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NÍCOLAS MORAIS FERREIRA – 2019

DIREITO CIVIL 2
PROF. FLÁVIO LIMA

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES


▪ Complexo das relações patrimoniais, baseadas na obtenção de proveitos entre as
pessoas da relação.
▪ Obrigação contém uma ideia de vinculação, de cerceamento da liberdade, na qual
vislumbramos uma norma de submissão, a qual pode ser autodeterminada ou
heterodeterminada.
▪ Na contemporaneidade, há também a consideração da obrigação como um processo
em que o credor também tem dever de cooperar para fins do adimplemento com base
na boa-fé.
▪ Caio Mário: Obrigação é o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir
de outra prestação economicamente apreciável, baseando-se nos valores e princípios
constitucionais.
▪ Relações patrimoniais: Direta e Indireta
▪ Direito Pessoal (ou obrigacional) x Direitos Real: No primeiro se espera uma atitude do
indivíduo, já o segundo independe da vontade de terceiros.
▪ Teoria Monista x Dualista: Nosso código adota a dualista – Obrigações = dever +
responsabilidade.
▪ Características dos D. Obrigacionais:
• Transitoriedade
• Relatividade
• Pessoalidade
• Autonomia de Vontade
• Determinação ou Indeterminação
▪ RESSALVA DE FLÁVIO:
Importante destacar que nem sempre o dever de prestar e a responsabilidade estão
presentes no mesmo sujeito obrigacional. Na Fiança há uma distinção. O Fiador não
possui o dever de prestar, mas possui a responsabilidade. É possível, ainda, que haver
obrigação sem responsabilidade no caso da obrigação natural, como a dívida de jogo.
Destaco que a dívida de jogo possui reconhecimento civil parcial, pois não tem a
responsabilidade em potência. Há a possibilidade de haver responsabilidade, como na
fiança, sem obrigação.

ELEMENTOS ESSENCIAIS DA OBRIGAÇÃO


▪ Sujeito – sujeito ativo ou credor, passivo ou devedor. Se estabelece no momento em
que nasce ou ulteriormente. Os sujeitos precisam de determinação, para que fique
certo a quem o devedor há de prestar ou de quem o credor tem de receber.
Imprescindível assentar que somente pessoas, sejam naturais ou jurídicas, podem ser
sujeitos da obrigação.
▪ Objeto – toda obrigação carece de um objeto, o qual é a prestação do devedor, sobre o
qual incide a ação ou inação do suj. passivo. Não se confunde com a coisa em que a
prestação de especializa. (Ex: quando a obrigação é de dar ou entregar, o objeto não é
a coisa a ser entregue, mas sim o ato em si.) Precisa ser: Possível, lícito, determinável
e ter caráter patrimonial.
• O objeto imediato da obrigação é a prestação. Já o objeto mediato da obrigação
(Ex: carro ou casa em relação a um contrato de compra e venda) pode ser uma
coisa ou uma tarefa a ser desempenhada, positiva ou negativamente.
• Características fundamentais da obrigação:
1) Patrimonialidade - deve ser avaliável em dinheiro ou valor
2) Mediação ou colaboração devida
3) Relatividade - a relação jurídica gera efeitos entre seus participantes
4) Autonomia - existência de uma disciplina própria dentro do direito civil
▪ Vínculo Jurídico – Elemento imaterial vinculativo entre os indivíduos, o qual se
estabelece através da manifestação de vontade. É no vinculum iuris que reside a
essência abstrata da obrigação, traduzindo o poder que o sujeito ativo tem de impor ao
outro uma ação positiva ou negativa. Os escritores modernos decompõem o vínculo
obrigacional em dois fatores: débito (abstr. ou imaterial) e responsabilidade (possui
dimensão material). O primeiro é o dever de prestar, exprime o dever que tem o sujeito
passivo. O segundo aparece no seu inadimplemento, ou seja, a partir do momento que
o sujeito passivo deixa de cumprir seu dever, o credor vale-se do princípio da
responsabilidade. Há quem apresente a responsabilidade com tais características:
• Dever transatório
• Relação jurídica entre credor e devedor
• Objeto da prestação
• Responsabilidade

OBRIGAÇÃO CIVIL E OBRIGAÇÃO NATURAL


▪ A obrigação, quando integrada de seus fatores fundamentais, classifica-se como
obrigação civil.
• Caio Mário: “um sujeito ativo, credor, e um sujeito passivo, devedor, objeto, a
prestação, e estabelecendo o liame entre os sujeitos, ao mesmo tempo que
contém o tegumento de garantia, o vínculo jurídico, que faculta ao reus
credendi mobilizar o aparelho do Estado, para perseguir a prestação”
▪ A obrigação natural é uma entidade intermediária entre o mero dever de consciência
e a obrigação juridicamente exigível, sendo posta por alguns entre a moral e o direito.
É mais do que um dever moral, e menos do que uma obrigação civil.
• Falta-lhe o conteúdo, o elemento intrínseco.
• Falta-lhe o poder de exigibilidade.
• As obrigações civis degeneradas seriam abrangidas pela obrigatio naturalis
uma vez que, segundo sua definição, tratam daquelas que vinham a perder a
actio, convertendo-se de civil para natural.
• A obrigação natural está prevista no Código de 1916, sendo admitida como uma
tomada de posição, sendo reconhecido seu efeito retentor do pagamento.
• Não é sinônimo para o dever de consciência.
• Exemplo: Dívida de jogo, uma vez que não existe a obrigatoriedade do
pagamento, mas, se efetuado, não pode o solvente recobrar o que foi
voluntariamente pago, nesse caso a dívida não é acompanhada do poder de
garantia.

FONTES DA OBRIGAÇÃO
▪ Fonte como elemento gerador ou causa, fato jurídico que deu origem ao vínculo
obrigacional.
▪ Diversas variedades de tratamento do assunto, o que reflete suas múltiplas
concepções doutrinárias.
▪ Toda obrigação envolve principalmente um fato humano.
▪ Toda obrigação nasce da lei, pois esta é a fonte primária dos direitos, mesmo no campo
contratual, não haveria força jurígena da manifestação volitiva se não fosse o poder
obrigatório reconhecido pela lei.
▪ Logo, podemos mencionar duas fontes obrigacionais: a vontade humana e a lei
• Vontade Humana - cria espontaneamente, por uma ação ou omissão oriunda
do querer do agente, em conformidade com o ordenamento
• Lei - estabelece obrigação para o indivíduo, em face de comportamento seu,
independemente de manifestação volitiva.
▪ Ademais, considerando o fato jurídico dando origem ao vínculo obrigacional:
• Contratos - fonte principal do direito obrigacional.
• Atos ilícitos e o abuso de direito - geram o dever de indenizar.
• Os atos unilaterais - declarações unilaterais de vontade.
• Títulos de crédito - documentos que trazem em seu bojo, a existência de uma
relação obrigacional de natureza privada.
▪ Não existem leis oriundas apenas da lei, bem como só da vontade. Em ambas trabalha
o fato humano, em ambas está presente o ordenamento jurídico.

