OBRIGAÇÃO: é o vínculo jurídico, pelo qual o devedor fica adstrito a cumprir
uma prestação de carácter patrimonial em favor do credor, o qual poderá exigir judicialmente seu cumprimento.
ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO
1. ELEMENTOS SUBJECTIVOS DA RELAÇÃO: Trata-se dos elementos
pessoais, os sujeitos ou pessoas envolvidas na relação jurídica obrigacional, a saber:
SUJEITO ACTIVO: é o beneficiário da obrigação, podendo ser uma pessoa
natural ou jurídica a quem a prestação é devida. É denominado credor, sendo aquele que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação.
SUJEITO PASSIVO: é aquele que assume um dever, na óptica civil, de cumprir
o conteúdo da obrigação, sob pena de responder com seu património. É denominado devedor.
NOTA: Interessante deixar claro que, na actualidade, dificilmente alguém
assume a posição isolada de credor ou devedor em uma relação jurídica. Na maioria das vezes, as partes são, ao mesmo tempo, credoras e devedoras entre si, presente a proporcionalidade de prestações denominada sinalagma, como ocorre no contrato de compra e venda. Tal estrutura também é denominada relação jurídica obrigacional complexa.
2. ELEMENTO OBJECTIVO OU MATERIAL DA OBRIGAÇÃO: Aqui,
trata-se do conteúdo da obrigação. O objecto imediato da obrigação é a prestação, que pode ser positiva ou negativa.
OBRIGAÇÃO POSITIVA: ela terá como conteúdo o dever de entregar coisa
certa ou incerta (obrigação de dar) ou o dever de cumprir determinada tarefa (obrigação de fazer).
OBRIGAÇÃO NEGATIVA: o conteúdo é uma abstenção (obrigação de não
fazer). Na definição de Antunes Varela, jurista português: A RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL
PRESTAÇÃO: “A prestação consiste, em regra, numa actividade ou numa
acção do devedor (entregar uma coisa, realizar uma obra, patrocinar alguém numa causa, transportar alguns móveis, transmitir um crédito, dar certo número de lições, etc.). Mas também pode consistir numa abstenção, permissão ou omissão (obrigação de não abrir estabelecimentos de certo ramo do comércio na mesma rua ou na mesma localidade; obrigação de não usar a coisa recebida em depósito; obrigação de não fazer escavações que provoquem o desmoronamento do prédio vizinho). A prestação é o fulcro da obrigação, é o seu alvo prático. Distingue-se do dever geral de abstenção próprio dos direitos reais, porque o dever jurídico de prestar é um dever específico (que apenas atinge o devedor), enquanto o dever geral de abstenção é um dever genérico, que abrange todos os não titulares do direito (real ou de personalidade).”
Por acto contínuo de estudo, percebe-se que o objecto mediato da obrigação
pode ser uma coisa ou uma tarefa a ser realizada, positiva ou negativamente. Como exemplo de objecto mediato da obrigação, pode ser citado um automóvel ou uma casa em relação a um contrato de compra e venda. Esse também é o objecto imediato da prestação. Alguns autores apontam que o objecto mediato da obrigação ou objecto imediato da prestação é o bem jurídico tutelado ou o próprio bem da vida posto em circulação.
REQUISITOS LEGAIS DA PRESTAÇÃO: Pois bem, para que seja válida no
âmbito jurídico, todos os elementos mencionados, incluindo a prestação e seu objecto, devem ser lícitos (294.º CC), possíveis - física e juridicamente (280º; 401º; 790º CC.), determinados ou pelo menos determináveis (400.º CC). A obrigação em si, para ter validade, deve ser também economicamente apreciável. A violação dessas regras gera a nulidade da relação obrigacional. (294.º CC).
ÂMBITO DAS CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DE CRÉDITO - A
PRESTAÇÃO: Para encerrar o tópico, é interessante expor as quatro características fundamentais da obrigação retiradas da análise dos seus elementos, apontadas pelo Professor Catedrático da Universidade de Lisboa Menezes Leitão:
A PATRIMONIALIDADE: pois a obrigação deve ser avaliável em dinheiro ou
em valor (conteúdo económico).
A COLABORAÇÃO DEVIDA: o credor não pode exercer directa e
imediatamente o seu direito, necessitando da colaboração do devedor para obter a satisfação do seu interesse.
A RELATIVIDADE: a relação jurídica estabelecida gera efeitos em relação aos
seus participantes. A RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL
A AUTONOMIA: pela existência de uma disciplina própria dentro do Direito
Civil, qual seja o Direito das Obrigações.
3. ELEMENTO IMATERIAL DA OBRIGAÇÃO: é o vínculo jurídico
existente na relação obrigacional, ou seja, é o elo que sujeita o devedor à determinada prestação, positiva ou negativa, em favor do credor, constituindo o liame legal que une as partes envolvidas. A melhor expressão desse vínculo está estabelecida no artigo 601.º do C.C, com a previsão segundo a qual todos os bens do devedor respondem no caso de incumprimento da obrigação. Esse dispositivo consagra o princípio da responsabilidade patrimonial do devedor.
VÍNCULO JURÍDICO: Consiste no dever do sujeito passivo de satisfazer a
prestação, e o direito do credor de exigir judicialmente o seu cumprimento, investindo contra o património do devedor.
Existem dois elementos que compõem o vínculo jurídico: o débito (schuld) e a
responsabilidade (haftung). O débito é a prestação que deve ser espontaneamente cumprida pelo devedor. A responsabilidade é a obrigação que surge ao devedor pelo descumprimento do débito e recai sobre o património do devedor, não sobre sua pessoa. A responsabilidade é sempre uma obrigação derivada, já que surge apenas quando a obrigação não for adimplida no prazo.
O devedor responderá, havendo a responsabilidade, com todo o seu património
para o cumprimento da obrigação, ressalvadas as restrições legais dos bens de família, bens absolutamente impenhoráveis e inalienáveis, etc. Logo, como a execução não recai sobre a pessoa e sim sobre o património do próprio devedor, há que se dizer que ela é real. Somente existe execução pessoal no caso de recusa de alimentos e no direito penal.
Portanto, vínculo jurídico é aquele estabelecido entre o devedor e o credor. É
regulado por lei e vem acompanhado de sanção. Se o devedor que legalmente se obrigou, deixar de efectuar o pagamento, o credor poderá obter a satisfação de seu crédito através da execução patrimonial do inadimplente.
Dos artigos 483.º e 601.º do Código Civil podemos concluir que, o devedor que descumpre a obrigação sujeita-se a ressarcir o prejuízo causado.
A obrigação é a própria consequência jurídica do negócio, com ele não se
confundindo. (Surgem direitos do credor sobre o devedor).
Licenciatura em gestão empresarial e contabilidade: Aprofundamento dos critérios de reconhecimento e valorimetria inicial e subsequente dos imobilizados incorpóreos