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Os Sujeitos da Relação Jurídica

Pessoas Singulares
Sujeitos de direito são os entes suscetíveis de serem titulares de relações jurídicas, isto é, os
titulares dos direitos e das obrigações. Podem ser sujeitos de direitos as pessoas singulares e
as pessoas coletivas. A personalidade jurídica é uma qualidade ou condição da pessoa singular
ou coletiva, aptidão para ser titular de direitos e obrigações.
Artigo 66º (Começo da personalidade)
1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento completo e com vida.
2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.
Artigo 68º (Termo da personalidade)
1. A personalidade cessa com a morte.
2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma a outra pessoa, presume-se,
em caso de dúvida, que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.
3. Tem-se por falecida a pessoa cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido, quando o
desaparecimento se tiver dado em circunstâncias que não permitam duvidar da morte dela.
(O nº3 prevê a morte presumida)
À personalidade jurídica é inerente a capacidade jurídica ou capacidade de gozo de direitos e
obrigações (porque é sujeito de direito pode gozar direitos/obrigações)
A capacidade jurídica exprime a aptidão de ser titular de direitos e obrigações.
Artigo 67º (Capacidade jurídica)
As pessoas podem ser sujeitos de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal em
contrário: nisto consiste a sua capacidade jurídica.
(salvo em disposição do contrário Incapacidades de gozo/insupríveis)
A medida da capacidade pode ser maior ou menos segundo as circunstâncias (os menores não
têm capacidade de gozo de direitos em certos casos- Artigo 1601º)
Diferente da capacidade jurídica é a capacidade de exercício de direitos que se adquire com a
maioridade.
Artigo 130º (Efeitos da maioridade)
Aquele que perfizer dezoito anos de idade adquire plena capacidade de exercício de direitos,
ficando habilitado a reger a sua pessoa e a dispor dos seus bens.
Os direitos de personalidade são aqueles direitos que pertencentes a todas as pessoas pelo
nascimento. São direitos gerais (todos deles gozam), extrapatrimoniais (embora as suas
violações possam originar uma reparação em dinheiro, não têm, em si mesmos, valor
pecuniário), absolutos (eficácia erga omnes) e irrenunciáveis.
Artigo 70º (Tutela geral da personalidade)
1. A lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ilícita ou ameaça de ofensa à sua
personalidade física ou moral.
2. Independentemente da responsabilidade civil a que haja lugar, a pessoa ameaçada ou
ofendida pode requerer as providências adequadas às circunstâncias do caso, com o fim de
evitar a consumação da ameaça ou atenuar os efeitos da ofensa já cometida.

Norma que contém uma cláusula geral de tutela de personalidade: permite conceder proteção
a aspetos da personalidade não tipificados por exemplo direito ao repouso, direito ao bom
nome…
Artigo 71º (Ofensa a pessoas já falecidas)
1. Os direitos de personalidade gozam igualmente de proteção depois da morte do respetivo
titular.
2. Tem legitimidade, neste caso, para requerer as providências previstas no n.º 2 do artigo
anterior o cônjuge sobrevivo ou qualquer descendente, ascendente, irmão, sobrinho ou
herdeiro do falecido.
Mantém-se depois da morte do respetivo titular, a proteção dos que possam continuar a ser
ofendidos (art. 71º, nº1). A formulação do artigo 71º, nº1 é, porém, infeliz pois a tutela incide
sobre direitos ou interesse das pessoas mencionadas no nº2 do mesmo artigo e não significa
que se mantenham os direitos na titularidade do defunto, cuja personalidade cessou com a
morte.
Artigo 72.º (Direito ao nome)
1. Toda a pessoa tem direito a usar o seu nome, completo ou abreviado, e a opor-se a que
outrem o use ilicitamente para sua identificação ou outros fins.
2. O titular do nome não pode, todavia, especialmente no exercício de uma atividade
profissional, usá-lo de modo a prejudicar os interesses de quem tiver nome total ou
parcialmente idêntico; nestes casos, o tribunal decretará as providências que, segundo juízos
de equidade, melhor conciliem os interesses em conflito.
Artigo 79.º (Direito à imagem)
1. O retrato de uma pessoa não pode ser exposto, reproduzido ou lançado no comércio sem o
consentimento dela; depois da morte da pessoa retratada, a autorização compete às pessoas
designadas no n.º 2 do artigo 71.º, segundo a ordem nele indicada.
2. Não é necessário o consentimento da pessoa retratada quando assim o justifiquem a sua
notoriedade, o cargo que desempenhe, exigências de polícia ou de justiça, finalidades
científicas, didáticas ou culturais, ou quando a reprodução da imagem vier enquadrada na de
lugares públicos, ou na de factos de interesse público ou que hajam decorrido publicamente.
3. O retrato não pode, porém, ser reproduzido, exposto ou lançado no comércio, se do facto
resultar prejuízo para a honra, reputação ou simples decoro da pessoa retratada.
O regime jurídico das incapacidades visa a proteção do próprio incapaz contra as suas
influências que o podem prejudicar no tráfego jurídico.