OBRIGAÇÃO PROPTER REM, HÍBRIDA OU REAL


▪ Direito de Crédito - aquele que tem por objeto uma prestação em espécie, um facere,
positivo ou negative, corresponde a obrigação propriamente dita. Realiza-se
mediante a exigibilidade de um fato.
▪ Direito Real - o direito real é o complexo de normas que regulam as relações jurídicas
referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem, por força de um direito
real, sendo imóveis ou móveis.
▪ Estão a cargo do sujeito à medida que este é proprietário da coisa.
▪ Quando a um direito real acede uma faculdade de reclamar prestações certas de uma
pessoa determinada, surge para esta a chamada obrigação propter rem.
▪ Relação jurídico-real, em que se insere o direito a uma prestação específica, a
obrigação correspondente é propter rem. Somente incorpora-se quando é acessória
a uma relação jurídico-real ou se objetiva numa prestação devida ao titular do direito
real.
▪ Se de uma relação de direito real surge uma relação obrigacional, em razão e
dependente, em regra, daquele direito real ou das coisas, temos uma relação de direito
real mista.
▪ Se localiza no meio entre os direitos pessoais patrimoniais e os direitos reais
▪ Características:
• Se relacionam com o titular de um direito real
• O devedor se libera da prestação diante do abandono do bem, abdicando do
direito real
• Elas têm acessoridade especial, dotada de ambulatoriedade
• Pela obrigação vencida só pode ser responsabilizado pessoalmente o próprio
devedor, sendo inadmissível sua transmissão ao atual detentor do bem.
(Exceção para taxa de condomínio.)
• Os sucessores assumem a obrigação real, mesmo que não saibam de sua
existência (venosa).
• O valor devido não se limita ao valor da coisa
▪ Exemplos: obrigações decorrentes dos direitos de vizinhança e contas condominiais.

DIREITO REAL + OBRIGAÇÃO OBRIGAÇÃO REAL

ÔNUS REAIS
▪ Encargos de prestação periódica que restringem o uso e o gozo da propriedade em
benefício de terceiros ou da própria coletividade, sendo postos a cargo do titular da
situação proprietária.
▪ O proprietário é o devedor de tal ônus, que pode ser exemplificado com os tributos cujo
fato gerador é a propriedade de um bem móvel. Ex: imposto sobre propriedade de
veículo automotor (IPVA) ou imóvel (IPTU ou IPTR).
▪ Têm sua responsabilidade restrita ao bem onerado, e seus efeitos cessam com o
perecimento da coisa, enquanto os da obrigação real podem subsistir.
▪ Os ônus reais implicam prestação positiva, enquanto as obrigações reais podem
expressar-se em prestação negativa.
▪ Características:
• O ônus real possui o atributo de sequela. Ou seja, mesmo que o bem seja
transferido a outro proprietário o gravame sobre o mesmo ainda perdura.
Quanto à manutenção dos ônus após a constituição de hipoteca se observa o
art. 1.474 do C.C./ 2002.
• A responsabilidade do ônus real é limitada ao objeto (É a coisa que deve e não
a pessoa).
• A diferença entre o dever e o ônus reside no fato de que, no primeiro, o
comportamento do agente é necessário para satisfazer interesse do titular do
direito subjetivo, enquanto que no caso do ônus o interesse é do próprio
agente.

DEVER JURÍDICO
▪ O dever jurídico é um comando estatal que impõe um determinado comportamento à
pessoa ou a qualquer figura jurídica que possa agir em seu próprio nome.
▪ É o comando imposto, pelo direito objetivo, a todas as pessoas para observarem certa
conduta, sob pena de receberem uma sanção pelo não cumprimento.
▪ “O dever não se esgota no cumprimento da regra prevista no ordenamento
(“perpetuidade”), possuindo, portanto, causa legislativa, direcionando-se não a um só
sujeito, mas a toda coletividade, não podendo ser convertido em pecúnia na hipótese
de desrespeito normativo, aplicando-se-lhe, ao invés, uma sanção”.
▪ O dever é um comando de comportamento que pode ter por fundamento uma
obrigação, a lei ou direito real. (Ex: É dever dos homens prestar o serviço militar. Dever
de alistamento eleitoral.)

OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL


▪ Correspondem a situações híbridas em que o elemento obrigacional é mais acentuado,
tendo o credor, contudo, além do direito à prestação, alguns poderes direitos sobre a
coisa, em semelhança aos efeitos de direitos reais de gozo e de aquisição;
▪ Diferentemente da obrigação real, não pressupõe a existência de um direito real,
sendo uma obrigação comum que gera alguns efeitos tipicamente reais. Ex: direito do
locatário à continuidade da locação predial urbana em caso de alienação e o direito de
preferência com eficácia real.
▪ O compromisso de compra e venda também é uma hipótese de obrigações com
eficácia real. Quando na hipótese de inadimplemento da obrigação, o promissário-
comprador, se o contrato for registrado em Cartório de Imóveis, poderá obter a
adjudicação compulsória
▪ Se transmite ao terceiro que adquire o bem.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES EM GERAL


▪ No direito brasileiro, a classificação das categorias obrigacionais não é mera
elaboração da doutrina, já que o Código Civil a perfilhou, e instituiu a sua normação em
razão das classes ou dos grupos a que as reduziu.
▪ A distribuição das obrigações por seções obedece a duas influências essenciais:
• Em primeiro lugar, atenta-se para a prestação, de onde provém a
classificação objetiva, quando se diferencia a obrigação de dar da de fazer, se
leva em conta a qualidade da prestação.
• A distinção passada tem recebido críticas que julgam mais pertinente a
divisão em positivas e negativas, já que as primeiras contemplam prestações
de rumo direcional idêntico, enquanto as segundas envolvem uma abstenção
ou non facere.
• O segundo ramo da classificação está na sua distribuição subordinada a um
critério subjetivo, agrupando em função dos sujeitos da relação criada:
• Quando se menciona a obrigação solidária ou quando se extrema a divisível da
indivisível, não se perde de vista o objeto, mas atende-se à maneira de
desenvolvimento da relação obrigacional, em função dos sujeitos.
▪ Por fim, cabe admitir a divisão das obrigações quanto a fatores acidentais. Seriam as
obrigações que assumem, ou a variedade da prestação para o credor ou o devedor ou
ainda uma em relação as outras.

MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES


▪ Quanto ao Sujeito:
• Fracionárias ou parciais - Há pluralidade de devedores, cada um responde por
uma parte da dívida, que é divisível.
• Conjuntas ou unitárias - Há pluralidade de devedores, que são cobrados ao
mesmo tempo, a dívida é única e só pode ser cobrada de todos, ao mesmo
tempo.
• Solidárias - Há pluralidade de devedores, cada um responde pela
integralidade da dívida, no entanto, o pagamento integral libera os demais em
face do credor, mas há uma relação interna.
• Disjuntivas - mais de um devedor, não há obrigação interna. A obrigação pode
ser satisfeita, Ex: por A, B ou C, não há relação interna.
• Conexas - Por um fato surgem várias obrigações
• Dependentes - Há prestação principal e acessória
▪ Quanto ao Objeto:

• Alternativas - Há várias possíveis e uma é suficiente para satisfazer a


obrigação.
• Cumulativas - Mais de um objeto: A e B, devem ser satisfeitas
cumulativamente.
• Divisíveis e indivisíveis - O objeto pode ser fracionado ou não pode.
• Facultativas - Geralmente o devedor pode escolher entre cumprir uma
obrigação ou outra. As obrigações guardam uma relação de dependência
entre principal e acessória.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUANTO AO OBJETO


OBRIGAÇÕES DE DAR COISA CERTA
▪ São também chamadas de específicas e visam entregar ao credor uma dada coisa
(específica).
▪ Art. 863 CC/1916. O credor de coisa certa não pode ser obrigado a receber outra, ainda
que mais valiosa.
▪ Consistem na entrega de uma coisa, seja a tradição (entrega de coisa ao adquirente)
realizada pelo devedor ao credor em fase de execução, seja a tradição constitutiva de
direito, seja a restituição de coisa alheia a seu dono.
▪ Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda
que mais valiosa.
• O devedor não se desobriga com a entrega de coisa diversa, ainda que seja
mais valiosa, porque o credor não é obrigado a recebe-la.
▪ No Direito Brasileiro, a propriedade não se transfere pelo contrato, exigindo-se a
tradição para as coisas móveis e a inscrição do título no Registro, para os imóveis.
• A tradição consiste na entrega da coisa. E se diz tradição real, quando se
realiza materialmente, ou simbólica quando a coisa não passa de mão em mão.
▪ A obrigação de dar não confere direito real de propriedade, apenas direito
obrigacional, considerando que em caso de inadimplemento da prestação o devedor
poderá ser obrigado, no máximo, a pagar o equivalente, acrescido de perdas e danos.
▪ A perda ou deterioração da coisa devida suscita um rol de princípios, conforme esteja
o devedor de boa ou de má-fé.
• Estando o devedor de boa-fé, poderá reclamar que seja abatido ao seu preço.
• Se for culpado, subsiste alternativa, entre o recebimento no estado e o
equivalente pecuniário, porém agravado de perdas e danos.
▪ Art. 234 C.C. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do
devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá
este pelo equivalente e mais perdas e danos.
• Perdendo-se, pois, a coisa antes da tradição, ou pendente condição
suspensiva, torna-se impossível a execução em espécie. Mas, se houver ele
agido culposamente, responderá pelo equivalente da coisa perdida e
indenizará as perdas e danos.
• Em se perdendo por culpa deste, deverá transferir ao credor o equivalente
pecuniário, e ainda lhe deve o devedor pagar perdas e danos de acordo com o
art. 402.
▪ Art. 237 C.C. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos
e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir,
poderá o devedor resolver a obrigação.
• Em vez de deterioração, pode a coisa receber melhoramentos e acréscimos,
antes da tradição ou restituição. Se tal acontecer, tem o devedor direito a
exigir aumento do preço, corresponde aos melhoramentos e acrescidos.
• Deve discernir-se a boa ou má-fé do devedor ao realizar o melhoramento,
afim de reconhecer direito ao ressarcimento tão somente no primeiro caso.
• Sendo de restituir, e com culpa do devedor, o credor lucra o incremento, sem
a obrigação de pagar qualquer indenização.
▪ Regras aplicáveis às obrigações de dar:
• Princípio da acessoridade – A regra é de que a devolução da coisa abrange os
acessórios, mesmo que não mencionados, salvo se do contrário resultar do
título ou das circunstâncias do caso.
• Os melhoramentos e acrescidos são do proprietário do bem (também
chamados de cômodos).
• Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa sem culpa do devedor
antes da tradição.

OBRIGAÇÕES DE RESTITUIR
▪ A obrigação de dar, na modalidade de restituir, indica que o devedor entrega coisa que
não lhe pertence, mas pertence ao próprio credor.
▪ A obrigação de restituir é aquela que se encontra nas mãos do devedor, em sua posse,
e é devolvida para o credor.
▪ Sendo de restituir a obrigação, vigoram os mesmos princípios relativos à noção
segundo a qual “a coisa perece para o dono” ou res perit domino.
▪ O perecimento sem culpa aniquila o vínculo por falta do objeto, ocorrendo culpa, o
devedor é sujeito a pagar o equivalente pecuniário da coisa extinta e mais perdas e
danos (art. 238 e 239).
▪ Melhoramentos, acréscimos e frutos na obrigação de restituir
• O proprietário lucra os melhoramentos, acréscimos e frutos naturais.
• Se o acréscimo decorrer de trabalho do devedor então o regime será das
benfeitorias (úteis, necessários e voluptuárias). Podem ser de boa ou má fé do
devedor
o Boa-fé – Tem direito aos melhoramentos das benfeitorias úteis e
necessárias, podendo reter o bem pelo pagamento das necessárias e
úteis. Podendo levantar as voluptuárias.
o Má-fé – Somente tem direito aos melhoramentos às benfeitorias
necessárias. Não podendo levantar as voluptuárias.

OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA


▪ Pode a obrigação recair sobre coisa incerta (dívida de gênero), desde que seja indicada
ao menos pelo gênero e pela quantidade.
▪ Não é possível que seja alguém devedor de coisas genericamente mencionadas, pois
que isso tiraria à obligatio toda a objetividade. Mas, se indicadas por gênero e pela
quantidade, a obrigação permanece útil e eficaz.
▪ O gênero é o agrupamento de bens (coisas) que apresentam caracteres comuns, e a
quantidade se mede por números, pesos, medidas, ou seja, grandezas.
▪ Até o momento da execução, a obrigação de gênero deverá converter-se em entrega
de coisa certa, cessando com a escolha, ou concentração, momento de cumprimento
da obrigação.
▪ Aquele que vai escolher a coisa pratica a escolha do bem. É o que se denomina de
concentração. A concentração compreende um conjunto de atos como pesagem,
separação e envio da coisa, que faz presumir que o devedor, de fato, fez sua escolha.
▪ A concentração, em regra é do devedor, no entanto, pela avença pode ser do devedor
ou de terceiros. Caso a concentração venha ser do credor este deverá se pronunciar
no momento aprazado, caso não o faça poderá o devedor ingressar com ação de dação
em pagamento e o credor será citado para esse fim (art. 981 do CC/1916)
▪ O estado de indeterminação cessa com a escolha. Como a individuação é o que
caracteriza o objeto, e sendo o devedor sujeito à prestação, o C.C oferece a faculdade
de escolher, dentre as do mesmo gênero, aquela a ser entregue.
▪ Em qualquer caso, salvo estipulação expressa, a prestação versará objeto que não
será o pior nem o melhor dentre as coisas do seu gênero.
▪ Não se confundem a obrigação de dar coisa incerta com a obrigação alternativa. O
gênero pode transformar-se em obrigação alternativa, quando o devedor tem duas ou
três opções de escolha.

