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22 de setembro de 2020
O QUE PODE SER OBJETO DE UMA RELAÇÃO JURÍDICA
Coisas corpóreas e coisas incorpóreas:
Coisas corpóreas são as coisas físicas, materiais. São aquelas
que são apreensíveis pelos sentidos.
Pessoas
As pessoas podem ser objeto de uma relação jurídica na
medida dos seus poderes-deveres ou também denominados de
poderes funcionais exercidos sobre a pessoa de outrem –
ideologia do professor Pinto Monteiro e da professora Fernanda
Rebelo. O professor Horster não concorda.
São direitos que conferem poderes destinados a habilitarem os
pais ou o tutor ao cumprimento dos seus direitos para com o
filho ou o pupilo, podendo os titulares de tais direitos ser
sancionados se não exercerem e não cumprirem os deveres aos
quais estão legalmente obrigados.
Se são poderes-deveres não são direitos subjetivos
propriamente ditos! Em nenhum caso se torna a criança num
objeto.
p.ex. Poderes paternais, que podem ser retirados aos pais,
sendo certo que aqui o “objeto” é a criança.
Própria Pessoa
O art.202º, nº1 diz “Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objeto de
relações jurídicas.”
Os animais, as prestações, os direitos subjetivos e as pessoas podem
ser objeto de relações jurídicas, mas não são coisas. Para Mota Pinto
esta noção jurídica de coisa é pouco rigorosa e só poderá ser
entendida num sentido muito amplo.
Já o nº2 diz “Consideram-se, porém, fora do comércio todas as coisas
que não podem ser objeto de direitos privados, tais como as que se
encontram no domínio público e as que são, por sua natureza,
AS COISAS E O PATRIMÓNIO
O PATRIMÓNIO PODE SER OBJETO DE UMA RELAÇÃO JURÍDICA?
O património é um conceito transversal no direito.
Património Global/geral
É formado pelo conjunto das relações jurídicas patrimoniais, isto
é, avaliáveis em dinheiro, ativas e passivas – art.2030º, nº2 (a
palavra património deve ser interpretada num sentido amplo).
(são relações jurídicas pessoais: casamento, filiação, adoção, ...)
Relações jurídicas ativas é o mesmo que direito subjetivo
Relações jurídicas passivas é o mesmo que obrigação
p.ex. Se eu for ao banco pedir um empréstimo de 2000€ surge uma
relação jurídica entre eu e o banco. Neste caso, eu relação passiva e o
banco relação ativa.
Património Ilíquido/Bruto
É a soma dos direitos, avaliáveis em dinheiro, que pertencem a
uma pessoa abstraindo das dividas de uma pessoa. Nesta
situação, só se soma os direitos.
O património bruto é a garantia dos credores (art.601º)
Património Líquido
É a soma dos direitos avaliáveis em dinheiro, depois de
deduzido o montante as divida, ou seja, é a diferença entre o
património ativo e o património passivo. Apura-se o saldo
patrimonial.
Património autónomo/ separado (art.2070º e 2071º)
Critério da responsabilidade por dívidas, ou seja, uma pessoa
será titular deste património autónomo ao qual acresce o seu
património próprio.
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29 de setembro de 2020
Qual é a diferença entre património coletivo e
compropriedade?
A figura do património coletivo em surge quando um único património
tem vários sujeitos, ou seja, duas ou mais pessoas possuem, cada
uma, o seu património que lhes pertence globalmente. Este
património pertence em bloco, globalmente, ao conjunto de pessoas
correspondente e nenhum dos sujeitos tem direito, individualmente, a
qualquer quota ou fração.
6 de outubro de 2020
A AQUISIÇÃO DE DIREITOS
A aquisição de direitos é a ligação de um direito a um sujeito.
Aquisição derivada:
O direito adquirido funda-se ou filia-se na existência de um direito na
titularidade de outra pessoa. A aquisição derivada só existe por causa
da anterior existência do direito, ou seja, esta aquisição assenta na
transmissão do direito.
p.ex. se eu for á FNAC comprar o livro eu adquiro o direito de
propriedade que antes pertencia á FNAC – aquisição de um
direito de propriedade por força de um contrato.
Aquisição derivada translativa: há apenas uma transmissão do direito
e o direito adquirido é igual ao direito que existia na esfera jurídica do
transmitente!!!!!!
p.ex. compra e venda, doação ou sucessão mortis causa
Aquisição derivada constitutiva: acontece sempre que o direito
constitutivo se funde num direito mais amplo do anterior titular. O
direito depende do anterior, ou seja, forma-se à custa dele limitando-
o ou comprimindo-o.
p.ex. todas as situações de direitos reais limitados como por
exemplo o usufruto (art.1439º e ss); servidão legal de
passagem.
