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CAPÍTULO II – ESTRUTURA DA OBRIGAÇÃO – páginas 13-27

Os elementos cons tu vos da obrigação são:

 Sujeitos
o A vo – credor
o Passivo - devedor
 Objeto
o Mediato
o Imediato
 Facto jurídico
 Garan a

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1. SUJEITOS

PESSOAS SINGULARES
 São de grosso modo as pessoas entre as quais a relação jurídica se trava.

o Sujeito a vo – DIREITO/PODER
 o tular do direito reconhecido juridicamente
 tular do direito pessoal ou patrimonial
 detém um direito subje vo ou potesta vo sobre o devedor
 que pode fazer com que o devedor cumpra a sua obrigação
 ou sofra as consequências do incumprimento

o Sujeito passivo – DEVER - o vinculado ou adstrito a obrigação


 Pessoa sobre a qual recai o dever de cumprir a obrigação
 Manifestada na prestação devida

REQUSITOS RELATIVOS AOS SUJEITOS:

o A determinação dos sujeitos da relação obrigacional é essencial. O sujeito deve ser determinado ou
determinável (511)

Ar go 511.º - (Determinação da pessoa do credor) - A pessoa do credor pode não ficar determinada no
momento em que a obrigação é cons tuída; mas deve ser determinável, sob pena de ser nulo o negócio
jurídico do qual a obrigação resultaria.

o Tem de ter personalidade jurídica e ter capacidade de gozo e de exercício. (66)

Ar go 66.º - (Começo da personalidade) - 1. A personalidade adquire-se no momento do nascimento


completo e com vida. 2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.

Geralmente onde existe personalidade jurídica existe também capacidade jurídica. Pode acontecer, no
entanto, de em alguns casos a capacidade ser mais ou menos ampla, consoante a susce bilidade de adquirir
todas ou certas espécies de direitos e deveres sem restrições.
A capacidade de gozo é preliminar a capacidade de exercício.
* capacidade de gozo – faculdade de exercer os poderes ou de cumprir os deveres decorrentes da
lei
* capacidade de exercício – idoneidade de atuar juridicamente exercendo os direitos ou cumprindo
os deveres – (art 67)
- existem pessoas impossibilitadas de agir pessoal e livremente, de exercer uma a vidade
jurídica própria – diz-se que são incapazes de exercício de direitos. As incapacidades consagradas entre nós
são:
* menoridade (menos 18 anos) – (122) – termina com a emancipação pela idade
(130) ou com a emancipação pelo casamento, (132) aos 16 anos, com a devida autorização dos pais ou
suprimento judicial (1649)
* maior acompanhado (138)

* Incapacidade natural acidental – a declaração negocial proferida por quem se encontrava em


estado de incapacidade natural acidental de entender o sen do da declaração negocial –
embriaguez, estado hipnó co ou efeito de drogas ou por falta de livre exercício da vontade é
ANULÁVEL. 257

PESSOAS COLETIVAS

As pessoas cole vas possuem capacidade jurídica, mas apenas para os actos conducentes a realização do fim para que
foram criados. Deve ser exercida pelo seu representante ou gestor, através do reconhecimento para o efeito, atribuído pelo
direito.

2. OBJETO

O objeto pode ser

 Mediato
 Imediato

OBJETO IMEDIATO
o É a própria prestação
o O objeto é apresentado como aquilo sobre o qual recai o poder do tular e que este legi mamente exigirá
o Consiste num comportamento posi vo ou nega vo
 Que o devedor se encontra adstrito e que serve a sa sfação dos interesses do credor

A diferença entre estes dois só adquire verdadeiro relevo na obrigação de prestação de coisa.

Exemplo: Se Ana deve a Berta um relógio

 o objeto imediato da obrigação consiste na entrega da coisa


 e o objeto mediato é representado pela própria coisa.

ESFERA JURÍDICA – É o espaço de autonomia individual – onde se cons tuem os direitos e os deveres que a pessoa é tular

DIFERENÇA ENTRE O DIREITO SUBJETIVO AMPLO E O DIREITO POTESTATIVO VS O DEVER E A OBRIGAÇÃO

O DIREITO

O direito subje vo em sen do amplo compreende dois graus de exigibilidade jurídica. Este po de direito tem
como contrapô-lo o dever jurídico. O outro lado da relação jurídica, ou o tular passivo pode ter a liberdade de adotar o
comportamento ou não e mediante a ação ou omissão pode ou não sofrer consequências.
o poder de exigir – exigência jurídica associada as obrigações jurídicas
o pretender – pretensão jurídica associada as obrigações naturais

Já o direito potesta vo pode ser um ato livre de vontade do tular a vo da relação jurídica, só de per si ou integrado
por uma decisão judicial que vai produzir efeitos jurídicos na esfera jurídica de outrem independentemente da
vontade deste, ou seja, que inelutavelmente se impõe a contraparte. O tular passivo da relação jurídica não tem
a liberdade de adotar ou não o comportamento, pois a autoridade publica impõe e não admite reação, logo trata-
se de uma sujeição.

Em rigor, o direito subje vo deriva da incidência de uma norma permissiva (norma de conduta) e o direito
potesta vo fruto de uma norma potesta va (confere poder), ou seja, uma norma que faculta a apenas uma das
partes a possibilidade de alterarem a ordem jurídica.

O DEVER

No que concerne ao dever jurídico – lado passivo da relação jurídica – assiste ao sujeito a faculdade de não adotar
o comportamento devido (comissivo ou omissivo), embora sujeitando-se as sanções jurídicas rela vas ao respe vo
incumprimento.

