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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃO, COMÉRCIO E FINANÇAS

DIRECÇÃO PEDAGÓGICA

CURSO DE DIREITO

APONTAMENTO DA DISCIPLINA DE TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL


I

NÍVEL : 2º ANO : IO SEMESTRE : ANO ACADÉMICO : 2023

DOCENTE : BONIFÁCIO CHIOSSA LUÍS

INTRODUÇÃO

No presente apontamento de Teoria Geral do Direito Civil iremos fazer abordagens


sobre a menoridade civil. Em princípio iremos apresentar a noção da menoridade
recorrendo os manuais a nossa disposição e legislação pertinente do nosso ordenamento
jurídico. No entanto, iremos analisar o começo e a cessa da incapacidade por
menoridade. Após essa abordagem iremos explicar taxativamente que falar da
incapacidade por menoridade não é o mesmo falar da incapacidade por anomalia
psíquica. Para complementar o conteúdo acima dado, explicaremos das consequências
gerais do acto praticado por um menor, a anulabilidade. Dai, iremos falar sobre a
emancipação que é o negócio que produz a cessação da incapacidade do menor. Quando
a menoridade é fixada aos vinte e um anos, pode se permitir por exemplo a emancipação
por acto dos pais a partir dos 18 anos, nos termos do art. 133 do Código Civil. E por
outro lado analisaremos sobre A capacidade natural e as excepções à incapacidade do
menor, onde iremos ver que há ordens jurídicas que, em vez de demarcarem um limite
radical entre menoridade e maioridade, prevêem uma evolução gradual, em que a
capacidade é sucessivamente atribuída. Não procede assim a nossa ordem jurídica. Ou
se é capaz ou incapaz. Não obstante, não há uma fractura rígida entre incapacidade e
capacidade. A lei atende à evolução da capacidade natural e vai reduzindo

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sucessivamente o âmbito da incapacidade do menor. Por fim, iremos analisar os meios
de suprimento da incapacidade do menor através do poder paternal e a tutela.

Noção A menoridade e a incapacidade prototípica. A capacidade tem limite inferior,


fundado na idade, não tem limite superior.Por mais provecta, a idade não atinge
automaticamente a capacidade. Pode-se é provar que, por senilidade, a pessoa não tem
já o domínio das suas faculdades, podendo ser interditada por anomalia psíquica ou
serem os seus actos anulados por aplicação da incapacidade acidental. No que respeita
às primeiras ideias, sem dúvida que a maturidade se atinge em alturas diferentes
consoante as pessoas. Mas, dadas as perturbações que traria uma verificação caso por
caso, o direito preferiu a fixação automática da maioridade numa idade fixa,
determinada pela normalidade das circunstâncias.

As considerações genéricas anteriormente feitas conduzem imediatamente à fixação do


início da incapacidade das pessoas em função da idade. Como não podia deixar de ser,
ela verifica-se com o nascimento da pessoa. A mesma simplicidade não domina já
quando se trata de apurar o momento em que ela cessa. Desde logo, por a resposta a esta
questão se prender com aspectos que não se revestem do mesmo carácter de
generalidade. Estando ai em causa a aptidão das pessoas para convenientemente
regerem os seus interesses, a mais despreocupada análise da realidade revela que nem
todas atingem a maturidade necessária ao mesmo tempo. Para além disso, interfere
ainda nesta matéria a circunstância de não se estar perante um fenómeno de verificação
instantânea. Trata-se, bem pelo contrário, de uma evolução, que opera
progressivamente, em regra à medida que as pessoas avançam na idade.

No ordenamento jurídico Moçambicano, a menoridade começa com o nascimento


completo e com vida, e cessa quando os menores perfizerem vinte e um anos de idade,
nos termos dos artigos 66 n⁰ 1, 122 ambos do código Civil. Emancipação Sobre a
capacidade do menor pode ter porem incidência a emancipação. A emancipação é o
negócio que produz a cessação da incapacidade do menor. Quando a menoridade é
fixada aos vinte e um anos, pode se permitir por exemplo a emancipação por acto dos
pais a partir dos 18 anos, nos termos do art. 133 do Código Civil, porem, em termos do
casamento, a mulher ou homem com mais de 16 anos, a título excepcional, pode
contrair casamento, quando ocorram circunstâncias de reconhecido interesse público e

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familiar e houver consentimento dos pais ou dos legais representantes, nos termos do
art. 30 n⁰ 2, da lei da família, lei n⁰ 10/2004 de 25 de Agosto. O artigo 133 refere que, a
emancipação tem como efeito, a atribuição ao menor da plena capacidade de exercício
de direitos, habilitando-o a reger a sua pessoa e a dispor livremente dos seus bens como
se fosse maior, salvo o disposto nos artigos 136 e 1649 do Código Civil.