Aquisição derivada restitutiva: põe a possibilidade de o titular de um
direito real limitado se demitir dele, unilateralmente ou
contratualmente (a título gratuito ou oneroso), recuperando assim
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13 de outubro de 2020
EXCEÇÕES À REGRA GERAL DA AQUISIÇÃO DERIVADA –
exceções ao nemo plus iuris
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a) Quid iuris?
Estamos perante uma situação de indisponibilidade
relativa e nos termos do art.953º aplica-se ás doações o
regime do art.2196º, nº1 e, desta forma, a doação é nula.
Como tal, á luz do art.286º ... e tem como efeitos 289º.
Desta forma, com a nulidade do negócio o automóvel
nunca pertenceu a B mas sim a A. D está de boa fé
porque não sabia que no negócio anterior B não tinha
adquirido coisa nenhuma. Ora, D é terceiro sub-
adquirente nos termos do art.291º.
D pode ficar com o automóvel se se verificarem os
pressupostos cumulativos do art.291º: houve uma
declaração de nulidade respeitante a um bem móvel
sujeito a registo, adquiriu a título oneroso, D estava de
boa fé (art.291º, nº3) D e registou a aquisição antes da
ação.
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MODIFICAÇÃO DE DIREITOS
Ela ocorre quando altera um elemento do direito/obrigação
permanecendo a identidade do direito/obrigação.
A modificação pode ser:
Subjetiva quando o elemento que muda é o titular do direito ou
da obrigação.
Sucedendo no lato ativo, do direito, pode acontecer p.ex.
cessão de créditos prevista no art.577º e ss e o credor pode
ceder esse direito a outra pessoa. Aqui muda o credor.
p.ex. O credor A tem um direito de crédito sobre B mas A
pode ceder o seu crédito a C.
Isto também pode suceder no lado passivo, ou seja, no lado da
obrigação como p.ex. na situação de transmissão singular de
dividas pode ocorrer nos termos dos art.595º e ss. O devedor
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EXTINÇÃO DE DIREITOS
A extinção de um direito tem lugar quando um direito ou uma
obrigação deixa de existir na esfera jurídica de uma pessoa.
p.ex. sucessão mortis causa
p.ex. A é proprietário de uma bicicleta velhinha e por isso já
não a usa. A deita-a ao lixo. Destruindo-se a bicicleta, o direito
de propriedade extinguiu-se.
A extinção de direitos traduzir-se-á numa extinção subjetiva ou perda
de direitos, se o direito sobrevive em si, apenas mudando o seu
titular.
Subjetiva ou perda de interesse verifica-se sempre que tem
lugar uma sucessão na titularidade dos direitos.
Objetiva verifica-se quando o direito desaparece deixando de
existir para o seu titular ou a qualquer outra pessoa.
Ora, pode acontecer que o direito extingue-se por não ter sido
exercido durante um certo tempo:
Prescrição – arts.300º e ss (por regra doutrinal aplica-se aos
direitos subjetivos propriamente ditos)
Caducidade – art.328º e ss (por regra doutrinal aplica-se aos
direitos potestativos)
O critério legal está previsto no art.298º, nº2 e, segundo este artigo,
quando um direito tem que ser exercido num determinado prazo são
aplicáveis as regras da caducidade, a menos que a lei refira
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27 de outubro de 2020
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Naturais
São os resultantes das normas supletivas. Uma norma supletiva é
uma norma legal que supre a falta de manifestação de falta de
vontade das partes art.772º.Não é necessário que as partes
configurem qualquer cláusula para a produção destes efeitos,
podendo, todavia, ser excluídos por estipulação formulada pelas
partes . O art.777º também é uma norma supletiva, que é o prazo.
Quando não há uma dada regulamentação, as partes foram omissas
nesses aspetos, aplica-se a norma supletiva. Faz parte do contrato a
norma supletiva, o seu conteúdo.
Acidentais
São as cláusulas acessórias dos negócios jurídicos. Trata-se das
estipulações que não caracterizam o tipo negocial em abstrato, mas
se tornam imprescindíveis para que o negócio concreto produza os
efeitos a que eles tendem.
p.ex. a cláusula de juro num contrato de mútuo é um elemento
acidental. Uma cláusula de juros é acidental.
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3 novembro de 2020
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NEGÓCIOS PARCIÁRIOS
Os negócios parciários são uma subespécie de negócios onerosos.
