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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

OBRIGAÇÕES: conceito

Direitos obrigacionais ou direitos de crédito. Obrigação (em abstrato) como um vínculo que
impõe/determina algo. DEFINIÇÕES: relações obrigacionais: 1º) relações jurídicas dotadas de um
vínculo com conteúdo patrimonial, que se estabelecem entre a pessoa de um credor e a pessoa de
devedor, de tal modo que esteja este imbuído de um dever de prestar e que esteja aquele na posição de
exigir a prestação. 2º) relações jurídicas transitórias de conteúdo patrimonial entre um devedor e um
credor cujo objeto é uma prestação a ser cumprida por aquele, o que gera, em caso de
inadimplemento, o direito do credor de exigir judicialmente o cumprimento, estando, assim, a
consecução de seu direito garantida pela coerção estatal patrimonial. ELEMENTOS: conteúdo
patrimonial; transitoriedade; duplo sujeito; objeto é uma prestação. PRESTAÇÃO: positiva (uma
ação) ou negativa (uma omissão); dar, fazer ou não fazer (dare, facere ou non facere). Os direitos
obrigacionais não seguem a fórmula numerus clausus dos direitos reais.

DIREITOS OBRIGACIONAIS: peculiaridades

Diferença dos direitos obrigacionais (jus ad rem) para os direitos reais (ius in re): Objeto: para os
obrigacionais, é uma prestação; para os reais, uma coisa. Sujeito: para os obrigacionais, tanto o sujeito
passivo quanto o ativo são determinados ou determináveis; para os reais, o sujeito passivo é
indeterminado (obrigação passiva universal, que, uma vez quebrada por alguém, torna este alguém o
devedor determinado). Duração: a duração dos direitos obrigacionais é transitória, ao passo que a
duração dos direitos reais é perpétua. Formação: numerus apertus para os obrigacionais e numerus
clausus para os reais. Exercício: mediato (demanda a figura intermediária do devedor) para os
obrigacionais e imediato (direto sobre a coisa) para os reais. Ação: contra o devedor para os
obrigacionais e contra quem quer que desobedeça a obrigação passiva universal para os reais.

FIGURAS HÍBRIDAS

FIGURAS INTERMEDIÁRIAS: São as que estão, por assim dizer, “no caminho” entre o campo dos
direitos obrigacionais e o campo dos direitos reais. TIPOS: obrigações propter rem, ônus reais e
obrigações com eficácia real. OBRIGAÇÕES PROPTER REM (ou ob rem): obrigações que recaem
sobre uma pessoa tão somente por ser ela titular de um determinado direito real. Assim: seja X titular
do direito real Y, fica X adstrito à obrigação Z justamente por sua titularidade de Y. Tratam-se de
obrigações ambulatórias (ambulat cum domino); surgem ex vi legis; direitos por causa da coisa (ius ad
rem); exemplos incluem os arts. 1335 e 1336; transmitem-se por via indireta, sendo dotadas de
acessoriedade com o direito real; sua origem e transmissibilidade são ambas automáticas,
acompanhando a coisa. Sua natureza é de um tertium genus, uma obrigação acessória mista. ÔNUS
REAIS: obrigações reais que limitam o uso e gozo da coisa por acompanharem-na. Por
acompanharem a coisa, dize-se que quem deve é a coisa, não a pessoa; a responsabilidade pelo ônus
real acompanha o bem onerado; perecido o objeto, finda-se o ônus (nas obrigações propter rem, os
efeitos podem continuar depois); a prestação é sempre positiva; a ação cabível é de natureza real (in re
scriptae); o titular da coisa responde mesmo por obrigações constituídas antes de seu direito.
OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL: obrigações que, não perdendo seu caráter prestacional,
podem ser oponíveis a terceiros que tenha adquirido determinada bem. Ex.: compromisso de compra e
venda.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DAS OBRIGAÇÕES

DIREITO ROMANO: direito privado: direitos da personalidade, direitos obrigacionais e direito reais.
De início: o poder do credor sobre o devedor (nexum) e o concurso creditório (tábua III). Abolição da
execução com a lex Poetelia Papiria de 428 a.C. e a responsabilização não mais sobre o corpo do
devedor, mas sobre seu patrimônio. O Corpus Iuris Civilis e a obrigação garantida pelo patrimônio.
MODERNAMENTE: O Código Napoleão e o artigo 2093. ATUALIDADE: predomínio do princípio
de ordem pública. NO BRASIL: o código de 1916 e o individualismo. O código de 2002 e a adoção
da sistemática alemã. A tendência do séc. XIX para unificar o direito privado. O código de 2002 e a
unificação das obrigações civis e mercantis.

NOÇÕES GERAIS DE OBRIGAÇÕES

OBRIGAÇÃO (obligatio): 1º) vínculos jurídicos transitórios dotados de conteúdo patrimonial que
conferem ao credor o poder de exigir do devedor uma determinada prestação; 2º) Vínculo jurídico
transitório dotado de conteúdo patrimonial que torna uma pessoa adstrita a determinada prestação para
com outra. PRESENÇA DE: crédito, débito e transitoriedade. ACEPÇÕES DO VOCÁBULO
“OBRIGAÇÃO”: como dever de respeitar direito alheio; como documento probatório de obrigação;
como crédito ou débito. Obrigação (imperativo de direito alheio) é diferente de ônus (imperativo de
próprio direito). ELEMENTOS: 1) elemento subjetivo, isto é, os sujeitos; 2) elemento objetivo, isto é,
a prestação consistente em um dar, em um fazer ou em um não fazer; 3) elemento abstrato ou
espiritual, isto é, o vínculo jurídico, o liame atribuidor de situações jurídicas. ELEMENTO
SUBJETIVO: um sujeito ativo (credor) e um sujeito passivo (o devedor), que têm de ser sujeitos de
direito, isto é, pessoas naturais ou pessoas jurídicas de qualquer natureza ou ainda sociedades de fato.
Se o sujeito ativo for individual, diz-se que a obrigação é simples; se for coletivo, diz-se que é
composta. ELEMENTO OBJETIVO: o objeto da relação, isto é, a prestação. Prestação é sempre
uma conduta humana, uma tomada de iniciativa, um determinado comportamento. Consiste sempre
em um dar (dare), em um fazer (facere) ou em um não fazer (non facere ou prestare). De dar: coisa
certa ou coisa incerta. De fazer: fungível ou infungível. De não fazer. Objeto imediato (a prestação) e
mediato (a coisa). O objeto deve ser: lícito, possível e determinado ou determinável. Licitude:
qualidade daquilo que não é contrário à lei, à ordem pública ou aos bons costumes. Possibilidade:
física ou jurídica; absoluta ou relativa; originária (torna a obrigação nula) ou superveniente (resolve a
obrigação). Determinabilidade: diz-se que o objeto é determinado se é conhecido seu gênero, sua
quantidade e sua qualidade; ao contrário, diz-se que o objeto é determinável se é conhecido apenas
seu gênero e quantidade. Do elemento objetivo: Nemo auditur propriam turpitudinem allegans.
ELEMENTO ABSTRATO OU ESPIRITUAL: o vínculo jurídico, o liame existente entre credor e
devedor que lhes confere seus papéis. O vínculo jurídico se decompõe em dois elementos: o débito
(vínculo espiritual, abstrato) – o comportamento sugerido pelas normas da relação – e a
responsabilidade (vínculo material) – do conferimento do credor insatisfeito de exigir judicialmente a
prestação. CPC, arts 789 e subs.

FONTES DAS OBRIGAÇÕES:

SÃO FONTES OBRIGACIONAIS: os negócios jurídicos bilaterais ou plurilaterais (contratos), os


negócios jurídicos unilaterais, a prática de ato ilícito (que gera o dever de indenizar, conforme artigo
932 do Código Civil), a lei e a boa-fé objetiva (conforme artigo 422). CONTRATO: convenção entre
partes, acordo de vontades. A LEI: sempre é, de certa forma, fonte das obrigações, mas, por vezes, o é
diretamente, como na obrigação alimentar do art. 1696 do CC. DA BOA FÉ-OBJETIVA: art. 422 do
CC e a obrigação dos contratantes de se observar a boa-fé. Boa-fé, fatores metajurídicos e princípios
jurídicos gerais.

OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE

Do cumprimento normal e do inadimplemento (e da movimentação da máquina judiciária).


RESPONSABILIDADE: aparece como consequência jurídica patrimonial do descumprimento do
dever da relação jurídica patrimonial. DÉBITO (SCHULD): o dever de realizar prestação
determinada consistente em ação ou omissão do sujeito passivo; como um dever ínsito na consciência
do sujeito, a ser observado espontâneamente. RESPONSABILIDADE (HAFTUNG): quando se
faculta ao credor atacar ou não o patrimônio alheio (do devedor); princípio da responsabilidade;
obrigações sem responsabilidade (obrigação natural) e responsabilidades sem obrigação (fiador).

TIPOS DE OBRIGAÇÃO

Obrigações de dar coisa certa e obrigações de dar coisa incerta; obrigações de fazer fungíveis e
obrigações de fazer infungíveis; obrigações de não fazer; obrigações simples e complexas; obrigações
divisíveis e indivisíveis; obrigações compostas quanto ao objeto: conjuntivas, alternativas e
facultativas; obrigações compostas quanto aos sujeitos: obrigações solidárias passivas e obrigações
solidárias ativas.
TÍTULO I: DAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO

OBRIGAÇÕES DE DAR

OBLIGATIONES DANDI: entregar ou restituir. Implicam no dever de fazer a tradição (de coisa
móvel ou imóvel). ENTREGAR: transmitir direito real; RESTITUIR: devolver coisa em posse, em
uso ou à guarda.

