Qualificar o contrato de promessa de prestação de serviços de advogado como um
contrato de adesão celebrado com recurso a cláusulas contratuais gerais (DL n.º 446/85, de 25 de outubro). - A celebração de contratos de adesão configura uma limitação ao princípio da liberdade contratual (artigo 405.º do CC), em particular à liberdade de modelação contratual. - A celebração de um contrato de promessa configura, igualmente, uma limitação ao princípio da liberdade contratual na medida em que os promitentes vinculam-se a celebrar o contrato prometido. Assim, o exercício da liberdade contratual é voluntariamente limitado para futuro. - Referir as caraterísticas dos contratos de adesão com recurso a cláusulas contratuais gerais. - Explicar os meios de controlo do DL n.º 446/85: prevê dois patamares, o controlo de inclusão (ónus de informação e dever de informação) e de conteúdo. O litígio entre as partes prende-se com o controlo de conteúdo, pois A defende a nulidade das cláusulas contratuais. - Identificar, quanto ao âmbito subjetivo de aplicação diploma, que estamos na presença de uma relação enquadrada pelo artigo 17.º do DL (relações entre profissionais liberais). - Identificação das cláusulas proibidas: a cláusula que prevê a possibilidade de X denunciar o contrato com um pré-aviso de 3 dias úteis sem compensação, poderia enquadrar-se no artigo 19.º/f) do DL, qualificando-se como relativamente proibida. Todavia, parece não estar verificada a última parte da disposição “quando este tenha exigido à contraparte investimentos ou outros dispêndios consideráveis”. A cláusula que prevê a obrigatoriedade de A não prestar serviços de advogacia findo o contrato “pelo tempo que X determinasse” qualifica-se como absolutamente proibida nos termos do artigo 18.º/j) do DL. - A(s) cláusula(s) proibida(s) é(são) nula(s) nos termos do artigo 12.º pelo que A teria razão. A nulidade de certas cláusulas que compõe o contrato não determina a nulidade de todo o contrato, o qual poderia subsistir nos termos do artigo 13.º. Todavia, resulta do enunciado que A não pretende a manutenção do contrato. - Se as cláusulas que compõem o contrato de adesão não forem consideradas nulas a recusa de celebração do contrato prometido por A fá-lo incorrer em responsabilidade civil obrigacional, nos termos do artigo 798.º do CC. - X alega que a intenção demonstrada por A, que levou ao investimento de X na sua formação profissional, é contrária ao comportamento agora adotado pelo A, apelando assim ao instituto do abuso do direito (artigo 334.º do CC). Todavia, considerando que A tem o direito à invocação da nulidade das cláusulas, não exerce abusivamente o seu direito.
1 II (10 valores)
Localização da questão no âmbito da aquisição derivada. Selecção dos dados
relevantes do problema Sentido e extensão da regra “nemo plus iuris”. Excepções a esta regra no direito positivo português. Identificação da transmissão AB como sucessão mortis causa. Transmissão AC do lote de terreno: Contrato de compra e venda sujeito a forma – art. 875, CC. Invalidade por inobservância de forma legal – art. 220, CC. Transmissão CG do lote de terreno: Afectação pela nulidade precedente. Consideração de G como possível terceiro de boa-fé e consequente desvio da regra nemo plus iuris. Aplicabilidade do art. 291º, CC. Problematicidade dos requisitos de aplicação do art. 291, CC. O jogo temporal da antecedência da propositura da acção de invalidade. O art. 291 como efeito lateral do registo predial. Dependência da aquisição por G da não propositura de acção de nulidade no prazo de 3 anos. Constituição de usufruto entre BE: Nulidade por inobservância da forma legal. Arrendamento EH: Consideração de H como possível terceiro de boa-fé e consequente desvio da regra nemo plus iuris. Afastamento da possível aplicação do art. 291, CC, devido ao não preenchimento dos requisitos de aquisição que retiram a qualidade de terceiro a H. O arrendamento como direito de crédito. Arrendamento de coisa alheia. Ilegitimidade do locador. Relativamente à empresa cedida a D: propriedade da empresa cedida. Propriedade da coleção de pratas em F, por força da transmissão operada por compra e venda.