Incapacidades de gozo Incapacidades de exercício


Situações excecionais em que as pessoas por Situações em que as pessoas por elas
elas abrangidas não podem ser titulares de abrangidas não estão em condições de reger
certos direitos/obrigações de natureza a não estão em condições de reger a sua
pessoal pessoa e/ou cuidar dos seus bens por si só

A incapacidade é insuprível porque se trata A incapacidade é suprível pois não dizem


de negócios jurídicos de natureza pessoal respeito a situações de natureza
estritamente pessoal
1. Incapacidade resultante de impedimentos 1. Menoridade 122º a 129º
dirimentes absolutos que obstam ao 2. Maior acompanhado 138º a 156º
casamento 1601º 3. Ilegitimidades conjugais 1682ºA
(idade ‹ a 16 anos; demência notória; maiores (alienação ou oneração imóveis, estabelecimento
acompanhados quando a sentença assim o comercial, casa de morada de família), 1682ºB
determine) (dispor do direito de arrendamento da casa de
2. Incapacidade para perfilhar 1850º morada de família), 1682º (alienação de móveis)
(idade ‹ a 16 anos; maiores acompanhados com
restrições ao exercício de direitos pessoais;
perturbação mental notória)
3. Incapacidade de testar 2189º
(os menores não emancipados; os maiores
acompanhados, apenas nos casos em que a
sentença de acompanhamento assim o
determine.)

Consequência jurídica para os negócios Consequência jurídica para os negócios


jurídicos celebrados por quem não tem jurídicos celebrados por quem não tem
capacidade de gozo capacidade de exercício
↓ ↓
NULIDADE (artigo 286º) ANULABILIDADE (artigos 125º, 287º)

As incapacidades de exercício são supríveis através dos institutos da:


a) representação legal,
b) assistência,
c) mandato com vista ao acompanhamento.

a. Representação legal: aqui o representante age em lugar do incapaz, a função do


representante é ativa, atua em vez de.
b. Assistência: o incapaz pode agir por si próprio, mas para realizar validamente os respetivos
negócios necessita do consentimento de certa pessoa, o assistente atua ao lado de.
c. Mandato com vista ao acompanhamento: - com poderes de representação, o mandatário
atua em nome e por conta do mandante; - sem poderes de representação atua por conta do
mandante, mas em nome próprio.
Menoridade
Noção e condição jurídica dos menores.
Artigo 122º (Menores)
É menor quem não tiver ainda completado dezoito anos de idade.
Artigo 123º (Incapacidade dos menores)
Salvo disposição em contrário, os menores carecem de capacidade para o exercício de
direitos.
A incapacidade de exercício de direitos do menor é geral, ou seja, em princípio abrange todos
os atos, quer de natureza pessoal, quer de natureza patrimonial.
Duração
Artigo 129º (Termo da incapacidade dos menores)
A incapacidade dos menores termina quando eles atingem a maioridade ou são emancipados,
salvas as restrições da lei.
Ao atingir a maioridade adquire plena capacidade de exercício de direitos ficando habilitado a
reger a sua pessoa e a dispor dos seus bens. (artigo 130º Aquele que perfizer dezoito anos de
idade adquire plena capacidade de exercício de direitos, ficando habilitado a reger a sua
pessoa e a dispor dos seus bens.)
Menor emancipado
Porém, através da emancipação a incapacidade termina aos 16 anos por via do casamento.
Artigo 132º (Emancipação)
O menor é, de pleno direito, emancipado pelo casamento.
Artigo 133º (Efeitos da emancipação)
A emancipação atribui ao menor plena capacidade de exercício de direitos, habilitando-o a
reger a sua pessoa e a dispor livremente dos seus bens como se fosse maior, salvo o disposto
no artigo 1649.º
Artigo 1649º (Casamento de menores)
1. O menor que casar sem ter obtido autorização dos pais ou do tutor, ou o respetivo
suprimento judicial, continua a ser considerado menor quanto à administração de bens que
leve para o casal ou que posteriormente lhe advenham por título gratuito até à maioridade,
mas dos rendimentos desses bens ser-lhe-ão arbitrados os alimentos necessários ao seu
estado.
2. Os bens subtraídos à administração do menor são administrados pelos pais, tutor ou
administrador legal, não podendo em caso algum ser entregues à administração do outro
cônjuge durante a menoridade do seu consorte; além disso, não respondem, nem antes nem
depois da dissolução do casamento, por dívidas contraídas por um ou ambos os cônjuges no
mesmo período.
Exceções à incapacidade de exercício do menor
Em determinadas situações o menor pode praticar validamente negócios por si só.
Artigo 127º (Exceções à incapacidade dos menores)
1. São excecionalmente válidos, além de outros previstos na lei:
a) Os atos de administração ou disposição de bens que o maior de dezasseis anos haja
adquirido por seu trabalho; (vide art. 1888.º, nº 1 Os pais não têm a administração: (…) d) dos
bens adquiridos pelo filho maior de dezasseis anos pelo seu trabalho.)
b) Os negócios jurídicos próprios da vida corrente do menor corrente do menor que, estando
ao alcance da sua capacidade natural, só impliquem despesas, ou disposições de bens, de
pequena importância;
c) Os negócios jurídicos relativos à profissão, arte ou ofício que o menor tenha sido autorizado
a exercer, ou os praticados no exercício dessa profissão, arte ou ofício.
Os negócios jurídicos celebrados pelo menor fora dos casos previstos no artigo 127º, não são
assim válidos.