DE DAR COISA CERTA

COISA CERTA: é coisa individualizada, ou seja, da qual se conhece gênero, quantidade e qualidade.
A obrigação de dar oferece ao credor um direito obrigacional, isto é, um direito de receber (que é
diferente do direito real). Arts 498, 499 e 538 do CC. IMPOSSIBILIDADE DE DAR COISA
DIVERSA: aliud pro alio invito creditore solvi non potest: não se obriga o credor a receber coisa
diversa, ainda que mais valiosa (conf. art. 313 do CC) e, de igual modo, o credor também não pode
exigir coisa diversa, ainda que menos valiosa; obs.: regra inaplicável em caso de obrigação
facultativa. A DAÇÃO em pagamento. TRADIÇÃO: transferência dominial: o domínio se transfere
apenas pela tradição ou pelo registro do título (em caso de coisa imovel); a obrigação de dar gera
apenas um crédito; a tradição, para não ser nula, depende da vontade do obrigado. Tipos: real,
simbólica e ficta (exs, respectivamente: entrega de um playstation, entrega das chaves de uma moto,
constituto possessório). DIREITO AOS MELHORAMENTOS E ACRESCIDOS: O contrato, por si
só, não transfere, no nosso ordenamento jurídico, a propriedade. Disso se segue que: Na obrigação de
dar: os melhoramentos geram para o devedor o direito de aumentar o preço e exigir o acréscimo ao
credor; em caso de negativa por parte deste, resolve-se a obrigação e volta-se ao status quo ante (CC,
art. 237). Frutos percebidos ou colhidos: do devedor. Frutos pendentes: do credor. Melhoramento,
acrescidos e frutos. Na obrigação de restituir (arts. 241 e 242): 1º) Se os melhoramentos e acrescidos
à coisa surgem sem emprego de trabalho do devedor: pertencerão ao devedor, que ficará desobrigado
à indenização; 2º) Se os melhoramentos e acrescidos à coisa surgem com emprego de trabalho por
parte do devedor: regula-se a questão de acordo com o artigo 1219 do CC (sobre o possuidor de
boa-fé e o de má-fé). ABRANGÊNCIA DOS ACESSÓRIOS: acessorium sequitur principale: a
obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios a ela, salvo se o contrário resultar dos títulos e
circunstâncias. Exceção às pertenças (art. 95 do CC). Produtos (não renováveis) e frutos (renováveis).
Frutos: pendentes, colhidos ou percebidos, estantes, percipiendos e consumidos. DO PERECIMENTO
(art. 234): Res perit domino: a coisa perece para o dono. Perecimento com culpa do devedor:
perecendo antes da tradição ou pendente condição suspensiva, responderá o devedor pelo equivalente
mais perdas e danos; Perecimento sem culpa do devedor: perecendo antes da tradição ou pendente
condição suspensa, ficará resolvida a obrigação para ambos os polos da relação jurídica (volta-se ao
status quo ante). DA DETERIORAÇÃO (arts. 235 e 236): Deterioração com culpa do devedor: 1)
pode o credor: exigir o equivalente mais perdas e danos ou 2) optar por receber a coisa do jeito que se
encontra, sem prejuízo do reclame de perdas e danos; Deterioração sem culpa do devedor: 1) poderá
o credor resolver a obrigação e voltar ao status quo ante ou 2) poderá receber a coisa como se ache,
com abatimento do preço. OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR: obrigação de devolver coisa alheia posta
em seu domínio; não transfere domínio como as de dar; simplesmente restabelece a posse, por assim
dizer. Perecimento: a) se com culpa do devedor: ficará ele obrigado ao equivalente mais perdas e
danos; b) se sem culpa do devedor: res perit domino. Deterioração: a) com culpa do devedor:
receberá o credor a coisa do jeito em que se ache, com direito ao equivalente mais perdas e danos; b)
sem culpa do devedor: receberá a coisa do jeito que se encontra, sem direito à indenização.
OBRIGAÇÕES PECUNIÁRIAS: obrigação de entregar dívida em dinheiro. ART. 315: pagamento em
moeda corrente, no vencimento e pelo valor nominal. O CC de 2022 e a adoção do nominalismo.
Cláusula móvel: valor da prestação de acordo com os índices de custo de vida; escala móvel como
critério de atualização monetária; art. 317 e a teoria da imprevisão; dívida em dinheiro e dívida de
valor; moeda de curso forçado; dívidas remuneratórias e prestação de juros; juros como remuneração
pelo uso de capital alheio.

DE DAR COISA INCERTA

ART. 243: COISA INCERTA: aquela da qual se conhece apenas o gênero e quantidade. Sem se
conhecer ao menos o gênero ou a quantidade, será a obrigação inexistente (não dotada de objeto).
Prestação determinável frente a uma pluralidade de objetos. CONCENTRAÇÃO: ato de escolha pelo
qual se define o objeto prestacional; fica à cargo do devedor se outra coisa não se estipulou – mas este
não será obrigado a entregar o melhor e será proibido de entregar o pior, o que torna o melhor algo
facultado e o pior algo proibido; se a coisa tiver apenas de 2 qualidades, poderá escolher qualquer uma
delas. Genus nunquam perit: o gênero nunca perece, do que se segue que, antes da concentração, não
poderá o devedor alegar perecimento da coisa para resolver a obrigação. Coisa incerta é diferente de
fungível. DETERMINAÇÃO: escolha (ato de determinação da qualidade) em junção à cientificação
do credor: concentração. ART. 245: torna-se a obrigação em obrigação de dar coisa certa. ART. 342:
se escolha do credor, será citado para tal; se não escolher, perderá o direito.

OBRIGAÇÕES DE FAZER

OBRIGAÇÕES DE FAZER: obligatio faciendi: serviços humanos em geral e/ou quaisquer atos
humanos de interesse ao credor. Fazer e não fazer: prestações de fato. Dar: prestações de coisas.
Prestações de fato: a) serviço físico ou intelectual; b) trabalho determinado pelo resultado; c) fato
qualquer vantajoso ao credor. DO CARÁTER DETERMINANTE DA OBRIGAÇÃO: nas de dar, a
coisa não precisa ser feita pelo devedor em decorrência da obrigação; nas de fazer, diz-se que sim. As
de dar: comportam execução in natura; as de fazer, não. ESPÉCIES: fungíveis (impessoais, isto é,
alguém diverso do devedor é apto a cumprir a prestação) e infungíveis (pessoais, isto é, o devedor
deve de cumprir pessoalmente a obrigação). Obrigação de fazer; pacto de contrahendo; emitir
declaração da vontade: faticamente fungível, mas juridicamente fungível (sentença como produtora
de iguais efeitos da declaração de vontade que deveria ter sido emitida). INADIMPLEMENTO: pacto
sun servanda: a força obrigatória dos contratos. Formas de inadimplemento: a prestação se torna
impossível com culpa do devedor; a prestação se torna impossível sem culpa do devedor; a prestação
é possível, mas o devedor recusa-se a cumprí-la e o faz por sua culpa; a prestação é possível, mas o
devedor recusa-se a cumprí-las e o faz sem ser por sua culpa. Consequências: NÃO HAVENDO
CULPA: ficará o devedor desobrigado a perdas e danos; HAVENDO CULPA: poderá o credor optar
pela conversão em perdas e danos: se fungível, pode requerer execução por terceiro às custas do
devedor, mas, se infungível, não poderá compelir o devedor (há meios como multa diária etc) e este
ficará obrigado a perdas e danos (art; 257 do CPC). Se não houver culpa, resolve-se a obrigação; se há
culpa, responsabiliza-se pelos prejuízos. Impossibilidade deve ser absoluta (que atinja a todos,
indistintamente); deve ser também permanente e irremovível, caso contrário se configurará como
mera dificuldade. OBRIGAÇÕES FUNGÍVEIS: art. 249: pode o credor mandar que terceiro o faça,
havendo mora ou recusa do devedor. Em caso de urgência, poderá o credor executar ou mandar
executar independentemente de autorização judicial, sendo depois ressarcido. Vide procedimento dos
artigos 817-820 do CPC. OBRIGAÇÕES DE EMITIR DECLARAÇÃO DA VONTADE: art. 501: a
sentença que julgar procedente o pedido produzirá os mesmos efeitos que a declaração de vontade.
Art. 469 do CC: o juiz, a pedido de interessado, poderá, com a sentença, suprimir a vontade da parte
inadimplente. Arts. 463 e 464.

OBRIGAÇÕES DE NÃO FAZER

NÃO FAZER: dever de abstenção; de não prática de ato que poderia livremente fazer se não se tivesse
obrigado; omissão, postura negativa. Non facere: pode abrigar também uma tolerância para com atos
de outrem. Não são lícitas convenções que impliquem em um sacrifício excessivo da liberdade do
devedor. ART. 251 do CC: pode o credor exigir que o devedor desfaça o ato, sob pena de se desfazer
às suas custas (e com perdas e danos). Da impossibilidade de desfazimento: resta ao credor apenas
perdas e danos. ART. 250 do CC: o não fazer tornado impossível implica na resolução da obrigação.
PROCESSUALMENTE: arts 822 e 823: do requerimento ao juiz do desfazimento do ato às custas do
devedor.

OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

OBRIGAÇÕES COMPOSTAS: cumulativas, alternativas e facultativas. CUMULATIVA: pluralidade


de prestações que devem todas ser solvidas para que a obrigação seja resolvida. ALTERNATIVA: têm
por conteúdo duas ou mais prestações, das quais uma será escolhida para que se cumpra a obrigação; é
a que compreende dois ou mais objetos imediatos e que extingue-se com a prestação de um; assim, a
escolha individualiza a prestação. Karl Larenz: são devidas várias prestações, mas, por convenção das
partes, somente uma há de ser cumprida. Escolha: entre duas coisas; entre uma coisa e um fato; entre
dois fatos. Mais de um objeto, do qual se escolherá um. ASSIM: alternativas são diferentes das de dar
coisa incerta, das condicionais (que é incerta quanto ao vínculo obrigacional) e das com cláusula
penal. DIREITO DE ESCOLHA: na falta de estipulação ou presunção em contrário, compete ao
devedor (art. 253 do CC); devedor como o mais fraco da relação obrigacional (favor debitoris); art.
252: não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra;
parágrafo 2º: se de prestação periódica, a faculdade de opção poderá ser exercida a cada momento;
parágrafo 4º: definir, por convenção, a opção a terceiro; em caso de omissão deste, da opção pelo juiz;
parágrafo 3º: pluralidade de optantes e inexistência de acordo unânime: escolha pelo juiz.
CONCENTRAÇÃO: da escolha e da cientificação: determina-se a prestação; basta que se faça a
declaração unilateral da vontade, sem necessidade de aceitação. IMPOSSIBILIDADE DA
PRESTAÇÃO: uma das prestações tornada inexequível, faz com que o débito subsista quanto à outra.
A obrigação concentra-se automaticamente, assim, se a impossibilidade é material. Se a
impossibilidade é jurídica por ser um dos objetos ilícitos, fica a obrigação contaminada de nulidade e
ambas as prestações se tornam inexigíveis; impossibilidade originária gera negócio jurídico nulo;
impossibilidade superveniente leva à resolução do negócio jurídico, se o for sem culpa do devedor e
sendo dele a opção. OPÇÃO DO DEVEDOR E IMPOSSIBILIDADE POR CULPA DO DEVEDOR:
ficará obrigado a pagar o equivalente da última opção perdida mais perdas e danos. OPÇÃO DO
CREDOR E IMPOSSIBILIDADE POR CULPA DO DEVEDOR: poderá o credor escolher o
equivalente a qualquer uma das duas prestações mais perdas e danos; se impossibilidade apenas de
uma, poderá exigir essa sem prejuízo do reclame de perdas e danos.

OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS

FACULTATIVA: é aquela opção que têm por conteúdo uma única prestação devida, mas que
resolve-se também se o devedor exercer a faculdade de prestar uma outra diversa e predeterminada.
Há apenas uma obrigação exigível; o credor não poderá exigir jamais a opção da facultada ao devedor.
Ex.: faculdade do devedor de completar o preço justo ao invés de devolver a coisa (art. 157 do CC).
Pelo lado do credor, é uma obrigação simples. Pelo do devedor, é uma obrigação alternativa sui
generis. A substituição da prestação se funda em um direito potestativo do devedor. Perecido o único
objeto in obligatione, resolve-se a obrigação. Se impossibilidade da facultativa, permanece a
obrigação intacta.

OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS

DIVISIBILIDADE (art. 257): quando da existência de objeto prestacional que seja passível de
fracionamento sem prejuízo à sua natureza, economicidade ou função frente ao negócio jurídico.
INDIVISIBILIDADE: quando da existência de objeto prestacional que não seja passível de
fracionamento que não incorre em prejuízo à sua natureza, economicidade ou função. Seja a obrigação
dotada de um único devedor, mesmo que faticamente divisível, será juridicamente indivisível, dado
que o devedor é obrigado ao todo; observar-se a possibilidade de fracionar o objeto e a multiplicidade
de sujeitos; o art. 314 e a vedação do fracionamento se assim não se ajustou. PRINCÍPIO: concursu
partes fiunt: as partes se satisfazem pelo concurso; rateio; art. 258: a obrigação dividida em tantas
obrigações, iguais ou distintas, quanto os credores ou devedores. CARACTERÍSTICAS: obligatio
inter plures ipso jures divisa est: cada credor só pode obter sua parte. Cada devedor só tem de pagar
sua conta no débito. Pagar a um credor não desobriga o devedor com os demais. Insolvência de um
não aumenta a cota dos demais. O credor que recusar sua parte, pretendendo solução integral, incorre
em mora. O caráter da prestação como determinante para definir pela divisibilidade ou não.
EFEITOS: cada credor só pode exigir sua parte; cada devedor só é obrigado a pagar sua parte. SE
OBJETO INDIVISÍVEL: com pluralidade de devedores: cada devedor ficará obrigado à dívida toda; o
credor pode exigir de qualquer um; o devedor que pagar/prestar subroga-se no direito de credor em
relação aos outros codevedores (direito de regresso); com pluralidade de credores: cada credor pode
exigir a dívida toda; aquele que receber fica obrigado a prestar aos cocredores a quota-parte deles em
dinheiro. OS DEVEDORES SE DESOBRIGAM: pagando a todos os credores ou pagando a um, deste
que este lhes dê caução de ratificação A caução de ratificação torna possível a oponibilidade aos
outros cocredores do pagamento já feito. DA REMISSÃO DE DÍVIDA: o credor pode remitir
dívidas; o devedor só fica desobrigado quanto ao credor que remitir sua quota-parte, continuando
obrigado quanto aos demais; os credores só poderão exigir a dívida descontando a quota-parte
remitida (se objeto indivisível, poderão cobrá-la integralmente e, ato contínuo, pagar ao devedor o
equivalente ao remitido). LEMBRAR: transação, novação, compensação e confusão. MEIOS DE
EXTINÇÃO DE OBRIGAÇÕES: TRANSAÇÃO: negócio jurídico bilateral pelo qual as partes
terminam uma relação jurídica controvertida por meio de concessões mútuas entre si. NOVAÇÃO:
criação de obrigação nova para extinguir anterior; substituição de débito por outro.
COMPENSAÇÃO: meio de extinção de obrigações que se dá quando duas pessoas são
simultaneamente credora e devedora uma da outra. CONFUSÃO: quando as qualidades de credor e de
devedor se confundem em uma mesma pessoa. PERDA DE INDIVISIBILIDADE: cessada, pode-se
fazer a prestação em partes (“pode-se” no sentido material). Art. 263: perde o caráter de indivisível a
obrigação convertida em perdas e danos. Havendo culpa dos devedores: responderão por partes iguais.
Havendo culpa apenas de um: responderá o culpado pelo equivalente e pelas perdas e danos e
responderão os outros pelo equivalente. Havendo culpa dos devedores: caminhos possíveis: teoria da
solidariedade e teoria do “pro rata”: o código civil de 2022 adotou o segundo. Ficam os devedores não
culpados exonerados das perdas e danos, não de suas quota-parte.

OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS

SOLIDARIEDADE: quando da concorrência de mais de um credor com direito à dívida toda ou de


mais um de devedor com obrigado à dívida toda. ELEMENTOS: multiplicidade de credores ou de
devedores; cada devedor como se fosse o único devedor ou cada credor como se fosse o único credor.
TIPOS: solidariedade passiva, solidariedade ativa e solidariedade mista. Da “demandação” contra
apenas um ou contra o todo. Do recebimento do todo por apenas um. Pluralidade de sujeitos;
multiplicidade de vínculos; unidade de prestação; corresponsabilidade dos interessados; a assunção de
diferentes débitos (pelos diferentes devedores) de uma única fonte obrigacional. A NATUREZA DA
SOLIDARIEDADE: 1) doutrina clássica da solidariedade como representação recíproca entre
interessados; 2) doutrina atual da solidariedade como atributo da obrigação. Solidariedade (dever o
todo) é diferente de indivisibilidade (prestar o todo por ser impossível não fazê-lo). Mesmo na
conversão em perdas e danos, a obrigação solidária não se tornará “pro rata”. Inexistência de
solidariedade presumida e possibilidade de ser de modalidade diferente para os diferentes credores ou
devedores (pura e simples para um; condicional, a prazo, pagável em local diferente para outro). O
codevedor condicional só pode ser demandado depois da ocorrência do evento futuro e incerto. A
obrigação solidária pode ser válida para e não para o outro. Os prazos prescricionais podem variar
para os diferentes coobrigados. Condição frustrada afasta totalmente o devedor condicional da
obrigação solidária.

DA SOLIDARIEDADE ATIVA

SOLIDARIEDADE ATIVA: a que ocorre entre credores de uma só obrigação e o devedor comum:
singulus solidum deber tur. Cumprida a prestação, nada mais poderão reclamar do primitivo devedor.
Cada credor solidário tem o direito de exigir a prestação por inteiro; enquanto nenhum credor o fizer,
poderá pagar o devedor a qualquer um. A interrupção e o art. 214. O PAGAMENTO FEITO A UM:
extingue a dívida até aquele montante correspondente. FALECIMENTO DE UM DOS CREDORES
SOLIDÁRIOS: cada herdeiro só pode exigir seu quinhão hereditário, salvo se obrigação indivisível.
Poderá, assim, ser demandada a prestação por inteiro se houver um único herdeiro ou houver ação
conjunta de herdeiros ou houver objeto prestacional indivisível. DA CONVERSÃO EM PERDAS E
DANOS: a solidariedade persistirá. OUTRAS REGRAS: 1) exceções pessoais oponíveis a um dos
cocredores não são oponíveis aos demais; 2) o credor que tiver remitido a dívida ou a recebido por
inteiro responderá aos outros pela parte que lhes caiba; 3) O julgamento contrário a um dos credores
solidários não atinge os demais; o favorável, sim. EXTINÇÃO: art. 269: quando do pagamento a um
dos devedores. Pagou uma quantia superior à quota-parte do accipiens? Cada um dos credores pode
reclamar o inteiro menos essa parte. DAÇÃO EM PAGAMENTO: coisa que não dinheiro em
substituição à prestação. DIREITO DE REGRESSO: relações internas entre os credores: princípio da
comunidade de interesses: direito de regresso contra o resgatante do crédito solidário (responsável aos
outros pelo que lhes caiba). Se outra coisa não constar do título da obrigação, fazer-se-á a partilha
igualitária.

DA SOLIDARIEDADE PASSIVA

SOLIDARIEDADE PASSIVA: consiste na concorrência de mais de um devedor, cada um obrigado à


dívida toda. O credor pode exigir a dívida toda de qualquer um dos codevedores solidários. Cada um
responde in totum et totaliter pelo cumprimento da prestação. IMPLICAÇÕES: a) o credor pode
dirigir sua vontade contra qualquer um dos devedores; b) o devedor escolhido não pode invocar o
beneficium divisionis; c) paga, por um, a prestação, os demais ficam liberados da dívida para com o
credor; d) o accipiens subroga-se na posição de credor em relação aos demais; e) o credor pode agir
contra um ou vários ao mesmo tempo; f) o pagamento parcial só aproveita aos demais até a quantia
paga. EXEMPLOS DE SOLIDARIEDADE PASSIVA LEGAL: arts. 932 e 154. REGIME LEGAL:
art. 275: o credor tem o direito de exigir, parcial ou totalmente, a dívida comum. Se receber o total,
fica a relação jurídica extinta; se receber parte, os demais continuam obrigados ao resto (ver: art. 130
do CPC). Art. 276: falecido um dos codevedores, seus herdeiros só responderão por seu quinhão
hereditário, salvo se obrigação indivisível; todos os herdeiros, juntos, formam um devedor solidário
em relação aos demais devedores (lembrar do artigo 1792 e do fato de que ninguém responde por
encargo maior do que a força da herança). Art. 277: o pagamento parcial ou a remissão só aproveita
aos demais até a quantia paga ou relevada. Art. 278: vedada cláusula/condição entre um dos
devedores solidários e o credor que agrave a situação dos demais sem seu consentimento. Art. 279: se
houver impedimento da prestação por culpa de um, o culpado e os demais continuam obrigados
quanto ao equivalente, mas só o culpado pelas perdas e danos. Art. 280: Todos respondem pelos juros
da mora, mas o culpado responde aos demais pela obrigação acrescida. Art. 281: o devedor
demandado pode opor exceções pessoais e comuns, mas não de terceiros. Art. 282: o credor pode
exonerar um ou alguns da solidariedade. Art. 283: o que solver a dívida por inteiro tem direito de
regresso contra os demais; se houver insolvente, divide-se a quota-parte deste entre os codevedores
não insolventes. Art. 284: em caso de rateio entre os codevedores, contribuirão também os exonerados
da solidariedade pela parte que cabia ao insolvente. Art. 285: se a dívida solidária interessar tão
somente a um dos codevedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar (exemplo dos
coavalistas ou fiadores).

