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Sandra Mara Dobjenski

DIREITO CIVIL – REVISÃO TURBO.

*Parte geral se divide em pessoas, bens e fatos jurídicos.


PESSOA
1. Pessoa Natural – todo indivíduo é capaz de direitos e deveres na ordem civil =
capacidade de direito – toda pessoa é capaz de ser titular de direitos e
obrigações.
Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

A. Capacidade Civil Plena = capacidade de direito + capacidade de fato = no


momento que o sujeito adquiriu capacidade de direito, nasceu com vida e completou
a maioridade ou foi emancipado.
B. Capacidade de Direito = toda pessoa é capaz de direitos e deveres de
ordem civil. Também conhecida como PERSONALIDADE JURÍDICA – é adquirida
no nascimento com vida – toda e qualquer pessoa tem, mas nem todas as pessoas
por si próprias podem praticar os atos da vida civil.
C. Capacidade de fato ou de Exercício – a capacidade de exercer por si
próprio os atos da vida civil só é adquirida com a maioridade ou com a emancipação.

C.1. Maioridade- a menoridade cessa aos 18 anos completos quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Art. 5º CC - A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à
prática de todos os atos da vida civil.
C.2. Emancipação – não antecipa a maioridade (Um sujeito de 17 anos de idade que
foi emancipado – este indivíduo não é maior de idade, portanto seguem sendo
aplicadas a ele todas aquelas regras do ECA.) A emancipação antecipa a
capacidade civil plena. (Sujeito emancipado que comete delito, a ele não se aplica o
DP e sim o ECA). Pode se dar de três formas:
C.1.1. Voluntária – feita por ambos os pais por escritura pública – decorrência do
poder familiar que os pais tem em relação aos filhos menores de idade (0 a 18 anos
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os filhos se encontram perante o poder dos pais) – feita por ambos os genitores
independentemente de qual deles seja portador da guarda dos filhos (divórcio) – a
escritura pública tem que ser levada a registro (Cartório de Registro Civil)
Art. 9º CC - Serão registrados em registro público:
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação
judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;
C.1.2. Sentença do juiz – (judicial) – ocorre quando houver litígio entre os pais ou no
caso dos tutores que pretendam emancipar seus tutelados (maiores de 16 anos)
C.1.3. Causas legais
Art. 5º, Parágrafo único CC. Cessará, para os menores, a incapacidade:
(Uma vez que o sujeito com 17 anos de idade tenha celebrado
II - pelo casamento;
casamento – demandando autorização dos pais para casar porque ainda está sob o
poder familiar – se ele vier a se divorciar logo em seguida, ele não perde a
capacidade civil plena que adquiriu em razão da emancipação) (Indivíduo menor de
idade que se casou, logo em seguida se divorciou e celebrava um negócio jurídico –
o divórcio posterior não retira a emancipação que foi adquirida pelo casamento)
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em
função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.

INCAPACIDADES – estatuto da pessoa com deficiência alterou a teoria das


incapacidades e a pessoa com deficiência é considera plenamente capaz para os
atos da vida civil (Art. 6º do Estatuto – A deficiência não afeta a plena capacidade
civil da pessoa)
1. Absoluta – menores de 16 anos – incapacidade em razão da idade – não
pode praticar atos da vida civil, pois não possui capacidade de fato – se ele o
fizer o ato praticado pelo menor de 16 anos será NULO. O indivíduo que é
absolutamente incapaz não pode exercer os atos da vida civil, mas é titular de
direitos (um menor tem o direito de pedir alimentos, mas como não tem como
fazer é necessário suprir a incapacidade dele – é suprida através da
REPRESENTAÇÃO)
Art. 3º CC - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores
de 16 (dezesseis) anos. (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
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I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;

REPRESENTAÇÃO: pode ser:


1.1. Legal – se presta em estabelecer a representação dos indivíduos que
tenham algum tipo de incapacidade. Os representantes legais são os pais,
tutores (menores de idade) e os curadores (maiores de idade com alguma
incapacidade)
1.2. Voluntária – se dá por procuração
2. Relativa – indivíduos relativamente incapazes não poderão praticar
determinados atos, se o fizerem esses atos serão ANULÁVEIS.
o
Art. 4 São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: (Redação dada pela
Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; (Incapacidade em relação a idade)
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de
2015) (Vigência)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação
dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - os pródigos.

Outras circunstâncias – ação de interdição – que retira a capacidade plena que o


sujeito adquiriu em razão da maioridade de praticar determinados atos. No ato de
interdição ocorrerá a fixação de quais os atos que o indivíduo poderá praticar e quais
não poderá praticar – os atos que o sujeito não puder praticar ele necessita suprir a
incapacidade que será suprida através da ASSISTÊNCIA – que irá exercer a
assistência será o representante legal do incapaz (pais e tutores – incapacidade em
razão da idade) e (curadores – no caso da incapacidade relativa por força de outras
circunstâncias)
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. (Redação dada
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;

