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Marcia Santana Soares

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DIREITO
DAS OBRIGAÇÕES
1. ÂMBITO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Os direitos exercem-se sobre:


- a própria pessoa (são os direitos da personalidade)
- sobre um bem jurídico fora da pessoa {são os direitos
patrimoniais (reais e obrigacionais)}
(sempre de valor econômico)
*Os direitos obrigacionais são também chamados pessoais
ou de crédito

2. POSIÇÃO DO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES NO


CÓDIGO CIVIL VIGENTE

No Código Civil vigente a matéria encontra-se bem


posicionada no primeiro livro da parte especial .
3. CONCEITO DE DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

É um conjunto de normas jurídicas (relação jurídica)


que regulam as relações de ordem patrimonial, tendo por
objeto uma prestação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa,
vinculada aos sujeitos que compõe, dando ao credor o direito
de exigir a prestação devida e impondo ao devedor a
obrigação.

4. CONSIDERAÇÕES GERAIS

- Relação de ordem patrimonial, advinda de relação jurídica


que depende de uma norma, contrato ou lei.

- Objeto que tenha valor (ordem patrimonial).


- Tendo por objeto dar, fazer ou não fazer alguma
coisa ( prestação positiva ou negativa)

- Para que a relação exista necessário se faz


necessário a existência de dois pólos (sujeitos): credor e
devedor.

- A existência de um credor pressupõe a de um


devedor.

- Obrigações - importam as obrigações civis dispostas


nos art. 233 e seguintes – Livro I C.C.

- Os direitos obrigacionais se encontram na esfera dos


direitos pessoais. Daí pode-se afirmar que os direitos de
crédito são relativos e envolvem uma prestação positiva
ou negativa
5 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA
5.1. - Direito Grego - Direito Romano - Conceito Moderno
de Obrigação
Aristóteles dividiu as relações obrigacionais em:
- voluntárias - acordo entre as partes
- Involuntárias- fato do qual nasce a obrigação
Obrigações Involuntárias provém de :
*ato ilícito cometido às escondidas
*ato ilícito cometido com violência.
Aristóteles colocou as relações nascidas do acordo das
partes como sendo o contrato.
Voluntárias, a compra e venda, ò mútuo e o comodato,
contrato de empréstimos, o depósito.
Às involuntárias nascidas do ato ilícito cometido às
escondidas: furto,adultério...
Às involuntárias nascidas do ato ilícito cometido com
violência: O homicídio e o roubo.
5.2 – Direito romano

O velho direito romano não conheceu o termo


obrigação. A expressão antiga parece ter sido nexum que
conferia ao credor o poder de exigir do devedor o cumprimento
de determinada prestação. A obrigação sendo um instituto
jurídico mais moderno do que o nexum, surgiu bem definida no
Baixo Império, com o advento no século IV a.C., da Lei Petélia
Papíria (Lex Poetelia Papiria).
Os jurisconsultos de Justiniano definiram a obrigação
como sendo “o vínculo jurídico por necessidade do qual nos
adstringimos a solver alguma coisa, segundo os direitos de
nossa cidade.
O Código Civil francês que data de 1.804, em seu art.
2.093 deixou claro que “os bens do devedor são a garantia
comum de seus credores”.
5.3 - Conceito moderno de obrigação:
Relação jurídica transitória, de natureza econômica
pela qual o devedor fica vinculado ao credor devendo cumprir
determinada prestação pessoal, positiva ou negativa, cujo o
inandimplemento enseja a este executar o patrimônio
daquele para satisfação de seu interesse.
*Obrigação sentido amplo ou lato: dever moral,
social, religioso, jurídico .
*Obrigação sentido estrito: sentido técnico jurídico.
(âmbito do direito)

“É a relação jurídica, que transitoriamente, vincula credor e


devedor tendo como objeto uma prestação de dar, fazer ou
não fazer, cuja garantia da satisfação recai sobre o patrimônio
do devedor”.
*Análise do conceito:
- Relação jurídica - alcança somente obrigações amparadas
pelo direito.
- Transitoriamente - não é perpétua, finda-se com o
cumprimento da obrigação.
- Vincula credor e devedor - recai sobre as pessoas vinculadas
à relação jurídica. Vincula devedor ou seu sucessor ao credor.
- Recai sobre o patrimônio do devedor - é uma relação de
natureza econômica.

5.4 - Elementos da obrigação jurídica: Subjetivo, objetivo


e espiritual
Subjetivo: sujeito ativo credor
(Pessoal) sujeito passivo devedor
Objetivo: o objeto da prestação
(Material)
Espiritual: o vínculo jurídico
(Imaterial)
a) Elemento subjetivo

Reúne as pessoas que intervém na relação jurídica


obrigacional: o suj. ativo, o credor, que pode exigir do devedor
suj. passivo , o objeto da prestação jurídica, podendo o suj. da
obrigação ser pessoa física ou natural , jurídica ou coletiva,
devendo ser determinado, mas podendo surgir um suj.
indeterminado no decorrer da obrigação, podendo o mesmo
ser tanto ativo quanto passivo, mas no momento do
cumprimento da obrigação necessariamente se tornará
determinado.
Ex. Indeterminação do suj. ativo: devedor assina um
cheque ao portador, não sabe quem ira recebê-lo no banco ,
pois o mesmo cheque pode circular na praça sendo neste
momento indeterminado , mas no momento em que o portador
dirigir-se ao banco para recebê-lo , determina-se aí o credor.
b) Elemento objetivo

É o seu componente material, físico é o objeto que se


apresenta na prestação sendo sempre de conteúdo
econômico, ou conversível economicamente, deve ser
determinado, ou determinável, individuado elícito.
* O objeto da obrigação é a própria prestação (no ato de
dar, fazer ou não fazer alguma coisa), enquanto que o objeto
da prestação é a própria coisa.
- Predicados do objeto da prestação - o objeto deve ser
lícito (sob pena de ser nulo ou anulável), possível e
determinado (especificado) ou determinável.
Concentração da prestação devida - é a passagem do
objeto de determinável para determinado no ato do
cumprimento da prestação (obrigação de dar coisa incerta.
c) Vínculo jurídico
É o liame que liga o suj. ativo ao suj. passivo,
possibilitando que se exija o objeto da prestação. Retrata
coercibilidade ,jurisdicidade da relação jurídica obrigacional
que garante o cumprimento da obrigação por
espontaneidade ou coercitivamente através da força que o
Estado dispõe por intermédio do poder judiciário. não é
palpável, é abstrato. É o liame abstrato que liga o credor ao
devedor para que um possa satisfazer e cobrar a satisfação
da obrigação – onde se assume uma prestação a ser
exercida, que pode ser cobrada judicialmente.

* Teorias sobre o vínculo jurídico:

a)Teoria Monística b)Teoria Dualística

c)Teoria Eclética
DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÃO E
RESPONSABILIDADE

A relação jurídica obrigacional nasce da vontade


dos indivíduos ou da lei e deve ser cumprida no meio
social espontaneamente. A responsabilidade só surge no
momento em que a obrigação não é cumprida. Existe
obrigação sem responsabilidade (Ex: dívida de jogo e
dívida prescrita). Existe também responsabilidade sem
obrigação (Ex: fiador, avalista)
RELAÇÃO JURÍDICA ORIGINÁRIA

OBRIGAÇÃO

DEVEDOR CREDOR

PRESTAÇÃO
(depende do ato do devedor)

DESCUMPRIMENTO OBRIGACIONAL

RELAÇÃO JURÍDICA DERIVADA

RESPONSABILIDADE
(poder judiciário - ação sobre o devedor)
FONTES DAS OBRIGAÇÕES
Sílvio Rodrigues conceitua fontes das obrigações como
“aqueles atos ou fatos nos quais estas encontram nascedouro”.
As fontes do Direito são diretas ou imediatas ( a lei e o costume)
e indiretas ou mediatas (as demais) e as fontes das obrigações?
1. Direito romano
O contrato (conventio); o quase-contrato (não participa o
acordo de vontades – art. 1.331 do C.C.); o delito e o quase
delito.
2 – Lei como fonte das obrigações

É irrefutável a idéia de que a lai é a fonte primeira


das obrigações. Há obrigações que surgem diretamente
do ordenamento jurídico positivo, sendo necessário,
dessa maneira, que se enquadre a lei entre as quatro
fontes das obrigações retro-mencionadas. Ex: obrigação
de prestar alimentos – art. 1.694 do C.C.)

3 – Fontes das obrigações segundo o Código


Civil
O contrato, a declaração unilateral de vontade
(títulos ao portador e a promessa de recompensa) e o ato
ilícito.
CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

1 – Direito romano

# Dare  consistia em transferir alguma coisa a alguém,


sendo que a transferência transmitia direito real. (o próprio
contrato transferia direito real). O D.C. brasileiro necessita
da transcrição do registro.

# Facere  engloba a obrigação de fazer ou não fazer


alguma coisa – igual ao C.C. brasileiro.

# Prestare  ambígua – qualquer obrigação que não


fosse dare ou prestare. Prestação de garantia. – o C.C.
brasileiro não adotou a obrigação prestare.
2 – No direito civil brasileiro

O Código Civil brasileiro, inspirado nas espécies de


obrigações direito romano, dividiu-as, quanto ao seu objeto em
três modalidades: obrigação de dar ( coisa certa e incerta) e de
fazer, positivas, e a de não fazer, negativas.