OBRIGAÇÕES CIVIS E NATURAIS

OBRIGAÇÕES CIVIS: ou obrigações perfeitas: são aquelas cuja exigibilidade é respaldada pelo
direito positivo, isto é, que dão ao titular do crédito a garantia da movimentação da máquina judiciária
para que a obrigação seja cumprida. OBRIGAÇÕES NATURAIS: ou obrigações imperfeitas: são
aquelas obrigações que, a despeito de juridicamente existentes, são inexigíveis, isto é, não dotadas da
garantia de cumprimento proporcionada pela coerção estatal patrimonial. RESPONSABILIDADE: o
patrimônio do devedor responde por suas obrigações. NAS OBRIGAÇÕES NATURAIS: o credor não
tem a prerrogativa de exigir o cumprimento e o devedor não tem a obrigação forçada de cumprí-la.
Entretanto, se o pagamento for realizado voluntariamente, o credor pode exercitar a faculdade da
soluti retentio (a retenção da coisa). SOLUTI RETENTIO: retenção da coisa; nas obrigações naturais
cumpridas voluntariamente, poderá o credor reter a coisa a título de cumprimento de obrigação
devida. NATUREZA DAS OBRIGAÇÕES NATURAIS: 1º) segundo Washington Barros Monteiro,
trata-se de uma relação de fato sui generis que, em certas condições, é atraída para a órbita do
jurídico. 2º) Alberto Trabucchi: obrigação que, conquanto não dotada de garantias para o
constrangimento do devedor, possui uma tutela jurídica parcial. 3º) Define-se pelo fato de seu
inadimplemento não ensejar a pretensão de uma execução ou de um ressarcimento e pela
circunstância de que seu cumprimento espontâneo é válido. São claramente diferentes das obrigações
nulas. 4º) Teorias: clássica, do dever moral, da relação de fato, mista, da dívida sem responsabilidade.
A mais aceita é clássica, segundo a qual se trata de uma obrigação imperfeita, isto é, desprovida de
ação judicial. 5º) A doutrina da obrigação imperfeita e a plena equiparação entre a obrigação civil e a
obrigação natural após o momento do cumprimento. A OBRIGAÇÃO NATURAL NO DIREITO
BRASILEIRO: Art. 882: não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita ou dívida
judicialmente inexigível. Assim, o solvens não pode alegar erro acerca da coercibilidade do vínculo.
Erro: pressuposto para condicitio indebiti, aqui afastada. Art 564: não se revogam por ingratidão as
doações que se fizerem em cumprimento de obrigação natural. OBRIGAÇÕES NATURAIS TÍPICAS
NO DIPLOMA CIVIL: 1º) dívidas prescritas (art. 882): decorrentes de obrigações civis degeneradas,
isto é, das quais se afastou a pretensão do credor; 2º) Dívidas de jogo (814): “As dívidas de jogo ou de
aposta não obrigam a pagamento; mas não se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se
pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito”. Essa disposição se estende
a contratos que envolvam ou encubram reconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo;
contanto, essa nulidade não pode ser oposta a terceiro de boa-fé. Igualmente não se pode exigir
reembolso do que se emprestou para jogo, ou aposta, no ato de apostar ou jogar (CC, art. 815). O
apostador que se tenha tornado credor por cheque ou outro título de crédito, emitido para pagamento
de dívida proveniente de jogo ou aposta, é, assim, carecedor de garantia do cumprimento da
obrigação, não o sendo, porém, o terceiro de boa-fé, a quem o título ao portador foi transmitido.
Exceções aos jogos expressamente permitidos/regulamentados pela lei, como o turfe, que geram
obrigações civis. 3º) A existência de obrigações naturais não expressamente reguladas pela lei em
face do art. 4º da LINDB? Por exemplo, a do pagamento feito por devedor incapaz, depois de se
tornar capaz, a fiador que por ele satisfez dívida. EFEITOS DA OBRIGAÇÃO NATURAL: o art. 814
expressamente veda reconhecimento, novação etc que envolva dívida natural decorrente de jogo, não
estendendo tal para as demais obrigações naturais. Efeitos secundários da obrigação natural quando
a lei não os os vede? Do cumprimento da obrigação natural mediante dação em pagamento; se a
coisa dada for coisa de terceiro, devolver-se-á este e a obrigação voltará a ser natural. A
DIVERGÊNCIA QUANTO A NOVAÇÃO DE OBRIGAÇÃO NATURAL: parte da doutrina entende
que tal não é possível em decorrência da inexigibilidade; outra entende que, pela possibilidade de seu
cumprimento, a novação é possível, estando a escolha por fazê-la cingida ao campo da autonomia
privada. A COMPENSAÇÃO ENVOLVENDO OBRIGAÇÕES NATURAIS: amplamente não aceita
pela doutrina —- em caso de compensação legal —-, dado o fato da compensação demandar dívida
“líquida, vencida e de coisa fungível”, isto é, exigível. Nada obstaria, no entanto, a compensação
convencional envolvendo obrigação natural, uma vez que o próprio devedor faria o desconto. A
OBRIGAÇÃO NATURAL E A FIANÇA: a obrigação natural não comporta fiança; a fiança tem
natureza acessória e não pode existir sem uma obrigação civil válida.

OBRIGAÇÕES DE MEIO, DE RESULTADO E DE GARANTIA (QUANTO AO FIM)

OBRIGAÇÕES DE MEIO: obrigações nas quais o devedor se compromete em usar todos os meios,
conhecimentos e técnicas para a obtenção de determinado resultado, sem, no entanto, se
responsabilizar por eles. Exemplos incluem: médicos, advogados, jogadores de futebol. A
responsabilidade, nesse caso, só advém quando da não diligência do uso dos meios. A
responsabilidade civil só advém quando se mostrar cumpridamente provada/demonstrada uma das
modalidades de culpa: imperícia, imprudência ou negligência. OBRIGAÇÕES DE FIM: obrigações
nas quais o devedor se desonera somente mediante o alcance do fim prometido Não o alcançado, é
inadimplente e responde pelos prejuízos daí decorrentes. Nesse tipo de obrigação, quando do não
alcance do fim, o devedor deverá provar a ocorrência de algum fato inevitável, equiparado à força
maior, em decorrência do qual se rompeu o nexo de causalidade. Não basta ausência de culpa: tem
que demonstrar que o evento danoso é equiparável à força maior — ou ainda culpa exclusiva da
vítima ou fato exclusivo de terceiro. OBRIGAÇÃO DE GARANTIA: obrigação de garantia é a que
visa eliminar um risco que recai sobre o credor, tornando-o menos premente. Embora o risco não se
verifique, a simples assunção por parte do devedor representará o adimplemento da obrigação. É uma
espécie de obrigação de fim. Aqui, o devedor não se desonera mesmo em caso de força maior — dado
que o intuito da obrigação é exatamente eliminar riscos para o credor. Exemplos incluem o fiador e o
segurador.

OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA, DIFERIDA E CONTINUADA


(QUANTO AO MOMENTO EM QUE DEVEM SER CUMPRIDAS)

OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO INSTANTÂNEA: quae unico actu perficiuntur: são as obrigações


que se consumam em um só ato, sendo cumpridas imediatamente após sua constituição.
OBRIGAÇÕES DE EXECUÇÃO DIFERIDA: são as obrigações que se consumam em um só, mas
que devem ser cumpridas em momento futuro posterior a sua constituição. OBRIGAÇÕES DE
EXECUÇÃO CONTINUADA, PERIÓDICA OU DE TRATO SUCESSIVO: são as obrigações que se
cumprem por meio de atos reiterados, isto é, que se prolongam no tempo, seja por serem (1) sem
solução de continuidade ou por se darem (2) mediante prestações periódicas (trato sucessivo).
IMPLICAÇÕES: a) O art. 478, a Teoria da Imprevisão e a cláusula rebus sic stantibus nos contratos
de execução continuada; b) Na obrigação de execução continuada as prestações autônomas e
consecutivas já cumpridas não serão atingidas pelo descumprimento das demais prestações, cujo
vencimento se lhe seguir; c) No caso de existência de condição resolutiva, a resolução não afeta os
atos já praticados.

OBRIGAÇÕES SIMPLES E PURAS, CONDICIONAIS, A TERMO E MODAIS

ELEMENTOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS: essentialia negotii (elementos essenciais), naturalia


negotii (elementos que decorrem da própria natureza do negócio, sem necessidade de expressa
menção) e accidentalia negotii (estipulações acessórias que podem ser facultativamente adicionadas
ao negócio, cláusulas que, uma vez apostas, modelam os efeitos do negócio jurídico). OBRIGAÇÕES
SIMPLES: aqueles que não estão sujeitas a condição, termo ou encargo; produzem efeitos imediatos,
logo que contraídas. OBRIGAÇÕES CONDICIONAIS: aquelas cujos efeitos estão subordinados a
efeito futuro e incerto; voluntariedade, futuridade e incerteza. OBRIGAÇÕES A TERMO: aquelas
cujos efeitos estão subordinados a evento futuro e certo; voluntariedade, futuridade, certeza.
OBRIGAÇÕES MODAIS OU COM ENCARGO: Obrigação modal (com encargo ou onerosa) é a
que se encontra onerada por cláusula acessória, que impõe um ônus ao beneficiário da relação
jurídica.
OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS E ILÍQUIDAS, PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS

OBRIGAÇÕES LÍQUIDAS: são as obrigações certas quanto à existência e determinadas quanto ao


quantum debeatur. É expressa por cifra/algarismo quando se trata de dívida em dinheiro.
OBRIGAÇÕES ILÍQUIDAS: são as obrigações cujo objeto depende de prévia apuração, pois o valor
ou montante apresenta-se incerto. Deve ela converter-se em obrigação líquida, para que possa ser
cumprida pelo devedor. IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO: art. 397 do Código Civil que “o
inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o
devedor”. OBRIGAÇÕES RECIPROCAMENTE CONSIDERADAS: OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS:
são aquelas que subsistem por si, sem depender de qualquer outra. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS:
aquelas que existem em função de outra obrigação, isto é, que decorrem de outra obrigação. Exemplos
incluem: a fiança, os juros da mora, a cláusula penal, as concernentes aos direitos reais de garantia.
IMPORTÂNCIA DA DISTINÇÃO: 1º) a invalidade das obrigações principais implica na invalidade
das obrigações acessórias, mas a recíproca não é verdadeira (art. 184). 2º) Prescrita a principal, ficam
igualmente prescritas as acessórias; pode no entanto ocorrer prescrição das acessórias sem ocorrer o
mesmo nas principais.
TÍTULO II: DAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÃO

CESSÃO DE CRÉDITO

CESSÃO DE CRÉDITO: definição: 1º) cesão é a transferência negocial, a título gratuito ou oneroso,
de um direito, um dever ou complexo de direitos ou deveres efetuada entre um cedente, o transmissor,
e um cessionário, o novo titular; 2º) cesão de crédito: negócio jurídico bilateral pelo qual o credor
transfere a outrem seus direitos na relação jurídica bilateral; trata-se de contrato simplesmente
consensual. DA CESSÃO: obrigação como valor abarcado pelo patrimônio do devedor; comércio
jurídico; substituição em um dos polos obrigacionais. PERSONAGENS DA CESSÃO: a) o cedente: o
credor primitivo que transfere o direito; b) o cessionário: o credor superveniente que se configura
como o novo titular do crédito; c) o cedido: o devedor da relação, cuja anuência não importa para a
realização da cessão, mas que deve ser informado acerca do novo devedor para que pague
corretamente. DIFERENÇAS PARA COM OUTROS INSTITUTOS: 1º) Assemelha-se com a dação
em pagamento quando é feita com intuito de sanar dívida (A é devedor de B; C é devedor de A; A
transfere o crédito que tem com relação a C para B, que aceita recebê-lo para quitar a dívida que A
tem); 2º) Se feita a título oneroso, assemelha-se a venda; esta, contudo, tem por objeto a alienação de
um bem córporeo, enquanto a cessão tem por objeto um bem incórporeo, isto é, o crédito; 3º)
Distingue-se da novação subjetiva ativa porque esta, além da substituição do credor, opera também a
extinção da obrigação primitiva e sua subsequente substituição por uma nova obrigação. 4º) Difere-se
da sub-rogação legal, porque nesta o subrogado só poderá exercer os direitos e ações do credor nos
limites de seu desembolso; a sub-rogação convencional, no entanto, é tratada como cessão de crédito
(art. 350). Além do mais, o cedente assume, em regra, a responsabilidade pela existência e titularidade
do crédito (vide art. 296: dá-se a responsabilidade pela existência e pela titularidade do crédito, bem
como por não estar sujeito a excessão nem a impugnação ou compensação) e só será considerado
como o devido credor a partir do momento que tomar as medidas de publicidade; 5º) Difere-se
também da cessão de contrato, que opera uma transferência integral da posição na relação
obrigacional, isto é, dos direitos e dos deveres. CARACTERÍSTICAS DA CESSÃO DE CRÉDITO:
A) Todos os créditos podem ser objeto de cessão, salvo se “a isso se opuser a lei, a natureza da
obrigação ou a convenção com o credor”; B) Não podem ser objeto de cessão, por sua própria
natureza, relações jurídicas de caráter personalíssimo ou de direito de família; C) A cessão pode ser
total (o cessionário torna-se titular da integralidade do crédito) ou parcial (o cessionário torna-se
titular de uma fração do crédito e o cedente ainda retém parte do crédito); em sendo feita cessão a
mais de um cessionário, o crédito dividir-se-á em tantas partes quanto forem os novos titulares; D) a
cessão de crédito abrange os acessórios do crédito, como os juros e os direitos de garantia (se houver
hipoteca, o cessionário será o novo hipotecador); E) Não pode haver cessão de direito em caso de: de
perempção ou de preferência (art. 520), da indenização derivada de acidente de trabalho, do direito de
herança de pessoa viva (art. 425), de créditos já penhorados (art. 298), do direito de revogar doação
por ingratidão do donatário; F) Pode ser estipulada convencionalmente cláusula de proibitiva de
cessão, mas está não poderá ser oposta à terceiro de boa-fé se não constar do instrumento da obrigação
(art. 286); G) Como a cessão importa em alienação, o cedente há de ser pessoa capaz e legitimada,
sendo necessária ser titular do crédito para dele dispor (para a cessão ser efetuada por mandatário,
deverá este ter poderes expressos e excepcionais; art. 661); H) O cessionário deve ser pessoa no gozo
da capacidade plena; I) O tutor e o curador não podem se constituir como cessionários em relação ao
tutelado ou ao curatelado, respectivamente; J) Os pais, no exercício de administração dos bens dos
filhos menores, não podem efetuar cessão sem prévia autorização do juiz (art. 1691). REGRAS
GERAIS: 1) Art. 294: o devedor pode opor ao cessionário as excessões que lhe competirem, bem
como as que, no momento em que veio a ter conhecimento, tinha contra o cedente; assim, se no
momento da notificação, não opor, nesse momento, as excessões que tiver contra o cedente, não
poderá fazê-lo posteriormente contra o cessionário utilizando-se do que era cabível nesse primeiro
momento; lembrar da exceptio non adimpleti contractus; 2º) Art. 296: o cedente responde pela
existência e pela titularidade do crédito, bem como por este não estar sujeito a excessão nem a
impugnação ou compensação 3º) A cessão resulta, em regra, da da declaração bilateral de vontade: é,
então, convencional; 4º) Na cessão realizada a título oneroso, ainda que não se responsabilize, o
cedente garante a existência do crédito no momento em que lhe cedeu; na realizada a título gratuito, a
mesma responsabilidade lhe caberá se tiver agido de má-fé. 5º) Salvo estipulação em contrário, o
cedente não se responsabiliza pela solvência do devedor (art. 296). 6º) A cessão de crédito pode ser
ainda ou legal, se dando ipso jure, ou judicial, se dando por meio de decisão judicial. 7º) Art. 297: o
cedente que tiver se responsabilizado pela solvência do devedor, responderá tão somente até aquilo
que recebeu do cessionário, com os respectivos juros; entretanto, ainda terá de lhe ressarcir as
despesas da cessão e as que tiverem se dado com as eventuais cobranças; 8º) No geral, a cessão não
requer forma especial, salvo se tiver por objetos direitos em que a escritura pública seja da substância
do ato: a cessão efetuar-se-á também por escritura pública; 9º) Art.: 288: Para valer contra terceiros —
contra terceiros apenas, não contra o devedor cedido —, exige instrumento público ou particular
revestido das solenidades do art. 654; registro no Cartório de Títulos e Documentos; 10º) A
notificação do devedor: art. 290: “A cessão do crédito não tem eficácia em relação ao devedor, senão
quando a este notificada; mas por notificado se tem o devedor que, em escrito público ou particular,
se declarou ciente da cessão feita”; assim, preserva-se o devedor do cumprimento ineficaz de
obrigação, tornando-o sujeito às consequências da cessão tão somente depois de ser informado.
Ignorando a cessão e sendo feito o pagamento ao cedente, tal será válido em decorrência da boa-fé —
o cessionário terá, então, direito de regresso contra o cedente, para que este não enriqueça
ilicitamente; sendo ciente da cessão e sendo feito o pagamento ao cedente, terá pagado mal e “quem
paga mal, paga de novo”. Qualquer dos intervenientes, cessionário ou cedente, tem qualidade para
notificar o devedor. 8º) Sendo feita mais de uma notificação ao mesmo devedor, este se desonerará
pagando àquele que lhe apresentar o título comprobatório da obrigação (art. 292); 11º) A notificação
pode ser expressa ou presumida; 12º) Tem-se entendido que a citação inicial para a ação de cobrança
equivale à notificação da cessão; 13º) O entendimento jurisprudencial do STJ de que a inexistência da
notificação não impede a cobrança judicial da dívida e nem afasta do cessionário a possibilidade de
promover os atos necessários à conservação do direito.

ASSUNÇÃO DE DÍVIDA

ASSUNÇÃO DE DÍVIDA OU CESSÃO DE DÉBITO: Definição: 1º) trata-se de negócio jurídico por
intermédio do qual o devedor transfere seu débito a outrem, inicialmente alheio à relação jurídica
obrigacional. 2º) Operação pela qual um terceiro (assuntor) se obriga face a um credor a realizar
obrigação inicialmente devida por outrem (o devedor originário). DO ARTIGO 299: é facultado a
terceiro alheio ao negócio assumir a dívida do devedor, com expresso consentimento do devedor,
ficando exonerado o devedor primitivo, salvo se, ao tempo da assunção, era o assuntor insolvente e o
credor o ignorava. CARACTERÍSTICAS E PRESSUPOSTOS: 1º) A pessoa do assuntor chama a si
obrigação a que não devia; 2º) Exige-se consentimento expresso do credor para efetivação do negócio
jurídico; 3º) Qualquer das partes intervenientes, devedor original ou assuntor potencial, pode assinar
prazo para que o credor consinta com cessão, interpretando-se seu silêncio como recusa (art. 299); 4º)
Existe um único exemplo de aceitação tácita: o comprador de imóvel hipotecado pode tomar a seu
cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não impugnar a transferência em 30
dias, entender-se-á como dado seu assentimento (art. 303). 5º) A cessão de débito pode se dar de duas
formas: a) Delegação: por ajuste entre o terceiro (assuntor) e o devedor original, com anuência
expressa do credor; b) Expromissão: por ajuste entre o terceiro (assuntor) e o credor, sem participação
ou anuência do devedor; ambas terão caráter contratual; 6º) Podem ser objeto de cessão de débito, via
geral, todos os débitos, salvo aqueles decorrentes de obrigações que devem ser pessoalmente
cumpridas pelo devedor. ASSUNÇÃO DA DÍVIDA E INSTITUTOS AFINS: a) assemelha-se com a
promessa de liberação do devedor, na qual um terceiro (promitente) se obriga perante ao devedor a
desonerá-lo da obrigação, efetuando a prestação no lugar dele; a diferença dos institutos reside no fato
de que o promitente se obriga perante ao devedor, enquanto o assuntor se obriga perante o credor —-
na promessa de liberação do devedor, o credor nada pode exigir do promitente; b) assemelha-se
também com a novação subjetiva por substituição do devedor; a diferença reside no fato de que nesta,
além da operação de substituição no polo passivo obrigacional, há também a criação de uma
obrigação nova em substituição da obrigação original — isto é, existe um animus novandi —,
enquanto que na cessão de débito a obrigação original subsiste; c) assemelha-se também com a fiança
— um terceiro (seja o fiador ou o assuntor) fica obrigado à dívida —, mas diferem-se pelo fato da
fiança constituir, em regra, uma obrigação subsidiária, gozando o fiador do benefício da excussão (só
responderá em caso de insolvência do devedor) e tendo, para o caso de efetuar a prestação, o direito
de regresso contra o devedor. Assim, o assuntor é o único obrigado e responde por dívida própria; o
fiador, por sua vez, é um obrigado à dívida alheia que, pagando-o, fica sub-rogado nos direitos do
credor; REGRAS LEGAIS: 1º) Art. 300: a cessão de débito faz extinguir as garantias especiais
originariamente devidas pelo devedor, salvo se o assuntor consentir com a sua manutenção (não feita
a ressalva, a garantia hipotecária dada por terceiro, por exemplo, deixa de existir); 2º) DELEGAÇÃO:
é a cessão de débito que se dá mediante acordo entre o assuntor e o devedor original, com anuência do
credor; delegante, devedor e credor. EXPROMISSÃO: é a cessão de débito que se dá por meio de
ajuste entre o credor e o assuntor, sem necessidade de participação ou anuência do devedor original;
expromitente, devedor e credor. O ART. 299, que gera o requisito da anuência do credor para a
validade da cessão, se refere propriamente à delegação. Tanto a expromissão quanto a delegação
podem ser ou liberatórias — a cessão do débito é completa e o devedor original fica exonerado — ou
cumulativas — a cessão do débito é parcial e o devedor original fica só parcialmente exonerado. AS
modalidades de assunção são, assim, voluntárias e convencionais (obs.: exemplo de cessão legal: a do
adquirente que responde pelos débitos do alienante em relação ao condomínio). EFEITOS DA
CESSÃO DE DÉBITO: A) a substituição do polo passivo da relação obrigacional; B) a exoneração do
devedor original; C) Art. 302: o novo devedor não pode opor ao credor às exceções pessoais que
competiam ao devedor original; D) Extinção das garantias especiais originariamente dadas pelo
devedor primitivo, salvo assentimento expresso do assuntor (art. 300); E) Art. 301: Se a cessão vier a
ser anulada, restaura-se o débito e, com ele, todas as suas garantias, salvo as prestadas por terceiro que
desconhecia o vício que inquinava o negócio (se o terceiro conhecia do vício, então as garantias
voltarão do mesmo jeito); anulação da cessão não como restauração, mas como continuação; F) Art.
303: o adquirente de imóvel hipotecado pode assumir a seu cargo o pagamento do crédito garantido;
uma vez notificado o devedor, se não impugnar no prazo de 30 dias, entender-se-á dado o
assentimento.

