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Enunciado
Questão prática
II
Questão teórico-prática
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prazo de 30 dias e que fosse fixada uma sanção pecuniária compulsória no valor de €
200,00 para cada dia de atraso nessa demolição a contar do termo final daquele prazo,
ao abrigo dos artigos 868.º, n.º 1, parte final, e 874.º, n.º 1, do CPC, conjugados com o
disposto no artigo 829.º-A, n.º 1, do CC.
Aprecie a viabilidade desta pretensão executiva.
Quadro de Soluções
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iii) – Por fim, ajuizar sobre a legitimidade passiva da executada
Carlota, posto que não figura como devedora no título invocado.
Quanto à questão i)
Antes de mais, importa ter presente que, tal como se preceitua no n.º
5 do artigo 10.º do CPC, toda a execução deve ter por base um título, em
função do qual se determinam o fim e os limites objetivos e subjetivos da
ação executiva.
Por sua vez, do n.º 1 do artigo 703.º do mesmo Código consta um
elenco taxativo de espécies de títulos executivos, em que figuram, logo à
cabeça, as sentenças condenatórias.
Por sentença condenatória deve considerar-se aquela em que o
demandado tiver sido condenado a realizar uma prestação de coisa,
incluindo o pagamento de quantia pecuniária ou uma prestação de facto
positivo ou negativo, fungível ou infungível, ainda que se trate de sentença
proferida em ação diversa das típicas ações de condenação previstas no n.º
3 do art.º 10.º do CPC.
Com particular relevo para a questão aqui em foco, a doutrina e a
jurisprudência correntes têm vindo a entender que relevam, como sentenças
condenatórias para os efeitos da alínea a) do n.º 1 do artigo 703.º do CPC,
aquelas de que se possa extrair um segmento condenatório implícito, a
partir do dispositivo da sentença, ainda que imperfeita ou incompletamente
expresso, em conjugação inequívoca com a respetiva fundamentação. Por
outras palavras: importa que do dispositivo da sentença, atento o
contexto constante da respetiva fundamentação, se infira um comando
concreto com o sentido e alcance de uma condenação do réu numa
prestação de dare ou de facere em termos tais que não haja nada mais
a discutir sobre uma tal determinação. Este é, pois, o critério de aferição
da uma sentença condenatória implícita.
É o que sucede, por exemplo, no âmbito de uma sentença constitu-
tiva ou, embora com mais raridade, de uma sentença, literalmente, de
simples apreciação, mas de cujo teor dispositivo resulte como consequência
necessária a emergência de uma prestação obrigacional a realizar ao autor
(credor) por parte do réu (devedor).
No caso vertente, no âmbito da ação declarativa em que se formou a
sentença exequenda, a ali autora CONSTRÓI, Ld.ª, pediu, textualmente,
que o réu Bento fosse condenado a reconhecer o direito daquela a exigir
deste o pagamento da quantia de € 15.000,00, face ao que, em virtude da
revelia operante do mesmo réu, na sentença final, a ação foi julgada
procedente, condenando-se o réu no pedido formulado.
Desde logo, a expressão petitória de que o réu fosse condenado a
reconhecer o direito da autora a exigir o pagamento de € 15.000,00 é
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tecnicamente incorreta ou inadequada, porquanto um juízo condenatório, à
luz do disposto no art.º 10.º, n.º 3, alínea b), do CPC, só pode ter por objeto
uma prestação de coisa, incluindo quantia pecuniária, ou facto, prevendo ou
pressupondo a violação de um direito.
Para esse efeito, uma prestação traduz-se num comportamento
humano com repercussão ou incidência material no mundo exterior, não
compreendendo, pois, as meras atitudes mentais e anímicas de adesão a
uma realidade exterior ou da sua rejeição.
Nesta linha, o juízo de reconhecimento judicial de existência ou de
inexistência de um direito, perante uma situação litigiosa de incerteza, é um
juízo assertivo, por parte do tribunal, que, como tal, vincula os seus
destinatários, independentemente da atitude mental ou anímica destes, não
tendo por objeto, nessa medida, qualquer comportamento de prestação
obrigacional.
Assim sendo, o enunciado do dispositivo da sentença exequenda
exprime, literalmente, um juízo de reconhecimento do invocado direito a
exigir ao réu o pagamento da quantia peticionada.
