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Introdução

A capacidade plena consiste na conjugação na pessoa natural da capacidade de gozo com a


capacidade de fato, ou seja, a pessoa natural tem capacidade plena quando ela por si mesma
pode ser exercer os direitos que adquire na ordem jurídica.

A maioridade é o momento em que coincide a capacidade de gozo com a capacidade de fato.


No Brasil, aos 18 anos de idade, a pessoa natural fica habilitada para a prática de todos os atos
da vida civil, conforme determina o art. 5º, caput, do Código Civil.

É possível haver coincidência da maioridade civil com a maioridade estabelecidas por outras
leis, como no caso da maioridade civil e a maioridade penal, que se dá aos 18 anos. A
maioridade eleitoral, de outro lado, é diferente, já que a legislação eleitoral permite que o
voto seja realizado pelas pessoas com 16 anos de idade. Para alistamento militar, a
menoridade cessa aos 17 anos; no Direito de Trabalho, a incapacidade cessa aos 14 anos,
embora entre 14 e 16 anos só os incapazes possam ser empregados como aprendizes. Se o
trabalho for noturno, insalubre ou perigoso, a idade mínima é de 18 anos completos.

Pessoa Natural: Emancipação

A emancipação consiste na aquisição da capacidade de fato antes da idade legal que é 18 anos.
Essa medida pode decorrer de ato voluntário dos pais ou da circunstância de o interessado se
encontrar em determinadas situações jurídicas a que lei atribui o efeito emancipatório, isto
quando, a emancipação não for determinada pelo juiz.

A emancipação pode ser voluntária, quando concedida pelos pais; judicial, quando conferida
por sentença ou legal, quando a lei emprestar a alguns fatos específicos o efeito de emancipar
a pessoa.

Em qualquer dos tipos de emancipação, a pessoa a ser emancipada deve ser maior de
dezesseis e menor de dezoito anos e não apresentar alguma enfermidade que comprometa a
capacidade de discernimento e que, portanto, a impeça de praticar por si mesma os atos da
vida civil.
Tipos de emancipação

Emancipação por ato dos pais

A emancipação voluntária é aquela que decorre de ato praticado pelos pais do maior de 16
anos. Essa modalidade de emancipação se faz mediante escritura pública lavrada em Serviço
de Notas, que depois deverá ser averbada no Assento de Nascimento do menor emancipado,
além de registrada no 1º Ofício de Registro Civil do domicílio do menor.

A lei exige que ambos os pais concordem com a emancipação do menor; na hipótese de
apenas um deles concordar e o outro, imotivadamente se recusar a conceder a emancipação,
poderá o prejudicado recorrer ao Poder Judiciário para que o Juiz examinando a questão
decida sobre a emancipação, tal como prevê o art. 21, do Estatuto da Criança e do Adolescente
– Lei nº 8.069/90.

A emancipação é um ato jurídico que deve ser praticado no interesse do menor, o que significa
que a emancipação não produz efeito em relação aos pais do menor quando a finalidade do
ato for diverso, como por exemplo, exonerar-se do dever de pensionar o menor.

A emancipação é irrevogável, mas pode ser declarada judicialmente inválida, isto é, nula ou
anulável, onforme sejam demonstradas as hipóteses do art. 166 ou 171, do Código Civil.

Emancipação por sentença judicial

A emancipação judicial é aquela provocada pelo tutor do maior de 16 anos perante a Vara da
Infância e do Adolescente, conforme estabelece o art. 114, do Estatuto da Criança e do
Adolescente – Lei nº 8.069/90.

A emancipação judicial de menor sob tutela é um ato discricionário do juiz e deve ser
concedida apenas no interesse do menor e não para exonerar o tutor do cargo e da
responsabilidade da tutela.

A sentença que concede a emancipação do maior de 16 anos sob tutela deve ser averbada no
Assento de Nascimento do menor emancipado, devendo ainda ser Registrada no 1º Ofício de
Registro Civil do domicílio do menor.
Emancipação legal

O casamento válido é causa legal de emancipação. Eventual separação judicial ou divórcio não
faz com que o emancipado retorne à condição de incapaz. É preciso observar que apenas o
casamento válido tem esse feito.

O casamento nulo ou anulável não produz efeito, o que significa dizer, que se o casamento for
declarado nulo seus efeitos são apagados e ele retorna à condição de incapaz, salvo se o
menor estava de boa-fé, de acordo com a regra do art. 1.561, do Código Civil.

A união estável embora goze de proteção constitucional tal como o casamento e a lei facilite a
sua conversão, é importante observar que apenas o casamento válido é causa legal de
emancipação, não a união estável até porque a eventual equiparação da união estável ao
casamento é apenas para proteção da família.

O emprego público efetivo, de acordo com o art. 5º, parágrafo único, III, do Código Civil, é
causa de emancipação. Posterior demissão ou exoneração não tem o efeito de fazer o menor
retornar à condição de incapaz. Para o exercício do emprego público não importa o regime em
que é exercido, isto é, se pelo regime da CLT ou se pelo regime estatutário.

A emancipação nesse caso não se dá em função do exercício do emprego, mas em razão de o


Estado ter reconhecido no maior de 16 anos, discernimento para atuar na esfera dos
interesses públicos, ainda que o faça em área de menor interesse.

Segundo o art. 5º, parágrafo único, IV, a colação de grau em curso de ensino superior torna o
maior de 16 anos emancipado. Trata-se de hipótese de rara ocorrência tendo em vista o
tempo que se exige para a formação fundamental. Também como causa legal de emancipação
estão de um lado o estabelecimento civil ou comercial e de outro, o estabelecimento de
relação de emprego.

Em uma e outra situação, o menor com 16 anos completos deve em função do


estabelecimento civil ou comercial ou da relação de emprego ter economia própria, que deve
ser entendida como a capacidade financeira que torne o maior de 16 anos independente.
Especial atenção deve ser dada à relação de emprego, pois que a lei exige a presença dos
elementos da subordinação, hierarquia, pessoalidade e remuneração, o que afasta a
possibilidade de emancipação por trabalho eventual.

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