CESSÃO DE CONTRATO

CESSÃO DE CONTRATO: Definição: cessão de contrato ou cessão de posições contratuais é: 1º) a


operação negocial pela qual alguém transfere a outrem sua inteira posição contratual, compreendendo
o complexo de direitos e deveres de que dispõe em decorrência da relação obrigacional; 2º) A
operação negocial consistente na transferência da inteira posição ativa e passiva do conjunto de
direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contrato bilateral já ultimado, mas
de execução ainda não concluída; 3º) Cessão que opera segundo critérios da globalidade de uma
relação jurídica; 4º) Negócio jurídico pelo qual um dos outorgantes em qualquer contrato bilateral ou
sinalagmático transmite a terceiro, com o necessário assentimento do outro contraente, o conjunto de
direitos e obrigações que lhe advêm desse contrato. PARTES: contraente cedido, contraente cedente e
contraente cessionário. EXEMPLOS: cessão de locação a terceiro, cessão da posição do
compromissário-comprador. EVOLUÇÃO DOUTRINÁRIA: A) os romanos e o entendimento e o
dogma da intransmissibilidade da obrigação; B) As exigências do comércio e a Teoria Analítica, que
decompunha o instituto em vários negócios jurídicos autônomos; C) Teoria da Complexidade
Negocial, segundo a qual há uma interligação negocial entre as várias cessões e assunções; D) Teoria
da Transmissão Global/Unitária. CARACTERÍSTICAS DA CESSÃO DE CONTRATO: 1º) traduz
um benefício: não ter de convencer o credor a extinguir a relação jurídica originária para,
posteriormente, celebrar outro negócio jurídico com terceiro interessado; 2º) O assentimento do
cedido é necessário; 3º) O contrato-base transferido há de ter natureza bilateral, isto é, deve gerar
obrigações recíprocas; 4º) Em regra geral, o campo de atuação do instituto da cessão de contrato é o
das obrigações diferidas ou continuadas, mais especificamente o de obrigações de execução de
prestações reciprocamente pendentes; 5º) Não se confunde com o contrato derivado ou subcontrato;
6º) A cessão da posição contratual pode ser efetuada com ou sem a liberação do cedente (?); 7º) A
anuência pode ser externada: ao tempo do negócio da cessão ou previamente, em cláusula contratual
expressa. 8º) A aplicação à cessão do contrato, por analogia, das disposições relativas à cessão de
crédito, especialmente os arts. 295 e 296. 9º) Não se transmitem ao contraente cessionário os direitos
potestativos do contraente cedente, tais como o de anulação do negócio jurídico por estar eivado de
vício. 10º) Não há regulamentação específica da cessão de contrato no direito brasileiro; é um negócio
jurídico atípico.

DO ADIMPLEMENTO E EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

DO ADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES: “extinção das obrigações”: adimplemento,


cumprimento, pagamento; a solutio. Dos meios necessários e idôneos para que o credor obtenha a
satisfação de seu direito; teoria do cumprimento, dos efeitos da inexecução e da tutela jurídica do
credor; da liberação do devedor quando do cumprimento da prestação tal como devida, no tempo e
lugar convencionados, de modo completo e pela forma adequada. PRINCÍPIOS DA BOA-FÉ E DA
PROBIDADE: art. 422: os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato,
como na sua execução, os princípios da boa-fé e da probidade. Do comportamento correto, seja nas
tratativas, seja na execução. Art. 113: os negócios devem ser interpretados segundo a boa-fé e os usos
de seu lugar de celebração. O juiz presumirá a boa-fé; a má-fé, ao contrário, deve ser provada por
quem a alega. BOA-FÉ SUBJETIVA: ou boa-fé psicológica; do entendimento que se procede
honestamente, sem intuitos enganativos. BOA-FÉ OBJETIVA: de um padrão de conduta probo,
honesto, dotado de retidão, lisura e lealdade, nos moldes do homem comum, atendidas as
particularidades dos usos e costumes; cláusula geral que permite a resolução de casos concretos
levando em conta fatores metajurídicos. PROBIDADE: um dos aspectos objetivos da boa-fé, da
honestidade do proceder e do cumprimento criterioso de todos os deveres.
DO PAGAMENTO