Artigo 125.º (Anulabilidade dos atos dos menores)
1. Sem prejuízo do disposto no n.º 2 do artigo 287.º, os negócios jurídicos celebrados pelo
menor podem ser anulados:
a) A requerimento, conforme os casos, do progenitor que exerça o poder paternal, do tutor ou
do administrador de bens, desde que a ação seja proposta no prazo de um ano a contar do
conhecimento que o requerente haja tido do negócio impugnado, mas nunca depois de o
menor atingir a maioridade ou ser emancipado, salvo o disposto no artigo 131.º;
b) A requerimento do próprio menor, no prazo de um ano a contar da sua maioridade ou
emancipação;
c) A requerimento de qualquer herdeiro do menor, no prazo de um ano a contar da morte
deste, ocorrida antes de expirar o prazo referido na alínea anterior.
2. A anulabilidade é sanável mediante confirmação do menor depois de atingir a maioridade
ou ser emancipado, ou por confirmação do progenitor que exerça o poder paternal, tutor ou
administrador de bens, tratando-se de ato que algum deles pudesse celebrar como
representante do menor.

Quem pode requerer (legitimidade) e em que prazo?
Alínea a)
Legitimidade: a requerimento do progenitor que exerça o poder paternal, do tutor, do
administrador.
Prazo: 1 ano a contar do conhecimento que o requerente haja tido do negócio, mas nunca
depois do nunca depois do menor ter atingido a maioridade.

Alínea b)
Legitimidade: o próprio menor que praticou o ato anulável a partir da sua
maioridade/emancipação.
Prazo: 1 ano a contar da maioridade/emancipação.
Alínea c)
Legitimidade: herdeiro do menor.
Prazo: 1 ano a contar da morte do menor que tenha ocorrido antes de expirar o prazo da
alínea b) (se o prazo da alínea b) expirou antes da morte do menor o direito à anulabilidade,
existente na sua esfera jurídica caducou, i.e. extinguiu-se o direito).
Confirmação do negócio anulável
A anulabilidade pode ser sanada mediante a confirmação do negócio jurídico, pelo próprio
menor após atingir a maioridade ou por confirmação do progenitor que exerça o poder
paternal, tutor ou administrador.
Exceção ao regime da anulabilidade dos atos praticados pelo menor

Artigo 126.º (Dolo do menor)
Não tem o direito de invocar a anulabilidade o menor que para praticar o ato tenha usado de
dolo com o fim de se fazer passar por maior ou emancipado.
O dolo consiste nos artifícios usados pelo menor para se fazer passar por maior. Neste caso é-
lhe vedado invocar a anulabilidade (abuso de direito: venire contra factum proprium).
A proibição do artigo 126º é aplicável apenas ao menor ou é extensível ao representante e aos
herdeiros? Quid iuris?
Suprimento da incapacidade dos menores
O suprimento da incapacidade de exercício dos menores é assegurado pelo instituto da
representação legal. Em primeiro lugar pelo 1. e, subsidiariamente, pela 2.:
1. poder paternal
2. tutela (art. 124º)
1. Poder Paternal (regime jurídico)
1877º Duração
Os filhos estão sujeitos às responsabilidades parentais até à maioridade ou emancipação.
1878º Conteúdo
Abrange um de poderes-deveres que a lei atribui aos pais com vista à defesa dos interesses dos
filhos.
1880º Despesas com os filhos maiores ou emancipados
Os pais têm o deve de assegurar, mesmo após a maioridade, a possibilidade de estes
completarem a sua formação.
1881º Poder de representação
Compreende o exercício de todos os direitos e cumprimentos de todas as obrigações do filho
exceto os atos puramente pessoais, os atos que o filho validamente pode praticar por si só e os
atos de administração excluídos do poder parental (artigos 127º e 1888º).
Exercício do poder parental
1901º O exercício do poder paternal na constância do matrimónio pertence a ambos os pais.
1902º A lei não exige sempre a intervenção em conjunto de ambos.
1903º Impedimento de um ou de ambos os pais.
1906º Exercício das responsabilidades parentais em caso de divórcio, separação judicial de
pessoas e bens, declaração de nulidade ou anulação do casamento.
1907º Exercício das responsabilidades parentais quando o filho é confiado a terceira pessoa.
Situações de inibição e limitações ao exercício do poder paternal
1913º Inibição de pleno direito.
1915º Inibição do exercício das responsabilidades parentais.
2. Meios de suprimento do poder paternal: Tutela
124º Meio subsidiário de suprir a incapacidade de exercício dos menores.
A tutela é o meio normal de suprimento do poder paternal devendo ser instaurada quando
ocorra alguma das circunstâncias previstas no artigo 1921º.
Artigo 1921º Menores sujeitos a tutela
1. O menor está obrigatoriamente sujeito a tutela:
a) Se os pais houverem falecido;
b) Se estiverem inibidos do poder paternal quanto à regência da pessoa do filho;
c) Se estiverem há mais de seis meses impedidos de facto de exercer o poder paternal;
d) Se forem incógnitos.
2. Havendo impedimento de facto dos pais, deve o Ministério Público tomar as providências
necessárias à defesa do menor, independentemente do decurso do prazo referido na alínea c)
do número anterior, podendo para o efeito promover a nomeação de pessoa que, em nome do
menor, celebre os negócios jurídicos que sejam urgentes ou de que resulte manifesto proveito
para este.
Artigo 1927.º Pessoas a quem compete a tutela
O cargo de tutor recairá sobre a pessoa designada pelos pais ou pelo tribunal de menores.
1928.º Tutor designado pelos pais
1931.º Tutor designado pelo tribunal
1933º Quem não pode ser tutor
1934º Escusa da tutela
1935º Direitos e obrigações do tutor
Conselho de família
1951º e 1952º Constituição.
1954º Atribuições do conselho de família.
Pertence ao conselho de família vigiar o modo por que são desempenhadas as funções do
tutor e exercer as demais atribuições que a lei especialmente lhe confere.
1961º Termo da tutela.
Administração de bens
Instituto com natureza complementar.
O regime da administração de bens como meio de suprir a incapacidade dos menores,
funciona em conjunto com a tutela ou com o poder paternal.
1922º Quando tem lugar a administração de bens.
1967º Aplica-se à nomeação do administrador as disposições relativas à nomeação de tutor.
1971º Direitos e deveres do administrador.
MENORIDADE 122º:

INCAPACIDADE DE EXERCÍCIO DE DIREITOS 123º

EXCEÇÕES 127º

ATUAÇÃO SOZINHO FORA DAS SIT. 127º
ANULABILIDADE 125º

MEIOS DE SUPRIMENTO 124º= A; B; A+C; B+C
A. Poder Paternal (primeira via)
B. Tutela (subsidiariamente)
C. Administração de bens (complementar)
Acompanhamento
O regime jurídico de maior acompanhado foi criado pela Lei nº9/2018 de 14/08 que eliminou
os institutos da interdição e da inabilitação previstos n Código Civil aprovado pelo DL 47 344 de
25 de novembro de 1966. O novo regime jurídico entra em vigor já a 10 de fevereiro de 2019
(artigo 25º da Lei 49/2018 de 14/08) e tem aplicação imediata aos processos de interdição e
inabilitação pendentes aquando a sua entrada em vigor.
Artigo 138º Quem pode ser acompanhamento
O maior impossibilitado, por razões de saúde, deficiência, ou pelo seu comportamento, de
exercer, plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos ou de, nos mesmos termos, cumprir
os seus deveres, beneficia das medidas de acompanhamento previstas neste Código.
A quem se aplica: o instituto do acompanhamento, aplica-se a maiores.
Fundamentos:
a) razões de saúde, deficiência ou comportamento;
b) que impossibilitam o maior de exercer plena, pessoal e conscientemente, os seus direitos
ou cumprir os seus deveres.
Mas pode ser requerido no ano anterior à maioridade para produzir efeitos a partir dessa data.

Artigo 142º (Menores)
O acompanhamento pode ser requerido e instaurado dentro do ano anterior à maioridade,
para produzir efeitos a partir desta.
O acompanhamento está sujeito a decisão judicial
Artigo 139º (Decisão judicial)
1 - O acompanhamento é decidido pelo tribunal, após audição pessoal e direta do beneficiário,
e ponderadas as provas.
2 - Em qualquer altura do processo, podem ser determinadas as medidas de acompanhamento
provisórias e urgentes, necessárias para providenciar quanto à pessoa e bens do requerido.
Objetivo e natureza supletiva do instituto
Artigo 140º (Objetivo e supletividade)
1- O acompanhamento do maior visa assegurar o seu bem-estar, a sua recuperação, o pleno
exercício de todos os seus direitos e o cumprimento dos seus deveres, salvo as exceções legais
ou determinadas por sentença.
2- A medida não tem lugar sempre que o seu objetivo se mostre garantido através dos deveres
gerais de cooperação e da assistência que no caso caibam.
Legitimidade ativa (quem pode requerer o acompanhamento)
141º (Legitimidade)
1- O acompanhamento é requerido pelo próprio ou, mediante autorização deste, pelo cônjuge,
pelo unido de facto, por qualquer parente sucessível ou, independentemente de autorização,
pelo Ministério Publico.
2- O Tribunal pode suprir a autorização do beneficiário quando, em face das circunstâncias,
este não a possa livre e conscientemente dar, ou quando para tal considere existir um
fundamento atendível.
3- O pedido de suprimento da autorização do beneficiário pode ser cumulado com o pedido de
acompanhamento.
Âmbito e conteúdo do acompanhamento (princípio da necessidade)
A autonomia da vontade preside ao instituto do acompanhamento cujo âmbito é restringido
ao mínimo necessário a alcançar os objetivos da sua decretação.
Só a incapacidade de exercício do maior acompanhado pode ser suprida. As incapacidades de
gozo são insupríveis. Coerentemente o artigo 147º estabelece a liberdade de exercício pelo
acompanhado dos direitos pessoais, salvo disposição da lei ou decisão judicial em contrário.
Incapacidades de gozo do maior acompanhado
1.Incapacidade resultante de impedimentos dirimentes absolutos que obstam ao casamento
1601º (maiores acompanhados quando a sentença assim o determine).
2. Incapacidade para perfilhar 1850º (maiores acompanhados com restrições ao exercício de direitos
pessoais).

3. Incapacidade de testar 2189º (os maiores acompanhados, apenas nos casos em que a sentença de
acompanhamento assim o determine).