Dar(dare)
POSITIVAS Fazer(facere)
Direito Três espécies
Brasileiro de
obrigações
NEGATIVAS Não fazer
(non facere)
2.1- ESPÉCIE DE OBRIGAÇÕES QUANTO AO SEUS
ELEMENTOS
Dividem-se as obrigações em simples e compostas ou complexas.

SIMPLES um credor, um devedor


e um objeto

COMPOSTAS Com Objetos


Obrigações OU multiplicidade
COMPLEXAS de:
Sujeitos
2.1.1-QUADRO DAS OBRIGAÇÕES COMPOSTAS OU
COMPLEXAS.
a) com multiplicidade de objetos
1 - cumulativas(ou conjuntivas) E (todos
OBRIGAÇÕES COMPOSTAS os objetos devem ser prestados)
(ou complexas) 2 - alternativas(ou disjuntivas) OU (um
com multiplicidade de objetos ou outro objeto deve ser prestado

OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS
a.uma só prestação devida ( a outra existe para facilitar o pagamento)
b.é inválida, quando há vício na prestação principal (mesmo que não haja vício
na acessória)
c.o credor só pode pedir a prestação principal.

OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
a.várias prestações devidas
b.para ser válida basta que uma das prestações o seja
c.o credor pede o pagamento das diferentes prestações, que formam o objeto da
obrigação ( o devedor cumpre o pagamento segundo sua liberdade de escolha)
*VISTA A OBRIGAÇÃO FACULTATIVA PELO PRISMA DO
CREDOR-SERIA OBRIGAÇÃO SIMPLES; PELO PRISMA DO DEVEDOR
– MOSTRA-SE COMO OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA SUI GENERIS.

b) com multiplicidade de sujeitos

OBRIGAÇÕES COMPOSTAS 1 - Divisíveis


COM
MULTIPLICIDADE DE SUJEITOS 2 - Indivisíveis

3 - Solidárias
OUTRA CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
*Não há uma uniformidade entre os doutrinadores quanto
à classificação das obrigações.

A) OBRIGAÇÕES CONSIDERADAS EM SI MESMAS

1 – Quanto ao seu vínculo – civil, moral e natural.

2 - Quanto ao seu objeto – dar, fazer e não fazer.

3 - Quanto a liquidez do objeto – líquida e ilíquida.

4 - Quanto ao modo de execução – simples,


cumulativas, alternativas e facultativas
5 – Quanto ao tempo de adimplemento –
momentânea ou instantânea, de execução
continuada ou periódica.

6 - Quanto aos elementos acidentais – pura,


condicional, modal ou termo

7 – Quanto a pluralidade de sujeitos – divisível,


indivisível e solidária.

8 – Quanto ao conteúdo – meio, resultado e


garantia

B) OBRIGAÇÕES RECIPROCAMENTE CONSIDERADAS –


principal e acessória
OBRIGAÇÃO EM RELAÇÃO AO SEU VÍNCULO:

Civil, Moral e Natural

Ao estudarmos a estrutura da
obrigação vimos que ela apresenta-
se sob dois aspectos: débito
(debitum) e responsabilidade
(obligatio). As obrigações que
possuem todos os seus elementos
constitutivos são ditas perfeitas ou
obrigações civis. A nossa legislação
é omissa quanto ao regime da
obrigação natural.
#Obrigação Moral – é mero dever de consciência. (o seu
cumprimento é mera liberalidade por parte do devedor – não
tem vínculo jurídico). O credor não pode cobrar a dívida do
devedor através do poder judiciário ( o credor carece do
direito à ação). Ex: obrigação de cumprir determinação de
última vontade que não tenha sido expressa em testamento.

#Obrigação natural – O nosso C.C. vigente utiliza a


denominação de obrigação juridicamente inexigível (art. 882)
obrigação imperfeita (falta o vínculo jurídico, contudo o seu
adimplemento será considerado pagamento e não mera
liberalidade). Ex.: art. 882 (dívida prescrita), art. 883, art.
588, dívida de jogo (arts. 814 a 817), dar gorjetas a
empregados de restaurantes, hóteis e pagamento de
comissão amigável a intermediários ocasionais, em negócios
imobiliários, não sendo os beneficiários corretores
profissionais.
#Caracteres da obrigação natural:
natural acarreta inexigibilidade
da prestação; se for cumprida por pessoa capaz, ter-se-á a
validade do pagamento; produz a irretatabilidade do
pagamento feito em seu cumprimento; seus efeitos dependem
de previsão normativa.

- Conseqüência - não é permitido a restituição do que for pago. (o


devedor não pode arrepender). O pagamento feito por dolo ou por
coação, ou, ainda , efetuado por terceiro em nome do devedor, mas sem
que haja manifestação de vontade deste nesse sentido.

- Poderia o devedor (solvens) repetir o que pagou se o fez não sabendo


que estava pagando uma obrigação natural? Art. 882 do C.C. Exceção:
quando o herdeiro, ignorando a prescrição, paga o débito do de cujus,
terá direito à repetição, porque a dívida não era sua.

- Pagamento parcial? Não se transforma em obrigação civil.

- Compensação? (art. 368, C.C.). Não há compensação entre obrigação


natural e obrigação civil.
- Novação? Como substituir uma obrigação inexigível por um vínculo de
natureza exigível ? * Há juristas que admitem novação de obrigação
natural.

- Não lhe será aplicável o regime prescrito no Código Civil para os


vícios redibitórios. Arts. 1.101 e s. C.C. Não é aplicável a prestações
espontaneamente cumpridas pelo devedor.

- Não comportam fiança (fiança pressupõe obrigação civil)

- Não se pode constituir penhor, hipoteca ou outro direito real.


(pressupõe obrigação civil)

- A dívida de jogo paga espontaneamente gera efeitos da obrigação civil.

- O empréstimo feito para jogo ou aposta, feito no ato de apostar ou


jogar, é ineficaz juridicamente. Art. 815 C.C.

- Natureza jurídica (obrigação imperfeita) Consiste numa relação


obrigacional desprovida de ação, mas não de tutela jurídica.
- Obrigação civil  possui
vínculo jurídico – obrigação
perfeita – composta de dois
sujeitos, credor e devedor, objeto
e vínculo jurídico.

- Obrigação moral cumprida


espontaneamente passa a ser
obrigação natural

- Se o pagamento for feito por


menor ou interdito, ou ainda, sob
coação, o valor pago pode ser
restituído.
OBRIGAÇÕES QUANTO AO SEU OBJETO

1 OBRIGAÇÃO DE DAR
Art. 233 e seguintes (art. 1.226 – tradição– entrega efetiva
do bem; 1.227 - registro). Inclui as modalidades de dar coisa
certa, coisa incerta e restituir.
CONTEÚDO

Por si só faz adquirir o direito de propriedade?


Pelo nosso sistema, a obrigação de dar não se
constitui especificamente “na entrega” efetiva da coisa,
mas num compromisso de entrega.

CONCEITO

É aquela em que o devedor compromete-se a


entregar uma coisa móvel ou imóvel ao credor quer
para constituir novo direito, quer para restituir a mesma
coisa a seu titular.
Obrigação de dar coisa certa – art. 233 C.C.
*Conceito
“É aquela em que o devedor se compromete a
entregar uma coisa móvel ou imóvel ao credor, quer para
constituir um novo direito, quer para restituir uma coisa ao seu
titular”.
- Pagamento parcelado? Só pode acontecer se for convencionado entre
as partes.

- Princípio da acessoriedade – art. 92 C.C. e art. 233 C.C.


O artigo 233 deve ser entendido em consonância com o art. 237 (o
devedor deve entregar os acessórios, mas se houver acréscimos da
natureza dos tratados no art. 237, denominados como cômodos, pode o
devedor cobrar por eles a respectiva importância).

- Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa – A diretriz


adotada pelo Código é separar o momento anterior e posterior à tradição
da coisa.

- Diferença entre perda (art. 234, C.C. - desaparecimento total do objeto


para fins patrimoniais – perde totalmente o valor) e deterioração da coisa
(art. 235, C.C. perda parcial)  art. 236, C.C. - com culpa do devedor 
poderá ser cobrado perdas e danos (lucro cessante) ou resolver =
extinguir. Sempre que houver culpa, haverá a possibilidade a indenização
por perdas e danos. O valor da indenização geralmente será apurado por
perícia.
- Princípio Res perit domino (a coisa perece
para o dono).

- Quem sofre os prejuízos?

- Se houver culpa  o culpado responde pelo


prejuízo (dano) art. 402 C.C.

- Se não houver culpa  o credor (dono da


coisa) sofre os prejuízos. O proprietário arca
com os prejuízos.

- Se houver perecimento ou deterioração da


coisa
Perecimento (perda Art. 234 – 1ª parte – dar
Sem culpa total) Art. 238 – restituir
do devedor Deterioração Art. 235 – dar
(perda parcial) Art. 240 – restituir

Perecimento Art. 234 – 2ª parte – dar


Com culpa do (perda total) Art. 239 – restituir
devedor  o devedor Art. 236 – dar
responde por perdas Deterioração Art. 240 – 2ª parte –
e danos, além do (perda restituir
valor do bem. parcial)
OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR (devolver)
Conceito

É aquela que tem por objeto uma devolução de coisa certa, por
parte do devedor (não era proprietário), coisa essa que por
qualquer título, se encontra em poder do devedor. (A coisa é do
credor, por qualquer motivo está com o devedor. Então a coisa
deve ser específica).
Ex.: contrato de locação, contrato de empréstimo, contrato de
comodato(não é oneroso, porém, quando o dono cobra a
restituição da coisa, esta deve ser devolvida).