OBRIGAÇÃO DE FAZER
▪ Tipo de obrigação positiva que se concretiza genericamente em um ato do devedor.
▪ É obrigação de fazer aquela que tem por objeto o podar as árvores de um pomar, de
realização singela e execução material, é uma prestação de fato. Mas é também a
promessa de contratar, cuja prestação é a realização de um negócio jurídico em toda
sua complexidade e efeitos.
▪ É aquela pela qual o devedor encontra-se obrigado quer pessoalmente, quer por
terceiro, a realização de ato positivo, material ou imaterial, em benefício de credor ou
de terceira pessoa.
▪ Na obrigação de dar – Não há, cumulativamente, a realização prévia de uma obrigação
de fazer embutida
▪ Na obrigação de fazer – A prestação é de realizar um determinado ato, a eventual
entrega do ato é mera consequência dele. Ex.: tela de pintura
▪ Naquelas obrigações em que somente o devedor pode realizar a prestação, sua recusa
terá como consequência sujeita-lo a indenizar ao credor perdas e danos.
▪ Nas demais, de prestação fungível, regra é que ou o credor é autorizado a manda-la
executar a expensas do devedor ou fica sub-rogado nas perdas e danos.
▪ A obrigação de fazer personalíssima leva em conta as condições especiais do devedor,
a exemplo de um quadro encomendado com um artista de prestígio e valor
particularmente ponderados.

OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER


▪ É a negativa típica. O devedor obriga-se a uma abstenção, conservando-se em uma
situação omissiva.
▪ É comum que a obrigação de não fazer apareça como dever anexo a outras obrigações,
como a de dar ou de restituir, sendo efeito típico dos direitos reais no aspecto da
oponibilidade erga omnes.
▪ Na obrigação negativa esta ação humana aparece por omissão, pois o devedor é
sujeito a non facere.
▪ Quando se impossibilita a abstenção do fato, sem culpa do devedor, a obrigação
extingue-se.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES QUANTO AO SUJEITO


INDIVISIBILIDADE
▪ Divisíveis são as obrigações suscetíveis de cumprimento fracionado
▪ Indivisíveis são as obrigações que somente podem cumprir-se na sua integralidade
▪ Na verdade, o que é caracterizado com div, ou indiv. não é a obrigação em si, mas sim
sua prestação, assim como aferível no art. 258 do C.C.
▪ Deve-se distinguir a indivisibilidade material e indivisibilidade jurídica:
• A análise da indivisibilidade exige a recordação da teoria e da classificação
dos bens considerados em si mesmos, permitindo a distinção entre prestação
que podem ou não ser fracionadas
• Sempre há de verificar se é admissível, juridicamente, o parcelamento do
objeto.
▪ Diz-se que a prestação é divisível quando as partes em que se fracione não perdem as
características essenciais do todo nem sofrem depreciação acentuada; e indivisível
em caso contrário.
▪ Exemplo na obrigação de dar:
• Divisível será, quando cada uma das parcelas, em que seccione, guardar as
características essenciais do todo. Se o devedor tem que entrar um conjunto
de unidade autônomas, a prestação poderá ser divisível, pois cada uma
conserva os requisitos que classificam o objeto em economicamente útil.
• Por sua vez, se a coisa devida for corpo certo e determinado, seja móvel
(diamante) ou imóvel (apartamento, terreno), não se poderá cogitar a
divisibilidade, pois, mesmo possível o fracionamento como corpo material,
não comporta pagamento de uma parte, porção ou pedaço da coisa devida.
▪ A obrigação de restituir é, em regra, indivisível.
▪ A obrigação de fazer pode ser divisível ou indivisível, dentro dos critérios jurídicos.
▪ A obrigação de não fazer é, via de regra, indivisível. Porém, é admissível a
divisibilidade da prestação negativa quando o objeto consiste em um conjunto de
omissões que não guardam relação orgânica.
▪ É licita a convenção no sentido da indivisibilidade quando a prestação juridicamente
divisível se torne indivisível devido a uma declaração de vontade. Se denomina
indivisibilidade convencional. Porém, a indivisibilidade que nasce de uma declaração
de vontade pode terminar por força de uma convenção contrária.

SOLIDARIEDADE
▪ Segundo o C.C, arts. 264 e 265, há solidariedade quando, na mesma obrigação,
concorre pluralidade de credores, cada um com direito à dívida toda, ou pluralidade de
devedores, cada um obrigado a ela por inteiro.
▪ Para que se possa existir solidariedade, é essencial a concorrência de mais de um
credor, ou de mais de um devedor.
▪ Se cada um dos devedores estiver obrigado a uma prestação autônoma, ou se cada um
dos credores tiver direito a uma certa parte da coisa devida, não há solidariedade. É
necessário unidade de prestação.
▪ Cada um dos credores tem o poder de receber a dívida inteira, e cada um dos
devedores tem a obrigação de solvê-la integralmente.
▪ Na obrigação solidária, a unidade objetiva se difere da que se dá na indivisível. Nesta,
impera a unidade do objeto, por um motivo de ordem técnica.
▪ O que caracteriza a solidariedade é a pluralidade subjetiva e a unidade objetiva.
▪ Solidariedade Ativa:
• Não é muito usual, inexistindo qualquer texto que a institua. É quando existem
credores solidários.
• O direito ao recebimento da prestação por inteiro é de todos os credores. Se,
em razão da solidariedade não prospera a credibilidade da prestação, não é
lícito a um credor receber uma parte da coisa devida, ainda que a título da sua
parte, que em verdade inexiste enquanto durar o vínculo solidário.
▪ Solidariedade Passiva:
• Ao contrário da ativa, é muito frequente.
• Cada um dos devedores se obriga para com o mesmo credor, tendo de ser
encarada internamente e externamente, ou seja, nas relações dos devedores
com o credor e nas dos devedores entre si.
• O credor tem a faculdade de receber de qualquer dos coobrigados a coisa
devida, total ou parcialmente.
• O credor tem a faculdade de acionar um, alguns ou todos os devedores, sem
que, em nenhuma das hipóteses, se possa induzir renúncia à qualidade
creditória contra os codevedores solidários.

