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Teoria Geral Do Direito Civil II

Direito Civil
É o Direito que regula a vida quotidiana dos Homens desde o seu nascimento e tutela os seus direitos de personalidade
inerentes (regula a morte, a ausência, as incapacidades, os direitos patrimoniais, contratos em especial, etc.). Este tutela
coercivamente os interesses dos Homens em relações com outros Homens, nos diversos planos de vida.
A autonomia é uma ideia/característica fundamental para o Direito Civil. É um mecanismo de defesa/proteção de direitos e
posições jurídicas adquiridas.
 Autonomia: poder de autodeterminação quer nas relações com outras pessoas (negócios jurídicos), que supõem a
igualdade de situações jurídicas dos sujeitos, quer por ato unilateral, ou seja prosseguir fins/objetivos próprios.
Serve, ainda, como direito subsidiário para o Direito Comercial e Direito de Trabalho (= o sistema recorre às normas de Direito
Civil de forma a colmatar as omissões). É possível concluir que constituí um núcleo fundamental para todo o Direito Privado.

Princípios fundamentais do Direito Civil


Existe uma organização fundamental entre as normas jurídicas (têm uma ordenação formal, substancial e material). Desta
forma, o nosso Direito é formado por uma quantidade de princípios gerais que lhe dão um sentido e uma função. Tais
sentidos não são eternos, desenvolvem-se e modificam-se de acordo com a evolução do tempo e com as transformações por
ele provocadas – são produto das conceções económicas, sociais e políticas (estes sentidos modelam o conteúdo do direito
vigente, pois fixam os elementos normativos).
São 8 os princípios que fundamentam o atual Direito Civil: reconhecimento da pessoa humana e dos direitos de
personalidade, autonomia privada, responsabilidade civil, princípio da boa-fé, concessão de personalidade jurídica às pessoas
coletivas, propriedade privada, relevância jurídica da família e fenómeno sucessório.

Teoria Geral da Relação Jurídica

Relação Jurídica em sentido amplo: é toda a relação da vida social relevante para o Direito, isto é, produtiva de
efeitos jurídicos e disciplina pelo Direito.

Relação Jurídica em sentido restrito: relação da vida social disciplinada pelo Direito, mediante atribuição a uma
pessoa de um direito subjetivo e a imposição a outra de um dever jurídico ou uma sujeição.
a) Relação Jurídica Abstrata: quando se considera um esquema/modelo contido na lei, como na relação pela
qual o inquilino deve pagar uma renda ao senhorio.

b) Relação Jurídica Concreta: quando se considera uma relação jurídica já existente na realidade, entre
determinadas pessoas, sobre um determinado objeto, e procedendo de um determinado facto jurídico. Ex:. A
relação pela qual o senhorio A pode exigir ao inquilino A uma renda de 20.000$ pelo arrendamento do prédio
X.

c) Relação Jurídica Simples: é aquela que se extingue pela simples entrega do objeto determinado e pelo
respetivo cumprimento da prestação (ex: pagamento do preço).

d) Relação Jurídica Complexa: é aquela que agregada à relação jurídica principal decorrem deveres secundários
e acessórios (ex: A vende uma máquina – principal – B paga o preço, e espera que a máquina funcione
corretamente, o que afinal não se verifica. Logo, A tem o ónus de a pôr a funcionar corretamente), - ou seja, é
uma relação jurídica que, ao contrário da simples, não se extingue com a entrega da coisa e o cumprimento
da prestação devida (engloba indemnizações, expectativas, direitos potestativos, deveres acessórios
[embalagem e promoção do transporte da máquina], onús,…)
Elementos estruturantes da Relação Jurídica

Sujeito = pessoas entre quem se estabelecem as relações jurídicas, são os titulares dos direitos subjetivos e das
posições passivas correspondestes: estado de sujeição ou dever jurídico.
Objeto = aquilo sobre o que incidem os poderes do titular ativo das relações, ou seja, forma o conteúdo da relação
jurídica.
a. Coisas corpóreas: bens materiais, físicos, é possível identificar pelo tato (ex: carro);
b. Coisas incorpóreas: bens imateriais, não são apreendidas pelos sentidos (ex: direitos de autor)
Facto Jurídico = todo o facto ou acontecimento voluntário (depende do Homem) ou evento natural que produz
efeitos jurídicos. Pode-se tratar de uma eficácia constitutiva, modificativa ou extintiva.
Garantia = conjunto de medidas coercivas (recurso aos Tribunais – aparelho sancionatório Estadual), postas à
disposição do titular ativo de uma relação jurídica, de forma a obter a satisfação do seu direito lesado por um
obrigado que o infringiu (direito violado) ou o ameaça infringir (direito ameaçado). A garantia da relação jurídico-
privada só entra quando o titular ativo pretende.
a. Indemnização dos danos – quando lesados os direitos do titular que causam danos patrimoniais ou danos
morais, logo há necessidade de reconstituir naturalmente a situação lesada ou reconstituir por equivalente
(dinheiro).
b. Proteção – protege o titular em casos de violação dos seus direitos, contra ameaças de violação ou receios
legítimos de infração do dever jurídico.

Teoria Geral do Objeto da Relação Jurídica

Objeto = é aquilo sobre o que incidem os poderes do titular ativo da relação jurídica, isto é, os direitos subjetivos
sobre o indivíduo e o bem.

Conteúdo = conjunto de poderes que o direito subjetivo suporta.

Direito Subjetivo – poder ou faculdade de exigir ou pretender de outrem um determinado comportamento,


sendo este negativo (‘’non facene’’ – nada fazer) ou positivo (‘’facene’’ – realizar algo).
Direito Potestativo – poder ou faculdade só de per si (ou com ação do tribunal) de produzir efeitos jurídicos na
esfera jurídica de outrem sem que este tenha possibilidade de algo fazer (estado de sujeição – requer uma
obrigação passiva universal, ou seja, todas as pessoas devem abster-se de realizar algo).

Objeto imediato = comportamento do devedor, prestação, é o ato de entrega da coisa.


Objeto mediato = é o próprio bem/coisa que deve ser entregue ao devedor.

EX:. ‘’A’’ decide vender o seu carro a ‘’B’’.

Objeto Imediato objeto mediato

Possíveis objetos da relação jurídica

1. Pessoas =
2. Prestações = comportamento do devedor
3. Coisas corpóreas = bens materiais móveis ou imóveis (art.202º a 216º)
4. Coisas incorpóreas = objeto do campo intelectual, direitos de autor, criação literária (art. 202º a 216º)
5. Direitos Subjetivos = art. 1439º e 688º, nº 1
6. Própria Pessoa = cada um de nós, somos objetos dos nossos direitos

PATRIMÓNIO

Património Bruto = todas as relações jurídicas avaliáveis em dinheiro (art. 601º protege os credores);
Património Líquido = é o saldo patrimonial;
Património coletivo = um único património que tem vários proprietários, ou seja, duas ou mais pessoas
que possuem o seu património mas que pertence a um global (art.1695º e 1696º).
Propriedade em comum/ Compropriedade = comunhão por quotas ideias em que cada comproprietário tem direito
a uma quota ideal ou a uma fração do objeto comum.
Património autónomo/separado = responde por dívidas próprias. Ex:. Herança – ‘’B’’ paga aos credores de ‘’A’’,
depois de a herança ser transferida para ele.

Facto Jurídico

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