Diferença entre a obrigação de dar coisa certa e a obrigação de


restituir na obrigação de dar pertence a coisa ao devedor até o
momento da tradição ( pode ser tradição solene (registro de
imóveis p. ex..) ou não solene (bem móvel – recebendo o credor o
que ainda
não lhe pertencia); já na obrigação de restituir, pelo contrário, a
coisa já pertencia ao credor que a recebe de volta, em devolução.
• RESPONSABILIDADE PELO PERECIMENTO OU
DETERIORAÇÃO (Art.238 C.C.).
• MELHORAMENTOS, ACRÉSCIMOS E FRUTOS – Art.
241, C.C. - no caso de acréscimos sem ônus para o
devedor, o credor não paga por eles. Se o acréscimo for
necessário ou útil, o credor pagará por eles.
• PRESSUPOSTOS DA RETENÇÃO - é a legítima
detenção da coisa sobre a qual se pretende exercer o
direito existindo um crédito (ou acréscimo como
benfeitorias, melhoramentos) por parte do devedor.
• O QUE O RETENTOR PODERÁ FAZER
PROCESSUALMENTE? (Art. 744, C.P.C.) propor os
embargos de retenção. Se o credor não pagar pelos
acréscimos necessários feitos pelo devedor, este poderá
entrar com embargo de retenção.
• EXECUÇÃO DE DAR COISA CERTA (Art. 621 e
seguintes, C.P.C) - incide sobre o patrimônio do
devedor.
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR COISA INCERTA
(Arts. 243 a 246, C.C.).
• CONCEITO - “consiste na
relação obrigacional em que o
objeto, indicado de forma
genérica no início da relação,
vem a ser determinada
mediante um ato de escolha,
por ocasião de seu
adimplemento”. (Maria Helena
Diniz).
• Não apresenta indeterminação
em sentido absoluto (art. 243,
C.C.) - deve ser especificado
no contrato pelo menos o
gênero ou espécie e a
quantidade do bem.
• CONCENTRAÇÃO DA PRESTAÇÃO - é a passagem da
individualização da coisa que se manifesta no momento do
adimplemento (cumprimento da prestação) da obrigação.
• A QUEM COMPETIRÁ O DIREITO DE ESCOLHA? (Art.
244, C.C.) - em caso de silêncio das partes, a escolha
pertence ao devedor. Porém, o devedor não poderá dar a
coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor.
• Indicação no contrato: credor, devedor ou terceiro
(determinado pelo contrato).
• Ao devedor (Art. 629, C.P.C.) - quando não houver o
cumprimento da prestação ou não for satisfatória.
• Se a escolha couber ao credor (Art. 342, C.C.) - se não
escolher, o devedor escolherá e será depositado em juízo.
• Poderá haver impugnação (Art. 630, C.P.C.) - qualquer
uma das partes poderá impugnar a escolha do outro dentro
do prazo de 48 horas. A decisão será do juiz (diz se a
escolha é justa ou não; indica um perito para fazer a
avaliação.).
• Após a escolha (Art. 245, C.C.) - o objeto se encontra
determinado e assim caberá as regras de dar coisa certa.
• PRINCÍPIO GENUS NUQUAM PERIT (o gênero nunca perece –
Art. 246, C.C.) - depende se a coisa é limitada ou não. se a coisa
for ilimitada (ex.: gado)cabe a aplicação do Art. 246 na íntegra.
Caso contrário não há culpa, não caberá perdas e danos (caso
estiver na inadimplência, cabe ação de perdas e danos).
• É absoluto?  Não é absoluto no entendimento dos
doutrinadores, porém se o devedor estiver inadimplente, cabe
ação de perdas e danos.
• O que fazer quando o devedor assume vários contratos a
respeito de produtos de gênero limitado (genus limitatum)? (ex.:
edição limitada de livros) - duas correntes:
• Haverá de ter um rateio entre os credores.
• Resolve-se pelo princípio da prevenção – ordem cronológica dos
contratos.
OBRIGAÇÃO DE FAZER OU
OBLIGATIO FACIENDI
• CONCEITO - É a obrigação
positiva que vincula as partes
pelo compromisso de realizar
um determinado
comportamento, consistente
em praticar um ato ou
realizar um serviço,
objetivando uma “vantagem
para o credor”. Essa relação
obrigacional tem por objeto
qualquer comportamento
humano, lícito e possível do
devedor ou de outra pessoa
às custas daquele.
• DISTINÇÃO ENTRE OBRIGAÇÃO DE DAR E FAZER - para diferenciar a
obrigação de fazer deve se verificar se o dar ou entregar é ou não é a
conseqüência de fazer (que ato vem primeiro). Se for mera conseqüência de
fazer, então a obrigação é de fazer.
• Na obrigação de dar o devedor responde pela evicção e vícios redibitórios. (Se a
coisa comprada estiver com defeito – vícios redibitórios). Na obrigação de fazer,
o devedor não responde por vícios redibitórios.
• A obrigação de fazer é uma prestação de fato.
• A obrigação de dar é uma prestação de coisa. (Os vícios redibitórios
acompanham o bem antes de chegar as mãos do comprador).
• Na obrigação de dar, em caso de ter inadimplência, o devedor é obrigado a
entregar a coisa caso seja possível, ou responder por perdas e danos. Já no
caso da obrigação de fazer não há como obrigar o devedor a executar a
obrigação (mas pode responder por perdas e danos). Sempre se resolverá em
perdas e danos
• Na obrigação de dar é imprescindível a tradição da coisa, o que não ocorre na
obrigação de fazer.
• A astreinte só serve de instrumento às ações que visam cumprir obrigação de
fazer ou não fazer (art. 287 c/c art. 644, par. único do CPC)
ESPÉCIES

•Obrigação fungível – art. 249, C.C. - é possível que haja a substituição do


devedor para execução da prestação. A prestação de fazer fungível pode se
transformar em infungível por vontade do credor.
•Obrigação infungível (intuitu personae ou personalíssima) – art. 247, C.C.
(perdas e danos) - não é possível que haja a substituição do devedor (leva em
consideração as características pessoais do devedor).

CONSEQÜÊNCIA PELO DESCUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES DE FAZER

•Impossibilidade da execução Com culpa – art. 248, in fine c/c art. 402 C.C.
Sem culpa – art. 248, 1ª parte do C.C. (resolve-se a obrigação, pois
ninguém é obrigado a realizar o impossível (ad impossibilia nemo tenetur)
•*Inadimplemento voluntário da obrigação - se o devedor não quer fazer,
responde por perdas e danos. Assim, se converte em obrigação de dar.
•*Se fungível a prestação e o devedor tornar-se inadimplente por um ato
voluntário – art. 249 do C.C.
OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER OU
OBLIGATIO NON FACIENDI
• 1- CONCEITO – é uma obrigação negativa que
normalmente se configura por gerar uma abstenção
– consiste no compromisso do devedor de se
abster de um fato que poderia praticar livremente,
não fosse o vínculo que o prende.
• Abstenção lícita - não pode restringir a liberdade
individual.
• Pode ser por tempo definido ou indefinido.
• 2- DO INADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER.
• Sem culpa - resolve-se a obrigação – art. 250, C.C.
• Com culpa - O credor pode exigir - Desfazimento do ato, mais perdas
e danos – art. 251 C.C.
• 3- ESPÉCIES
• TRANSEUNTES ou INSTANTÂNEA - não tem como desfazer o ato e
voltar a situação de origem. São obrigações que, descumpridas,
tornam impossível o seu cumprimento futuro.
• PERMANENTES - são obrigações em que o devedor se obriga a
cumprir por tempo indefinido ou por um lapso temporal (prazo certo).
• 4- OBRIGAÇÃO DE PRESTAR DECLARAÇÃO DE VONTADE (arts.
639 a 641, C.P.C.; ARTS. 463 E 464 do C.C.). há uma espécie de
obrigação de fazer cujo cumprimento coativo não representa qualquer
constrangimento para o devedor.
• Ela se apresenta quando, por meio de um contrato preliminar, o
devedor promete ao credor outorgar-lhe um contrato definitivo
• A sentença não transmite domínio, apenas declara a vontade – o juiz vai
reafirmar uma vontade declarada em um contrato de compra e venda, por
exemplo, que deixaram de cumprir.
• Art. 632, C.P.C.  aplica-se em caso de dúvida da recusa por parte do credor
e no caso de impossibilidade da prestação ser útil para o credor.
• JULGADO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO, in RT 582/189:
• “A sentença obtida na execução da obrigação de fazer eqüivale tal qual uma
escritura pública, a um título (art. 221, Lei 6.015/73 – Dos Registros Públicos),
que se sujeita, como qualquer outro, a observância dos princípios básicos que
regem o direito registrário, entre os quais o da continuidade consubstanciada
no art. 195, da lei 6015/76”.
  Sentença com poder de transferência de domínio do bem – é a sentença
na ação de adjudicação compulsória. Se a imobiliária, após o pagamento
integral do bem imóvel – contrato irretratável de compra e venda (registrado
em cartório) -, não quer transferir o imóvel, o interessado entra com uma ação
de adjudicação compulsória.
• OBS: As sentenças somente confirmam a declaração de vontade – não
transferem o direito de propriedade – não tem força de transferência de
domínio de bem.
• 5- O CUMPRIMENTO COATIVO DAS OBRIGAÇÕES
DE FAZER E NÃO FAZER- arts. 632 ss. C.P.C.