TUTELA E CURATELA
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1. TUTELA – se presta para estabelecer a representação legal de indivíduos
menores de idade. Representação legal dos menores de idade, já a GUARDA
é direito de convivência dos genitores com seus filhos ou de outras pessoas.A
tutela abrange as funções da guarda, mas o guardião não é representante
legal necessariamente da criança ou adolescente. Hipóteses da tutela:
1.1. Morte dos pais
1.2. Ausência dos pais
1.3. Pais que tenham sido destituídos do poder familiar
Espécies de tutela: (João e Maria tinham um filho – tendo João falecido e Maria se
encontrava doente – ela queria que quando ela viesse a falecer o irmão dela ficasse
como representante – tutor do filho – Maria poderia fazer um testamento nomeando
o tutor do filho)
1. Direito de nomear tutor é dos pais (tutela testamentária)
Art. 1.729. O direito de nomear tutor compete aos pais, em conjunto.
Parágrafo único. A nomeação deve constar de testamento ou de qualquer outro documento autêntico.
*Direito de nomear tutor na tutela testamentária deve ser feito por testamento ou por
qualquer outro documento autêntico.
2. Tutela legal/legítima - Caso os genitores não deixem tutor nomeados – será
exercida pelos parentes consanguíneos do menor de idade
3. Tutela dativa - Se não existir nomeação por parte dos pais – juiz indica quem
será o tutor.
*Obs.: Independentemente de ter a indicação dos pais de quem será o tutor a tutela
depende de uma sentença judicial que fixe inclusive a necessidade estabelecida do
tutor assinar um termo de compromisso assumindo responsabilidade com relação ao
exercício da tutela.
2. CURATELA – enquanto representação dos maiores de idade que possuam algum
tipo de incapacidade ela será estabelecida através do processo de interdição (Art.
747 e SS. CPC) processo que deve ser ingressado em benefício do incapaz para
que o juiz defina quais são os atos que ele pode ou não praticar. Existe estabelecido
no procedimento de interdição a realização de uma perícia e essa realizada por uma
equipe multidisciplinar é que vai fixar quais são os atos que poderão ser praticados e
quais não poderão ser praticados pelo curatelado. Ordem de nomeação do curador:
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Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de
direito, curador do outro, quando interdito. (Se um indivíduo casado for interditado
considerado relativamente incapaz o seu curador será por direito o cônjuge)
§1 o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta
destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao juiz a escolha do
curador.
CONDIÇÃO DE SER HUMANO
*O indivíduo passa a ser titular de direitos e obrigações a partir do nascimento
Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas
a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
DIREITOS DE PERSONALIDADE (Art. 11 a 21 CC)
1. Podem ser personalizados pela pessoa natural viva
2. Pelo nascituro
3. Pela pessoa jurídica
Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da
personalidade.
Dos Direitos da Personalidade
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são
intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista
neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma
estabelecida em lei especial.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no
todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico
ou a intervenção cirúrgica.
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a
utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se
destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815)
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Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer
essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado,
adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. (Vide
ADIN 4815)
*O uso indevido do nome ou do símbolo – da imagem da empresa – de forma
indevida – que gere algum dano, vai trazer o direito a empresa de receber uma
indenização pelos danos sofridos inclusive danos morais – a pessoa jurídica pode
ser titular de danos morais (Súmula 227 STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano
moral)
*Direitos de personalidade possuem uma relação direta e estreita com os direitos
fundamentais – havendo colisão entre dois direitos de personalidade aplica-se a
mesma regra de colisão de direitos fundamentais –regra de ponderação de bens
(princípio da proporcionalidade)
1. Integridade física (Art. 13,14 e 15) – envolve a questão da proibição (é proibido,
salvo por recomendação médica de parte do corpo quando importar em diminuição
permanente – cirurgia de transgeneralização – transexuais que resolvem se
submeter a cirurgia de transição biológica – cirurgia que importa na diminuição da
integridade física – cirurgia permitida porque é por exigência médica) – a cirurgia é
permitida, porém não é obrigatória (não é obrigatória porque é uma cirurgia
que envolve risco) (ninguém será submetido a qualquer procedimento médico
ou intervenção cirúrgica que importe em risco de vida – art. 15)
*ADIN 4275 – O STF entende que os transgêneros podem fazer alteração do
prenome e do sexo no registro civil independentemente da cirurgia de
transgeneralização.
2. Direito ao nome – o nome como regra geral é imutável, entretanto existem
algumas situações que permitem a modificação (transgêneros, quando o nome do
indivíduo o expõe ao ridículo ,etc.). Existe a proteção com referência ao pré nome.
Art. 55, Parágrafo único da lei 6015/73. Os oficiais do registro civil não registrarão
prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não
se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso,
independente da cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do Juiz
competente.
4. Proteção a intimidade e a vida privada dos indivíduos que não pode ser
exposta – biografias não autorizadas (Art. 20) STF decidiu sobre a publicação
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das biografias independentemente da autorização da pessoa biografada,
entretanto se essa publicação gerar algum dano ao direito de personalidade
haverá a respectiva reparação civil.
*Publicação de pessoa para fins econômicos ou comerciais sem a sua autorização
gera o dever de indenizar independentemente de prova do prejuízo. (Súmula 403
STJ - Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada
de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais). Responsabilidade pela
indenização é tanto do autor do inscrito quanto do proprietário do veículo de
divulgação.
PESSOA JURÍDICA
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito
privado.
1. Pessoa jurídica de direito público - Art. 41. São pessoas jurídicas de direito
público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei
nº 11.107, de 2005)
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito
público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que
couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. União,
Estados, DF, territórios e municípios. Autarquias inclusive as Associações públicas e
demais entidades públicas criadas por lei.
2. Pessoa jurídica de direito privado –
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações; (Pessoas jurídicas que não tem finalidade econômica – associação
de bairro, associação de estudantes)
II - as sociedades; (possuem fim econômico)
III - as fundações. (possuem dupla característica para sua existência: destinação de
patrimônio que pode se dar por escritura pública ou testamento e a assistência
social, cultura e defesa, conservação do patrimônio, educação, saúde,etc.) - Art. 63.
Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo
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não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou
semelhante.
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de
2011) (Vigência) (ERELI)
o
§ 1 São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações
religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos
constitutivos e necessários ao seu funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
o
§ 2 As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que
são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)
o
§ 3 Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei
específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003)

*Precisa de um ato de criação = atos constitutivos que podem ser o estatuto social
ou o contrato social, conforme a espécie de pessoa jurídica.(Associações e
fundações = estatuto social) (sociedade = contrato social) – não basta que a pessoa
tenha o ato constitutivo criado, firmado para que ela adquira personalidade jurídica –
a personalidade jurídica da PJ será adquirida no momento em que os atos
constitutivos forem registrados.
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do
Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
*A PJ a partir da aquisição da personalidade jurídica passa a ter sócios – sócios se
reúnem e formam um ato constitutivo – levam a registro – passando a existir uma
pessoa jurídica. No momento do registro passa-se a se ter uma diferença, uma
separação entre a personalidade jurídica e a personalidade jurídica dos sócios – no
momento em que se tem a personalidade jurídica da PJ esta passa a ser titular de
direitos e obrigações na ordem civil. (PJ pode contratar, pode comprar, pode vender,
pode tirar financiamento bancário) e a PJ que assume uma obrigação é o patrimônio
da desta que irá responder e não o dos sócios.
*Se o sócio assumiu uma responsabilidade/obrigação é seu patrimônio que
responde e não o da PJ.
*Incidente de desconsideração da personalidade jurídica
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Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações
de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
conforme os procedimentos dos Art. 133 e 134 CPC.
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações
de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
No momento em que se tem o registro dos atos constitutivos e se passa a ter a
existência da PJ – passa-se a se ter a separação da personalidade jurídica da PJ e
da personalidade jurídica dos sócios – existem situações em que serão
tiradas/apagadas a diferença – não existindo mais a separação e dessa forma a
partir de obrigações da PJ atingir bens dos sócios ou por obrigações dos sócios
atingir bens da PJ = desconsideração da personalidade jurídica, que de acordo com
o Art. 133 CPC deve ocorrer por meio de um incidente processual, tanto na fase de
conhecimento quanto na fase de execução e que também pode fazer parte do
pedido da própria petição inicial.
*Pode-se pedir a desconsideração quando:
1. Houver abuso da personalidade jurídica da PJ que se caracterize por:
1.1. Desvio de finalidade
Art. 50, § 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa
jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer
natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
1.2. Confusão patrimonial
Art. 50, § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os
patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-
versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) (PJ que cumpre, paga boletos,dívidas dos
sócios ou vice versa)
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor
proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019) (Sócio que transferem
bens para a PJ ou vice versa)
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

DOMICÍLIO

Do Domicílio
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Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo. (Regra geral – considera-se domicílio o local de residência habitual do
individuo)
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,
considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. (Indivíduo que possui pluralidade de domicílios
– o sujeito possui residência em vários lugares ao mesmo tempo – onde tem em
ambas a intenção de permanecer – nesse caso será considerado domicílio qualquer
um deles)
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o
lugar onde esta é exercida. (Domicílio profissional – para o cumprimento das obrigações
eventuais da profissão o domicilio onde presta serviço para fins profissionais – para
fins pessoais o domicílio considerado é onde reside)
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde
for encontrada. (Indivíduos que não possuem domicílio certo – seu domicílio considera-
se para fins de cumprimento das obrigações como o lugar onde ele for encontrado)
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.
(mudança de domicílio – mudança com a intenção de alterar a residência com ânimo
definitivo)
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos
lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as
circunstâncias que a acompanharem.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: (domicílio da pessoa jurídica – lugar
da sede das administrações ou no caso das PJ que tiverem filiais em vários locais
cada local de filial vai ser o domicílio para as obrigações ali assumidas).
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
o
§ 1 Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles
será considerado domicílio para os atos nele praticados.
o
§ 2 Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da
pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
(Domicílio necessário – legal – menor de idade é domicílio seu o lugar de domicílio
de seu representante ou assistente caso do incapaz) (servidor público o domicílio
dele é o lugar onde ele exerce suas funções) (militar domicílio onde ele está
servindo) (marinha ou aeronáutica a sede de comando onde ele estiver vinculado)
(marítimo – domicílio onde o navio estiver ancorado) (preso seu domicílio é o lugar
onde cumpre sua pena)
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor
público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do
marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade
sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no
último ponto do território brasileiro onde o teve.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem
e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes (possibilidade de nos contratos escritos
se estabelecer o chamado foro de eleição ou domicílio de eleição – quando as
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partes celebrarem um negócio jurídico por escrito elas podem escolher o lugar onde
as obrigações provenientes daquele negócio serão cumpridas = domicílio de eleição)