Caraterizam-se pelo facto de uma pessoa prometer certa prestação
em troca de uma qualquer participação nos proventos que a
contraparte obtenha por força daquela prestação.
p.ex. parceria pecuária (art.1121º)
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2. Vontade
(elemento interno) consiste no querer, na realidade volitiva que
normalmente existirá e coincidirá com o sentido objetivo da
declaração.
A nossa consciência de saber que queremos realmente
comprar algo e exteriorizamos essa vontade através da
declaração negocial
p.ex. não preciso do carro, portanto decidi mentalmente
querer vendê-lo, através da Internet. Eu pensei (elemento
interno) e depois exteriorizei o meu pensamento
(elemento externo).
O elemento interno tem três subelementos:
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10 novembro de 2020
(continuação da aula anterior)
Isto aconteceu porquê? Como acontecem estes desvios? Muitas vezes
por ignorância ou desconhecimento, portanto, esta situação em que
se encontra o nosso licitador é uma situação que ele não quer. Pode
faltar a vontade da declaração, falta quando alguém não tem
consciência que está a fazer uma declaração negocial, esta última é a
vontade de celebrar um negócio jurídico e tenha efeitos jurídicos.
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PRESUNÇÃO
Conceito de presunção (arts.349º, 350º, nº2 e 351º)
Presunção relativa (iuris tantum) –admitem prova em
contrário e nos termos do art.350º, nº1, as presunções em
princípio podem ser ilididas mediante prova em contrário. Esta
é a regra da nossa lei.
Presunção absoluta (iuris et de iure) –não admitem prova
em contrário.
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PROTESTO E RESERVA
Há uma declaração negocial que se chama protesto, é um termo
técnico que se aplica a uma declaração de vontade. Consiste numa
contradeclaração que visa impedir que o declaratário atribua um
certo significado à respetiva declaração, procura esclarecer a
declaração feita, embora se diga que visa impedir esse
esclarecimento ou que o declaratário atribua um certo sentido à
declaração. Esta é muito usada nos negócios jurídicos e tem ainda um
nome de reserva, quando consiste na declaração de que um certo
comportamento não significa a renúncia a um direito próprio ou
reconhecimento de um direito alheio.
p.ex. num contrato de arrendamento pode acontecer,
imaginemos que o senhorio tem direito a uma renda de 500€
mensal, mas o inquilino num determinado mês não consegue
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17 de novembro de 2020
A PERFEIÇÃO DA DECLARAÇÃO NEGOCIAL
A declaração negocial com um destinatário ganha eficácia loque que
chegue ao seu poder ou é dele conhecida. As declarações não
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A INTEGRAÇÃO DO NJ (art.239º)
Agora trata-se de esclarecer as lacunas dos NJ.
A função das normas supletivas é de suprir a lacuna do NJ. O
problema é que as normas supletivas não são suficientes para todas
as lacunas do NJ e, na falta destas, a lacuna deve ser integrada de
harmonia com a vontade que as partes teriam tido se houvessem
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AS DIVERGENCIAS INTENCIONAIS:
A SIMULAÇÃO
No art.240º, nº1 encontram-se os elementos integradores do
conceito de simulação:
a) Intencionalidade da divergência entre a vontade e a
declaração;
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MODALIDADES DA SIMULAÇÃO
Uma primeira distinção a fazer-se é entre:
Esta distinção está aludida no art.242º, nº1, in fine.
1. SIMULAÇÃO FRAUDULENTA
a simulação é fraudulenta se houver o intuito de prejudicar
terceiros ilicitamente ou de contornar qualquer norma legal.
2. SIMULAÇÃO INOCENTE
A simulação é inocente se houve o mero intuito de enganar
terceiros sem os prejudicar,
2ª distinção:
1. SIMULAÇAO ABSOLUTA
as partes fingem celebrar um NJ e na realidade não querem nenhum
NJ. Há apenas um negócio simulado e, por detrás dele, nada mais.
2. SIMULAÇAO RELATIVA
Na simulação relativa as partes fingem celebrar um certo NJ e na
realidade querem outro NJ de tipo ou conteúdo diverso. Neste caso,
por detrás do negócio simulado (aparente) há um negócio
dissimulado (o negócio real).
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RESERVA MENTAL
Encontra-se prevista no art.244º. Na reserva mental o declarante
emite uma declaração não coincidente com a sua vontade real, sem
qualquer conluio com o declaratário, visando precisamente enganar
este.
p.ex. A declara a B fazer-lhe uma doação ou um empréstimo
sem que na realidade tenha essa intenção, pois visa dissuadir B
do suicídio, que este, em virtude da sua situação económica,
afirma ter em mente.
