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I - Associação
A associação é a pessoa jurídica de direito privado constituída por pessoas que se reúnem para
a realização de atividades sem fim lucrativo, desde que lícita, possível e determinada.
E considerando que ninguém é obrigado a manter-se associado, aquele que pretender retirar-
se da associação poderá fazê-lo a qualquer tempo sem necessidade de justificar sua saída
A decisões são tomadas em assembleias a partir de quóruns estabelecidos pela lei e que não
podem ser alterados. Assim, para destituir administradores e alterar estatutos, determina o
art. 59, parágrafo único, CC que seja convocada uma assembleia especialmente para esse fim,
que somente pode ser instalada com a presença de pelo menos dois terços dos associados.
Feita a convocação, de acordo com o art. 59, a assembleia somente pode ser instalada se
estiverem presente dois terços dos associados, ou seja, 26 pessoas. Se houver menos pessoas
do que o quórum especial estabelecido para abertura, a reunião deverá ser suspensa e
redesignada para outro dia.
Se presentes dois terços dos associados, a aprovação da destituição dos administradores bem
como a alteração dos estatutos dependerá do voto favorável da maioria absoluta dos
associados em primeira convocação. A maioria absoluta corresponde à metade dos associados
mais 1.
Nesse sentido, para a deliberação dos temas a que se refere o art. 59, parágrafo único, em
primeira convocação seriam necessários para o caso do exemplo o voto favorável de 21 dos
associados.
Em segunda convocação, que acontece, costumeiramente, meia hora depois da primeira, será
preciso o voto favorável de um terço dos associados, ou seja, dos 26 presentes, 13 associados
devem votar favoravelmente à destituição do administrador ou da alteração dos estatutos.
Se houver deliberação assemblear com quórum diferente do que foi estabelecido pelo art. 57,
CC a decisão poderá ser declarada nula em ação judicial ajuizada pelos prejudicados.
Para os demais assuntos que a assembleia seja convocada, por não se tratar de assunto que
afete a coletividade de associados, não se exige quórum qualificado para a instalação e nem
mesmo para as deliberações, podendo, portanto, qualquer que seja a pauta, haver deliberação
com a maioria dos presentes.
Dissolução da Associação
Deliberada a dissolução da associação, os bens da associação deverão ser entregues para outra
entidade de fins não lucrativos. Não tendo os estatutos determinado a destinação dos bens
remanescentes, uma assembleia deverá ser convocada para a deliberação dos associados que
poderão decidir sobre o encaminhamento do patrimônio líquido a entidade municipal,
estadual ou federal.
Os associados não podem ficar com os bens da associação. Eles poderão, quando muito,
reaver os valores que entregaram como pagamento de suas contribuições, para o que deve
haver expressa previsão nos estatutos ou no caso de omissão, ser convocada assembleia geral
para esse fim específico. Os valores serão apenas atualizados, não incidindo sobre o valor juros
moratórios, pois a associação não tem fim lucrativo.
II - Sociedade
A sociedade é uma das formas de que se pode revestir a pessoa jurídica de direito privado e
consiste na reunião de pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com seus bens e
serviços, para o exercício de atividade lucrativa.
A sociedade pode ser simples ou empresária. Será simples a sociedade que se constituir por
profissionais que atuam numa mesma atividade ou por prestadores de serviço. Será
empresária, a sociedade que se destinar a realizar atividade específica de empresário, nos
moldes do art. 966, CC. A sociedade como forma da pessoa jurídica de direito privado será
estudada no Direito Empresarial.
III - Fundação
Disso decorre que dois são os elementos constitutivos de qualquer fundação, seja ela
particular seja pública: BENS e FINALIDADE.
Conforme a redação dada pela Lei 13.151 de 2015 para o artigo 62 - Parágrafo único do Código
Civil, a fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;
III – educação;
IV – saúde;
IX – atividades religiosas;
a) ato de dotação: consiste na reserva, isto é, na destinação de bens livres e suficientes para a
realização das atividades não lucrativas. A dotação pode ser feita por meio de escritura pública
ou por meio de testamento, devendo desde logo ser transferida a propriedade dos bens para a
fundação. No entanto, o bem ficará no patrimônio do instituidor até o momento em que a
pessoa jurídica denominada fundação for instituída.;
b) elaboração dos estatutos: feita a dotação dos bens, será preciso elaborar os estatutos da
fundação, que poderá ser feita pelo próprio instituidor ou por pessoa por ele indicada. Quando
a elaboração dos estatutos é feita pelo próprio instituidor da fundação, diz-se que a
elaboração é direta ou própria; se contudo, é feita por pessoa indicada pelo instituidor, diz-se
que se trata de elaboração fiduciária. Poderá também o Ministério Público elaborar os
estatutos da fundação, mas isso só poderá ocorrer se nem o instituidor não nem a pessoa
indicada o fizer no prazo assinado pelo instituidor.
c) aprovação dos estatutos: depois de elaborados, os estatutos devem ser apresentados ao
Ministério Público para exame, de que poderá resultar a aprovação, a emenda ou a reprovação
dos estatutos. Nos casos de emenda e de reprovação poderá o instituidor ou a pessoa
incumbida da sua elaboração, apresentar recurso ao juiz, pedindo o suprimento de aprovação.
Se também for negada aprovação pelo juiz, caberá recurso de apelação para o Tribunal de
Justiça.
d) registro dos estatutos: Aprovados os estatutos, deverão eles ser registrados no Serviço de
Registro Civil de Pessoas Jurídicas. A fundação só tem existência legal a partir do registro de
seus atos constitutivos, como determina o art. 45, CC
Tanto o ato de constituição da fundação quanto o ato de alteração de seus estatutos são
complexos e dependem de rigorosa obediência ao prescrito pela lei no art. 67, CC que
estabelece a necessidade de aprovação da alteração por dois terços dos dirigentes da
fundação. A alteração dos estatutos não pode afetar a sua finalidade, que é inalterável.
Se aprovada pelo quórum de dois terços, a alteração precisa ser submetida ao Ministério
Público, que nos termos do art. 66, CC deve fiscalizar as fundações que dará ciência à minoria
vencida para impugnação da alteração aprovada. Trata-se do controle de legalidade.
Extinção da Fundação
Nesse sentido, ainda que sejam consideradas pessoas jurídicas de direito privado, a elas se
empresta o regime jurídico da associação naquilo que a associação não conflitar com as
finalidades específicas dessas pessoas. Assim, a elas se aplica o Código Civil desde que isso não
implique injustificado obstáculo ao exercício de suas finalidades.