• ASTREINTES (multa) - é a multa destinada a forçar o


devedor indiretamente a fazer o que deve e não reparar
o dano decorrente de inadimplemento (RT 488:169) –
art. 633, C.P.C. – não pode ser perpétua – art. 644, §
único, C.P.C.  multa que o juiz fixa – astreintes. Deve
ter um limite temporal ( não pode ser perpétuo - o juiz
fixa o prazo).
DAS OBRIGAÇÕES
PECUNIÁRIAS
 É aquela que tem por objeto certa quantia em
dinheiro. Constitui-se uma dívida de dinheiro, a princípio
certo e invariável. É uma modalidade de obrigação de
dar, que se caracteriza pelo valor da quantia devida. É
obrigação de valor nominal. *Não é qualquer obrigação
que tenha por objeto espécies representativas de
dinheiro (moedas, notas ou títulos) que constitui uma
obrigação pecuniária. Nas obrigações pecuniárias, o
devedor sofrerá as conseqüências da desvalorização da
moeda, mas contra a rigidez do princípio nominalista, os
interessados incluem, nas suas convenções, cláusulas
de atualização da prestação, que são:
• Cláusula de escala móvel que estabelece uma revisão pré-convencionada
pelas partes, dos pagamentos que deverão ser feitos de acordo com as
variações do preço de determinadas mercadorias ou serviços ou do índice
geral do custo de vida
• Cláusula de correção monetária que consistem em revisões estipuladas
pelas partes, ou impostas por lei, que têm por ponto de referência a
desvalorização da moeda
  Dívida em dinheiro (título de crédito – em geral cheque, nota promissória)
e dívida de valor. Não há dispositivo legal específico no C.C.
  Dívida de valor – leva-se em conta o montante exato e necessário para
satisfazer o credor. (prestação alimentícia) Leva em conta a necessidade do
credor, mas também as possibilidades do devedor (indenização quando se
transforma em prestação). Não tem diretamente por objeto o dinheiro. Visa o
pagamento de soma de dinheiro que não é, por seu valor nominal, o objeto
da prestação, mas sim o meio de medi-lo ou de valorá-lo.
• * Tem-se ainda a dívida remuneratória que deve ser determinada por
estipulação contratual, pois as prestação de juros remuneratórios possuem
esse caráter, tendo uma natureza acessória. Em regra o pagamento da dívida
remuneratória é em dinheiro, mas não é preciso que seja sempre pecuniária,
podendo ser paga por meio da entrega de outros bens.
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS
• NOÇÕES GERAIS – Antes de comentarmos sobre as obrigações
alternativas, é necessário fazermos uma ressalva quanto às obrigações
cumulativas. Nas obrigações cumulativas temos multiplicidade de objetos,
ou seja, mais de um objeto, normalmente ligado pela partícula “e”. Nesta
situação mais de uma prestação é devida conjuntamente, tendo o credor o
direito de exigir todas elas do devedor. Encontram-se regidas pelos
princípios aplicáveis às obrigações de dar, fazer e não fazer.
• 1- CONCEITO  É aquela que fica cumprida com a execução de
qualquer das prestações que formam o seu objeto (característica
– “ou”).

• 2- CARACTERÍSTICAS
• Seu objeto é composto ou plural (enquanto não houver a
escolha, quando a obrigação se torna simples)
• As prestações são independentes entre si (art. 252, § 1º e art.
253).
• Concedem um direito de escolha ao credor, ao devedor ou a um
terceiro.
• Modalidade de obrigação composta.
• Após a escolha, com a concentração de prestação devida, a
obrigação deixa de ser composta e passa a ser simples. (deixa
de ser alternativa) – passa a ser uma obrigação de dar, fazer ou
não fazer coisa certa.
• Art. 252, C.C.  a escolha cabe ao devedor e é irrevogável e indivisível.
• O ato de escolha, de concentração não se reveste de forma especial.
Pode ser expresso pelo devedor até o pagamento e pelo credor até o
momento da propositura da ação.

Ao
Por força da lei, como regra geral.
devedor
ESCOLHA Ao credor
Havendo convenção das partes.
(irrevogável Ao terceiro
Cabe
e
indivisível) Se o terceiro não puder ou não quiser
Ao juiz
realizá-lo.

3- QUANDO O CREDOR PODE EXIGIR O OBJETO DA


PRESTAÇÃO?
Só depois de feita a escolha – antes da concentração da
prestação não há como o credor exigir o pagamento.
• 4- QUANDO OCORRE A DECADÊNCIA DO DIREITO DE
ESCOLHA?
• Art. 571, C.P.C.  (após a ação) após dez dias ocorre a decadência
do direito de escolha. Nesse caso o direito volta ao credor.
• Se for convencionado que o credor escolha, o prazo para
decadência é de cinco dias após a citação.
• O devedor deverá exercer a opção em dez dias após a citação se
outro prazo não foi convencionado ou estipulado em sentença. Caso
ele não cumpra devolve-se o direito de opção ao credor.
• (o credor entra com uma ação. O juiz cita. A partir daí, começa o
prazo de decadência.).
• 5- PLURALIDADE DE CREDORES E DEVEDORES
• Neste caso, há uma necessidade de que os vários credores ou
devedores convencionem entre eles, quem vai fazer a escolha.
• Se não houver a convenção, o juiz poderá estipular quem fará a
escolha.
• 6– QUAL A UTILIDADE DA OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA?
• Facilitar o adimplemento da obrigação. (a obrigação alternativa pode
estar dentro da obrigação de dar, fazer ou não fazer.)

• 7- NESTA OBRIGAÇÃO HÁ UMA ÚNICA OBRIGAÇÃO OU


TANTAS QUANTOS SEJAM OS OBJETOS?
• Somente uma obrigação com vários objetos (só um vínculo jurídico).
• Nada impede que a obrigação tenha mais de um objeto da
prestação.

• 8- IMPOSSIBILIDADE DE EXECUÇÃO DA OBRIGAÇÃO:


De uma das duas prestações
(caso de um vídeo e uma TV –
IMPOSSIBILIDADE se o vídeo estraga por um caso Obrigação simples
fortuito, torna-se impossível a
sua escolha)

De uma de múltiplas prestações Obrigação alternativa quanto
às demais.

Sem culpa do
devedor (arts. Concentração do débito remanescente
253 e 254, C.C.).
IMPOSSI- Escolha do devedor Pode concentrar o débito na(s)
BILIDADE (art. 253, C.C.). remanescente(s).
Com culpa do

devedor Escolha do credor Prestação remanescente em
dinheiro da(s) outra(s) mais
(art. 255, C.C.)
perdas e danos.
• Se todas as prestações se impossibilitaram por culpa do credor - a obrigação desaparece, mas o
devedor será ressarcido por perdas e danos.
• PERECIMENTO com culpa do credor (não está prevista no C.C.). - A obrigação desaparece.

• OBSERVAÇÃO
• O primeiro objeto desaparece por caso fortuito e o segundo por culpa do credor ( ou vice-versa) -
resolve-se a obrigação como se a tivesse cumprido.
• O primeiro objeto desaparece por caso fortuito e o segundo por culpa do devedor (ou vice-versa) 
resolve-se com a prestação subsistente mais perdas e danos (a outra presta
• prestação já não existia) – se estiver estipulado que a escolha pertence ao credor – art. 255, C.C.
• Se uma das prestações perece primeiramente por culpa do devedor e a outra, posteriormente por
culpa do credor – Quando ocorre o perecimento de uma das prestações por culpa do devedor,
cabendo a ele o direito de escolha, a obrigação alternativa torna-se simples, como se tivesse feito a
concentração. Se perecer a prestação remanescente por culpa do credor, nada este poderá exigir.
• Se uma das prestações desaparece por culpa do credor e a outra por culpa do
devedor.
• Impossibilidade superveniente (sem culpa) -concentração do débito na
remanescente – se transforma em obrigação simples (no caso de dois objetos).
• Subsistirá o débito quanto a outra (art. 253 do C.C.) – a obrigação não se
extingue) o credor não é obrigado a receber outra coisa – o objeto da prestação
permanece a remanescente.
• Com culpa do devedor - escolha do credor – art. 255, 1ª parte do C.C.
• O devedor não se desobriga da obrigação dando parte de uma prestação e parte
de outra. – art. 252, §1º C.C

• 09 – RETRATABILIDADE DA CONCENTRAÇÃO
• O devedor ignorando que a obrigação era alternativa e que portanto, havia o
direito de escolha, efetua o pagamento, supondo-se obrigado a uma única
prestação. Pode ele retratar-se, para exercer posteriormente o direito de escolha,
isto é, pode repetir o pagamento para fazer outro?
• O devedor deverá ajustar uma ação para retratar a escolha (para repetir o
pagamento), mas não pode mais escolher a prestação primitiva que efetuou por
erro.
OBRIGAÇÕES
FACULTATIVAS
(melhor seria obrigações com
faculdade de escolha)
• 1 – Considerações gerais:
• O nosso C.C. não disciplinou a respeito.
• De acordo com o art. 643 do C.C. argentino: “é aquela que não
tendo por objeto senão uma única prestação, dá ao devedor a
faculdade de substituir essa prestação por outra prevista com
caráter subsidiário”.
• Há uma prestação principal que constitui o verdadeiro objeto
da prestação avençada e uma prestação acessória ou
subsidiária.
• Não se confunde com dação em pagamento (art. 356 do C.C.)