Artigo 147º (Direitos pessoais e negócios da vida corrente)


 1-O exercício pelo acompanhado de direitos pessoais e a celebração de negócios da vida
corrente são livres, salvo disposição da lei ou decisão judicial em contrário.

  2- São pessoais, entre outros, os direitos de casar ou de constituir situações de união, de


procriar, de perfilhar ou de adotar, de cuidar e de educar os filhos ou os adotados, de escolher
profissão, de se deslocar no país ou no estrangeiro, de fixar domicílio e residência, de
estabelecer relações com quem entender e de testar.
Meios de suprimento da incapacidade dos maiores acompanhados (artigo 145º, nº2)
Representação
- poder paternal ou dos meios de suprimento [alínea a)]
- representação geral ou especial que segue o regime da tutela [alínea b) e nº 4]
- administração total ou parcial de bens [alínea c) e nº5]
Assistência
- autorização prévia para prática de determinados atos ou categorias de atos [alínea d)]
- intervenções de outro tipo, devidamente explicitadas. [alínea e)]
145º (Âmbito e conteúdo do acompanhamento)
1-O acompanhamento limita-se ao necessário.
2- Em função de cada caso e independentemente do que haja sido pedido, o tribunal pode
cometer ao acompanhante algum ou alguns dos regimes seguintes:
a)Exercício das responsabilidades parentais ou dos meios de as suprir, conforme as
circunstâncias;
b) Representação geral ou representação especial com indicação expressa, neste caso, das
categorias de atos para que seja necessária;
c) Administração total ou parcial de bens;
d) Autorização prévia para a prática de determinados atos ou categorias de atos;
e) Intervenções de outro tipo, devidamente explicitadas.
3- Os atos de disposição de bens imóveis carecem de autorização judicial prévia e específica.
4- A representação legal segue o regime da tutela, com as adaptações necessárias, podendo o
tribunal dispensar a constituição do conselho de família.
5- À administração total ou parcial de bens aplica-se, com as adaptações necessárias, o
disposto nos artigos 1967.º e seguintes.
Artigo 143º (Quem pode ser nomeado acompanhante)
1-O acompanhante, maior e no pleno exercício dos seus direitos, é escolhido pelo
acompanhado ou pelo seu representante legal, sendo designado judicialmente.
2- Na falta de escolha, o acompanhamento é deferido, no respetivo processo, à pessoa cuja
designação melhor salvaguarde o interesse imperioso do beneficiário, designadamente (…)
Artigo 144º (Escusa e exoneração)
Artigo 146º (Cuidado e diligência no exercício da função de acompanhante)
Artigo 148º (Internamento)
Artigo 149º (Cessação e modificação do acompanhamento)
O processo de acompanhamento: Publicidade e registo
Artigo 153º (Publicidade)
1- A publicidade a dar ao início, ao decurso e à decisão final do processo de acompanhamento
é limitada ao estritamente necessário para defender os interesses do beneficiário ou de
terceiros, sendo decidida, em cada caso, pelo tribunal.
2- Às decisões judiciais de acompanhamento é aplicável o disposto nos artigos 1920.º-B e
1920.º-C.
Para além da publicidade a dar à ação é também obrigatório o registo (artigos 1920ºB registo
oficioso e 1920ºC consequência da falta de registo).
Atos praticados pelo maior acompanhado
Artigo 154º (Atos do acompanhado)
1- Os atos praticados pelo maior acompanhado que não observem as medidas de
acompanhamento decretadas ou a decretar são anuláveis:
a) Quando posteriores ao registo do acompanhamento;
b) Quando praticados depois de anunciado o início do processo, mas apenas após a decisão
final e caso se mostrem prejudiciais ao acompanhado.
2- O prazo dentro do qual a ação de anulação deve ser proposta só começa a contar-se a partir
do registo da sentença.
3- Aos atos anteriores ao anúncio do início do processo aplica-se o regime da incapacidade
acidental.
Regime jurídico da anulabilidade dos atos praticados pelo maior acompanhado
Antes da ação Proposta a ação Publicada a ação Decisão judicial Registo da sentença
154º, nº3 154º, nº 3 154º, nº 1, b) C.C. 154º, nº1, b) C.C. 154º, nº1, b) C.C.
257º 257º 154, nº2 C.C. 154º, nº2 C.C. 287º/125º C.C.
287º 287º 287º/125º C.C. 287º/125º C.C. 16º C.P.C.
16º C.P.C. 16º C.P.C. 19º C.P.C.
19º C.P.C. 19º C.P.C.

Artigo 257º (incapacidade acidental)


1- A declaração negocial feita por quem, devido a qualquer causa, se encontrava
acidentalmente incapacitado de entender o sentido dela ou não tinha o livre exercício da sua
vontade é anulável, desde que o facto seja notório ou conhecido do declaratário.
2- O facto é notório, quando uma pessoa de normal diligência o teria podido notar.
Responsabilidade Civil
Na Vida social os comportamentos (ações ou omissões) adotados por uma pessoa causam
muitas das vezes prejuízos a outrem.
Quando a lei impõe ao autor de certos fatos ou aos beneficiários de certa atividade a
obrigação de reparar os danos causados a outrem, por esses fatos ou por essa atividade,
depara-nos a figura da responsabilidade civil.
A responsabilidade civil surge na obrigação de indeminização (art.º 562 C.C.). Tem como
principal objetivo tornar sem dano o lesado, isto é, visa colocar a vítima na situação em que
estaria na situação sem a ocorrência do facto danoso.
A responsabilidade civil consiste na necessidade imposta pela lei a quem causa prejuízos, a
outrem de colocar o ofendido na situação em que estaria sem lesão.
A indeminização em dinheiro cobre os danos patrimoniais sofridos pelo lesado, isto é, os
prejuízos suscetíveis de avaliação em dinheiro.