No entanto, dos fundamentos da ação, transpostos para a sentença, o
que se verifica, nuclearmente, é a ocorrência de uma situação de não cum-
primento da obrigação de pagar a quantia pecuniária em causa, por parte do
réu, como preço emergente do alegado contrato de compra e venda. Na
verdade, foram alegadas e, como tal, assumidas na fundamentação da
sentença exequenda, sucessivas solicitações que a autora fez ao réu para o
pagamento da quantia em causa e a que este se esquivou.
Neste contexto, o formalmente pretendido e declarado reconheci-
mento do peticionado direito a exigir o pagamento da referida quantia não
pode deixar de ser, quando corretamente interpretado, como condenação,
no mínimo implícita, na prestação do pagamento daquele preço.
A este propósito, convém ter presente que, no domínio das
pretensões declarativas de prestação obrigacional, em princípio, o
reconhecimento do direito de crédito reconduz-se precisamente ao coman-
do concreto de cumprimento coativo da respetiva prestação. Diversamente
sucede no quadro das pretensões reais, em que esteja em causa um
direito real incidente sobre uma coisa com a correspondente obrigação
passiva universal e a emergência de uma obrigação específica de prestação
por violação ou ameaça de violação desse direito (subjetivação da obri-
gação passiva universal), só assim fazendo sentido desdobrar, formal-
mente, o juízo de reconhecimento daquele direito real e o juízo de
condenação nesta prestação específica.
Em suma, nas pretensões de prestação obrigacional, o dito pedido de
reconhecimento judicial de exigir a prestação mais não é, substancialmente,
do que um pedido de cumprimento desta prestação, ou seja, de condenação
do devedor nesse cumprimento.
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De resto, verificado que seja o incumprimento do direito de crédito à
correspetiva prestação, nada mais haveria que discutir sobre a exigência
dessa prestação.
Nesta conformidade, a formulação incorreta, por parte da autora,
duma pretensão obrigacional de prestação sob a expressão literal de ser de-
clarado o direito a exigir o seu cumprimento deve ser corrigida, mesmo
oficiosamente à luz do disposto no art.º 5.º, n.º 3, do CPC, mediante
interpretação do petitório no sentido de uma pretendida condenação nesse
cumprimento, sem que tal envolva sequer uma condenação em objeto di-
verso do pedido nos termos do artigo 609.º, n.º 1, do mesmo Código. E
mesmo que o tribunal o não tenha feito em sede declarativa, ainda assim,
no âmbito da execução da sentença, deverá o tribunal de execução proceder
a uma tal interpretação corretiva do dispositivo da sentença.
Termos em que se conclui, no caso presente, estarmos perante
uma sentença condenatória, no limite implícita, nos termos e para os
efeitos do artigo 703.º, n.º 1, alínea a), do CPC.
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prazo para interposição do recurso, mais precisamente se tiver havido
renúncia ao recurso nos termos do artigo 632.º, n.º 1 a 3, do CPC.
Por outro lado, a eventual inobservância das garantias de defesa em
sede da ação declarativa ficarão absorvidas pelo efeito de caso julgado for-
mal da sentença (art.º 620.º, n.º 1, do CPC), sem prejuízo de o réu revel
poder também, mediante embargos de executado, deduzir oposição à exe-
cução com fundamento em qualquer das situações previstas na alínea e) do
artigo 696.º ex vi da alínea d) do artigo 729.º do CPC, não competindo,
pois, ao juiz de execução tomar conhecimento disso em sede do despacho
liminar previsto no artigo 726.º, n.º 2, alíneas a) e b), a 5, do mesmo Códi-
go.
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em julgado e que não tenham sido oportunamente pedidos na ação decla-
rativa e sujeitos a oportuna defesa contraditória.
Há quem sustente que o poderá fazer, desde que da sentença resulte o
vencimento dessa obrigação.
Porém, a solução mais seguida é a de que, nessas circunstâncias, o
credor-exequente só poderá exigir os juros após o referido trânsito em jul-
gado, na medida em que a extensão legal de exequibilidade estabelecida no
artigo 703.º, n.º 2, do CPC supõe precisamente a formação do título
sentença e este só ocorre com o respetivo caso julgado. A este propósito,
veja-se MARCO CARVALHO GONÇALVES, in Lições de Processo Civil
Executivo, Almedina, 2.ª Edição, 2018, pags. 53-54, com indicação de
jurisprudência e doutrina na nota de rodapé 132.
Posto isto, para quem defenda a 1.ª solução, no caso presente, pode-
ria a autora exigir os juros moratórios vencidas a partir da citação do réu
para a ação declarativa, mas nunca desde a emissão da fatura, uma vez que
esta não revela, por si só, o vencimento da obrigação nem está provada uma
data certa de interpelação extrajudicial.
