos moldes das teorias civilistas clássicas, mas considerando a
vontade como elemento indispensável à configuração do contrato.
Nesse raciocínio, o douto Mauricio Godinho Delgado 15 , ao lecionar
sobre os elementos dos contratos empregatícios, assevera que estes
11
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 161.
12
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 161.
13
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 10ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 162.
14
Idem.
15
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 566.
não diferem, em geral, daqueles já identificados pela teoria civilista
clássica: trata-se dos elementos essenciais, naturais e acidentais do
contrato.
16
Idem.
17
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 567.
18
Idem.
19
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 569.
20
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 572.
Por fim, sobre a higidez de manifestação de vontade, DELGADO 21
aduz que a ordem jurídica exige ocorrência de livre e regular
manifestação de vontade, pelas partes contratuais, para que o pacto
se considere válido. Nessa linha, a higidez de manifestação de
vontade (ou consenso livre de vícios) seria elemento essencial aos
contratos celebrados.
21
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 573.
22
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 575.
23
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho. 7ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2016, p. 344.
24
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito do Trabalho. 9º ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2015, 168.
O douto Gustavo Filipe Barbosa Garcia 25 , com grande sabedoria
destaca a diferença entre o trabalho proibido e o trabalho ilícito:
25
Idem.
A indeterminação da duração contratual constitui, regra geral,
incidente aos contratos empregatícios. Em harmonia a essa regra
clássica, a ordem justrabalhista considera excetivos os pactos por
prazo prefixado existentes na realidade sociojurídica26.
Segundo o art. 443, da CLT, “o contrato individual de trabalho poderá
ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito e
por prazo determinado ou indeterminado”. O § 1º desse art. dispõe
que “considera-se como de prazo determinado o contrato de trabalho
cuja vigência dependa de termo prefixado ou da execução de serviços
especificados ou ainda da realização de certo acontecimento
suscetível de previsão aproximada.”
26
DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 596.
Nas hipóteses previstas no § 2°, do art. 443 da CLT, a prorrogação
por mais de uma vez e a duração além dos prazos acima referidos
transforma o contrato a termo em pacto por prazo indeterminado,
nos termos dos arts. 445 e 451 da CLT.
c. Legislação:
d. Julgados/Informativos:
e. Leitura sugerida:
f. Leitura complementar
- Vade Mecum RT. 13ª ed. São Paulo: Editora RT, 2017.
- Vade Mecum Saraiva. 22ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2017.