A capacidade natural e as excepções à incapacidade do menor Há ordens jurídicas que,


em vez de demarcarem um limite radical entre menoridade e maioridade, prevêem uma
evolução gradual, em que a capacidade é sucessivamente atribuída. Não procede assim a
nossa ordem jurídica. Ou se é capaz ou incapaz. Não obstante, não há uma fractura
rígida entre incapacidade e capacidade. A lei atende à evolução da capacidade natural e
vai reduzindo sucessivamente o âmbito da incapacidade do menor.

Essa redução pode fazer-se de duas maneiras.  Por remissão para a capacidade natural
 Por levantamento de certas limitações logo que atingidas idades determinadas A
remissão para a capacidade natural faz-se em quatro hipóteses principais:

a) Depende só da capacidade natural a prática de actos da vida corrente que apenas


impliquem despesas, ou disposições de bens, de pequena importância, art. 127 n ⁰1 al. b)
do código civil. É uma excepção muito significativa. Ninguém estranha que o menor
pague o bilhete do auto-carro a caminho da escola ou vá comprar ovos a mando da mãe.
Só é relevante que naturalmente entenda o que faz.

b) Depende também da capacidade natural e da autorização para o exercício de uma


profissão a capacidade para praticar actos relativos a uma profissão, ou actos de
exercício de profissão, art. 127 n⁰1 al. c) do código civil. Mas o terceiro com quem
contratar deve contar com uma limitação importante: pelos actos assim praticados só
respondem os bens de que o menor tiver a livre disposição, art. 127 n⁰2 do código civil.

c) Outro regime particular respeitante à incapacidade de agir consta do artigo 263 do


Código civil, para a representação voluntária: “ o procurador não necessita de ter mais
do que a capacidade de entender e querer exigida pela natureza do negócio que haja de
efectuar”. Aplica-se este preceito ao menor, independentemente de idade e, com mais
cautelas, aos restantes incapazes. Já o menor não pode passar procuração a terceiro. O

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representante do menor, mesmo que este tenha capacidade natural, é sempre o
representante legal, e não o voluntário.

d) O autor de obra literária ou artística pode exercer os direitos pessoais que sejam
inerentes a esta desde que tenha para tanto entendimento natural. 4.Anulabilidade como
consequência geral do acto praticado pelo menor O menor não pode praticar actos
jurídicos, nem mesmo com autorização daqueles a quem estiver confiado.

É absolutamente incapaz, fora dos casos enunciados por lei. Pode acontecer, não
obstante, que o menor pratique indevidamente esses actos. A consequência geral é a
anulabilidade do acto praticado. A invalidade subdivide-se em:  Nulidade 
Anulabilidade O acto anulável produz efeitos enquanto não for destruído. O acto nulo
não produz efeitos nenhuns. É aquele regime mais brando que corresponde ao acto
praticado pelo menor independentemente dos regimes especiais. Mas várias pessoas tem
legitimidade para requerer a anulação, a pronunciar pelo tribunal, art. 125 n ⁰1 do código
civil.4 As pessoas com legitimidade para arguir essa anulabilidade são o representante
do menor dentro de um ano a contar do conhecimento do acto impugnado, o próprio
menor dentro de um ano a contar da cessação da incapacidade ou qualquer herdeiro
igualmente dentro de um ano a contar da morte, se o hereditando morreu antes de ter
expirado o prazo em que podia, ele próprio, requerer a anulação, art. 125 do Código
Civil.A anulabilidade pode ser invocada normalmente por via de excepção, sem
dependência de prazo, se o negocio não estiver cumprido. Neste caso (invocação por via
de excepção) a pessoa com legitimidade para arguir a anulabilidade não vem intentar
uma acção para esse fim, mas defendese com a referida anulabilidade, numa acção
judicial em que se peca o cumprimento do acto ou este seja invocado. O direito de
invocar a anulabilidade é precludido pelo comportamento malicioso (malitia supleat
aetatem) do menor, no caso de este ter usado de dolo ou má fé a fim de se fazer passar
por maior ou emancipado (art. 126 CC). Entende-se que neste contexto do art. 126 CC,
ficam inibidos de invocar a anulabilidade, não só o menor mas também os herdeiros ou
o representante. Não basta, que o menor declare ou inculque ser maior. São necessários
artifícios, manobras ou sugestões de carácter fraudulento. 5.Os meios de suprimento da
incapacidade dos menores Os meios de suprimento da incapacidade dos menores,

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através da representação, são, em primeira linha o poder paternal e, subsidiariamente, a
tutela (art. 124 CC).