• 2– Características:
• É uma obrigação simples;
• Há um direito de opção em benefício do devedor;
• Agrega o conceito de principal e acessório
• 3– Efeitos:
• Nesta obrigação há uma prestação principal e outra acessória. Apenas o
objeto principal é devido, podendo ser substituído por outro in facultate
solutionis
• Se a prestação principal é nula, fica sem efeito a obrigação.
• Se a prestação acessória é nula, ou perece ou deteriora com ou sem culpa do
devedor, este fato não influencia a prestação principal.
• A faculdade da opção é exclusiva do devedor.
• Não há propriamente concentração da prestação, uma escolha, mas o direito
de uma opção.
• O credor ao demandar somente pode exigir o objeto principal
• Como fica se ocorrer perda ou deterioração, com ou sem culpa do devedor
antes da tradição?
• Se ocorrer a perda ou deterioração depois da constituição do devedor em
mora, o credor não poderá reclamar a prestação acessória ou subsidiária.
• Se o devedor cumpre, no caso de erro, a obrigação principal, pois não sabia
que a obrigação era facultativa, poderá haver retratação?
• Se o devedor cumpre, no caso de erro, a obrigação acessória, pois não sabia
que a obrigação era facultativa, poderá haver retratação?
OBRIGAÇÕES DIVISÍVEIS E INDIVISÍVEIS

• 1- Conceito - A obrigação é divisível


quando o cumprimento é suscetível de
fracionamento. Já a obrigação é indivisível
quando só pode ser cumprida integralmente,
seja por determinação legal, pela vontade
das partes e pela própria natureza do objeto.
• São obrigações complexas.
• Em princípio, todas as coisas podem ser
divididas. (arts. 87 e 88 do C.C.)
• 2- O que é divisível? É o objeto ou a obrigação?
• – A obrigação de dar pode ter objeto divisível ou indivisível.
• – Em regra, na obrigação de restituir, o objeto é indivisível.
• – A obrigação de fazer pode ter objeto divisível ou indivisível
• – A obrigação de não fazer geralmente é indivisível.
• – Como fica se houver multiplicidade de devedores ou credores em obrigação
divisível? Princípio do concursu partes fiunt (art. 257 C.C.)
• – Se houver pluralidade de devedores? (art. 259 C.C.)
• – Se houver pluralidade de credores? (art. 260 C.C.)
• Na falta de caução, não deve o devedor pagar a um só dos credores.
• – Uma vez que a obrigação é indivisível, cada um dos devedores responde pela
dívida toda – art. 893 C.C.
• 3– Remissão da dívida – art. 262 C.C.
• O perdão da dívida é pessoal, abrange apenas a pessoa que a perdoou
• – Como fica se a obrigação se resumir a perdas e danos? (art. 263 C.C.)
• - Quanto à prescrição, assim como a sua suspensão ou interrupção?
• 4– Quanto à nulidade?
• 5– Quanto à insolvência de um dos devedores?
OBRIGAÇÕES
• 1 – Conceito – É uma relação jurídica
obrigacional complexa em que há
SOLIDÁRIAS
pluralidade de credores ou devedores e
credores e devedores em que cada credor
tem o direito de exigir e cada devedor tem o
dever de prestar integralmente a(s) coisa(s)
objeto(s) da prestação.
• A totalidade de seu objeto pode ser
reclamada por qualquer dos credores ou
devedores.
• 2- Espécies: ativa e passiva
• 3 - Qual o efeito fundamental? É o mesmo da obrigação
indivisível.
• 4 - Antecedentes históricos- têm sua origem no direito romano
– (para facilitar o recebimento da prestação).
• 5- Obrigações in solidum - a origem do vínculo da
responsabilidade é diferente. A natureza do vínculo não é a
mesma. Pode responder na mesma proporção ou não.
• 5.1- Diferença com a dívida solidária
• Exs: 1 - Acidente de trânsito onde o condutor do veículo não é o
dono e agiu com culpa .
• de veículo segurado causado por culpa de terceiros
• 6- Fontes: art. 265, CC.
• Princípio da não presunção da solidariedade.
• *O juiz não pode condenar os réus solidariamente.
• 7– Indivisibilidade e solidariedade:
– Quanto à causa, a fonte?
– Exigência do credor
– Pagamento por inteiro.
– A solidariedade é subjetiva (origem técnica - art. 265)
A indivisibilidade é objetiva(origem material)
– Quando se converte em perdas e danos: solidariedade (art. 271)
indivisibilidade (art. 263)

• 8- Características
• Unidade da prestação – indivisível.

• Pluralidade e independência do vínculo – art. 266


• Princípio da variabilidade do modo de ser da obrigação na solidariedade – pode ser
convencionado maneiras diferentes do cumprimento da prestação para cada devedor.
• O fato de um dos devedores ser incapaz, a obrigação permanece para os demais. (o
incapaz sai da obrigação).
• Um dos devedores ser exonerado de sua parte da dívida não extingue a obrigação
com relação aos outros devedores (remissão).
• 8.1 – SOLIDARIEDADE ATIVA

Credores
A cada um pode Carro ou dinheiro (a Do devedor “D”
B exigir o unidade do objeto
C objeto todo resulta da convenção)

*É um instituto decadente, pois possui o mesmo efeito do mandato ou da


procuração.
* Não pode o devedor cumprir a prestação parcialmente - art. 898
 Efeito – qualquer credor pode exigir o cumprimento da prestação.
 Fonte .
Art. 268 - Antes da demanda judicial, a prestação pode ser paga a
qualquer um dos credores.
- Princípio da prevenção judicial.
Art. 269 – qualquer credor poderá receber a dívida e extingui-la até o
montante que foi pago.
• Art. 270 - no caso de morte de um dos credores solidários
deixando herdeiros, a solidariedade desaparece, salvo se
a prestação for indivisível.
• Art. 271 – quando se converte em perdas e danos
• Art. 272 - O credor que perdoa ou recebe a prestação
responderá aos outros pela parte que lhes caiba.
  Se um dos credores perdoa o devedor (efeito externo)
aquele responde aos outros credores (efeito interno).
• Art. 273 – a questão das exceções pessoais.
• Art. 274 – questão dos efeitos da coisa julgada atingir
todos os credores solidários, ou somente o envolvido no
processo.
• 8.2 - SOLIDARIEDADE PASSIVA
• Art. 275 – Em que consiste?

Co-devedores Credor A
B- 20.000,00 Os co-devedores “B” pagou o (R$ 20.000,00) C Havendo
C-20.000,00 Devem objeto à “A”. (R$ 20.000,00) D insolvência de
D-20.000,00 R$60.000,00 Assim, “B” “C”, “B” pode
pode exigir. exigir R$
30.000,00 de
“D”.

Art. 275 – o credor pode exigir de qualquer um dos devedores ou de


todos o objeto da prestação.
Art. 276 –A morte de um dos devedores solidários não extingue a
solidariedade (princípio do benefício do inventário)
Art. 277– O pagamento parcial e a remissão podem ser efetuados.
Art. 278 – Ninguém pode ser obrigado a mais do que desejou.
Art. 279 – Se a obrigação se extingue sem culpa e com culpa.
Art.280 – Em caso de mora, como fica?
• Art. 281 – Exceções (meios de defesa). Podem ser: Comum ou real
(geral) e pessoal
  Se houver prescrição da dívida – atinge toda a obrigação (geral)
  Objeto ilícito da prestação – atinge todo a obrigação (geral)
  Incapacidade de um dos devedores – a obrigação é nula para o
incapaz (pessoal)
  Remissão (pessoal)
  Coação – se um dos devedores é coagido (pessoal)
  Coação – todos os devedores (geral)
• Art. 282 – A questão da renúncia da solidariedade.
• Art. 283 – . Em caso de insolvência de um ou mais devedores.
• Art. 284 – devido ser um ato unilateral do credor que não pode
influir na solidariedade (o exonerado (o devedor perdoado – art.
912) contribui solidariamente no pagamento da parte do insolvente).
• Art. 285 – o avalista de um devedor insolvente responde por
toda a prestação.
• Súmula 26, STJ – o avalista do título de crédito vinculado a
contrato de mutuo também responde pelas obrigações
pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário.