*Domicílio serve para o cumprimento (lugar de cumprimento) das obrigações –


obrigações de caráter pessoal ou profissional.
BENS
1. Móveis – podem alterar de lugar sem alterar a essência
2. Imóveis - pode se agregar ao solo.
*Material de construção enquanto estiver na loja é bem móvel, entretanto no
momento em que ele foi utilizado para edificação passa a ser bem imóvel.
*Reformas – os matérias que forem retirados da sede voltam a ter caráter de bens
móveis desde que não sejam utilizados – se forem retiradas para serem
empregadas em outra superfície não perdem o caráter de bem imóvel.
BEM DE FAMÍLIA
*Pode ser legal ou voluntário (indivíduo possui vários imóveis e resolve proteger seu
direito fundamental a moradia para colocar a salvo da penhora – resolve instituir
sobre um imóvel a cláusula de bem de família = bem de família voluntário)
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Requisitos: só pode atingir imóveis que representem até 1/3 do patrimônio líquido do
instituidor, a instituição deve ser feita por escritura pública ou testamento, deve ser
levada a registro e somente vai proteger da impenhorabilidade com relação a dívidas
que sejam posteriores a instituição e que não digam respeito a impostos e
contribuições provenientes do próprio imóvel. (débito do IPTU se o imóvel for urbano
– ITR se o imóvel for rural, condomínio (obrigações da própria coisa)) nesses casos
não incide a impenhorabilidade por instituição.
Na causa de instituição de bem de família ela dura durante certo tempo enquanto o
casal for vivo ou enquanto existirem filhos menores de idade.
*BEM DE FAMÍLIA LEGAL – lei 8009/90 – diz respeito ao imóvel de natureza
residencial que o indivíduo ou a família possua – protege o bem de uma família,
como de uma pessoa solteira, divorciada ou viúva – essa proteção é REGRA
servindo para todo e qualquer tipo de dívida (civil, previdenciária, fiscal, comercial,
trabalhista ou de outra natureza) – REGRA é a impenhorabilidade do único imóvel.
Exceções: *A impenhorabilidade não será aplicada

Art. 3º Lei 8009 - A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal,
previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do
imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato; (Em caso
de dívidas que digam respeito ao crédito decorrente de financiamento destinado a
construção ou à aquisição do imóvel (se for um único imóvel e este foi financiado e o
financiamento não foi pago e existe uma execução deste não cabe a alegação da
impenhorabilidade)
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário
que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que ambos
responderão pela dívida; (Redação dada pela Lei nº 13.144 de 2015) (Caso de pensão
alimentícia – se o credor de pensão alimentícia executar não cabe alegação de
impenhorabilidade – a impenhorabilidade é cabível em qualquer processo de
execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza salvo se
movida pelo credor da pensão alimentícia) (Situação do Art. 843 CPC que trata da
penhora de bem indivisível – tratando-se de penhora de bem indivisível equivalente
a quota parte do proprietário ou cônjuge alheio a execução recairá sobre o produto
da alienação do bem) (João possui um filho que está cobrando alimentos, João
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possui uma união estável com Maria e com ela comprou um apartamento que é o
único bem que ele tem – esse imóvel pode ser penhorado para o pagamento de
alimentos – sendo que o direito de Maria que não é a devedora, será resguardado
sobre o produto da alienação – se o apartamento tiver matricula própria e possuir um
Box de garagem também com matricula própria no Registro de imóveis – o Box de
garagem pode ser penhorado) (se for um único imóvel da família locado a
terceiros segue sendo impenhorável)
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do
imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela
entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a
ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. (Incluído pela Lei nº
8.245, de 1991) (STF – se a fiança for decorrente de locação comercial incide a
impenhorabilidade, se, entretanto a fiança for decorrente de locação residencial não
cabe à alegação da impenhorabilidade)
FATOS JURÍDICOS
*Acontecimentos que trazem efeitos aquisitivos, modificativos, conservativos ou
extintivos de direitos e que, portanto interessam para o mundo do direito – principal
fato jurídico é o negócio jurídico (Art. 104 a 184 CC)
Escala pontiana – degraus da existência , validade e eficácia
Sandra Mara Dobjenski
Elementos para existência de um negócio jurídico: agente, partes, vontade, forma (a
vontade deve ser esboça de qualquer forma, verbal, gestual, MSN de whatsapp) e
objeto.
OBS.: Art. 111 CC. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os
usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.
(REGRA – quem cala não diz coisa nenhuma – silêncio não é manifestação de
vontade – só será manifestação de vontade quando as circunstâncias autorizarem
ou quando a própria lei prever que o silêncio importará em manifestação de vontade
– como ocorre na chamada aceitação presumida no direito sucessório – o
interessado que o herdeiro declare se aceita ou não a herança pode pedir ao juiz
que conceda prazo que não seja inferior a 30 dias ao herdeiro para que este se
manifeste aceitando ou não a herança – se ocorrer o silêncio dentro desse período
presume-se que ele tenha aceitado a herança)
*Na validade os elementos da existência precisam estar qualificados para que se
tenha um negócio jurídico válido:
1. Agente capaz (agente absolutamente incapaz gera nulidade, se relativamente
incapaz –anulação) – legitimado para negociar.
2. Vontade – livre e de boa fé – não pode ser uma vontade viciada (se a vontade for
viciada pelo dolo, pela coação gera um defeito no negócio jurídico que gera sua
invalidação).
3. Objeto – lícito, possível e determinado ou determinável.
4. Forma – prescrita prevista pela lei ou não proibida – REGRA GERAL forma livre –
mas existem casos que o negócio jurídico seja realizado por escritura pública (o
Pacto anti nupcial precisa ser feito por escritura pública, se isso não ocorrer ele será
nulo, pois a forma prevista em lei não foi respeitada)
*Eficácia é a condição do negócio de produzir efeitos que podem ser:
1. Imediatos
2. Ou podem estar subordinados a ocorrência dos elementos acidentais – condição,
termo e o encargo (se irá incidir juro por inadimplemento, se vai gerar perdas e
danos – produção de efeitos do negócio).
*A condição é um elemento que é futuro e incerto – ocorre a celebração de um
negócio jurídico, ele é existente, é válido mas ocorre a subordinação de sua eficácia
Sandra Mara Dobjenski
a ocorrência de um elemento que é futuro e incerto (Ex.: colação de grau em ensino
superior, casamento, etc.) – essa condição pode determinar o início da produção de
efeitos do negócio (condição suspensiva ou só com a ocorrência daquela condição é
que será produzido efeitos no negócio jurídico – enquanto não se operar a condição
não ocorrerá a produção de efeitos e pó indivíduo não adquire o direito com relação
ao negócio praticado)
Art. 130 CC. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é
permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.
(Ex.: uma avó faz uma doação a neta subordinando a produção de efeitos a um
casamento futuro – a neta não veio a se casar e não tinha essa pretensão, mas o
imóvel que tinha sido doado estava em ruínas e necessitava de uma reforma –
nesse caso aplica-se a regra do Art. 130 que sustenta ser permitido ao titular do
direito eventual (depende da condição) praticar os atos destinados a conservar o
bem ou o direito a que ele tem)
*Condição resolutiva – quando o elemento futuro e incerto determina o fim da
produção de efeitos (Pedro doa para João R$ 500,00 mensais enquanto estiver
cursando o curso superior de Direito – terminou ou parou de cursar para de receber
porque se operou a condição resolutiva)
*Aos elementos acidentais pode se ter um termo – elemento futuro, porém é certo,
pois diz respeito a prazo – prazo de início e de fim de efeitos do negócio jurídico.
*Encargos ou modo – ideia daquele ônus que vem junto com o bônus – doação com
obrigação de cuidar doador até sua morte. Descumprimento do encargo não gera
INVALIDADE do negócio jurídico, mas dá direito a buscar o desfazimento da doação
por descumprimento de encargo.
DEFEITOS
Sandra Mara Dobjenski