Os danos patrimoniais estão compreendidos:


 Dano emergente: prejuízo imediato sofrido pelo lesado.
 Lucro cessante: as vantagens que deixaram de entrar no património do lesado.

O direito civil Português reconhece também os danos não patrimoniais ou tradicionalmente


designados por danos morais.
A sua verificação tem lugar quando são causados sofrimentos físicos ou morais, perdas de
consideração social, inibições, ou complexos de ordem psicológica, etc., em consequência de
uma lesão de direitos, máxime de direitos de personalidade.
Não sendo estes prejuízos avaliados em dinheiro, a atribuição de uma soma pecuniária
correspondente legitima se pela compensação. Não se trata de atribuir um preço pela dor, mas
de proporcionar uma satisfação.
Responsabilidade civil por fatos ilícitos- Art.º 483 do C.C.
Facto ocorrido viola os direitos subjetivos
 Nexo causalidade
 Ilicitude
 Culpa (Dolo ou Mera culpa)
Responsabilidade Criminal – Reação ao crime e visa satisfazer interesses da comunidade,
ofendida pelo fato ilícito criminal.
 Prevenção geral (para não voltar a acontecer)
 Prevenção especial (para impedir o infrator de voltar a fazer)
Nota: O mesmo ato pode ser passível de responsabilidade civil e criminal.

Responsabilidade pelo risco- Responsabilidade objetiva: Art.º 502 – Danos causados por animais