PAGAMENTO: Pagamento, cumprimento, adimplemento, solutio: solutio est praestatio eius quod est
in obligatione. PAGAMENTO: 1º) nome dado à realização voluntária da prestação debitória, seja
procedida pelo devedor ou por terceiro, interessado ou não; 2º) do cumprimento tanto quando o
devedor realiza espontaneamente a prestação devida quanto quando voluntariamente a efetua depois
de interpelado, notificado ou condenado em processo de conhecimento. PAGAMENTO: direto,
indireto, por meios anormais. OBSERVÂNCIA: da boa-fé objetiva ou diligência normal —- o
contraente se obriga não somente pelo que está expresso no contrato, mas também pelas
consequências que derivam dele —- e da pontualidade — da exigência que a prestação seja cumprida
no tempo devido, de forma integral, no lugar e modo devidos. NATUREZA JURÍDICA DO
PAGAMENTO: a dificuldade doutrinária de classificar o pagamento por tratar-se daquilo que
destinado a extinguir toda a sorte de relações jurídicas obrigacionais. 1º) Pagamento como ato jurídico
em sentido amplo, encontrado na categoria de atos lícitos; 2º) Pagamento como ato jurídico em
sentido estrito; 3º) Pagamento como negócio jurídico (para alguns, bilateral, e para outros, unilateral,
a depender das especifidades do fato); 4º) Pagamento feito por terceiro como negócio jurídico; 5º)
Pagamento como ato de natureza variável. A IMPORTÂNCIA DA DISCUSSÃO DA NATUREZA
JURÍDICA DO PAGAMENTO: se for (ou quando for) de natureza contratual, ao pagamento se
aplicarão as regras do negócio jurídico: será nulo, por exemplo, pagamento feito por pessoa incapaz.
PRESSUPOSTOS DA PRODUÇÃO DE EFEITOS PELO PAGAMENTO: a) a existência de um
vínculo jurídico obrigacional, isto é, de um débito a ser solvido; b) a intenção de solvê-lo (animus
solvendi); c) o cumprimento da prestação; d) a pessoa que efetua o pagamento (solvens); e) a pessoa
que o recebe (accipiens). REGIME LEGAL: DE QUEM DEVE PAGAR: art. 304: qualquer
interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes
à exoneração do devedor. Interessado: aquele que tem interesse jurídico na extinção da dívida, isto é,
que está vinculado ao contrato e que pode ter seu patrimônio afetado pelo inadimplemento: fiador,
avalista, o solidariamente obrigado, o herdeiro, o adquirente de imóvel hipotecado, o sublocatário etc.
1º) O principal interessado em solver a dívida é o devedor; 2º) No entanto, os outros interessados
mencionados tem legítimo interesse (art. 304) em solver a dívida: têm o direito de efetuar o
pagamento, sub-rogando-se nos direitos do credor (CC, art. 346); tal disposição não se estende às
obrigações intuitu personae. 3º) Art: 334: A recusa do credor em receber o pagamento oferecido pelo
devedor ou por qualquer outro interessado lhes dá o direito de promover a consignação. 4º) Quando
o cumprimento não tem por conteúdo um negócio jurídico ou não envolve um ato de disposição, pode
ser efetuado mesmo por um incapaz, tendo a obrigação sido validamente constituída. 5º) O direito de
extinguir à dívida também cabe ao terceiro não interessado — leia-se: não vinculado ao contrato, cujo
patrimônio não se afetará pelo inadimplemento —, se o fizer em nome e à conta do devedor; necessita
o terceiro identificar por conta de quem efetua os pagamentos, se por conta da devedora ou se em seu
próprio nome. 6º) Os terceiros não interessados podem até mesmo consignar o pagamento, em caso de
recusa do credor em receber, desde que, porém, o façam “em nome e à conta do devedor”. 7º) A
oposição do credor ao pagamento por terceiro não interessado impedirá este de consignar, por lhe
retirar legitimidade. 8º) Pode o credor aceitar validamente o pagamento porque é isso da sua
conveniência e não há motivo para que a oposição do devedor o iniba de ver o seu crédito satisfeito.
9º) O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem direito a reembolsar-se
do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor; interpreta-se, em contrário sensu, que o
devedor que paga em nome e à conta do devedor não tem o mesmo direito de reembolso,
interpretando-se seu pagamento como uma liberalidade. O fato de pagar em seu próprio nome revela o
interesse ao reembolso. 10º) Art. 306: o pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou
oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a
ação. Obs.: Não se pode entender que haverá exoneração integral se o devedor tinha meios de ilidir
apenas parcialmente a ação de cobrança. 11º) Somente, pois, o terceiro interessado que efetua o
pagamento sub-roga-se nos direitos do credor terceiro interessado que efetua o pagamento
sub-roga-se nos direitos do credor. 12º) Art. 307: só terá eficácia o pagamento que importar
transmissão da propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto, no qual ele consistiu.
Ademais, se a coisa entregue ao credor for fungível, e este a tiver recebido de boa-fé e a consumido, o
pagamento terá eficácia, extinguindo-se a relação jurídica, ainda que o devedor não fosse dono. Só
restará ao verdadeiro proprietário agir contra quem deu indevidamente a coisa. DAQUELES A
QUEM SE DEVE PAGAR: A) Art. 308: o pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o
represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.
Assim, se o pagamento é feito ao credor capaz ou ao representante legal de um credor incapaz, por
exemplo, valerá automaticamente. Se feito a outrem — a um amigo do credor, por exemplo — só
valerá depois de ratificado pelo credor (a ratificação produzirá efeitos retroativos ao dia do
pagamento); se feito a outrem e se reverter em proveito do credor, valerá tanto quanto seja operado
esse proveito (exemplo do pagamento em dinheiro feito a filho do devedor que, com a quantia, paga a
sua mensalidade). Os representantes podem ser: legal (pais, tutores, curadores(?)), judicial (nomeado
pelo juiz, tais como inventariante etc) ou convencional (aquele que recebe mandato outorgado pelo
credor, lembrar da figura do adjectus solutionis causa, pessoa nominalmente designada no próprio
título da obrigação para receber a prestação). Nas representações legal e judicial, o pagamento, a
princípio, só pode ser feito aos representantes; na convencional, tanto ao representante quanto ao
credor. B) O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provando depois que não
era credor. Credor putativo: é aquele que se apresenta objetivamente como o devido credor. Teoria da
Aparência; erro escusável do pagamento; elementos suficientes para convencer e induzir o devedor
diligente; exemplos incluem o herdeiro aparente e o locador aparente. C) Art. 310: não vale o
pagamento cientemente feito a credor incapaz de quitar, salvo se o devedor provar que em benefício
dele efetivamente reverteu. Em princípio, o pagamento efetivado a pessoa absolutamente incapaz é
nulo e o realizado em mãos de relativamente incapaz pode ser confirmado pelo representante legal ou
pelo próprio credor se, relativamente incapaz, cessada a incapacidade (CC, art. 172). D) Art. 311:
Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador da quitação, salvo se as circunstâncias
contrariarem a presunção daí decorrente. E) Art. 312: Se o devedor pagar ao credor, apesar de
intimado da penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por terceiros, o pagamento
não valerá contra estes, que poderão constranger o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o
regresso contra o credor. Assim, por exemplo: A é credor de um crédito X em relação a B, sendo A
devedor de C em outra relação jurídica; tendo sido feita a penhora do crédito X como garantia a C e
tendo B efetuado a prestação devida a A, poderá C constranger a B para que pague de novo X a ele, C.
DO OBJETO DO PAGAMENTO: 1) O credor não é obrigado a receber prestação diversa daquela que
lhe é devida, ainda que mais valiosa; assim, o devedor só se libera prestando exatamente aquilo a que
se obrigou, em sua integralidade. 2) Ainda que a prestação seja divisível, o credor não será obrigado a
receber por partes, se assim não se convencionou; o devedor também não será obrigado a receber por
partes, se assim não se convencionou. 3) As dívidas em dinheiro devem ser pagas no vencimento, em
moeda corrente e pelo valor nominal (via de regra). Valor nominal: o importe econômico consignado
na moeda; dívida em dinheiro e dívida de valor; correção monetária como correção do valor do
débito; o fato de que toda moeda, admitida pela lei como forma de pagamento, tem curso legal e não
pode ser recusada. Nominalismo: se considera como valor da moeda o valor nominal que lhe atribui o
Estado. O devedor de uma quantia em dinheiro libera-se entregando a quantidade de moeda
mencionada no contrato ou título da dívida, e em curso no lugar do pagamento, ainda que
desvalorizada pela inflação. A adoção da cláusula de escala móvel: da variação do valor da prestação
segundo os índices de vida (Lei n. 10.192: nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou
correção monetária de periodicidade inferior a um ano). Lembrar também da possibilidade cláusula
de renegociação —- critérios de reajuste do valor das prestações. 4) art. 31:6: É lícito convencionar
aumento progressivo de prestações sucessivas. 5) Art. 317: Teoria da imprevisão, motivos
imprevisíveis, desproporção entre o valor da prestação devida estipulado e o valor que se apresenta
quando do momento da execução; o juiz poderá, a pedido da parte, corrigir o valor. Rebuc sic
stantibus. 6) São nulas as convenções em ouro ou em moeda estrangeira, salvo exceções previstas em
legislação especal. DA PROVA DO PAGAMENTO: O pagamento não se presume, salvo casos
previstos em lei. 1) Art: 319: o devedor que paga tem direito a quitação regular, podendo reter o
pagamento caso esta não lhe seja dada. Quitação: quitação é a declaração unilateral escrita, emitida
pelo credor, de que a prestação foi efetuada e o devedor fica liberado. Art. 320: a quitação — que
poderá ser dado por instrumento particular — deverá ter a assinatura do credor e deverá indicar o
valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor ou quem por ele pagou, o tempo e o lugar do
pagamento. Ainda sem algum desses requisitos, valerá a quitação se de seus termos ou circunstâncias
resultar haver sido paga dívida. O princípio da relativização da quitação: o devedor fica liberado
apenas e tão somente em relação às verbas nela expressamente mencionadas 2) As presunções de
pagamento se dão: a) quando a dívida é representada por título de crédito, que se encontra na posse do
devedor (art. 324); tal poderá ficar sem efeito mediante prova em contrária do credor no prazo de 60
dias; b) quando o pagamento é feito em quotas sucessivas, existindo quitação da última (art. 322); c) e
quando há quitação do capital, sem reserva dos juros, que se presumem pagos (323). 3) Consistindo a
quitação em devolução de título e tendo se perdido este, “poderá o devedor exigir, retendo o
pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido” (CC, art. 321). 4) Presumem-se a
cargo do devedor as despesas relativas com o pagamento e a quitação; no entanto, se ocorrer aumento
por fato do credor, suportará este a despesa acrescida. 5) Pagamento que se houver de fazer por
medida ou peso: aceitará-se a medida e o peso do lugar da execução, salvo disposição em contrário.
DO LUGAR DO PAGAMENTO: A) Se fará no domicílio do devedor, salvo disposição contratual ou
legal em contrário ou a natureza da obrigação. Quesível: dívida que deve ser paga no domicílio do
devedor. Portável: dívida que deve ser paga no domicílio do credor. B) Havendo dois ou mais lugares,
cabe ao credor a escolha. C) Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em prestações
relativas em imóvel, será feito no lugar onde situado o bem. D) O pagamento reiteradamente feito em
outro lugar faz presumir a renúncia do credor ao relativamente ao previsto em contrato. Suppressio:
um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não poderá mais sê-lo, por contrariar a
boa-fé. E) O devedor poderá fazer o pagamento em outro lugar que não o devido, desde que
sobrevenha motivo grave que impeça o cumprimento da obrigação no lugar determinado. DO TEMPO
DO PAGAMENTO: 1) Não havendo estipulação do tempo do pagamento, poderá este ser exigido
imediatamente —- salvo disposição legal contrária. Assim, na ausência do termo, vale o princípio da
satisfação imediata. 2) As obrigações condicionais cumprem-se na data do implemento da condição
—- e incube ao credor o ônus de demonstrar que de tal implemento sabia o devedor. 3) Poderá o
credor cobrar a dívida antes do prazo devido quando: a) da falência do devedor ou do concurso de
credores; b) se os bens, hipotecados ou penhorados, forem penhorados em execução por outro credor;
c) se cessarem ou se tornarem ineficientes as garantias do débito —- fidejussórias ou reais — e o
devedor, interpelado, se negar a reforçá-las. Para tais casos, havendo solidariedade, não se reputará o
débito vencido quanto aos demais.
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO

PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO: Trata-se do depósito, feito pelo devedor, da coisa devida, a