*Fraude contra credores gera a anulação através de ação pauliana


*Simulação gera nulidade do negócio jurídico
*Erro, dolo, coação, lesão e estado de perigo – geram a anulação do negócio
jurídico.
1. Erro – o sujeito se engana sozinho – para gerar a anulação o erro cometido tem
que ser perceptível pela parte contrária (a parte contrária tem que perceber que
estava comprando um relógio de ouro e na verdade estava comprando um relógio
dourado. Faqueiro que foi comprado em um bazar beneficente – não gera anulação,
pois o valor que foi ofertado pelo faqueiro, a pessoa que recebeu acreditava que era
uma doação – o erro não era perceptível)
2. Dolo – alguém engana outra pessoa – alguém induz um terceiro a praticar um
negócio jurídico que por si só não praticaria se soubesse da realidade dos fatos - o
Sandra Mara Dobjenski
dolo pode ser por ação ou por omissão – pode ser praticado pela própria parte com
quem é celebrado o negócio ou por terceiro com anuência da parte.
3. Coação – quando existe uma ameaça, uma pressão para praticar um determinado
negócio jurídico sob pena de incorrer em algum dano contra a própria pessoa, contra
sua família ou contra seu patrimônio. (Ou você me doa sua casa ou eu sequestro
seus filhos - ameaça)
4. Lesão – (pagar muito por algo que não valia aquele preço) alguém está sob
premente necessidade, ou alguém que é inexperiente (não possui experiência
naquele assunto) (um advogado pode ser considerado inexperiente num assunto
veterinário) alguém assume uma obrigação excessivamente onerosa frente a
prestação oposta. As obrigações são recíprocas e se tornam desproporcionais
(alguém que aluga um apartamento e assume pagar um aluguel 03 vezes maior do
que seria o cobrado normalmente pelo simples fato de que precisa uma mudança
imediata – existe uma necessidade premente) (O neto de Maria vendeu um quadro
que recebeu de herança do avô porque precisava pagar dívidas, vendendo o quadro
pelo valor que a ele foi ofertado posteriormente descobrindo que o quadro valia
infinitamente mais do que o valor que ele tinha pagado – por inexperiência e
necessidade de quitar a divida ele vendeu o quadro por valor inferior –
desproporcional a obrigação).
5. Estado de Perigo – acontece quando alguém premido da necessidade de salvar a
si próprio (própria vida) ou de seus familiares acaba assumindo uma obrigação
excessivamente onerosa em razão do dano que pode causar (Roberto está com
covid – está em estado grave – uma determinada clinica se propõem a atendê-lo, de
maneira a lhe fornecer o oxigênio, a máscara o atendimento necessário se Roberto
pagar R$ 200 mil reais – Roberto temendo a morte paga o valor solicitado – Roberto
possui a necessidade de salvar a sua vida de um dano grave que é iminente e
conhecido da outra parte e acaba assumindo uma obrigação que é excessivamente
onerosa).
6. Simulação – negócio jurídico anulável – acontece quando a vontade declarada é
diferente daquilo que é praticado (simulação de algo que não existe) (Carla cede um
imóvel para Vinícius morar, Vinícius efetua o pagamento por isso = locação – só que
Maria ao invés de celebrar um contrato de locação celebra um contrato de comodato
Sandra Mara Dobjenski
(sessão gratuita de uso) – ocorre a simulação de um contrato, pois na realidade o
negócio é outro
Art. 167 CC. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma.
o
§ 1 Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se
conferem, ou transmitem; (ideia do testa de ferro, do laranja – quando ocorre a
transmissão do imóvel para o nome de alguém que não é o real proprietário, mas
somente figura ilustrativa)
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; (Em uma escritura
pública é colocado que o negócio era de 1 milhão, sendo que na verdade o negócio
era de 2 milhões – declaração não verdadeira)
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
o
§ 2 Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico
simulado.
7. Fraude Contra credores – o devedor possui um desfalque em seu patrimônio e
esse desfalque acaba prejudicando seus credores quirografários (credores que não
possuem garantia) - acontece de duas formas:
7.1. Quando o devedor que já é insolvente ou que é reduzida a insolvência em razão
da prática de um ato gratuito (já existe uma dívida e o indivíduo doa o imóvel ou
perdoa uma dívida – em razão desses atos de doação ou perdão ele se torna
insolvente – o patrimônio dele passa a ser menor que as dívidas que ele tem).
7.2. Atos de disposição onerosa mas que sejam praticados por aquele devedor que
já é insolvente (seu patrimônio já é menor do que as dívidas que ele tem) – o sujeito
vende um imóvel e acaba com isso prejudicando seus credores.
Art. 158CC. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar
o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão
ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
o
§ 1 Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar insuficiente.
o
§ 2 Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a
insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este
for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de
todos os interessados.
Parágrafo único. Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço
que lhes corresponda ao valor real.
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor
insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros
adquirentes que hajam procedido de má-fé.
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Art. 162. O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida
ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de
efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas
que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à
manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e
de sua família.
Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do
acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores.
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais,
mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da
preferência ajustada.