O conteúdo do poder paternal está regulado no art. 283, 284 e 285 todos da lei da
família, lei n⁰ 10/2004 de 25 de Agosto, competindo aos pais, no interesse dos filhos,
velar pela segurança e saúde destes, prover ao seu sustento, dirigir a sua educação,
representá-los, ainda que nascituros, e administrar os seus bens. O poder paternal
pertence, pois, aos pais, não distinguindo a lei poderes especiais do pai ou da mãe em
virtude do princípio da igualdade (art. 35 CRM). A tutela é o meio normal de
suprimento do poder paternal. Deve ser instaurada sempre que se verifique algumas das
situações previstas no art. 331 da lei da família, lei n ⁰ 10/2004 de 25 de Agosto. Estão
nela integrados o tutor, o protutor, o conselho de família e, como órgão de controlo e
vigilância, o tribunal de menores.

Deste modo, concluímos que, a menoridade é incapacidade prototipica que inicia com o
nascimento da pessoa e cessa quando o menor perfizer 21 anos como dispõe o artigo
122 conjugado com artigo 130 ambos do Código Civil. A mesma simplicidade não
domina já quando se trata de apurar o momento em que ela cessa. Desde logo, por a
resposta a esta questão se prender com aspectos que não se revestem do mesmo carácter
de generalidade. Estando ai em causa a aptidão das pessoas para convenientemente
regerem os seus interesses, a mais despreocupada análise da realidade revela que nem
todas atingem a maturidade necessária ao mesmo tempo Vale a pena salientar que a
incapacidade por menoridade não é o mesmo que dizer a incapacidade por anomalia
psíquica. No nosso ordenamento jurídico está prevista uma forma cessação da
incapacidade do menor antes de atingir 21 anos, que é emancipação que nos termos do
artigo 133 do CC, consiste na atribuição ao menor da plena capacidade de exercício de
direitos, habilitando-o a reger a sua pessoa e a dispor livremente dos seus bens como se
fosse maior, salvo o disposto nos artigos 136 e 1649 do Código Civil. Mas também
estão previstas algumas excepções de redução da incapacidade do menor por remissão
para a capacidade natural e por levantamento de certas limitações logo que atingidas
idades determinadas, nos termos do artigo 127 do Código Civil. A incapacidade por
menoridade pode ser suprida por poder parental e tutela, em principio aplicase o poder
parental e no caso em que se verifiquem as situações previstas na da família. E para
terminar dizer que as consequências dos actos praticados por menor é a anulabilidade.
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EXERCÍCIOS

1. Conceitue a disciplina de Teoria geral do direito civil


2. A ordem jurídica impõe divisões ou ramos do direito e princípios próprios. Nesta
perspectiva e com base as aulas ministradas, qual é o ramo pertencente a TGDC?
3. Defina e mencione e explique as fontes da TGDC.
4. O Código Civil Moçambicano divide-se em quantas partes? Quais são?
5. Quando é que começa e cessa a personalidade jurídica?
6. Quais são os Elementos da relação jurídica?
7. Juridicamente, com quantos anos se atinge a maioridade civil?
8. Quando é que ocorre a emancipação?
9. Distinga o nascituro do concepturo.
10. De acordo com s aulas, quantos princípios do direito civil apredeu?Destes
argumente 4 princípios a sua escolha.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 ASCENSÃO, José de Oliveira, Direito Civil, Teoria Geral, vol-I, introdução as


pessoas e os bens, 2 ed., Coimbra editor, 2000.

 PINTO, Carlos Alberto da Mota, Teoria Geral do Direito Civil, 3 ed., Coimbra
editora, 1996.

 FERNANDES, Luís A, Carvalho, Teoria Geral do Direito Civil, vol-I, introdução


pressupostos da relação jurídica, 5 ed. Revista e actualizada, Lisboa, 2009.

Legislação  Código Civil

Lei da família.

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