Responsabilidade contratual e extracontratual


A primeira é originada pela violação de um direito de crédito ou obrigação em sentido técnico,
é a responsabilidade do devedor para com o credor pelo não cumprimento da obrigação. A
segunda resulta da violação de um devedor geral de abstenção contraposto com um direito
absoluto (direito real, direito de personalidade).
Enumeração das incapacidades de exercício estatuídas pelo C.C.
Estas resultam da:
a) Menoridade:
Amplitude: Abrange quaisquer negócios de natureza pessoal ou patrimonial. É uma
incapacidade geral – artigo 123º CC.
Exceções: Podem praticar atos de administração ou disposição dos bens que o menor haja
adquirido por seu trabalho; são válidos os negócios da vida corrente; os negócios relativos à
profissão que o menor tenha sido autorizado a exercer; podem contrair validamente o
casamento, desde que sejam maiores de 16 anos e com o consentimento dos pais.
Duração: A incapacidade termina quando de completa 18 anos, artigos 122º, 129º, 130º, a),
133º), caso se estiver pendente contra o menor, ao atingir a maioridade, ação de interdição ou
inabilitação- artigo 131º.
Efeitos: Os negócios jurídicos praticados pelo menor contrariamente à proibição em que se
cifra a incapacidade estão feridos de anulabilidade- artigo 125º. As pessoas que podem arguir
essa anulabilidade são o representante do menor. O direito de invocar anulabilidade é
precludido pelo comportamento malicioso do menor, no caso de este ter usado má-fé, a fim
de se fazer passar por maior ou emancipado- artigo 126º.
Como se supre a incapacidade do menor. É suprida pelo instituto da representação. Os meios
de suprimento através da representação são o poder paternal e a tutela – artigo 124º. Quanto
ao casamento, os menores estão feridos de uma incapacidade de gozo de direitos- artigo 126º.
Poder paternal: artigo 1878º, nº1), compete aos pais os interesses dos filhos, velar pela
segurança e saúde destes, prover o seu sustento, dirigir a sua educação, respeita-los, ainda
que nascituros, administrar os seus bens. Comuns ao poder paternal são o poder de
representação- artigo 1878º, nº1), poder de autoridade ou de comando que os filhos devem
obediência- artigo 1878, nº2). Estão excluídos da administração dos pais certos bens
mencionados no- artigo 1888º, atos cuja validade depende da autorização do tribunal artigo-
1889º.
Tutela: Meio normal do suprimento paternal- artigo 1921º. O tutor tem poderes de
representação abrangendo, tal como os pais, a generalidade da esfera jurídica do menor. As
suas limitações resultam dos – artigos 1937º e 1938º. As sanções para as infrações das
proibições impostas ao tutor constam nos artigos 1939º e 1940º.
Administração dos bens: Tem lugar nos termos do – artigo 1922º. A designação do
administrador de bens é regulada nos artigos 1967º e 1968º.
b) Interdição:
Quem poder ser interdito:
A incapacidade resultante de interdição é aplicável apenas a maiores, pois os menores,
embora dementes, surdos-mudos ou cegos, estão protegidos pela incapacidade de
maioridade. São fundamentos de interdição as situações de anomalia psíquica, surdez-mudez
ou cegueira, quando pela sua gravidade tornem o interditando incapaz de reger a sua pessoa e
bens – artigo 138º. Quando a anomalia psíquica não vai ao ponto de tonar o demente inapto
para a prática de todos os negócios, o incapaz será inabilitado. É necessária uma sentença
judicial, que no termo de um processo especial, declare a incapacidade. Só então existirá
interdição e consequentemente a incapacidade de exercício de direitos. Como se supre a
incapacidade dos interditos. É suprida mediante o instituto de representação legal. Estabelece
uma tutela que é deferida pela ordem estabelecida pelo artigo 143º. Quanto ao casamento
não há possibilidade de suprimento de incapacidade dos interditos por anomalia psíquica-
artigo 1601º, a) e b), estamos perante uma incapacidade negocial de gozo. Valor de atos
praticados pelo interdito. O regime legal obriga-nos a distinguir três períodos:
1. Depois do registo da sentença de interdição definitiva: os negócios jurídicos
praticados neste período estão feridos de anulabilidade- artigo 148º. Quanto ao prazo
para invocação da anulabilidade, é as pessoas com legitimidade para arguir, é
aplicável, por força do artigo 139º, com as necessárias adaptações, o artigo 125º, no
prazo de um ano a contar do conhecimento do negócio.
2. Na pendência do processo de interdição: se o ato foi praticado depois de publicados
os anúncios da proposição da ação, exigidos no artigo 945º do CPC, e a interdição vem
a ser decretada, haverá lugar à anulabilidade, desde que se mostre que o negócio
causou prejuízos ao interdito- artigo 149º.
3. Anteriormente à publicação da ação: acerca do regime destes atos rege o artigo 150º,
cuja estatuição remete para o disposto acerca da incapacidade acidental, a qual esta
prevista e regulada no artigo 257º, nos termos de qual a declaração negocial feita por
quem se encontrava acidentalmente incapacitado de entender o sentido dela ou não
tinha o livre exercício da sua vontade é anulável, desde que o facto seja notório ou
conhecido declaratório.
Quanto a alguns atos em especial:
Estão desprovidos de capacidade para o casamento, a perfilhação ou o testamento os
interditos por anomalia psíquica- artigos 1601º, 1850º e 2189º. Para o casamento e a
perfilhação haverá incapacidade desde que haja demência notória, e no primeiro caso, mesmo
que o ato seja praticado num intervalo lúcido- artigo 1850º. Pretende-se assim que se trate de
uma demência inequívoca, mesmo que não seja acessível pelo declaratório. Para o testamento
só os interditos por anomalia psíquica são diretamente considerados incapazes. As
consequências de celebração de qualquer destes negócios celebrados pelo incapaz são a
anulabilidade no casamento e na perfilhação- artigos 1631º, a) e 1861º, e para o testamento,
nulidade no caso de interdição- artigo 2190º e a anulabilidade no caso de incapacidade
acidental- artigo 2199º.
Quando cessa a incapacidade dos interditos:
Podem requerer o levantamento o próprio interdito ou qualquer das pessoas com legitimidade
para requerer a interdição- artigo 151º.
c) Inabilitações
Quem tem lugar a incapacidade dos inabilitados:
As pessoas sujeitas a inabilitação estão indicados no artigo 152º: indivíduos cuja anomalia
psíquica, surdez-mudez ou cegueira, embora de caracter permanente, não seja, tão grave que
justifique a interdição; indivíduos que se revelem incapazes de reger o seu património por
habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas ou estupefacientes.
Extensão da incapacidade:
A inabilitação abrangerá os atos de disposição de bens entre vivos e os que forem
especificados na sentença, dadas as circunstâncias do caso- artigo 153º. Contudo, pode a
própria administração do património do inabilitado ser-lhe retirada e entregue ao curador-
artigo 154º.
Verificação e determinação judicial da inabilitação:
É necessária uma sentença de inabilitação no termo de um processo judicial, tal como
acontece com as interdições. A sentença pode determinar uma extensão maior ou menor da
incapacidade.
Meios de suprir a incapacidade:
Esta é suprida, em princípio, pelo instituto da assistência pois estão sujeitos a autorização do
curador os atos de disposição entre vivos, bem como os especificados na sentença- artigo
153º.
Valor dos atos praticados pelo inabilitado:
São aplicadas as disposições que vigoram acerca do valor dos atos dos interditos, por força do
artigo 156º. Há que aplicar, portanto, os artigos 148º, 149º e 150º. As caraterísticas da
anulabilidade são, como as necessárias adaptações, as do artigo 125º, aplicável por remissão
dos artigos 139º e 156º.
Quanto cessa a incapacidade dos inabilitados:
Só deixa de existir quando for levantada a inabilitação. O artigo 155º estabelece que, quando a
inabilitação tiver por causa a prodigalidade ou o abuso de bebidas alcoólicas ou de
estupefacientes, o seu levantamento exige as condições seguintes:
 Prova de cessações daquelas causas de inabilitação;
 Decurso de um prazo de 5 anos sobre o trânsito em julgado da sentença da
inabilitação ou da sentença que desatendeu um pedido anterior de levantamento.
Pessoas coletivas
São organizações constituídas por uma coletividade de pessoas ou por uma massa de bens,
dirigidos à realização de interesses comuns ou coletivos, às quais a ordem jurídica atribui
personalidade jurídica.
Fundamentais pessoas coletivas:
 Corporações: têm um substrato integrado por um conjunto de pessoas singulares que
visam um interesse comum, egoísmo ou altruísmo. Essas pessoas dão-lhe existência e
cabe-lhes disciplinar a sua vida e o seu destino. Dirigem-na de dentro através da
modificação dos estatutos ou de outras deliberações. São corporações as associações
desportivas, culturais, recreativas, etc.
 Fundações: substrato integrado por um conjunto de bens unidos pelo fundador com
uma finalidade ou interesse de natureza social. Criada a fundação, o fundador fica fora
dela e esta é governada de fora, pela vontade do fundador e formalizada o ato de
instituição nos estatutos. Estas ligam-se a realização de interesses comuns ou coletivos
de caracter duradouro. Todas as relações jurídicas são nomeadas como centro de uma
esfera jurídica.
Objeto da Relação jurídica. Objeto e conteúdo
Falamos de objeto da relação jurídica quando nos referimos ao objeto de direito subjetivo que
constituí o lado ativo da mesma relação. O objeto é precisamente o quid sobre o qual incidem
os poderes do seu titular ativo. O conteúdo é o conjunto dos poderes ou faculdades que o
direito subjetivo comporta.
Objeto mediato: o que está diretamente sujeito dos poderes que integram o direito subjetivo;
Conduta/ Prestação.
Objeto imediato: o que só diretamente está sujeito aos poderes que integram o direito
subjetivo; Coisa.
Conceito, elementos e classificação de negócios jurídicos:
Os negócios jurídicos são constituídos por uma ou mais declarações de vontade, dirigidas à
realidade de certos efeitos praticados com intenção de os alcançar sob tutela de direito,
determinado o ordenamento jurídico a produção dos efeitos jurídicos conforme a intenção
manifestada pelo declarante ou declarantes.
Elementos dos negócios jurídicos:
 Elementos essenciais: capacidade das partes (e a legitimidade, quando a sua falta
implique invalidade e não apenas ineficácia), a declaração de vontade sem anomalias e
a idoneidade do objeto. Pode também falar-se no sentido de elementos essenciais de
cada negócio típico ou nominado. Trata-se agora das cláusulas que contra distinguem
um certo tipo de negócios dos restantes tipos.
 Elementos naturais: são os efeitos negociais derivados de disposições legais
supletivas. Não é necessário que as partes configurem qualquer cláusula para a
produção destes efeitos, podendo, todavia, ser exclusivos por estipulação adrede
formulada.
 Elementos acidentais: São clausulas acessórias dos negócios jurídicos. Trata-se das
estipulações que não caracterizam o tipo negocial em abstrato, mas se tornam
imprescindíveis para que o negócio concreto produza os efeitos a que elas tendem.
Classificação dos negócios jurídicos. Abrange duas modalidades: Negócios jurídicos
unilaterais e contratos (bilaterais). Nos contratos unilaterais só há uma declaração de
vontade, como no caso do testamento. Nos contratos bilaterais há duas ou mais
declarações de vontade, do conteúdo oposto, mas convergente, ajustando-se na sua
comum pretensão de produzir resultado jurídico unitário, embora com um significado
para cada parte. Há assim a oferta ou proposta e a aceitação. É o caso da compra e
venda de algo.