TRANSMISSIBILIDADE DAS OBRIGAÇÕES


▪ Cessão de crédito: negócio jurídico em virtude do qual o credor transfere a outro a sua
qualidade creditória contra o devedor, recebendo o cessionário (adquirente) o direito
respectivo, com todos os acessórios e todas as garantias.
▪ Como partes da assunção de dívida, tem-se o antigo devedor (cedente), o novo devedor
(cessionário) e o credor (cedido)
▪ Silvio Rodrigues - “A cessão de crédito é o negócio jurídico, em geral de caráter
oneroso, através do qual o sujeito ativo de uma obrigação a transfere a terceiro,
estranho ao negócio original, independentemente da anuência do devedor . O alienante
toma o nome de cedente, o adquirente o de cessionário, e o devedor, sujeito passivo da
obrigação, o de cedido.”.
▪ Apenas a soma dos poderes e das faculdades inerentes à razão creditória, sem
modificação no conteúdo ou natureza da obrigação, desloca-se da pessoa do cedente
para aquele que lhe ocupa o lugar na relação obrigacional.
▪ O crédito é dotado não apenas de valor econômico, mas também jurídico, inserido na
funcionalização social dos institutos das necessidades.
▪ O C.C disciplina o instituto após o título que cuida das modalidades das obrigações, a
partir do art. 286.
▪ Dois regimes de transmissão de crédito:
• O regime da cessão comum do crédito (arts. 286 e segs.)
• O regime da cessão por meio dos títulos de crédito (arts. 887 e segs.)
▪ Pode ser onerosa ou gratuita
• Mediante uma contraprestação do cessionário ou sem que haja qualquer
correspectivo.
• Distinção importante na questão de responsabilidade do cedente, já que
busca-se evitar o enriquecimento sem causa do cedente, por exemplo, nas
hipóteses de ausência de vínculo obrigacional ou de sua nulidade
▪ Voluntária ou necessária
• Voluntária é a que origina da manifestação de vontade dos interessados.
• É necessária ou legal quando deriva da imposição da lei, e ainda judicial
quando por força de sentença.
▪ Pro soluto ou Pro solvendo
• Conforme o cedente transfira o seu crédito em solução de uma obrigação
preexistente, ficando dela exonerado; ou subsista esta, sem a quitação,
coexistindo a obrigação cedida e a primitiva.
• Pro soluto – é a que confere quitação plena e imediata do débito do cedente
para com o cessionário, exonerando o cedente
• Pro solvendo – é aquela em que a transferência do crédito é feita com intuito
de extinguir a obrigação apenas quando o crédito for efetivamente cobrado
▪ Por via de regra, o credor sempre pode transferir o seu crédito (art. 286), pois em
principio todos são suscetíveis de mutação. Por exceção, e somente por essa, será
defesa.
▪ As proibições ou decorrem da natureza da obrigação ou da vontade da lei ou da
convenção entre as partes.
• Pela própria natureza, não podem ser objeto de cessão os créditos acessórios,
sem a transferência do principal.
• Também aqueles que derivam de obrigações personalíssimas.
• Quando não seja possível fazer efetiva a prestação ao cessionário sem
alteração de seu conteúdo.
• Podem as partes ajustar cláusula impediente da cessão de crédito, seja de
modo absoluto, seja relativo (direitos que se tornam intransferíveis por força
do ajuste)
▪ A transferência da razão creditória abrange-lhes os frutos, rendimentos e garantias.
▪ A cessão é tratada como negócio jurídico abstrato.
▪ A cessão de crédito deve ser analisada subjetiva e objetivamente.
• Subjetivamente, não pode ceder seu crédito aquele que não tem o poder de
disposição (incapacidade ou em relação ao direito cedido)
• Objetivamente, a cessão não ultrapassa o conteúdo do próprio crédito,
ninguém pode transferir mais direitos do que tem.
▪ Validade da cessão:
• A cessão de crédito não se subordina a requisitos de forma para valer entre as
partes. Não há, porém, uma aceitação universal desse princípio
• Não faltam sistemas jurídicos que requerer a aceitação do devedor de forma
escrita.
• Se se tratar de obrigação inferior à taxa legal, prova-se a cessão por qualquer
meio
• Se de valor superior, exige-se um começo de prova por escrito, nos termos do
art. 227.
• Se a obrigação transferida envolve um direito real, a forma escrita é da
substância do ato.
• O valor a se considerar não é o da cessão, pois está pode até ser gratuita, mas
do crédito cedido.
• Assim, não se exige a observância de requisito formal, para a cessão ter
eficácia entre as partes. Porém, quando o direito cedido requer instrumento
público, a forma deste atrai a da cessão.
• A eficácia da cessão relativamente a terceiros não é sujeita aos mesmos
princípios, ela está subordinada a observância da forma.
o Ou se faz por escrito público ou por escrito particular.
o Terceiro, para efeito da cessão, é quem não participou do negotium
iuris, ou seja, é terceiro o devedor do crédito transferido.
▪ Responsabilidade do cedente:
• O cedente realiza, por meio da transferência, uma alienação, e por
conseguinte responderá pelo ato que pratica
• O credor que cede o seu direito está sujeito a toda uma série de princípios
especiais:
• O que interessa é a responsabilidade na cessão voluntária.
• Na ausência de estipulação, o cedente responde tão somente pela veritas
nominis, isto é, fica responsável ao cessionário pela realidade da dívida, pela
existência do crédito ao tempo da cessão.
• O cedente não é obrigado pela bonita nominis (solvência do devedor).
• É válida a cláusula que o exime da responsabilidade pela realidade da dívida
na cessão onerosa.
o Porém, se o cessionário tem conhecimento do litígio sobre o crédito, e
mesmo assim adquire-o por cessão onerosa, assume os riscos desta.
▪ Efeitos da cessão: quanto ao devedor e ao cessionário:
• O cessionário passa a ocupar a mesma posição antes preenchida pelo
cedente, este passa a ocupar a mesma posição antes preenchida pelo credor
original.
• Como a cessão não atinge a obrigação transferida, mantém inalterada a sua
substância, conservando suas modalidades.
• Efetuada a cessão, o cedente é responsável perante os cessionários.
• Qualquer que seja o cessionário não satisfeito, tem ação contra o cedente para
ressarcir-se do prejuízo sofrido.
• Operada a cessão, o credor não tem mais o direito de dispor do crédito.
▪ Assunção de débito:
• Negócio jurídico por meio do qual o devedor transfere a um terceiro a posição
de sujeito passivo da relação obrigacional (art. 299 do C.C)
• O C.C não exclui a possibilidade de assunção cumulativa da dívida (2 ou mais
devedores se tornando responsáveis pelo débito)
• Como partes da assunção de dívida, tem-se o antigo devedor (cedente), o novo
devedor (cessionário) e o credor (cedido).
o Por expromissão – é a situação em que terceira pessoa assume
espontaneamente o débito da outra, sendo que o devedor originário
não toma parte nessa operação
o Por delegação – é a situação em que o devedor originário, denominado
delegante, transfere o débito a terceiro (delegatário), com anuência do
credor (delegado)
• Sem a concordância expressa do terceiro, as garantias por ele prestadas se
extinguirão. Já as garantias prestadas pelo próprio devedor também estarão
extingas, salvo consentimento em sentindo contrário
• Se anulada a assunção de dívida, restaura-se o débito com relação ao devedor
primitivo, com todas as suas garantias, salvo aquelas prestadas por terceiros.
• Não poderá o devedor opor ao credor as exceções pessoais que detinham o
devedor primitivo (art. 302 do CC).
▪ Cessão de contrato:
• Não é regulamentada em lei, mas tem existência jurídica como negócio
jurídico atípico, se enquadrando no art. 425.
• Está quase sempre relacionada com um negócio cuja execução ainda não foi
concluída, transferindo a inteira posição ativa ou passiva da relação, incluindo
o conjunto de direitos e deveres do titular.
• Para que a cessão do contrato seja perfeita, é necessária a autorização do
outro contratante, como ocorre com a cessão de débito ou assunção de dívida.