fim de se liberar da obrigação. Trata-se de instituo bifronte: de direito material e de direito processual.
PAGAMENTO: como modo de extinção de dívidas, é a realização voluntária da prestação devida e da
satisfação do credor; pode ser, no entanto, que algum motivo impeça o pagamento direto ao credor —-
seja uma disputa acerca do quantum da dívida ou uma falta de cooperação —-, impedindo que o
devedor se desonera. Para satisfazer o legítimo interesse do devedor —- que tem não só o dever de
pagar, como também o direito de fazê-lo —- de se liberar do vínculo obrigacional, há o pagamento
em consignação: far-se-á, então, o depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida.
OPÇÕES: depósito extrajudicial ou ação de consignação do pagamento. DISPOSIÇÕES LEGAIS:
Art. 334: considera-se pagamento, e extingue a obrigação, o depósito judicial ou em estabelecimento
bancário da coisa devida, nos casos e forma legais. Art. 539: poderá o valor ser depositado em
estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o
credor por carta com aviso de recebimento; o prazo de recuso será de 10 dias; consideram-se
estabelecimentos bancários oficiais o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. OBJETOS DA
CONSIGNAÇÃO: dinheiro, bens móveis e bens imóveis. O fato da consignação ensejar um depósito
restringe sua aplicabilidade às obrigações de dar; é inaplicável às prestações de fato. REGIME
LEGAL: O art. 335 apresenta um rol não taxativo dos casos que autorizam a consignação, tendo por
fundamento geral, a mora do credor ou circunstâncias inerentes à pessoa do credor que impedem o
pagamento. Assim, o ROL DOS CASOS EM QUE SE PERMITE A CONSIGNAÇÃO COBRE: I) se
o credor não puder, ou sem justa causa, recusar a receber o pagamento, ou dar a quitação na forma
devida; trata-se, aqui, da hipótese de mora do credor, caso não tenha fundamento para justa recusa ou
caso se recuse a dar a devida quitação, fornecendo o recibo. II) se o credor não for, nem mandar
receber a coisa no lugar, forma e tempo devidos; trata-se aqui de dívidas quesíveis (a serem pagas no
domicílio do devedor) e não portáveis (a serem pagas no domicílio do credor). III) se o credor for
incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto; para a hipótese
de credor incapaz de receber, deve também não ter representante legal. IV) se ocorrer dúvida sobre
quem deva legitimamente receber o pagamento; vale-se aqui o devedor da consignação para não
correr o risco de pagar mal, requerendo a citação de ambos. V) se pender litígio sobre o objeto do
pagamento. REQUISITOS DE VALIDADE DA CONSIGNAÇÃO: art. 336: para que a consignação
tenha força de pagamento, é necessário que concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e
tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento. Requisitos pessoais ou subjetivos:
o pagamento deve ser feito pelo devedor capaz e legítimo ao credor também capaz ou então ao seu
representante legal; a legitimidade ativa para a ação consignatória é conferida ao devedor, ao terceiro
interessado no pagamento da dívida e ao terceiro não interessado se o fizer em nome e à conta do
devedor e não sofrer oposição deste; quanto à legitimidade passiva, o réu da ação consignatória será o
credor capaz de exigir o pagamento ou quem alegue possuir tal qualidade, ou seu representante.
Requisitos objetivos: a) a integralidade do depósito, porque o credor não é obrigado a aceitar
pagamento parcial; b) aa mesma forma, ao principal devem ser acrescidos os juros de mora devidos
até a data do depósito (art. 337); c) no caso de entrega de coisa, a ela devem ser acrescidos os
respectivos acessórios; d) a princípio, o débito deve ser líquido e certo (mas é possível discussão
acerca do quantum na consignatória). Requisitos quanto ao tempo: 1) Se prazo estipulado a favor do
credor, o tempo deve ser o efetuado no contrato, não podendo efetuar-se o pagamento antes do
vencimento da dívida; se prazo estipulado a favor do devedor, poderá ser efetuado a qualquer tempo
(art. 133); 2) A mora do devedor, por si só, não impede a propositura da ação consignatória, se ainda
não provocou consequências irreversíveis e o pagamento ainda é útil ao credor. Se, no entanto, o
credor já houver demandado o devedor, não caberá mais a purgação da mora, salvo se na ação
proposta houver previsão dessa possibilidade. QUANTO AO LUGAR: o depósito requerer-se-á no
lugar do pagamento; uma vez feito, fará cessar, para o depositante, os juros da dívidas e os riscos, se
não for julgado improcedente. LEVANTAMENTO DO DEPÓSITO: 1) enquanto o credor não
declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar — isto é, enquanto ainda não citado ou quando já
citado, mas não tendo impugnado a consignação —, poderá o devedor requer o levantamento,
pagando as respectivas despesas (art. 338); assim, subsistirá a obrigação para todas as consequências
de direito; 2) julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, ainda que com a
anuência do credor, senão de acordo com os outros devedores e fiadores; 3) O credor que, depois de
contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer com o levantamento por parte do devedor, perderá a
preferência e a garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo
desobrigados os codevedores e fiadores que não tenham anuído. DEMAIS DISPOSIÇÕES: A) se a
coisa devida for imóvel ou corpo que deva ser entregue no mesmo lugar onde está, poderá o devedor
citar o credor para vir buscá-la ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada; B) se a escolha de
coisa indeterminada couber ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito
e de ser depositada a coisa que o devedor escolher; C) As despesas com o depósito, quando julgado
procedente, correrão à conta do devedor; no caso contrário, correrão à conta do devedor; D) o devedor
de obrigação litigiosa se desobrigará mediante a consignação; mas se pagar a um dos contendores,
tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento; E) Se a dívida se vencer, pendendo
litígio entre contendores que se pretendam mutuamente excluir, cada um deles poderá requerer a
consignação.

DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO

PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO: 1) sub-rogação é o que se dá quando um objeto ou sujeito


jurídico toma lugar de outro diverso; a sub-rogação pode ser real ou pessoal. 2) sub-rogação pessoal:
é a substituição do credor, como titular do crédito, operada por aquele que paga a prestação no lugar
do devedor ou que financia o seu cumprimento. 3) Na sub-rogação pessoal, segundo Clóvis
Beviláqua, ocorre a transferência dos direitos do credor para aquele que solveu a obrigação, ou
emprestou o necessário para solvê-la. 4) O terceiro terá, em relação ao devedor, a ação de in rem
verso, com que se possa ressarcir até a concorrência da utilidade, que o devedor fluiu; assim, a
extinção obrigacional opera tão somente em relação ao credor primitivo, ocorrendo tão somente uma
alteração subjetiva no polo ativo da obrigação. NATUREZA JURÍDICA: alguns a chamam de cessão
ficta. Enquanto na sub-rogação, ocorre pagamento para que haja sua operacionalização, a cessão de
crédito é feita antes da satisfação do débito. O pagamento com sub-rogação também não se confunde
com novação subjetiva por substituição de credor, por lhe faltar o animus novandi. ESPÉCIES DE
SUB-ROGAÇÃO: Legal: aquele que cumpre a obrigação fica sub-rogado de pleno direto nos direitos
do credor, ipso jure. Convencional: deriva da vontade das partes, devendo ser a manifestação volitiva
expressa. SUB-ROGAÇÃO LEGAL: art. 346: opera-se de pleno direito a sub-rogação quando: I) do
credor que paga a dívida do devedor comum; II) do adquirente do imóvel hipotecado, que paga ao
credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva pagamento para não ser privado de direito sobre
imóvel; III) do terceiro interessado, que paga dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou
em parte. SUB-ROGAÇÃO CONVENCIONAL: art. 347: I) quando o credor recebe pagamento de
terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; o terceiro de que se fala aqui é o terceiro
não interessado. A transferência, por vontade do credor, pode ser feita sem a anuência do devedor. A
cessão visa transferir ao cessionário o crédito, o direito ou a ação, ao passo que a sub-rogação objetiva
exonerar o devedor perante o antigo credor. A cessão opera a extinção do débito, enquanto a
sub-rogação extingue a dívida relativamente ao credor primitivo: o cedente, na cessão a título
oneroso, fica responsável pela existência do crédito no momento da cessão; o mesmo não ocorre com
na sub-rogação. Mas, para essa hipótese I, vigorará o disposto para a cessão de crédito. II) quando
terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de
ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. EFEITOS DA SUB-ROGAÇÃO: 1) ela
transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do devedor primitivo, em
relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores; 2) Na sub-rogação legal, o sub-rogado só
poderá exercer os direitos e ações do credor satisfeito até à soma que tiver desembolsado para
satisfazê-lo; 3) Para o caso dos bens do devedor serem insuficientes, o credor originário, só em parte
reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante.

DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO: definição: 1) trata-se da aplicação/indicação do pagamento feito à


uma ou mais dívidas dentre um conjunto maior de débitos para com um mesmo devedor; 2) A
imputação do pagamento consiste, pois, na indicação ou determinação da dívida a ser quitada,
quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais débitos da mesma natureza, a um só
credor. REQUISITOS: pluralidade de débitos, identidade entre as partes, igual natureza das dívidas
(fungibilidade), liquidez e exigibilidade (?) das dívidas. REGIMENTO LEGAL: 1) Terá a pessoa o
direito de indicar a qual débito solve se todos os possíveis forem líquidos e vencidos (art. 352); 2) Não
tendo o devedor indicado a qual das dívidas líquidas e vencidas quer imputar o pagamento, se aceitar
a quitação de uma delas, não terá o direito de reclamar da imputação feita pelo credor —- à exceção
da prova de culpa ou dolo por parte do credor. 3) Havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á
primeiramente nos juros vencidos, e depois no capital, salvo estipulação em contrário, ou se o credor
passar a quitação por conta do capital. 4) Se o credor não fizer a imputação e se a quitação for omissa
—- se o devedor não imputa, o credor tem o direito de fazê-lo e a imputação se dará na própria
quitação —-, a imputação se dará seguindo a seguinte ordem: primeiro, nas dívidas líquidas e
vencidas em primeiro lugar; se todas forem líquidas e vencidas ao mesmo tempo, se dará nas mais
onerosas. OBSERVAÇÕES: A) o devedor não pode imputar pagamento à dívida ainda não vencida se
o prazo correr a favor do credor; B) o devedor pode imputa pagamento à dívida já vencida se o prazo
correr a seu favor; C) o devedor não pode imputar pagamento à dívida cujo montante seja maior do
que aquilo que ele desembolsou (caso contrário, estaria obrigando o credor a aceitar por partes).

DA DAÇÃO EM PAGAMENTO

DAÇÃO EM PAGAMENTO: trata-se de um acordo de vontades entre devedor e credor, por meio do
qual este se compromete exonerar aquele através do recebimento de uma prestação diversa daquela
que lhe é devida. DÁ-SE POR MEIO DE: substituição de uma coisa por uma prestação de fato; de
uma prestação de fato por uma coisa; de uma coisa por outra coisa; de uma prestação de fato por outra
prestação de fato; enfim, a datio in solutum pressupõe que o devedor tenha o jus disponendi da coisa e
que o accipiens tenha aptidão para o consentimento necessário. ELEMENTOS: a) existência de uma
dívida; b) concordância do credor, verbal ou escrita, expressa ou tácita; c) diversidade da prestação
oferecida em relação à originária. NATUREZA JURÍDICA: trata-se de um contrato liberatório, de um
negócio jurídico bilateral de alienação. Admite-se que a dação em pagamento que envolva coisa
menos valiosa do que a devida só extinguirá parcialmente a dívida. REGIMENTO LEGAL: 1) art.
356: o credor pode consentir em receber prestação diversa do que lhe é devida; 2) Determinado o
preço da coisa dada em pagamento, as relações entre as partes regular-se-ão pelas normas de compra e
venda; 3) se for título de crédito a coisa dada em pagamento, a transferência importará em cessão; 4)
se o credor for evicto da coisa em pagamento, restabelecer-se-á a obrigação primitiva, ficando sem
efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de terceiro.

DA NOVAÇÃO

NOVAÇÃO: 1) criação de uma obrigação nova para extinguir obrigação anterior; 2) substituição de
uma dívida primitiva por outra posterior, operada com o intuito de extinguir a primeira. Trata-se de
um modo extintivo não satisfatório, não recebendo o credor o que lhe é devido, mas apenas um outro
crédito. Tem natureza contratual. Animus novandi. REQUISITOS: A) existência de uma obrigação
anterior (obligatio novanda); B) a constituição de nova obrigação (aliquid novandi); C) a intenção de
novar (animus novandi); D) não podem ser objeto de novação as obrigações nulas ou extintas (art.
367); E) a dissensão a respeito de poderem ou não ser novadas as dívidas

DA COMPENSAÇÃO

COMPENSAÇÃO:

DA CONFUSÃO

NOVAÇÃO:

DA REMISSÃO DE DÍVIDAS

REMISSÃO:

DO INADIMPLEMENTO

INADIMPLEMENTO:

DA MORA

MORA:

DAS PERDAS E DANOS

PERDAS E DANOS:
DOS JUROS LEGAIS

JUROS LEGAIS:

DA CLÁUSULA PENAL

CLÁUSULA PENAL:

DA ARRAS OU SINAL

ARRAS OU SINAL:

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