Declaração Negocial
É um comportamento que, exteriormente observado, cria a aparência de exteriorização de um
certo conteúdo de vontade negocial, caracterizando depois a vontade negocial como a
intenção de realizar certos efeitos práticos, com ânimo de que sejam juridicamente tutelados e
vinculantes. A declaração pretende ser o instrumento de exteriorização da vontade psicológica
do declarante- essa é a sua função- artigo 217º.
Numa declaração negocial podem se distinguir os seguintes elementos:
 Declaração propriamente dita – consiste no comportamento declarativo.
 A vontade – consiste no querer.
Declaração negocial expressa e tácita: Os negócios jurídicos realizam uma ampla autonomia
privada, na medida em que, quando ao seu conteúdo, vigora o princípio da liberdade negocial-
artigo 405º. Quando à forma, é igualmente reconhecido pelo ordenamento jurídico um critério
de liberdade: o princípio da liberdade declarativa- artigo 217º. A declaração é expressa quando
feita por palavras, escrito ou quaisquer outros meios diretos, frontais, imediatos de expressão
da vontade e é tácita quando do seu conteúdo direto se infere um outro, isto é, quando se
destina a um certo fim , mas implica e torna cognoscível.
Valor do silêncio
O silencio não vale como declaração negocial, a não ser que esse valor lhe seja atribuído por
lei, convenção ou uso.
Forma e formalidades:
 Princípio da liberdade de forma ou da consensualidade- artigo 217º;
 Forma legal- artigo 221º;
 Forma voluntária- artigo 222º
 Forma convencional- artigo 223º.
Perfeição da declaração negocial
O contrato está perfeito quando a resposta, contendo a aceitação, chega à esfera de ação do
proponente, isto é, quando o proponente passa a estar em condições de a conhecer- artigo
224º, nº1. É igualmente eficaz a declaração que só por culpa do destinatário não foi por ele
oportunamente recebida- artigo 224º, nº2. A declaração recebida pelo destinatário em
condições de, sem culpa sua, não poder ser conhecida e ineficaz- artigo 224º, nº3.

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