INVALIDADES DO NEGÓCIO JURÍDICO


1. Negócio Nulo – não pode ser confirmado pela parte, não convalesce pelo
decurso do tempo (não possui prazo para buscar a nulidade)
Art. 166 CC. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
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Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na
substância e na forma.
o
§ 1 Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se
conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
o
§ 2 Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico
simulado.
2. Negócio Anulável – convalesce pelo decurso do tempo – possui prazo para
buscar a anulação – Prazo – 04 anos o prazo de decadência para pleitear a
anulação do negócio contados no caso de coação, do dia em que ela cessar – no
caso de erro, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão – do dia em que se
realizou o negócio jurídico e no caso de atos de incapazes – do dia em que cessar a
incapacidade. Pode ser confirmado pelas partes.
Art. 171 CC. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:
I - por incapacidade relativa do agente;
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o
negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-
se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Prescrição = direito (ocorreu uma sentença judicial que deu a Maria o direito de
receber todos os meses alimentos – só que o pai de Maria não pagou de maneira a
violar o direito de Maria – em razão da violação do direito nasceu para Maria uma
pretensão (que no caso de alimentos é de cobrança) – Maria tem que cobrar os
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alimentos através da execução de alimentos dentro de um determinado prazo – este
prazo é prescricional). É a perda de pretensão de reparação de direito violado
Art. 205 CC. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Art. 206. Prescreve:
o
§ 1 Em um ano:
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no próprio
estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos;
II - a pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é citado para
responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou da data que a este indeniza,
com a anuência do segurador;
b) quanto aos demais seguros, da ciência do fato gerador da pretensão;
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela
percepção de emolumentos, custas e honorários;
IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação dos bens que entraram para a formação do capital
de sociedade anônima, contado da publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo;
V - a pretensão dos credores não pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o
prazo da publicação da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
o
§ 2 Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se
vencerem.
o
§ 3 Em três anos:
I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;
II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;
III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias, pagáveis, em
períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo o prazo da data
em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do estatuto, contado
o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço referente ao exercício
em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou assembléia geral que dela deva tomar
conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento, ressalvadas
as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de
responsabilidade civil obrigatório.
o
§ 4 Em quatro anos, a pretensão relativa à tutela, a contar da data da aprovação das contas.
o
§ 5 Em cinco anos:
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e professores
pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da cessação dos respectivos
contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Art. 206-A. A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da
pretensão. (Redação dada pela Medida Provisória nº 1.040, de 2021)
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Causas de suspensão da prescrição: (não permitem o início do prazo prescricional)
*Não corre prescrição contra absolutamente incapaz (caso de alimentos)
*Não corre prescrição do ascendente, descendente durante o poder familiar.
* Não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal”.
* “Não corre prescrição entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores,
durante a tutela ou curatela”.
* Não corre prescrição contra os ausentes do País em serviço público da União, dos
Estados ou dos Municípios.
* “Não corre prescrição contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em
tempo de guerra”.
* “Não corre prescrição pendendo condição suspensiva”.
Causas que interrompem a prescrição: (a prescrição começou a contar ocorreu uma
causa do Art. 202 e interrompe, para de contar, voltando para o início)
 Citação no processo
 Reconhecimento do direito por parte do devedor
DECADÊNCIA – existe a prática de um determinado ato ou de um negócio jurídico
seja pela própria parte ou por terceiro, mas faz surgir para a parte um direito (Maria é
condômina de um imóvel indivisível e o seu condômino vende a parte dele para
terceiro sem perguntar se Maria tinha interesse – o condômino praticou um ato que
fez nascer para Maria um direito de exigir sua preferência) (Carla casou com Pedro e
após o casamento descobre que Pedro não era a pessoa que ela imaginava (Pedro
havia mentido sobre sua identidade) – Carla praticou um ato e para ela nasceu um
direito de buscar a anulação do seu casamento) Existe a prática de um ato pela
própria parte ou pelo terceiro que faz nascer um direito e esse direito possui um
prazo para ser exercido. É a perda efetiva de um direito que não foi não requerido no
prazo legal.
FAMÍLIA E SUCESSÕES
DIREITO DAS FAMÍLIAS DIREITO MATRIMONIAL CASAMENTO
1. Puramente religioso – só interessa para a religião
2. Puramente civil – obedece as normas do direito civil (DC) – determina que
para poder casar precisa passar:
2.1. Processo de habilitação – corre perante o oficial do registro civil – serve
para verificar a capacidade das partes – se existe algum impedimento
Sandra Mara Dobjenski
para o casamento – durante o processo de habilitação devem ser juntados
os documentos pessoais das partes, a definição do regime de bens do
casamento, juntada de pacto antenupcial – findado o processo de
habilitação o oficial do registro civil irá certificar, emitindo uma certidão de
habilitação que possui validade por 90 dias.
2.2. Celebração – a celebração do casamento é feita pelo juiz de paz na
presença dos nubentes, duas testemunhas e oficial de registro civil – a
celebração pode ocorrer tanto no cartório de registro civil como fora do
cartório em qualquer edifício público ou particular, desde que esteja de
portas abertas permitindo uma ampla e total publicidade do ato que esta
sendo celebrado. Número de testemunhas: dentro do cartório 02
testemunhas. Fora do cartório ou se as partes não souberem ou não
puderem assinar: 04 testemunhas.
2.3. Ato contínuo a celebração do casamento – Registro – constaram os dados
presentes no Art. 1536 CC – dados pessoais das partes, genitores,
eventual casamento anterior/divórcio, se é viúvo ou não.
Do Processo de Habilitação PARA O CASAMENTO
Art. 1.525 CC. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os
nubentes, de próprio punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os
seguintes documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que
a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e
afirmem não existir impedimento que os iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais,
se forem conhecidos;
V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de
casamento, transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.
Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o oficial do Registro Civil, com a
audiência do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do Ministério Público ou de terceiro, a
habilitação será submetida ao juiz. (Incluído pela Lei nº 12.133, de 2009) Vigência
Art. 1.536. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No
assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro,
serão exarados:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos
cônjuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos
pais;
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento
anterior;
Sandra Mara Dobjenski
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a
escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente
estabelecido.

*O casamento produz efeito a partir do momento em que ele é celebrado – a partir


do momento em que o juiz de paz lê o trecho final do Art.1535 que declara o casal
casados (de acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim de
receber por marido e mulher eu em nome da lei vos declaro casados)
3. Casamento religioso com efeitos civis – é o casamento cuja celebração é
religiosa. Duas hipóteses:
3.1. Um casal que se submeta a um processo de habilitação que faça uma
celebração religiosa e que peça o registro do casamento – casamento
com habilitação prévia – processos: habilitação, de posse da certidão de
habilitação (validade de 90 dias) ocorre a celebração religiosa conforme a
religião do casal – deve ainda no prazo de 90 dias requerer o registro
desse casamento no cartório de Registro civil das pessoas naturais. Nesse
caso o casamento passa a produzir efeitos a partir da celebração religiosa.
Art. 1.515 CC. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento
civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data
de sua celebração.
3.2. Pode se ter um casamento realizado no religioso que passado um certo
tempo (não interessa quanto tempo) e o casal resolve que quer dar efeitos
civis aquele casamento – casamento religioso com feitos civis com
habilitação posterior. O casamento religioso que não obedecer as
exigências da lei para validade do casamento civil poderá produzir efeitos
se a requerimento das partes for registrado no cartório de registro civil
após prévia habilitação. (João e Maria fizeram uma celebração religiosa,
posteriormente se submetem a um processo de habilitação e depois eles
pedem o registro – esse casamento foi realizado em 1990 e somente
agora em 2021 o casal resolve que querem dar efeitos civis ao casamento
religioso – eles podem ingressar com processo de habilitação com posse
da certidão da celebração do casamento religioso e requerem o registro
Sandra Mara Dobjenski
dessa forma o casamento passa a produzir efeitos – aqui os efeitos são
retroativos – durante o período em que eles estiveram casados somente
no religioso se um deles resolvesse romper a relação – seria uma relação
de União estável)
o
Art. 1.516 CC. § 2 O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código,
terá efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil,
mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.

