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Tópicos de Correção
(não esgotam em absoluto as possibilidades de resolução e valoração)
1
Cfr. DE SOUSA, MIGUEL TEIXEIRA, “Títulos executivos forever?”, in Blog do IPPC, de 25.05.2015.
título executivo ou ser junto com o contrato de mútuo (título executivo complexo),
fundando-se a sua legitimidade no artigo 53.º do CPC (regra de equiparação), reflexo
do artigo 817.º CC.
Admissibilidade:
• oposição à execução é meio de reação do executado à ação executiva contra si proposta
e encontra-se consagrada nos artigos 728.º e seguintes do CC.
• in casu, fundando-se a ação executiva em título executivo extrajudicial e existindo uma
fiança sem renúncia ao benefício da excussão prévia (nada no enunciado o indicia), a
ação seguiria a forma ordinária, nos termos do artigo 550.º, n.º 3 do CPC.
• sucede que, in casu, é-nos dito que devidamente citada, Diana apenas se opõe ao fim de
25 dias, pelo que seguindo a execução forma ordinária e sendo o prazo de 20 dias nos
termos do artigo 728.º, n.º 1 do CPC, teremos uma oposição à execução extemporânea.
• nos termos do artigo 726.º, n.º 2, alínea a) do CPC a oposição à execução extemporânea
daria lugar a indeferimento liminar.
executa, i.e., a extinção, parcial ou total, do crédito exequendo que será declarada com
valor de caso julgado oponível em qualquer futura ação judicial.
• porém, a mesma sentença que julgou extinta a execução por compensação não faz caso
julgado quanto à existência do contracrédito do executado, por integrar uma questão que
pertence aos fundamentos da sentença final de oposição à execução, mas já não a parte
dispositiva (exclui-se, por isso, do n.º 6 do artigo 732.º do CPC). Isto, sob pena de termos
de reconhecer um “caso julgado reflexo”.
• assim, o pedido de condenação do exequente no remanescente ou a sua simples declaração
sempre exigiria que a oposição à execução permitisse a reconvenção a qual não permite.
• fundamento admissível, nos termos do artigo 730.º do CPC, mas improcedente quanto ao
pedido de condenação no remanescente.
[não era título executivo judicial não se colocavam exigências quanto a superveniência
objetiva e prova documental. Outras posições doutrinárias seriam devidamente
valoradas.]
Efeitos:
• tanto seria valorada a referência aos efeitos do recebimento da oposição à execução, que,
em princípio, não terá efeito suspensivo, salvo verificação de uma das exceções do artigo
733.º do CPC - que parecia não se verificar;
• como seria valorada a referência aos efeitos de procedência/improcedência supra
referidos a propósito da compensação.
4. Afira da legalidade e modo de penhora (i) da coleção de canecas e (ii) do recheio da casa e da
legalidade da penhora da (iii) totalidade do salário levada a cabo pelo Agente de Execução.
(4 valores)
Questão prévia: a absoluta desconsideração pelo agente de execução dos bens indicados pelo
exequente nos termos do que admite o artigo 724.º, n.º 1, alínea i) e n.º 2 do CPC pode contender
com o dever daquele em respeitar a indicação referida, em conformidade com o que dispõe o
artigo 751.º, n.º 2 do CPC, salvo se a desconsideração for motivada pelos limites impostos pelo
princípio da proporcionalidade, por limites legais ou pela adequação e/ou maior facilidade de
penhora (artigo 751.º, n.º 1 do CPC).
Penhora em concreto
Coleção de canecas:
• penhora de bens móveis não sujeitos a registo, nos termos do artigo 764.º, n.º 1 do CPC
que se efetua por apreensão material efetiva, sendo depositário o agente de execução.
• impenhorabilidade absoluta por diminuto valor venal nos termos do artigo 736.º, alínea
c) do CPC (penhora ilegal).
Recheio da casa:
• penhora de bens móveis não sujeitos a registo, nos termos do artigo 764.º, n.º 1 do CPC
que se efetua por apreensão material efetiva, sendo depositário o agente de execução.
• em abstrato poderá tratar-se de uma penhora admissível com alguns limites,
impenhorabilidades, em concreto e eventualmente:
o os bens que sejam imprescindíveis a qualquer economia doméstica (frigorífico,
televisão, mesa de cozinha, etc.);
o os bens com reduzido valor económico;
o os bens cujo valor económico não seja suficiente para cobrir todas as despesas
necessárias com a sua liquidação (apreensão, depósito e venda executiva);
o ...
[flexibilidade dos critérios de correção nesta questão desde que adequado]
Totalidade do salário:
• quanto à legalidade apenas cabe atender a que é um dos objetos de penhora sujeitos a
limites de penhorabilidade quantitativos (impenhorabilidade parcial) nos termos do artigo
738.º, n.º 1 do CPC.
• nunca a “totalidade” do salário pode ser penhorada dado o limite de impenhorabilidade
de 2/3 do n.º 1 do artigo 738.º, n.º 1 do CPC, apenas podendo 1/3. In casu, apenas podia
abstratamente ser penhorado 1/3 de 900€, i.e., 300€.
• sucede que a penhora de 1/3, neste caso, em 300€ deixa o executado com apenas 600€
II
Considere a seguinte hipótese:
Imagine que, na exata situação descrita em I., o BancarrotaBank tendo executado Aurora,
pretende executar também o seu marido, Eduardo, com quem é casada no regime de
comunhão de bens adquiridos. Pronuncie-se sobre a admissibilidade, meio indicado para o
fazer e consequências considerando que Eduardo pretende negar qualquer
responsabilidade. (2,5 valores)
Dívida em causa por aquisição de espaço para os projetos de influencer digital de Aurora:
• nunca seria dívida geneticamente comum (afastado artigo 1691.º, n.º 1, alínea a), 1.ª parte
do CC).
• no limite seria comunicável se se considerar que os projetos em causa seriam a atividade
principal de Aurora (seriedade de adquirir um espaço para isso indicia que sim) e, por
isso, ainda em “proveito comum do casal” nos termos do artigo 1691.º, n.º 1, alínea c) do
CC.
• neste sentido, a dívida comunicável apenas confere ao exequente a possibilidade de
através do incidente de comunicabilidade da dívida, consagrado no artigo 741.º do CPC
comunicar a dívida ao cônjuge não devedor, o que poderá fazer no requerimento inicial
ou posteriormente [in casu] até ao início das diligências para venda ou adjudicação, nos
termos do n.º 1 do mesmo preceito.
• dado que a hipótese nos diz que pretende negar: cabe atender ao artigo 741.º, n.º 4
havendo oposição por parte do cônjuge do executado caberá aferir em sede própria
através da respetiva oposição nos termos dos n.ºs 2 e 3, alínea b) do mesmo artigo.
• sempre importa referir que por estarem casados em comunhão de bens adquiridos das
duas uma:
o se a dívida viesse a ser comum (procedência de incidente de comunicabilidade –
artigo 741.º, n.º 5 do CPC): aplicação do artigo 1695.º do CC.
o se a dívida não fosse considerada comum (improcedência de incidente de
comunicabilidade – artigo 741.º, n.º 6 do CPC): aplicação do artigo 1696.º do CC
e eventualmente do artigo 740.º do CPC (se forem penhorados bens comuns do
casal).