• Aspectos processuais da solidariedade


• *Qualquer pagamento parcial deve ser anotado no título.
• *Quando um devedor solidário é acionado, os demais podem
intervir no processo como assistentes (art. 54 do CPC).
• *Analisemos a seguinte situação: Quando da ação não
participaram todos os devedores solidários. Para existirem os
efeitos da coisa julgada, deve haver a tríplice identidade
(objeto, causa de pedir e de pessoas). A que conclusão
podemos chegar?
OUTRAS

MODALIDADES

DE

OBRIGAÇÕES
• 1-Obrigações principais e acessórias
• * A noção de principal e acessório é dada pelos arts. 92 CC. Há
obrigações que nascem e existem por si mesmas, independentes.
• *Pode emanar da vontade das partes (fiança, penhor, hipoteca) e da lei
(evicção - o vendedor além da obrigação inerente à compra e venda,
de entregar a coisa vendida, é obrigado a resguardar o comprador
contra os riscos.)
• * Os juros também figuram como uma obrigação acessória .
• *Pode a obrigação principal surgir concomitantemente com a principal
ou posteriormente. Podem estar presentes no mesmo instrumento ou
em instrumento diverso.
• *Principal conseqüência da distinção: A obrigação acessória segue a
sorte da principal. Desaparecendo a principal, desaparece a acessória.
Porém a recíproca não é verdadeira.
• * A obrigação acessória é diferente da cláusula acessória : Na cláusula
acessória há apenas uma cláusula a mais no contrato, sem a criação
de uma obrigação diversa. Ex: cláusula de irretratabilidade num
compromisso de compra e venda.
• 2- Obrigações líquidas e ilíquidas
• 2.1- Conceito de obrigação líquida.
• 2.2- Conceito de obrigação ilíquida: Quando depende
de prévia apuração para a verificação de seu exato
objeto.
• *A obrigação ilíquida tenderá sempre a se tornar líquida
(por acordo ou em juízo), para possibilitar, se for o caso,
a execução forçada .
• *O inadimplemento de obrigação positiva e líquida
constitui de pleno direito o devedor em mora. É a mora
da própria coisa. Na obrigação ilíquida, há necessidade
da prévia liquidação para a constituição em mora.
• 3- Obrigações quanto ao conteúdo

• 3.1- Obrigação de meio – Contratos de honorários


advocatícios
• Na obrigação de meio o devedor obriga-se a ser diligente e
prudente, na obrigação de resultado, o objeto é o meio
desejado.
• 3.2- Obrigação de resultado – Contrato de transporte
Obrigação de garantia - é a obrigação que tem por
fim eliminar os riscos a que se expõe o credor
• Exemplo: fiança, aval, vícios redibitórios .
• 4- Obrigações quanto aos elementos acidentais.

• 4.1- Obrigação condicional - art. 121, CC


• 4.1.1- Conceito – é aquela cujo efeito se subordina a um evento futuro
e incerto. Se esse evento já ocorreu, mesmo que seja desconhecido o
resultado, não será uma condição – falta a condição de ser evento
futuro. Ex: Se subordinamos um pagamento a um resultado de uma
competição esportiva que ocorreu ontem, da qual apenas não
sabemos o resultado, não há futuridade, não há condição, não se
trata de obrigação condicional, embora sua aparência o seja.
• 4.1.2- Obrigação sob condição suspensiva – O credor possui um
direito eventual. Não existe a obrigação, não podendo o credor exigir
seu cumprimento, enquanto não ocorrer o implemento. Frustrada a
condição, a obrigação deixa de existir. Se o devedor cumpriu a
obrigação e não tendo ocorrido o evento, assiste-lhe o direito de
repetição, porque se trata de pagamento indevido (art. 876 C.C.)
• *O alienante de coisa fixada sob condição suspensiva
conserva a propriedade e gozo da coisa enquanto não
ocorrer o implemento.
• *Ocorrendo o implemento da condição, imediatamente é
exigível a obrigação (art. 332 C.C.)
• 4.1.3- Obrigação sob condição resolutiva – Tendo o
adquirente a posse da coisa objeto da obrigação, tem ele o
poder de disposição e gozo, se diverso não resultar do
negócio.
• *A condição resolutória não proíbe a disposição da coisa
para terceiro. Não sendo possível ir buscar a coisa com
quem se encontra, só resta a resolução em perdas e danos.
• *Quando se frustra o implemento, a condição que já era
tratada como pura e simples, assim permanecerá.
• 4.2- Obrigação Modal – (art. 136, CC).
• Conceito - São as que se encontram oneradas com um
encargo que impõe ao onerado dever de entregar todos ou
parte dos bens recebidos pela maneira e com a finalidade
indicada pelo instituidor.
• OBS.: O encargo pode ser de uma obrigação de dar, fazer
ou não fazer.
• Ex.: Doação de bens com ônus de pagamento periódico a
um orfanato; cessão de direitos autorais, com a obrigação
de o editor reservar um número de exemplares gratuitos ao
cedente ou a terceiro.
• * O encargo fica restrito aos negócios gratuitos. O encargo
deve ser lícito e possível.
• Conseqüências jurídicas (Art. 136, 553,555 CC (ingratidão –
mesmo que o donatário esteja cumprindo o encargo).
• 5- Obrigações quanto ao tempo de execução

• Obrigação a Termo – é o dia em que deve iniciar ou terminar a


eficácia da relação obrigacional.
• Conceito - é aquela que submete os efeitos do ato a um evento
certo e futuro.
• O termo pode ser inicial ou final, certo (fixa o lapso de tempo
(data fixa)) ou incerto – não sabe quando ocorrerá o evento.
• Da exigibilidade da obrigação a termo – art. 132 e 134 CC.
• Termo e prazo não se confundem:
• Prazo – lapso de tempo que decorre da declaração de
vontade à superveniência do termo e também o tempo que
medeia entre o termo inicial e final.
• Termo - pode ser certo ou incerto.
• 6- Obrigações de execução instantânea, diferida e
periódica

• 6.1- momentânea ou de execução instantânea – se


consuma num só ato, sendo cumprida imediatamente
após a sua constituição. Ex: compra e venda à vista.
• 6.2- execução diferida – cujo cumprimento deve ser
realizado também em um só ato, mas em momento
futuro. Ex: Entrega, em determinada data, do objeto
alienado.
• 6.3 – execução continuada, ou de trato sucessivo ou
periódica – se cumpre por meio de atos reiterados,
como ocorre na compra e venda a prazo.
TRANSMISSÃO DAS
OBRIGAÇÕES
• 1- CESSÃO DE CRÉDITO (arts. 286 a 298 C.C.)

• 1.1 Conceito – conforme Sílvio Rodrigues “a cessão


de crédito é o negócio jurídico, em geral de caráter
oneroso, pelo qual o sujeito ativo de uma obrigação a
transfere a terceiro, estranho ao negócio original,
independentemente da anuência do devedor. É um
negócio jurídico em que o credor transfere a um
terceiro seu direito. É apenas uma substituição de
credor. A obrigação é a mesma e continua com os
acessórios. Não podem ser cedidos créditos
inalienáveis por natureza, por lei, ou por convenção
com o devedor. A cessão pode ser total ou parcial.
Pode ocorrer a título gratuito ou oneroso.
• 1.2 Partes - cedente: quem aliena o crédito ou
doa o crédito cessionário: quem recebe, adquire
o crédito
• Não é necessário o consentimento do devedor,
deve apenas saber quem é o credor para poder
efetuar o pagamento.
• Essa espécie de cessão encontra justificativa no
fato de o crédito se apresentar como um bem de
caráter patrimonial , podendo ser negociado. A
cessão desempenha, quanto aos créditos, papel
idêntico ao da compra e venda, quanto aos
bens corpóreos.
• 1.3– Diferenças com o contrato de compra e venda, a
novação e sub-rogação.
• Na compra e venda há duas figuras: comprador e vendedor. Na
cessão há três figuras: cedente, cessionário e devedor. O objeto
da compra e venda é um bem material. Já a cessão objetiva um
bem imaterial (direitos).
• A novação é uma forma de extinção de obrigações. Na cessão, o
crédito preserva-se.
• Há sub-rogação por determinação legal, enquanto que a cessão
é um ato voluntário. Na cessão, o seu efeito começa a ocorrer a
partir do momento que notifica o devedor, o que não ocorre na
sub-rogação. O credor deve comunicar a transmissão da
obrigação ao devedor. Se não for comunicado, poderá ele efetuar
o pagamento ao credor originário sendo perfeitamente válido. É a
mesma obrigação acompanhada dos acessórios. Na sub-rogação
não há necessidade de comunicar a transmissão da obrigação.
• 1.4- A posição do devedor
• Não faz parte do negócio jurídico – é alheio ao negócio
jurídico, mas deve tomar conhecimento do ato para efetuar
o pagamento (pode ser notificado pelo cedente ou
cessionário – art. 290, 1ª parte C.C.). Havendo dúvidas a
quem pagar, deve recorrer a consignação em pagamento.
No instante em que for notificado, o devedor deve opor
tanto ao cedente como ao cessionário, as exceções que
lhe competirem.

• 1.5- Natureza jurídica


• É de natureza jurídica contratual; contrato consensual que
poderá ser por instrumento público ou particular. Pode ser
gratuita, assemelhando-se a uma doação, ou onerosa,
assemelhando-se à compra e venda.
• 1.6- Requisitos – Como se trata de um negócio jurídico, é necessário atender aos
requisitos de validade constantes no art. 104 do C.C.
• Objeto lícito –art.286 C.C.
• Capacidade e poderes específicos na representação.
• Legitimação

• 1.7 – Efeitos da cessão – a transferência da relação jurídica e o problema da


garantia. Há uma transferência do crédito com os acessórios. Caso a garantia
acessória do crédito for hipotecária, deve a cessão ser feita por escritura pública –
art. 289 C.C. O cedente deve responder pela existência da dívida à época do
negócio.