4. Casamento por procuração – para o casamento ser realizado por procuração


esta deve ser pública com poderes específicos com validade de 90 dias.
*Quem pode casar? – CAPACIDADE PARA O CASAMENTO
Art. 1.517 CC. O homem e a mulher com dezesseis anos podem casar, exigindo-se autorização de
ambos os pais, ou de seus representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se o disposto no parágrafo único do art.
1.631.
O casamento é permitido a partir dos 16 anos (alteração do Art. 1520 em 2019) – o
casamento do menor de 16 anos é vedado em toda e qualquer hipótese – dos 16
aos 18 anos é necessária autorização dos pais (decorrência do poder familiar – deve
ser apresentada no mento da habilitação e pode ser retirada até o momento da
celebração) – sem a autorização a celebração do casamento é ANULÁVEL. (Mário
possui 17 anos de idade e foi emancipado pelos pais – casamento é um ato da vida
civil – a emancipação antecipa a capacidade civil plena permitindo que Mário
pratique os atos civis por ele mesmo, portanto ele não precisa da autorização dos
pais para casar, porque ele é plenamente capaz de praticar atos civis)
 OBS.: como a autorização dos pais é decorrência do poder familiar ela
necessita ser outorgada por ambos os pais – se um dos pais concorda em
autorizar o filho a casar e o outro não é preciso pedir suprimento judicial do
consentimento. Consequência: Regime de separação obrigatória de bens.
Art. 1.631 CC. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou
impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.
Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer
deles recorrer ao juiz para solução do desacordo.
IMPEDIMENTOS PARA O CASAMENTO – NÃO PODEM CASAR – PROIBIÇÃO –
SE FEITO GERA A NULIDADE – A NULIDADE É ABSOLUTA (não possui prazo
para ser pleiteada). Pode ser pleiteada a qualquer momento por qualquer
interessado. O impedimento pode ser oposto até o momento da celebração do
casamento.
Sandra Mara Dobjenski
*Parentesco, vínculo e crime doloso.
Parentesco por afinidade é aquele que se estabelece entre o cônjuge e os parentes
do outro. No caso do parentesco em linha reta, mesmo no caso de extinção do
casamento, o parentesco não se extingue. Na linha colateral o parentesco se
extingue. (NÃO PODE OCORRER O CASAMENTO ENTRE SOGRO(A) E GENRO
OU NORA)
Art. 1.521 CC. Não podem casar:
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu
consorte.
CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO – NÃO DEVEM CASAR –
RECOMENDAÇÃO – O CASAMENTO REALIZADO COM UMA CAUSA
SUSPENSIVA É UM CASAMENTO ABSOLUTAMENTE VÁLIDO - a consequência
da não observação das causas suspensivas gera imposição de separação total
de bens. A cláusula suspensiva deve ser arguida pelos parentes, na linha reta
de um dos nubentes sejam eles consanguíneos ou afins e pelos colaterais em
segundo grau sejam eles consanguíneos ou afins.
Art. 1.523 CC. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do
casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses
depois do começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com
a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas
as respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas
suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso
do inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do
prazo.
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do
casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
HIPÓTESES DE ANULAÇÃO DO CASAMENTO – prazo de 180 dias até 04 anos
no caso de coação.
Art. 1.550 CC. É anulável o casamento:
I - de quem não completou a idade mínima para casar;
II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;
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III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;
IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;
V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do
mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges;
VI - por incompetência da autoridade celebrante.
o
§ 1 . Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada. (Redação dada
pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
o
§ 2 A pessoa com deficiência mental ou intelectual em idade núbia poderá contrair matrimônio,
expressando sua vontade diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. (Incluído pela Lei
nº 13.146, de 2015) (Vigência)
REGIME DE BENS
1. Regimes legais
1.1. Dispositivo – comunhão parcial de bens – regime que irá vigorar quando o
casal não escolher um dos regimes convencionais ou quando o pacto
antinupcial realizado pelo casal for nulo – Regime que o estado escolhe
pelo sujeito porque este não fez uma escolha diferente. Comunicam-se
aqueles bens que tenham sido adquiridos de forma onerosa na constância
do casamento (imóvel recebido por doação fica fora da
separação)(imóvel recebido por herança se exclui da comunhão)
(imóvel comprado em razão de ter ganho na loteria entra na
comunhão) (construção de benfeitoria em terreno que o sujeito
possui antes do casamento – terreno particular, mas a benfeitoria é
comum – a benfeitoria entra na comunhão)
Art. 1.640 CC. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens
entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial.
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos regimes
que este código regula. Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial,
fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais escolhas.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do
casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação
dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Art. 1.660. Entram na comunhão:
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um
dos cônjuges;
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do
casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.
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1.2. Obrigatório – Separação obrigatória de bens – regime que a lei impõe –
ocorre em 03 casos:
1.2.1. Casamento celebrado com inobservância a causa suspensiva
1.2.2. Casamento de maior de 70 anos
1.2.3. De todos que dependerem para casar de suprimento judicial de
consentimento.
*Esse regime não importa em uma separação de fato (Súmula 377 STF - No regime
de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do
casamento.) no regime de separação de bens comunicam-se os bens que tenham
sido adquiridos de forma onerosa durante o casamento desde que haja prova do
esforço comum para aquisição do patrimônio - separação obrigatória não é
separação absoluta de bens
Art. 1.641 CC. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do
casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
2. Regimes convencionais - (aquela que depende de pacto antinupcial que deve
ser feito por escritura pública (se não for feito por escritura pública é nulo)
para que tenha validade e depende da celebração do casamento para
produzir efeitos entre as partes – o casamento irá produzir efeitos entre o
casal – para que o pacto produza efeito para terceiros é necessário (Art. 1.657.
As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas,
em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges) pegar o
pacto antinupcial depois da celebração do casamento e levar a registro no
cartório de registro de imóveis)

REGISTRO DE CASAMETO
Art. 1.536 CC. Do casamento, logo depois de celebrado, lavrar-se-á o assento no livro de registro. No
assento, assinado pelo presidente do ato, pelos cônjuges, as testemunhas, e o oficial do registro,
serão exarados:
I - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento, profissão, domicílio e residência atual dos
cônjuges;
II - os prenomes, sobrenomes, datas de nascimento ou de morte, domicílio e residência atual dos
pais;
III - o prenome e sobrenome do cônjuge precedente e a data da dissolução do casamento anterior;
IV - a data da publicação dos proclamas e da celebração do casamento;
V - a relação dos documentos apresentados ao oficial do registro;
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VI - o prenome, sobrenome, profissão, domicílio e residência atual das testemunhas;
VII - o regime do casamento, com a declaração da data e do cartório em cujas notas foi lavrada a
escritura antenupcial, quando o regime não for o da comunhão parcial, ou o obrigatoriamente
estabelecido. (DECLARAÇÃO DO REGIME DE BENS E DO LOCAL ONDE FOI
REALIZADO O PACTO ANTINUPCIAL)
2.1. Comunhão universal de bens – basicamente tudo se comunica – exceções
(Art. 1668) (bens doados ou herdados com cláusula de
incomunicabilidade não são bens comuns) – na comunhão universal
herança e doação se comunicam.
Art. 1.668 CC. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu
lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a
condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou
reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
2.2. Separação absoluta de bens ou separação convencional de bens – não
existe bem comum.
2.3. Participação final nos aquestos – é como se existisse uma separação de
bens antes e durante o casamento e lá no final seja por morte ou divórcio
existe a comunicabilidade do patrimônio adquirido de forma onerosa.
*João e Maria casaram pelo regime de comunhão universal de bens, entretanto
posteriormente resolvem que querem constituir uma empresa (serem sócios de uma
empresa) – isso não pode ocorrer – disposição no artigo 977 (Art. 977 CC. Faculta-se
aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no
regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória) do Direito empresarial –
diante da questão eles poderão criar a sociedade desde que alterem o regime de
bens (Art. 1639, § 2º CC - É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial
em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e
ressalvados os direitos de terceiros.)

A mudança do regime de bens – denominada mutabilidade exige como requisito:


1. Que se tenha uma ação judicial movida por ambos os cônjuges
2. Apurada as procedências invocadas
3. Ressalvados os direitos de terceiros
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A mudança do regime de bens necessariamente é judicial.
(Quais os regimes de bens que exigem outorga (anuência do cônjuge para alienar)
conjugal?) – praticamente todos – somente não é necessário no regime de
separação absoluta

(situação em que o juiz supre o


Art. 1.647 CC. Ressalvado o disposto no art. 1.648
consentimento que foi denegado injustamente pelo cônjuge), nenhum dos cônjuges pode,
sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura
meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.
UNIÃO ESTÁVEL
Art. 1.723 CC. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.
o
§ 1 A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando
a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
o
§ 2 As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.