Nos termos do art.244º, nº2 a declaração negocial emitida pelo
declarante, com reserva, ocultada ao declaratário, não é, em
princípio, nula. Deixará de ser assim, ou seja, o negócio é nulo se o
declaratário tiver conhecimento da reserva.
AS DIVERGÊNCIAS NÃO
INTENCIONAIS:
1. COAÇÃO
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Coação moral
enquanto na coação moral a liberdade está cerceada, mas não
está excluída (o coato pode optar por outro comportamento, como
sofrer o mal ou combatê-lo).
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Reação do declaratario:
Nos casos em que a aplicação do art.247º lese com extrema injustiça
os interesses do declaratário, só se poderá obstar à anulação por
força do princípio do art.334º (abuso do direito de anular).
Existem, porém, certos casos especiais:
1. Se o declaratário se apercebeu do dissídio entre a vontade real
e a declarada e se conheceu a vontade real do declarante, o
negócio valerá de acordo com a vontade real (art.236º, nº2).
2. Se o declaratário conheceu, ou devia de ter conhecido, o
próprio erro, o regime aplicável é o da anulabilidade e não a
nulidade verdadeira e própria.
3. Se o declaratário aceitar o negócio como o declarante queria, o
negocio valida -se e já não é anulado (art.248º).
4. O erro de cálculo ou erro de escrita revelados no contexto da
declaração não dão lugar à anulabilidade do negócio apenas à sua
ratificação (art.249º).
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28 de novembro de 2020
VICÍOS DA VONTADE
1. ERRO-VÍCIO: art.251º e 252º.
O erro-vício traduz-se numa representação inexata ou na ignorância
de uma qualquer circunstância de facto ou de direito quer foi
determinante na decisão de efetuar o negócio.
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5 de dezembro de 2020
é a anulabilidade.
Coisas que podem se alterar , desde o momento da pratica do
negocio e depois para diante
p.ex. a crise financeira de 2008
p.ex. uma decisão da CM sobre um PDM que tem influência na
distribuição das zonas numa determinada área. Se uma pessoa
quiser vender um terreno vai a CM e pergunta qual é a viabilidade
de construção daquele terreno. Pode existir um negócio baseado
numa representação das partes de que naquele local é possível
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15 de dezembro de 2020
2. ESTADO DE NECESSIDADE (art.282º)
Os negócios usurários são regulados especialmente nos art.282º e
283º. O estado de necessidade é uma perturbação da vontade
que consiste numa situação de receio ou temor gerada por um
grave perigo que determina o necessitado a celebrar um
negócio para superar o perigo em que se encontra.
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pinturas muito valiosas, que lhe compra uma pintura valiosa por
um valor 5 vezes inferior ao valor que o quadro vale na
realidade. O médico sabe que o toxicodependente vai aceitar tal
negócio de forma descuidada e por qualquer preço porque
precisa do dinheiro para comprar droga.
Neste caso, a ofensa aos bons costumes e à ordem pública está
na pessoa que está a aproveitar-se da situação do
toxicodependente pois essa pessoa por lei tem de ajudar e não
se aproveitar de tal situação, e neste caso o negócio será nulo e
aplicamos o art.280º, nº2 e o regime do art.86º.
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O PROBLEMA DA PRESSUPOSIÇÃO OU DA
ALTERÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS QUE
FUNDARAM A DECISÃO DE CONTRATAR
A alteração das circunstâncias do negócio implica a não verificação
de uma circunstância pressupostos ou de uma presunção, sempre
que a evolução do circunstancialismo não foi considerada pelo
declarante.
As partes – ou apenas uma delas – tiveram como certa a verificação
de um dado acontecimento ou estado de coisas e, por isso,
contrataram. Se lhes ocorresse a possibilidade de falhar tal
circunstância pressuposta, não teriam contratado sem inserir p.ex.
uma cláusula condicional.
A alteração das circunstâncias deve, pois, ser uma alteração anormal
e com consequência tais que a exigência do cumprimento inalterado
implicaria, cumulativamente, uma ofensa ao princípio da boa fé e a
imposição de uma situação que não corresponderia aos riscos
próprios do contrato.
Verificados os requisitos do art.437º a parte lesada tem direito à
resolução do contrato ou à sua modificação segundo juízos de
equidade. Requerida a resolução a parte contraria também pode, nos
termos do art.437º, nº2, opor-se ao pedido desde que ceite a
recondução do conteúdo contratual aos termos correspondentes
àqueles juízos de equidade.
ATENÇÃO: Pode sair para comparar o erro com a alteração das
circunstâncias.
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