• 1.8- Responsabilidade
• A responsabilidade do cedido é pagar a dívida. O cedente, ainda que não se
responsabilize pelo solvência do cedido, nem subsidiariamente pelo pagamento, é
responsável pela existência do crédito ao tempo da cessão, se esta se operou a
título oneroso. Podem as partes convencionar que o cedente responde também
pela solvabilidade do devedor (art. 297 C.C.). Uma vez penhorado o crédito, não
pode mais o seu titular cedê-lo (art. 298 C.C.)
• 1.9- Espécies: Pode ocorrer a título gratuito ou oneroso. Distingue-
se a cessão de crédito pro soluto e pro solvendo.
• Pro soluto - quando o cedente, após a transferência, deixa de ter
qualquer responsabilidade pelo crédito, afora a sua existência
(regra geral) –
• Pro solvendo - quando o cedente continua responsável pelo
pagamento do crédito, caso o cedido não o faça.
• * Pode ocorrer a cessão de crédito judicial.
• Em caso de falecimento do credor originário, o crédito é transmitido
aos herdeiros.
• Em caso de morte do credor e deixa créditos a receber a título de
herança, os créditos serão cedidos judicialmente aos herdeiros.
• 1.10 – Forma: A forma é livre, bastando a manifestação da
vontade, visto que o contrato de cessão de crédito é consensual e
não solene. Contudo, para produzir efeitos quanto a terceiros, o
contrato só prevalecerá se for solene(art. 288 c/c art. 129 da Lei
6.015 de 31/12/1973).
• 2- ASSUNÇÃO DE DÍVIDA-CESSÃO DE DÉBITO – 299 A 303 C.C.
• 2.1-Conceito - é um negócio jurídico aonde aconteceu a substituição do devedor com
expresso consentimento do credor e dos garantes do débito.
• Peculiaridade:
• O novo devedor assume uma obrigação que não foi contraída por ele.
• * A assunção pode liberar o devedor primitivo ou mantê-lo preso à obrigação.
• Caso o devedor primitivo mantenha-se preso à obrigação, denominamos de Assunção
Imperfeita, e caso haja a sua liberação teremos a Assunção Perfeita.
• Para que o devedor primitivo seja solidário deve ser convencionado entre as partes
(expressamente).
• Acordo expresso – a solidariedade não se presume.
• * As garantias não acompanham a assunção.
• Ex.: a fiança não admite a interpretação extensiva, bem como a hipoteca.
• Características
• Negócio Jurídico de natureza contratual;
• Bilateral ou plurilateral;
• De forma livre;
• Objeto – dívidas presentes ou futuras.
• 2.2- Efeitos
• Pressupõe a existência de uma obrigação já existente.
• Substituição da figura do devedor com ou sem seu consentimento
• 2.3- Espécies
• Por acordo entre um terceiro e o devedor com expresso consentimento do
credor.
• Por acordo entre o terceiro e o credor com ou sem o consentimento do
devedor.

• 3- CESSÃO DE POSIÇÃO CONTRATUAL


• 3.1-Conceito- é um negócio jurídico em que uma das partes, o cedente,
com consentimento do outro contratante, ou seja, o cedido, transfere sua
posição para um terceiro (cessionário).
• * Em regra geral, é necessário o consentimento do cedido. (porém, existe
outra posição – Sílvio Rodrigues, com base na monografia de Dimas de
Oliveira, acha que não há necessidade do consentimento do cedido.)
(Sílvio Sávio Venosa acha que é imprescindível o consentimento do
cedido).
• 3.2- Natureza jurídica
• É um conjunto de cessão de créditos e assunção de dívidas. A cessão em si constitui
um contrato típico, quem tem por finalidade transferir outro contrato. O contrato
transferido, que constitui o objeto da cessão, chama-se contrato-base.
• 3.3- Figuras afins
• -A cessão de crédito é importante para a interpretação da transferência de posição
contratual; a assunção de dívida também vai ser encontrada na cessão de posição
contratual. Não pode ser confundida com a novação subjetiva.
• 3.4-Categorias- cessão de contrato com liberação do cedente – O cedente se libera
do liame contratual quando haja consentimento do credor, quer externado ao tempo
da cessão, quer previamente concedido, por ocasião do contrato-base e quando
houver disposição legal que dispense tal consentimento. Há hipóteses em que a lei
brasileira dispensa a anuência do cedido: a) cessão de contrato de compromisso de
imóvel loteado (Dec.-lei n. 58, de 10/12/37, art. 2º) ; b) transferência do contrato de
locação para o sublocatário; c) cessão de contrato de locação protegido pela Lei de
Luvas, ocorrendo a venda do estabelecimento comercial ou industrial falido (Lei de
Falências – Dec.-lei n. 7.661, de 21/06/45, art. 116, §1º). Cessão de contrato sem
liberação do cedente – Embora o cesssionário assuma a responsabilidade pelas
obrigações resultantes do contrato, o cedente continua vinculado ao negócio não
apenas como garante de seu cumprimento, mas como principal pagador.
• 3.5- Efeitos
• -Entre o cedente e cessionário- o cedente é responsável pela existência do
contrato, por sua validade e pela posição que está cedendo. Mesmo que o
negócio seja gratuito, poderá gerar direito à indenização, como no caso de
dolo por parte do cedente.
• -Entre cedente e cedido – Com a transferência de sua posição contratual,
sai o cedente da relação jurídica, mas as partes podem manifestar em
sentido contrário. A responsabilidade do cedente neste caso é subsidiária,
se não for convencionada a solidariedade.
• -Entre cessionário e cedido – ambos passam a ser partes no contrato-base.
O cessionário toma o lugar do cedente nos direito e obrigações. O cedido só
liberará de suas obrigações contratuais com o pagamento ao cessionário
após tomar conhecimento e anuir na cessão. O contrato pode ser cedido em
trânsito, isto é , parcialmente cumprido. Todos os acessórios dos direitos
conferidos pelo contrato também se transmitem ao cessionário. As garantias
para o contrato, fiança, hipoteca, penhor, prestadas por terceiro necessitam
do consentimento destes. A doutrina divide-se acerca da transmissibilidade
do cessionário dos poderes de anulação do contrato-base.
• 3.6-Aplicabilidade do instituto
• Contratos de cessão de locação, contratos de
compromisso compra e venda(entendimento contrário-
Sílvio Venosa), contratos de empreitada, contratos de
lavra e fornecimento de minérios e o contrato de
mandato, quando haja a cláusula em que se permite o
substabelecimento sem reserva de poderes.
• Segundo Sílvio Rodrigues, à cessão de contrato se
aplicam, por analogia, as regras sobre a cessão de
crédito e, quando não contrariarem a sua estrutura
básica, as regras sobre a novação.
EFEITOS DAS OBRIGAÇÕES
• 1- Efeitos decorrentes do vínculo obrigacional.
–Modos extintivos das obrigações(O pagamento é toda forma
de extinção da obrigação. Há também a extinção da
obrigação com a intervenção judicial (forma anormal) e
existem formas especiais de pagamento. Pode ocorrer ainda
a extinção da obrigação sem culpa do devedor e com culpa
do devedor (a indenização substitui o pagamento, mas com
ele não se confunde).
– Conseqüências de inadimplemento das obrigações.
– Natureza jurídica do pagamento
• É discutível a sua natureza jurídica. É um fato jurídico: o pintor
conclui o retrato encomendado. Esse fato jurídico se
transforma em ato jurídico quando o pintor comunica o término
do trabalho e coloca o quadro à disposição de quem lhe
encomendou. Pode se assemelhar a um contrato, se bilateral.
• 2- Pessoas sujeitas aos efeitos das obrigações – devedor, fiador, terceiro
interessado(art. 304) e não interessado(art. 304, parágrafo único), avalista e
herdeiro.
• *O terceiro não interessado pode pagar em nome e por conta do devedor ou
pagar em seu próprio nome(neste caso tem o direito de reeembolsar-se do
que pagou).
• *Pode ocorrer que o devedor tenha justo motivo para não efetuar o pagamento
e se surpreende ao ver que o terceiro se adiantou ao pagamento(art. 306).
• *Pode ocorrer que tanto o credor como o devedor se oponham ao pagamento
por terceiro.Ex: existe dúvida se a obrigação é personalísssima. Neste caso, o
terceiro passa a ser inconveniente numa relação jurídica a que não pertence.
• * O art. 307 trata de pagamento que importe em transmissão de
domínio(obrigação de dar)
• *O pagamento pelo devedor não é apenas uma obrigação, mas um direito seu.
• *Se a obrigação for personalíssima não terá a sua transmissão – o que
interessa é que o próprio devedor execute a obrigação – infungível. (obrigação
de fazer ou não fazer).
• Quem pode ser devedor?
• - Pelo princípio da autonomia da vontade e pelo princípio do consensualismo - aquele
que livremente quer ser devedor
- Por força – determinação legal.
- Por sentença.
• *A promessa de fato de terceiro
• - Quando um terceiro se obriga a atos de outrem
• Um empresário promete que uma determinada banda irá tocar em determinado lugar.
• 3- A quem se deve pagar. O accipiens
• *O pagamento deve ser feito ao credor. Pode ocorrer que, no momento de ser efetuado
o pagamento, o credor originário já tenha sido substituído. Tal substituição pode ter
• ocorrido por ato entre vivos ou por ato de morte. Existem também a situação da
obrigação solidária e da indivisível.
• *Quando do nascimento da obrigação, os contraentes podem estipular que o accipiens
seja um terceiro.
• *Existem situações que nem sempre a pessoa intitulada a receber apresenta-se com
um mandato formalmente completo (art. 311).
• * Pode se fazer o pagamento ao representante do credor: LEGAL, JUDICIAL E
CONVENCIONAL.
• 4- Credor putativo (art. 309)
• *Supõe-se ser uma pessoa legítima para receber o crédito (acredita-
se estar fazendo o pagamento ao único herdeiro, por exemplo).
Neste caso, se o devedor a ele efetuar o pagamento, este será
válido se o devedor estiver de boa-fé e ignorar por completo a
situação.
• *A lei condiciona a validade do pagamento ao fato de o accipiens ter
a aparência de credor e estar o solvens de boa-fé. Restará ao
verdadeiro credor haver o pagamento do falso accipiens.
• 5-Quando o pagamento feito a terceiro desqualificado será
válido
• Existem 3 situações:
• a)Art. 308 – A ratificação equivale a um mandato. Ex: Pago ao filho
do credor e este posteriormente confirma o pagamento.
• b)Art.308c/c 310 – O pagamento reverte em benefício do credor – a
prova será ônus do solvens
• c)credor putativo.
• 6– Pagamento feito ao inibido de receber
• *Art. 310 refere-se ao pagamento feito ao incapaz. O representante legal do credor terá
legitimidade para impugnar o pagamento. A lei não distingue a incapacidade absoluta da
relativa.
• *Art. 312 – Neste caso cabe depositar em juízo, ou nos autos em que for efetivada a
penhora.
• * Também estará inibido de receber e quitar o devedor falido desde o momento de
abertura da falência(art. 40 do Decreto-lei nº 7.661/45)
• 7– Objeto do pagamento
• O pagamento deve compreender, como objeto, aquilo que foi acordado (art. 313 e 314).
• *O CC adotou o princípio do nominalismo (art. 315) – segundo esse princípio o devedor se
libera da obrigação pagando a mesma quantia de moeda recebida. (se a moeda perde o
valor de compra, o credor fica com o prejuízo).
• * A estipulação de pagamento em moeda estrangeira não é possível, salvo se houver
permissão legal – art. 318
• -A moeda representa um elemento da soberania nacional.
• - Teoria da imprevisão do contrato – art. 317
• 7.1-O PAGAMENTO POR MEDIDA OU PESO (art. 326)
• *Leva-se em conta o lugar onde será executada a prestação – ex.: alqueire paulista –
alqueire goiano.
• 8 – Prova do pagamento
• Prova é a demonstração material de um fato, ato ou negócio jurídico.
• *QUITAÇÃO? (319) observar a regra do art. 320 – documento que
libera o devedor do vínculo obrigacional. Não precisa ter a mesma
forma do contrato
• Requisitos da quitação (art. 320, CC). Se o credor se recusa a
conceder a quitação ou não a dá na devida forma, pode o devedor
acioná-lo e a sentença subsistirá a regular quitação (art.319 c/c art.
396)
• PROVA DO PAGAMENTO PELA ENTREGA DO TÍTULO (art. 321 e
324)
• PERDA OU EXTRAVIO DO TÍTULO REPRESENTATIVO DA
OBRIGAÇÃO (art. 321).
• O credor deverá dar declaração de invalidade (inutilização) do título
perdido ou extraviado.
• * Observar as normas dos arts. 323 e 324 C.C.
• 9- LUGAR, TEMPO E MODO DO PAGAMENTO
• 9.1-NORMAS QUANTO AO LUGAR DO PAGAMENTO
• Em que lugar deve ser feito o pagamento?
• No domicílio do devedor, no domicílio do credor, ou em outro lugar qualquer?
• -Em princípio o pagamento deve ser feito no domicílio do devedor (dívida
quesível- quérable) – Art. 327
• - Pode constar expressamente no contrato, a obrigação do devedor levar o
débito no domicílio do credor ou onde esse indicar (dívida portável- portable)
• HIPÓTESES:
• * Disposição legal;
• * Decisão das partes;
• LOCAL ALTERNATIVO – se ficar designado dois ou mais lugares, o credor
elege o que lhe for mais favorável. Art. 327, par. único
• Art. 328 – se consistir o pagamento na entrega do imóvel ou na satisfação da
prestação, a ele concernente, o cumprimento da prestação acontecerá aonde se
encontra o imóvel.
• *Diante de caso fortuito e força maior – art. 329
• * Pagamento feito de maneira reiterada em outro local que não seja o combinado
– art. 330
• 10-NORMAS QUANTO AO TEMPO
• Regra geral - não pode o credor exigir o pagamento antes do
vencimento do prazo.
• 11-OBRIGAÇÃO SEM PRAZO E SEM CONDIÇÃO (PURAS)
• Se não houver nenhuma condição e nenhum vencimento,
deverá ser satisfeita imediatamente. – Princípio da satisfação
imediata (art. 331 c/c 134)
• 12-OBRIGAÇÃO COM PRAZO E CONDICIONAIS (IMPURAS)
• Execuções – por conveniência do devedor quando o prazo
houver sido estabelecido em seu favor (art. 332 c/c 125, 127 e
128, CC).
• Por antecipação do vencimento por decisão legal.
• 13-ANTECIPAÇÃO DO VENCIMENTO POR DISPOSIÇÃO
LEGAL (art. 333).
• 14-PAGAMENTO EM QUOTAS SUCESSIVAS,
PERIÓDICAS (art. 322)
• 15-SITUAÇÃO DOS JUROS ANTE QUITAÇÃO DO
CAPITAL (art. 323)- São acessórios do principal.
• *Presunção iuris tantum – presunção relativa – admite
prova em contrário (uma corrente) – se recebeu o
principal não quer dizer que tenha recebido o juro.
• *Presunção iuris et de jure – presunção absoluta – se
recebeu o principal, não pode reclamar o juro (outra
corrente) não admite prova em contrário. Ex: pagamento
de imóvel parcelado, tendo recebido escrituração pública.
• -DESPESAS COM O PAGAMENTO E QUITAÇÃO
• Correm por conta do devedor ou do credor? (art. 325) –
devedor.
FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO E
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

