É possível reservar/alugar salão de festas do condomínio para
335, III do Código
realização de culto religioso?
O tema deve ser tratado com cautela pois envolve direitos
constitucionalmente tutelados, bem como deve sempre ser ouvida e
respeitada a vontade daquela coletividade em assembleia geral.
 Na maioria das convenções já existe uma vedação expressa a
utilização do salão de festas e demais espaços comuns para a
realização de eventos privados (alguns com fins lucrativos), como
feiras, jogos de azar, cultos religiosos e até mesmo reuniões
político-partidárias.
 Havendo previsão de proibição na convenção ou no regulamento
interno, tal vedação deve prevalecer.
 Ocorre que algumas convenções e regulamentos são omissos,
abrindo margem interpretações diversas sobre o tema.
 É fato que a Constituição Federal preserva inviolável o direito de
crença e de realização de cultos religiosos, mais precisamente no
Art. 5º, VI da Magna Carta:
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida,
na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias;
 Ocorre que também é fato que o salão de festas é de uso
coletivo, e que compete ao condômino usar as partes comuns
conforme a sua destinação, nos termos do Art. 1.
Civil:
 Art. 1.335. São direitos do condômino:
I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;
II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e
contanto que não exclua a utilização dos demais
compossuidores;
III - votar nas deliberações da assembleia e delas participar,
estando quite.
 Mesmo sem vedação expressa na convenção ou no regulamento
interno, a destinação do salão de festas de um condomínio não é
de realizar feiras comerciais, cultos religiosos ou jogos de azar,
mas sim para reuniões familiares e festas em geral, uma área de
lazer.
 Aqui é necessário fazer um adendo: A administração deve ter a
sensibilidade de entender se estamos tratando de um caso isolado,
um evento esporádico realizado por um condômino em sua igreja
ou grupo religioso, o que deve ser tolerado.
 O que pode ser vedado é o uso constante e regular (e até oneroso)
como templo religioso, comércio ou outro tipo de destinação que
não aquela definida pela convenção.
 Caso isso ocorra e na ausência de norma, a recomendação aos
condomínios é de convocar uma assembleia geral e criar (ou
alterar) o regulamento interno para incluir tais proibições, caso seja
a vontade da maioria.
 Independentemente do tema que seja a festa, deve ser respeitado
o horário, limite de pessoas e principalmente o barulho, já que o
sossego dos demais moradores deve ser preservado.