*Considera-se como entidade familiar a união pública, contínua, duradora e com o


intuito de formar família.
*OBS.: não é obrigatória a coabitação para a caracterização da união estável.
*Quanto ao regime de bens aplicável a União estável – se houver declaração escrita
reconhecendo a união estável podem escolher qualquer um dos regimes.
*A União estável é um ato fato jurídico, não depende de nenhum documento para
que ela exista.
*Os impedimentos matrimoniais impedem a caracterização da União estável, salvo a
situação da pessoa que é casada mas que está separada de fato (essa pessoa não
pode casar novamente, porque segue tendo vínculo, entretanto pode constituir
União estável)
*Casamento estabelece à relação conjugal e o vínculo matrimonial – a relação
conjugal é rompida pela separação (seja uma separação fática ou judicial) – a
separação coloca fim aos deveres do casamento (exemplo a produção de efeitos
dos regimes de bens) – entretanto o vínculo matrimonial continua existindo – este
somente será dissolvido pelo divórcio.
Sandra Mara Dobjenski
*EC 66 – que retirou da Constituição Federal a exigência de prazo para realização
do divórcio. (O casamento pode ser dissolvido pelo divórcio) – divórcio pode ser feito
pelo Tabelionato de notas, desde que obedecidos os requisitos pré-estabelecidos:
1. O divórcio consensual e a extinção consensual da União estável não havendo
nascituro (a mulher não pode estar grávida) ou filho incapaz poderão ser realizados
por escritura pública. (Se existir um indivíduo com 17 anos emancipado pode
ocorrer o divórcio por via de escritura pública)
Art. 356 CPC. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando um ou mais dos pedidos formulados ou
parcela deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos termos do art. 355 .
§ 1º A decisão que julgar parcialmente o mérito poderá reconhecer a existência de obrigação líquida
ou ilíquida.
§ 2º A parte poderá liquidar ou executar, desde logo, a obrigação reconhecida na decisão que julgar
parcialmente o mérito, independentemente de caução, ainda que haja recurso contra essa interposto.
§ 3º Na hipótese do § 2º, se houver trânsito em julgado da decisão, a execução será definitiva.
§ 4º A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser
processados em autos suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.
§ 5º A decisão proferida com base neste artigo é impugnável por agravo de instrumento.

Julgamento parcial de mérito – é possível o julgamento parcial de mérito quando o


pedido parte do sujeito, estiver controverso ou quando estiver em condições de
julgamento imediato – no caso do divórcio o juiz pode sentenciar parcialmente o
mérito, decretando o divórcio do casal desde logo porque existe consenso entre eles
e manter a tramitação do processo com relação a guarda e partilha de bens.
*DIVÓRCIO NO ESTRANGEIRO - Art. 961 CPC. A decisão estrangeira somente terá eficácia
no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas
rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado. Sentenças estrangeiras que
produzam efeitos no Brasil - § 5º A sentença estrangeira de divórcio consensual produz efeitos
no Brasil, independentemente de homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. Divórcio
consensual puro e simples que não envolva partilha de bens, guarda, nem qualquer
outra situação.

A guarda no Brasil como REGRA é uma guarda compartilhada e somente será


unilateral quando uma das partes (genitores) manifestar a vontade de não exercer a
guarda dos filhos ou quando consensualmente entenderem que é caso de guarda
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unilateral ou quando um deles não tem a mínima condição de exercer a guarda dos
filhos. (mesmo que os genitores estiverem em cidades diferentes a guarda será
compartilhada) (mesmo que os genitores estiverem em litígio a guarda será
compartilhada)
ALIMENTOS
São devidos:
1. Em relação ao parentesco – ordem da obrigação alimentar:
1.1. Ascendentes (pais, avós e demais ascendentes)
1.2. Descendentes (filhos, netos e assim sucessivamente)
1.3. Irmãos
*Os alimentos são divisíveis – a obrigação dos avós de pagar alimentos para os
netos possui caráter complementar ou exclusivo – conforme os pais possam pagar
um pouco ou não – sempre a obrigação dos avós é subsidiária – EXCEÇÃO: Art. 12
do estatuto do Idoso – a obrigação alimentar é solidária podendo o idoso optar entre
os prestadores. (solidariedade precisa estar expressa não precisa estar presumida).
*O direito aos alimentos é imprescritível – a obrigação alimentar precisa ser fixada
(pode ser fixada de forma extrajudicial ou judicialmente) – nessa fixação se leva em
conta os pressupostos da necessidade de quem recebe, da possibilidade de quem
paga e da proporcionalidade entre esses dois elementos – a fixação da obrigação
alimentar é feita através de uma ação de alimentos que obedece o rito da lei
5478/68 (Lei de alimentos) – imprescritível é o direito de se buscar a fixação da
obrigação alimentar. (Pode um indivíduo com 30 anos de idade pedir alimentos
para seu genitor – sim, pode através de uma ação de alimentos – foi entrada
com a ação de alimentos pedindo um salário mínimo – valor da causa = 12
vezes o valor pedido – na ação de alimentos quando o juiz recebe a essencial
deve desde logo fixar os alimentos provisórios)(o pedido de alimentos não
pode ser retroativo – alimentos são devidos da ação de alimentos) (se fixada a
obrigação alimentar ocorrer o inadimplemento (não pagamento) – surge a
possibilidade de cobrança de execução- que possui prazo de prescrição de 02
anos a contar do vencimento da parcela – não corre prescrição contra
absolutamente incapaz e ascendente e descendente durante o poder familiar)
2. Existência de vínculo
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ALIMENTOS GRAVÍDICOS
*Lei 11804/2008 – alimentos devidos para a gestante – quem possui legitimidade
ativa para pedir é a gestante – dessa forma não cabe cumular pedido de
investigação de paternidade com alimentos gravídicos – investigação de paternidade
quem pode entrar é o filho – na investigação de paternidade se o pai se negar a
fazer o exame de DNA é presumida a paternidade – Súmula 301 STJ - Em ação
investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz
presunção juris tantum de paternidade.
*No caso de alimentos gravídicos fixados pelo juiz em razão dos indícios veementes
da paternidade eles duram em benefício da mulher gestante até o nascimento da
criança - após o nascimento da criança eles se convertem automaticamente em
alimentos para o filho – prazo de contestação de alimentos gravídicos = 05 dias (Art.
7º lei 11804/2008).
SUCESSÕES
*Tudo começa no momento da morte – não existe direito sucessório antes da morte.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. (Veda toda e qualquer
disposição de herança de pessoa viva).
*No momento da morte tem-se:
1. Abertura da sucessão - Transmissão da herança aos herdeiros como todo um
unitário indivisível - aplicando-se as regras do condomínio – direito de preferência –
responsabilidade dos herdeiros quanto as dívidas do falecido (fica limitada as forças
da herança)
2. Capacidade sucessória - quem possui legitimidade para ser herdeiro –
determinável pela lei aplicável no momento da sucessão
Art. 1.798 CC. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da
abertura da sucessão. (Sucessão legítima)

Art. 1.799 CC. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: (Combinado
com o 1798 – Sucessão testamentária)

I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao
abrir-se a sucessão;

II - as pessoas jurídicas;