MODALIDADES DE PAGAMENTO
▪ Por meio do pagamento, tem-se a liberação total do devedor em relação ao vínculo
obrigacional.
▪ Elementos subjetivos (pessoas envolvidas):
• Quem deve pagar?
o Como regra geral, o solvens será o devedor.
o Porém, outras pessoas também podem pagar, além do próprio sujeito
passivo da relação obrigacional.
o Obs: o terceiro interessado na dívida é a pessoa que tem interesse
patrimonial na sua extinção, caso do fiador, avalista ou herdeiro.
Havendo o pagamento por parte deste, sub-roga-se os direitos de
credor (legal ou automática)
• A quem se deve pagar?
o Como regra geral, o accepiens será o credor. Porém, o pagamento
também pode ser feito ao seu representante.
▪ Objeto e a prova do pagamento direto (elementos objetivos):
• O Código Civil traz regras quanto ao objeto de pagamento, entre os arts. 313 a
318.
• O objeto do pagamento é a prestação, podendo o credor negar o recebimento
do que não foi originalmente pactuado, mesmo sendo coisa mais valiosa.
• Mesmo sendo prestação divisível, não pode ser o credor obrigado a receber o
pagamento em partes, salvo previsão em contrato.
• As dividas pecuniárias (em dinheiro), devem ser pagas em moeda nacional.
• A quitação constitui prova efetiva de pagamento, sendo o documento pelo qual
o credor reconhece que recebeu o pagamento, exonerando o devedor da
relação obrigacional.
▪ Do lugar do pagamento direto:
• Trata do local do cumprimento da obrigação, em regra estipulado no negócio
jurídico.
• Em regra geral, os instrumentos obrigacionais estipularão o domicílio onde as
obrigações deverão ser cumpridas, podem ser:
o Obrigação quesível ou quérable - deverá ocorrer no domicílio do
devedor
o Obrigação portável ou portable - deverá ocorrer no domicílio do
credor
• Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher entre eles (art.
327), sendo uma das poucas vezes em que a escolha cabe ao credor.
o Porém, se tratando de imóvel, as prestações se darão no lugar onde
situado o bem (art. 328)
▪ Do tempo do pagamento:
• O vencimento é o momento em que a obrigação deve ser satisfeita, cabendo ao
credor a faculdade de cobrá-la. (Pode ser fixado pelas partes por força do
instrumento negocial)
• A obrigação pode ser:
o Instantânea (pagamento à vista)
o Execução diferida (pagamento deve ocorrer de uma vez só, no futuro)
o Execução periódica (pagamento de trato sucessivo no tempo)
• Em regra geral, o credor não pode exigir o adimplemento antes do vencimento,
muito menos o devedor pagar após a data prevista.
• Exceções: art. 331 a 333.
▪ Pagamento em consignação:
• Pode ser conceituado como o deposito feito pelo devedor, da coisa devida, para
liberar-se de uma obrigação assumida em face do credor.
• Depósito judicial ou em estabelecimento bancário da coisa devida.
• Pode ter como objeto bens imóveis e móveis, estando relacionada como a
obrigação de dar.
• O depósito afasta a eventual aplicação das regras de inadimplemento.
• Poderá ocorrer:
o Se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar a receber o
pagamento
o Se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e
condições devidas
o Se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, for declarado
ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso
o Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do
pagamento
o Se pender litígio sobre o objeto do pagamento (única causa objetiva)
• Duas são as ações de consignação previstas no direito brasileiro:
o A consignação em pagamento (com regras elencadas entre os arts.
890 a 900 do CPC)
o Consignação de aluguéis e encargos da locação (conforme os arts. 58
e 67 da Lei 8.245/1991)
▪ Pagamento com sub-rogação:
• A sub-rogação é conceituada como a substituição de uma coisa por outro, com
os mesmo ônus e atributos ou de uma pessoa por outra.
o Na sub-rogação pessoal, o credor é substituído, como no caso do
fiador que satisfaz a dívida do credor.
o A sub-rogação real ocorre quando a coisa, objeto do vínculo jurídico, é
substituída por outra que passa a ocupar o lugar jurídico da coisa
original.
• O C.C trata da sub-rogação pessoal ativa, que vem a ser a substituição em
relação aos direitos relacionados com o crédito, em favor daquele que
adimpliu a obrigação alheia. (art. 346 a 351)
• Efetivado o pagamento por terceiro, o credor ficará satisfeito, não podendo
mais requerer o cumprimento da obrigação.
• Porém, o devedor originário continuará obrigado perante o terceiro que
efetivou o pagamento.
• Dessa forma, percebe-se que que não há extinção propriamente dita da
obrigação, mas a mera substituição do sujeito ativo, passando a terceira
pessoa a ser o novo credor da relação obrigacional.
• A sub-rogação transfere ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e
garantias do primitivo em relação à dívida contra o devedor principal e os
fiadores. (art. 349 do CC)
o Sub-rogação legal (art. 346 do CC) – são as hipóteses de pagamentos
efetivados por terceiros interessados na dívida
o Sub-rogação convencional (art. 347 do CC) – são os pagamentos
efetivados por terceiros não interessados na dívida
▪ Imputação do pagamento:
• Ocorre quando há mais de uma obrigação a pagar e o pagamento é realizado
sem indicar quais obrigações que serão satisfeitas, que possuem mesma
natureza (líquidas e vencidas)
• Art. 352 - “a pessoa obrigada por dois ou mais débitos da mesma natureza, a
um só credor, tem o direito de indicar a qual deles oferece pagamento, se todos
forem líquidos e vencidos”
• A imputação visa favorecer o devedor ao lhe possibilitar a escolha do débito
que pretende extinguir.
• Se o devedor não fizer qualquer declaração, transfere-se o direito de escolha
ao credor, não podendo o primeiro reclamar, a não ser que haja violência ou
dolo do segundo (art. 353)
▪ Dação em pagamento:
• Satisfação do crédito por entrega de coisa diversa da pactuada na avença.
• Arts. 356 a 359, conceituam como uma forma de pagamento indireto em que há
acordo privado de vontades entre os sujeitos da obrigação. (necessário
consentimento expresso do credor)
• A dação em pagamento pode ter como objeto uma prestação qualquer, não
sendo necessariamente dinheiro, podendo ser entregue bem móvel ou imóvel.
• De acordo com os ensinamentos transcritos, a substituição pode ser de
dinheiro por bem móvel ou imóvel (datio rem pro pecuni), de uma coisa por
outra (datio rem pro re), de dinheiro por título, de coisa por fato, entre outros,
desde que o seu conteúdo seja lícito, possível, determinado ou determinável.

EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES SEM PAGAMENTO


▪ Compensação:
• Ocorre compensação quando duas ou mais pessoas forem ao mesmo tempos
credoras e devedoras uma das outras, extinguindo-se as obrigações até o
ponto que se equivalerem (art. 368)
• Efetua-se entre dívidas liquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
• O devedor somente pode compensar com o credor o que este lhe dever; mas o
fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
• A diferença de causa, razão ou motivo nas dívidas também não impede a
compensação, exceto conforme prevê o art. 373 do CC.
o Se a dívida provier de esbulho, furto ou roubo;
o Se uma dívida se originar de comodato, depósito ou alimentos;
o Se uma dívida for de coisa não suscetível de penhora.
• O art. 375 consagra a possibilidade da cláusula excludente da compensação,
diante da autonomia privada e da liberdade contratual. O mesmo comando
legal autoriza a possibilidade de renúncia à compensação.
• De acordo com o art. 376, aquele que se obrigou em favor de um terceiro não
pode compensar essa obrigação com o que lhe deve o credor da obrigação.
o Exemplo: Em outras palavras, imaginem que A(Alves) se comprometeu
perante B(Bernardo)que pagaria R$ 2.000,00 a C(Clóvis). Se Alves(A)
é credor de Bernardo(B), no valor de R$ 1.500,00, não poderá A
compensar a importância que deve pagar a C, porque o pagamento,
embora tenha sido acordo com B é destinado ao crédito de Clóvis e não
de Bernardo.
• O devedor que, notificado, nada opor à cessão que o credor fez a terceiros dos
seus direitos, não poderá opor ao cessionário a compensação, que antes da
cessão teria podido opor ao cedente
• Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não poderão ser
compensadas sem a dedução das despesas necessárias à operação (art. 378).
• Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro, o que
ressalta a proteção da boa-fé objetiva, que é preceito de ordem pública (art.
380 do CC).
o Imaginem que há relação uma jurídica em que “A” deve R$ 1.000,00 a “B”. “B”
deve algo a “C”, mas não satisfaz a obrigação. “C” ajuíza uma ação de
execução e o juiz determina a penhora desse crédito em benefício de “C”,
para garantir a execução. O crédito que deve ser pago por “A” em benefício
de “B” fica penhorado, pela decisão judicial, em benefício de “C”. Se essa
situação já estiver estabelecida e o devedor “A” passar a ser credor de “B”,
porque, p.ex., recebeu um crédito em face de um novo negócio jurídico
firmado com “B” ou porque recebeu uma cessão de crédito de terceiro, em
que “B” figura como devedor, mesmo que possa ser compensáveis esses
créditos e débitos, mesmo assim não poderá ocorrer a compensação porque
esse crédito já está vinculado à ação de execução proposta por “C”, em razão
da penhora que foi efetivada.
• Pode ser:
o Compensação plena – é aquela que envolve a totalidade de duas
dívidas.
o Compensação parcial – é aquela que envolve parte de uma dívida e a
totalidade de outra. Uma dívida é extinta e a outra é compensada
▪ Confusão:
• Extingue-se a obrigação, desde que na mesma pessoa se confundam as
qualidades de credor e devedor (art. 381).
• Pode ser:
o Total (extinção total da dívida)
➢ Imagine-se o caso em que a empresa A deve para a empresa B R$
1.000.000,00 (um milhão de reais). Se a segunda empresa adquirir a
primeira, a dívida estará extinta
o Parcial (confusão parcial)
➢ Alguém que deve uma quantia para o seu pai, que é declarado morto
por ausência. Se o filho for o seu único sucessor, haverá confusão
total. Haverá confusão parcial se o tio também for credor da dívida.
Mas se o pai reaparecer, a dívida também ressurge.
• A confusão operada na pessoa do credor ou devedor solidário só extingue a
obrigação até a concorrência da respectiva parte no crédito, ou na dívida,
subsistindo quanto ao mais a solidariedade.
• Cessando a confusão, para logo se restabelece, com todos os seus acessórios,
a obrigação anterior (art. 384)
▪ Remissão de dívidas:
• A remissão é o perdão de uma dívida, constituindo um direito exclusivo do
credor de exonerar o devedor (arts. 385 a 388)
• Constitui negócio jurídico bilateral, devendo ser aceita pelo sujeito passivo
obrigacional.
• Somente pode ocorrer não havendo prejuízo para terceiros.
• A remissão ou perdão concedido a um dos codevedores extingue a dívida na
parte a ele correspondente, não atingindo a solidariedade em relação aos
demais (art. 388)
• Não se podem confundir os institutos da renúncia (gênero) e da remissão
(espécie). A renúncia pode incidir sobre determinados direitos pessoais e é ato
unilateral. A remissão só diz respeito a direitos creditórios e constitui ato
bilateral (negócio jurídico).

INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES


▪ Do inadimplemento da obrigação, inexecução ou descumprimento, nasce o dever de
indenizar as perdas e danos.
• Inadimplemento parcial, mora ou atraso – é a hipótese em que há apenas um
descumprimento parcial da obrigação, que ainda pode ser cumprida.
• Inadimplemento total ou absoluto – é a hipótese em que a obrigação não pode
ser mais cumprida, tornando-se inútil ao credor.
▪ A diferença entre mora e inadimplemento absoluto está na utilidade da obrigação para
o credor:
• Exemplo: Imagine-se o caso em que alguém contratou a entrega de um bolo de noiva
para o dia do seu casamento. A entrega foi pactuada para 19 horas, estando o
casamento marcado para 20 horas e servindo o bolo como decoração do local da
celebração. Até o primeiro horário não haverá mora ou inadimplemento caso o bolo
não seja entregue. A partir das 19h01, haverá mora, pois, a obrigação ainda pode ser
cumprida. Entretanto, com a entrada da noiva na igreja, às 20h01, haverá
inadimplemento absoluto. A obrigação, no último caso, tornou-se imprestável, inútil
ao credor
▪ Os efeitos decorrentes da mora são menores do que os efeitos do inadimplemento
absoluto.
▪ Importância da boa-fé objetiva no cumprimento das obrigações:
• Função de interpretação - os negócios devem ser interpretados conforme a
boa-fé e os usos do lugar da sua celebração.
• Função de controle - aquele que contraria a boa-fé comete abuso de direito.
• Função de integração - a boa-fé objetiva deve integrar todas as fases do
contrato: pré-contratual, contratual e pós-contratual.
▪ Da Mora:
• A mora é o atraso, retardamento ou a imperfeita satisfação obrigacional.
• Para que exista, sua causa não pode decorrer de caso fortuito ou força maior.
• Trata do retardamento culposo no cumprimento da obrigação.
• Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que
não o quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção
estabelecer (art. 394)
• Há duas espécies de mora:
a) A mora do devedor (mora solvendi) - está presente nas situações em
que o devedor não cumpre, por culpa sua, a prestação referente à
obrigação.
b) A mora do credor (mora accipiendi) - apesar de rara, se faz presente
nas situações em que o credor se recusa a aceitar o adimplemento da
obrigação no tempo, lugar e forma pactuados, sem ter motivo justo
para tanto. Independe de culpa.
• Mora do devedor (solvendi):
o O principal efeito da mora do devedor é a responsabilização do sujeito
passivo da obrigação por todos os prejuízos causados ao credor, mais
juros e atualização monetária.
o Se em decorrência da mora a prestação tornar-se inútil ao credor,
este poderá rejeitá-la, cabendo a resolução da obrigação com a
correspondente reparação por perdas e danos (art. 395)
o O adimplemento substancial decorre dos princípios gerais
contratuais, de modo a fazer preponderar a função social do contrato
e o princípio da boa-fé objetiva, balizando a aplicação do art. 475.
(Nessa teoria, em hipótese de obrigação quase toda cumprida, não
caberá a extinção do contrato, mas apenas outros efeitos)
o O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação,
embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de força
maior, se estes ocorrerem durante a mora. Entretanto, tal
responsabilidade é afastada se o devedor provar isenção total de
culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação fosse
oportunamente desempenhada (art. 339)
➢ Exemplo: Imagine-se um caso em que um devedor está em atraso
quanto à obrigação de entregar um cavalo. Ocorre uma enchente
em sua fazenda e o cavalo se perde. Em regra, responderá tal
devedor por perdas e danos, o que inclui o valor do animal. Mas se
ele provar que a enchente também atingiu a fazenda do credor, onde
supostamente estaria o animal se não houvesse atraso, tal
responsabilidade deverá ser afastada
• Subclassificação da mora:
o Mora automática ou ex re: quando a obrigação for positiva (de dar ou
fazer), líquida (certa quanto à existência e determinada quanto ao
valor) e com data fixada para o adimplemento. (art. 397)
o Mora pendente ou ex persona: se não houver estipulação de termo
certo para a execução da obrigação assumida, sendo está positiva e
líquida. Desse modo, a caracterização da mora dependerá de uma
providência, do credor ou seu representante. (art. 397)
o Mora presumida ou irregular: nas obrigações provenientes de ato
ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou (art.
398)
• Purgação da Mora:
o Significa afastar ou neutralizar os efeitos decorrentes do
inadimplemento parcial, principalmente do atraso no cumprimento
(art. 401)
o Pela purgação, tanto o credor quanto o devedor que incorreram em
mora corrigem, sanam a falta cometida cumprindo com a obrigação
ainda em tempo hábil ao adimplemento.
o Deverá a parte que estava inadimplente reparar os eventuais
prejuízos causados ao outro sujeito da relação obrigacional.
o Por fim, não se pode confundir a purgação da mora com a cessação da
mora:
➢ A purgação da mora ocorre por meio de ato espontâneo do
sujeito obrigacional em atraso
➢ A cessação da mora ocorre por um fato extintivo de efeitos
pretéritos e futuros, como sucede quando a obrigação se
extingue com a novação, remissão de dívidas ou renúncia do
credor.
▪ Do inadimplemento absoluto da obrigação:
• Não cumprida a prestação, passa o sujeito a responder pelo valor
correspondente ao objeto obrigacional, fora perdas e danos, jutos
compensatórios, cláusula penal, atualização e honorários.
o Os honorários mencionados pelos dispositivos do Código Civil são os
contratuais e não os de sucumbência
• Nas obrigações negativas (de não fazer), o devedor é havido por inadimplente
desde o dia em que o ato é executado.
• Pelo inadimplemento do devedor respondem todos os seus bens, o que
consagra o princípio da imputação civil dos danos, ou princípio da
responsabilidade patrimonial do devedor.
• As perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
▪ Juros remuneratórios e moratórios:
• Um dos principais efeitos do inadimplemento da obrigação é a incidência de
juros a serem suportados pelo devedor. Sendo esses conceituados como os
frutos civis ou rendimentos devidos pela utilização de capital alheio.
o Juros compensatórios ou remuneratórios – São aqueles que decorrem de
uma utilização consentida do capital alheio, como nos casos de
inadimplemento total da obrigação ou de financiamentos em geral.
o Juros moratórios – Constituem um ressarcimento imputado ao devedor pelo
descumprimento parcial da obrigação. Como regra geral, os juros
moratórios são devidos desde a constituição em mora e independem da
alegação e prova do prejuízo suportado (art. 407 do CC).
• Os juros convencionais são aqueles estabelecidos pelas partes no
instrumento negocial.
• Os juros legais, caso as partes não convencionarem por instrumento
obrigacional. Mesmo não sendo previstos pelas partes, os juros legais
moratórios são devidos, na taxa que “estiver em vigor para a mora do
pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional”.
MODALIDADE DA MORA INÍCIO DOS JUROS MORATÓRIOS
Mora automática Vencimento da obrigação (Enunciado
n.428, da V Jornada de Direito Civil)
Mora pendente Citação (art.405 do CC).
Mora irregular Ocorrência do evento danoso (Súmula 54
do STJ).
• Não se pode esquecer que, ainda que não se alegue prejuízo, é obrigado o
devedor aos juros da mora que serão contados tanto para as dívidas em
dinheiro quanto para as prestações de outra natureza
▪ Cláusula Penal
• A cláusula penal é uma cláusula acessória, pela qual se impõe uma sanção
econômica, em dinheiro ou outro bem pecuniariamente estimável, contra
quem inexecutou parcialmente ou totalmente uma obrigação.
• É condizente com o inadimplemento obrigacional (arts 408 a 416)
• A cláusula penal é pactuada pelas partes no caso de violação da obrigação,
mantendo relação direta com o princípio da autonomia privada, motivo pelo
qual é também denominada multa contratual ou pena convencional.
• Pode ser estipulada conjuntamente com a obrigação ou em ato posterior.
• A incidência da cláusula penal exige a culpa genérica do sujeito passivo da
obrigação, em regra.
• A multa admite uma classificação de acordo com aquilo com que mantém
relação:
o Multa moratória: mora ou inadimplemento parcial
o Multa compensatória: inexecução total da obrigação (art. 409)
• Enquanto a cláusula penal compensatória funciona como pré-fixação das
perdas e danos, a cláusula penal moratória, cominação contratual de uma
multa para o caso de mora, serve apenas como punição pelo retardamento no
cumprimento da obrigação (não compensa inadimplemento, nem o substitui)
• O limite da cláusula penal é o valor da obrigação principal (art. 412)
• O limite do art. 412 do CC aplica-se tanto à multa moratória quanto à multa
compensatória?
o Tartuce entende que não. Quanto à multa moratória, filia-se à corrente que
afirma que o limite para os contratos civis é de 10% sobre o valor da dívida.
• No caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada,
terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena juntamente com
cumprimento da obrigação principal.
• No caso de multa compensatória, esta se converterá em alternativa a
benefício do credor, que poderá exigir a cláusula penal ou as perdas e danos.
• Sendo a obrigação indivisível e havendo vários devedores, caindo em falta um
deles, todos incorrerão na pena, mas a cláusula penal somente poderá ser
demandada integralmente do culpado.
▪ Das Arras ou Sinal:
• As arras podem ser conceituadas como sendo o sinal, o valor dado em dinheiro
ou o bem móvel entregue por uma parte à outra, visando trazer a presunção
de celebração do contrato definitivo.
• Normalmente previstas em negócios de compra e venda de imóvel, a fim de
tornar definitivo o contrato preliminar.
• Funcionam como antecipação do pagamento, valendo de desconto no
pagamento total.
• Exemplo:
o Imagine-se o caso em que é celebrado um compromisso de compra e venda
de imóvel com valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais). Para tornar definitivo
o contrato o compromissário comprador paga R$ 10.000,00 (dez mil reais) ao
promitente vendedor.
• Deverão estas, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na
prestação devida, se do mesmo gênero da principal (art. 417)
• Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por
desfeito, retendo-as.
• Se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o
contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com
atualização monetária (art. 418)
o A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior
prejuízo, valendo as arras como taxa mínima de indenização (art. 419)

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