Para Ana Prata entre o dever jurídico e a obrigação existe uma relação de género ou espécie:
 o dever consiste na imposição de um comportamento, a vo ou omissivo, a alguém para a sa sfação
de um interesse que pode ser público, cole vo ou pessoal
 a obrigação já não se atribui ao sujeito o poder de escolha, estando obrigado, ou seja, num estado
de completa sujeição – de forma que não admite reação – a suportar as consequências da
cons tuição, modificação ou ex nção dos direitos potesta vos da outra parte – 1781 (rutura do
casamento)

OBJETO MEDIATO

 O objeto mediato reside na coisa que deve ser prestada pelo devedor. Trata-se respe vamente do próprio objeto
da prestação ou da prestação em si. Os objetos possíveis podem ser:

o Coisas
Ar go 202.º - (Noção) - 1. Diz-se coisa tudo aquilo que pode ser objeto de relações jurídicas.
2. Consideram-se, porém, fora do comércio todas as coisas que não podem ser objeto de direitos privados,
tais como as que se encontram no domínio público e as que são, por sua natureza, insusce veis de
apropriação individual.

Podem ser:
Objeto impessoal
Objeto com existência autónoma
Objeto idóneo para sa sfazer os interesses humanos ou as necessidades
Objeto apropriável, ou seja, capaz de subordinação jurídica
Direitos sobre direitos – exemplo o penhor de direitos (680) a hipoteca de um usufruto (688)

o Animais
Lei 8/2017 aprovou o novo estatuto jurídico dos animais, reconhecendo-os como seres vivos dotados de
sensibilidade. São totalmente impenhoráveis

o Pessoas
Os direitos sobre as pessoas são configurados como poderes-deveres ou poderes funcionais. Ex. poder
parental 1901

o Prestações
Nos direitos de crédito, o objeto da relação é o próprio comportamento juridicamente exigível
o credor tem a faculdade de exigir do devedor determinada prestação
e o devedor está obrigado a realização dessa prestação

3. VÍNCULO

O vínculo é o nexo ideal que liga os poderes do credor aos devedores do obrigado.

Os elementos deste vínculo:

Sujeitos
a. credor (a vo) de um lado -> a quem se proporciona a vantagem resultante da prestação + tular do direito
patrimonial ou moral + lado que pode exigir
b. devedor (passivo) do outro -> pessoa sobre a qual recai o dever específico de efetuar a prestação + adstrito
ao cumprimento

4. FACTO JURÍDICO
Todo acontecimento, natural ou humano, capaz de criar, modificar ou ex nguir relações ou situações jurídicas.

Existem vários critérios de classificação dos factos jurídicos, mas o mais simples é:

 Factos jurídico voluntários


o Produzem-se de forma voluntária
o Ou seja, com a intervenção da vontade – humana
o Exemplo: casamento, trabalho, compra e venda

o Aqueles que determinam o nascimento das obrigações:


 Lícitos – conforme a ordem jurídica
 Simples actos jurídicos – ações humanas licitas cujos efeitos jurídicos, embora até
naturalmente concordantes com a vontade dos seus autores, não são, todavia,
determinados pela vontade, mas direta e impera vamente pela lei. Os efeitos são ex lege
e não ex voluntate
 Negócios jurídicos – atos voluntários lícitos cujos efeitos são concordantes com a vontade
manifestada, ocorrendo ex voluntate.
o Negócios jurídicos unilaterais – dispensa anuência de outros intervenientes e
completa-se com a declaração que o consubstancia
o Negócios jurídicos bilaterais (ou contratos) – resulta do encontro de duas ou mais
vontades convergentes, através de uma proposta e uma aceitação
 Contratos sinalagmá cos – dão lugar a obrigações recíprocas para o
proponete e o aceitante, ficando as partes em simultâneo na condição de
devedores e credores
 Contratos não sinalagmá cos – aqueles em que apenas se facultam uma
prestação
 Contratos monovinculantes – vinculam apenas uma parte
 Contratos bivinculantes – vinculam ambas as partes

 Ilícitos – contrária a ordem jurídica

 Factos jurídicos involuntários


o Produzem-se de forma involuntária, sem a vontade humana
o São naturais, conhecidos como Acts of God
o Exemplo: um incêndio que destrói a peça encomendada
o As chuvas que inundam as terras destruindo a plantação

5. GARANTIA
 É a possibilidade de emprego de sanções (coercibilidade) para fazer valer seu direito.
o Quando o devedor (sujeito passivo) não cumpre -> e dado que o direito se impõe coercivamente
sancionando os comportamentos ilícitos -> o credor ( tular do direito subje vo ou potesta vo) pode
recorrer ao tribunal (tutela pública) e aciona os mecanismos certos que imponham o cumprimento
(sentença judicial) -> operando por meio de execução específica (827) ou por execução por equivalente
(566)

6. EXEMPLO FINAL:

O contrato de compra e venda de um bem imóvel

1. Sujeitos da relação jurídica são


a. A – sujeito a vo – credor – inves do num direito
b. B – sujeito passivo – devedor – com um dever

2. Objeto imediato – complexo jurídico composto pelo direito do credor e pelo dever do devedor

3. Objeto imediato – objeto sobre o qual recai o direito do sujeito a vo – bem imóvel

4. Fato jurídico – consiste no contrato de compra e venda

5. A garan a traduz-se na susce bilidade de realização coerciva, através da via judicial, exercida pelo credor, caso este
não cumpre o dever.

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