III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação.
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*A morte pode ocorrer de forma real – quando existe o corpo para declarar o
momento que a morte ocorreu.
*Morte presumida – quando não se tem o corpo.
1. Com decretação de ausência – a morte determina a extinção da personalidade +
abertura da sucessão – no caso das pessoas que desaparecem de seu domicílio
sem deixar notícias (ausente – Art. 22 CC. Desaparecendo uma pessoa do seu
domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou
procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.)
– o ausente será considerado morto quando a lei autorizar a abertura da sucessão
definitiva. Três fases quanto a sucessão do ausente:
1.1. Uma vez identificada que alguém desapareceu do seu domicílio sem deixar
notícia – ausente – deve ser pedido ser pedida a declaração de ausência
1.2. Uma vez declarada esta ocorre a nomeação de um curador para fazer a
arrecadação dos bens do ausente – dentro dessa declaração serão publicados
editais chamando o ausente para reaparecer e assumir seu patrimônio.
1.3. Findado o prazo de edital é possível pedir a abertura da sucessão provisória – a
sentença que decreta a abertura da sucessão provisória ela produz efeitos 180 dias
depois de ser publicada – a sucessão provisória autoriza a abertura de testamento,
autoriza que os herdeiros entrem na posse dos bens – passados 10 anos da
abertura da sucessão provisória – pode se pedir a abertura da sucessão definitiva –
o ausente é considerado morto. Se o ausente tiver mais de 80 anos e a mais de 05
anos não aparecerem notícias a seu respeito – pode-se desde logo pedir a abertura
da sucessão definitiva.
Art. 6º CC - A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
2. Sem decretação de ausência - (Ex. casos de Brumadinho) – extremamente
provável a morte de quem estava em risco de vida – a lei autoriza a morte
presumida sem a decretação de ausência – uma vez que tenham sido esgotadas as
buscas, as diligências, as averiguações a família pode pleitear judicialmente a
decretação da morte presumida e a sentença do juiz irá fixar a data e o horário do
óbito.
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*Indivíduo que desaparece em campanha ou é feito prisioneiro não reaparece até 02
anos depois do término da guerra – possível pleitear a morte presumida.
Art. 7º CC - Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após
o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida
depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento.

Comoriência – mesma ocasião – possui um sentido de temporal.


Art. 8º CC - Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se
algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Duas espécies de sucessão:
1. Legítima – decorre de lei – obedece a ordem de vocação hereditária
Art. 1.829 CC. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº
646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694)
Sandra Mara Dobjenski
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o
falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640,
parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens
particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
*Herdeiros necessários – ascendentes, descendentes e cônjuge (art. 1845 CC)
*Herdeiros facultativos - colaterais
2. Testamentária - vontade do autor da herança que através de testamento (seja
testamento público, cerrado ou particular) dispõem sobre a sua vontade (traz
as questões de caráter patrimonial ou de caráter pessoal) – testamento é um
ato essencialmente revogável (cláusula de reconhecimento de filho fora de
casamento mediante testamento é irrevogável) – em caso do testamento ser
revogado essa cláusula permanece irrevogável. A disposição da vontade
pode ser:
2.1. Plena - permite que o autor da herança disponha da totalidade do seu
patrimônio – autor da herança tiver herdeiros facultativos (colaterais) –
bastando o testamento com disposição da totalidade do patrimônio e os
colaterais ficam excluídos da sucessão.
2.2. Limitada – herdeiros necessários (ascendente, descendente e cônjuge) –
50% da herança (João e Maria casados no regime de comunhão parcial
de bens – existem bens que são comuns (adquiridos de forma onerosa
durante a relação) e bens particulares (herança ou doação) – possuem
dois filhos – Pedro e Ana – João veio a falecer – tendo feito um
testamento) - Dos bens comuns – 50% é meação (direito da Maria em
relação ao casamento) – a outra metade dos bens comuns é herança
do João – 100% dos bens particulares do João é herança deste - 50%
bens comuns + 100% dos bens particulares = 100% da herança do
João que poderá ser dividida 50% para a liberdade de dispor e 50%
para a reserva de legítima que pertencem aos herdeiros necessários
(Maria , Ana e Pedro)
Sucessão legítima em Concorrência sucessória do cônjuge sobrevivente- (Art. 1829
CC):
Sandra Mara Dobjenski
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado
este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação
obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; (REGRA –
existência da concorrência. EXCEÇÕES: não se terá concorrência: Casamento
celebrado em comunhão universal de bens, separação obrigatória de bens ou
comunhão parcial de bens e o autor da herança tiverem falecido sem bens
particulares – se existirem bens particulares existe concorrência) No regime de
separação absoluta de bens o cônjuge concorre com os filhos. Participação final nos
aquestos possui concorrência. Percentual da concorrência (Art. 1832 CC - Em
concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão
igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à
quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer).
Reserva de ¼ - Duas hipóteses:
1. Divisão igualitária – filhos unilaterais do autor da herança – se os filhos forem
comuns até o número de 3
2. Reserva de ¼ - mais de 3 filhos comuns – reserva de ¼ para o sobrevivente.
*O sobrevivente irá concorrer sobre os bens particulares – sobre os bens comuns
receberá meação – outra metade dos bens comuns pertence aos filhos.

Bens comuns – 50% do sobrevivente (direito de meação)


50% herança exclusiva dos filhos
Bens Particulares – 100% herança a ser dividida entre os filhos e o sobrevivente
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge – não faz diferença o tipo de
regime de bens adotado – sempre haverá concorrência – não importa se os bens
são comuns ou particulares – concorrência será sobre a totalidade da herança.
III - ao cônjuge sobrevivente – herda a totalidade
IV - aos colaterais – peculiaridades:
1. Ordem – irmãos, sobrinhos, tios, primos, avós e sobrinhos netos
2. Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos
unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
Sandra Mara Dobjenski
João faleceu deixando os irmãos Pedro, Paulo, Ana, Clara e Flávia – irmão bilateral
possui dois genitores comuns (Pedro – possui o mesmo pai e a mesma mãe) –
unilateral possui somente um genitor comum (Paulo, Ana, Clara, Flávia)

Pai - Mãe

João Pedro Paulo Ana Clara Flávia


Morto 2 =2/6 1 1 1 1 = 1/6
Soma-se tudo = 06 (herança dividida em 06 partes)
Sandra Mara Dobjenski

*ROMPIMENTO DE TESTAMENTO X REDUÇÃO DE DISPOSIÇÃO


TESTAMENTÁRIA
*Existência de herdeiro necessário – Se quando João foi fazer o seu
testamento ele possuía herdeiros necessários (descendente, ascendente ou
cônjuge) – fez o testamento e ultrapassou o limite de 50% que ele podia dispor
é preciso haver a redução das disposições testamentárias até o limite de 50% -
se no momento que João elaborou o testamento ele não tinha herdeiros
necessários – ele só possuía irmãos – ele fez o testamento e dispôs da
totalidade de seus bens – podendo dispor da totalidade – depois de feito o
testamento apareceu um filho que João desconhecia ter – esse filho entrou
com ação de reconhecimento de paternidade, tendo sido reconhecido – João
vem a óbito – o testamento não será reconhecido (Art. 1973 e ss.) – causas
supervenientes – o aparecimento de um herdeiro necessário posterior a
elaboração do testamento – rompe o testamento e todas as suas disposições –
nesse caso o testamento não será cumprido – recebendo o filho que foi
Sandra Mara Dobjenski
reconhecido depois da elaboração do testamento receberá toda a herança por
sucessão legítima.

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