Já para quem sustenta a 2.ª solução – a mais corrente - só serão
atendíveis, em execução, os juros a partir do trânsito em julgado da sen-
tença exequenda.
Além disso, será ainda devido o acréscimo de juros compulsórios
impostos pelo no n.º 4 do artigo 829.º-A do CC, independentemente de
serem deduzidos pelo exequente, nos termos do artigo 716.º, n.º 3, do CPC,
sendo ½ para o credor e metade para o Estado (art.º 829.º-A, n.º 3, CC).
Nesse quadro, seria de indeferir o requerimento executivo, nos ter-
mos do artigo 726.º, n.º 2, alíneas a), e n.º 3, do CPC, consoante a solução
que for adotada, ou quanto aos juros pedidos anteriores à citação do réu
para a ação declarativa (1.ª solução) ou aos juros moratórios anteriores ao
trânsito em julgado da sentença exequenda, devendo prosseguir a execução
para a penhora pelo montante do capital de € 15.000,00, acrescida dos juros
de mora, à taxa anual de 7%, desde a referida citação ou desde o trânsito
em julgado da sentença exequenda, consoante a solução que for perfilhada,
bem como pelos juros compulsórios.
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mínio das dívidas comunicáveis entre cônjuges, mesmo em sede de ação
declarativa, não ocorre uma situação de litisconsórcio necessário.
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preliminarmente, o respetivo prazo nos termos consignados nos artigos
874.º, n.º 1, e 875.º, n.º 1, do CPC.
Porém, no respeitante à pretendida aplicação de sanção compulsória,
importa ter presente que, segundo o preceituado no n.º 1 do artigo 829.º-A
do CC, só há lugar a ela nos casos de prestação de facto subjetivamente
fungível, salvo naquelas que exigem especiais qualidades científicas ou
artísticas do obrigado.
A finalidade da referida sanção compulsória é a de compelir o deve-
dor à realização da prestação em espécie, em detrimento da execução por
equivalente pecuniário. Assim sendo, é lógico que tal sanção compulsória
não tenha cabimento quando a prestação possa ser efetuada por outrem,
alcançando-se, por esta via, o cumprimento específico da mesma.
Será, pois, com este alcance ditado pela norma substantiva que se
terá de interpretar a faculdade, conferida ao exequente pelos artigos 868.º,
n.º 1, parte final, e 874.º, n.º 1, parte final, do CPC, de requerer, em sede
preliminar da execução para prestação de facto positivo, a fixação da sobre-
dita sanção.
De resto, no âmbito da execução para prestação de facto positivo
subjetivamente fungível, em caso de o executado, uma vez citado, não se
dispor a realizar a prestação, assiste ao exequente, alternativamente, o direi-
to de optar ou por uma indemnização substitutiva, a liquidar nos termos do
artigo 869.º do CPC, ou pela realização da prestação por outrem, requeren-
do a avaliação do seu custo mediante perícia, nos termos do artigo 870.º do
mesmo Código, servindo a execução para obter o pagamento desse custo,
através da penhora de bens do devedor, prosseguindo-se então os termos da
execução para pagamento de quantia certa.
Ora, no caso em apreço, a prestação de demolição do muro, tal como
consta da sentença exequenda, afigura-se, indubitavelmente, como sendo
subjetivamente fungível, ou seja, suscetível de ser realizada por outrem que
não o devedor, para mais quando o muro sem encontra erigido no terreno
pertencente ao próprio exequente.
Nestas circunstâncias, a pretensão de aplicação da referida sanção
compulsória é ilegal por colidir com o preceituado no n.º 1 do artigo 829.º-
A do CPC, a contrario sensu, devendo o requerimento executivo ser inde-
ferido nessa parte.
Posto isto, o juiz deverá proferir despacho liminar no sentido de
indeferir o requerimento executivo, na parte respeitante à pretendida
fixação de sanção pecuniária compulsória, com fundamento na sua
manifesta inviabilidade, por aplicação subsidiária do disposto no artigo
590.º, n.º 1, com as necessárias adaptações, ex vi do artigo 551.º, n.º 1,
do CPC.
No mais, deverá o juiz ordenar a citação do executado para,
querendo, no prazo de 20 dias, se pronunciar sobre a requerida fixa-
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ção de prazo, devendo, no mesmo prazo, se o pretender, deduzir oposi-
ção à execução, nos termos do artigo 874.º, n.º 1, 1.ª parte, e n.º 2, do
CPC.
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