• 1. CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO (art. 334
a 345 CC, 890 a 900,
CPC) – o credor não
aceita o pagamento, o
devedor propõe ação
de consignação em
pagamento.
• 1.1- Quando ocorre? Quando o credor se recusa a receber o objeto da
prestação, ou quando o credor pretende receber de forma diversa do
contratado, ou quando não é conhecido o paradeiro do credor. O
devedor propõe ação de consignação – depósito em juízo.
• 1.2- Natureza jurídica – mista ou híbrida – porque está regulamentada
tanto no CC quanto no CPC. A decisão judicial é que vai dizer se o
pagamento feito desse modo em juízo terá o condão de extinguir a
obrigação.
• *Normalmente o objeto da consignação é um pagamento, mas com
freqüência tais processos inserem questões mais profundas: quando
quer consignar um aluguel e o réu (locador) se recusa a receber, por
negar a relação locatícia.
• Pela nova sistemática do CPC, art. 890, § 1º,tratando-se de obrigação
em dinheiro, o devedor ou terceiro podem optar pelo depósito em
estabelecimento bancário.
• *A consignação em pagamento tem a ver com a imputação da mora ao
credor, contudo a mora do credor pode ser reconhecida na ação que
este move contra o devedor.
• *A consignação é uma faculdade às mãos do devedor – art. 334.
• 1.3 - Objeto – objeto que envolva uma obrigação de dar
(art. 890) ou uma obrigação de fazer c/c obrigação de
dar. No caso de imóveis o depósito judicial é
simbolizado pela chave. Nas obrigações de fazer e não
fazer devido sua própria natureza não permitem
consignação.
• Quando a obrigação for de coisa fungível, ou
envolvendo uma obrigação alternativa poderá que a
escolha seja do devedor ou do credor(art. 342).
Obrigações ilíquidas não podem ser objeto de
consignação, enquanto não se tornarem líquidas.
• Se a coisa for consumível não é possível o depósito
judicial (desde que se deteriorize em pouco tempo).
• 1.4 - Hipóteses (art. 335)
• 1.5 - Procedimento – Não é obrigado o devedor recorrer à consignação,
mas casso recorra seguirá os arts. 890 a 900 do CPC.
• A pretensão de consignar nasce no momento de vencimento da obrigação.
A lei não estabelece até quando após o vencimento pode ser utilizada a
consignação. Como fica então nas obrigações com prazo incerto? O fato é
que se ainda não está caracterizada a mora do devedor, pode ser proposta
a consignação. A sentença decidirá se a consignação foi oportuna.
• É importante observar que a mora debitoris por si só não inibe a
consignação.
• Com a contestação, a ação segue o rito ordinário, o que permite o
ajuizamento de reconvenção quando seu fundamento for conexo com o
que se prazo de 10 dias (art. 899 do CPC) discute na consignação. Se o
depósito for insuficiente, permite-se ao autor que o complemente.
• 1.6 - Requisitos de validade – art. 336
• 1.7 - Levantamento do depósito (arts. 338 a 340)
• 1.8 - Consignação de coisa certa e incerta (arts 341 e 342)
• 1.9 - Despesa da consignação (art. 343)
• 1.10 - Possibilidade do credor ajuizar a consignatória – art. 345.
DO PAGAMENTO POR
SUB-ROGAÇÃO
arts. 346 a 351

• 1 - Conceito - É a substituição de uma pessoa,


ou de uma coisa, por outra pessoa (pessoal), ou
por outra coisa (real), em uma relação jurídica.
• 2 - Natureza Jurídica – a sub-rogação é um instrumento autônomo – pode
acontecer sem a anuência do credor ou do devedor. – Fica adstrita a
prestação originária, a dívida contraída pelo devedor originário. È uma figura
jurídica anômala, pois o pagamento promove apenas uma alteração subjetiva
da obrigação, mudando o credor. A extinção obrigacional ocorre somente em
relação ao credor
• 3 – Espécies – Legal (art. 346); convencional (art. 347). Classifica-se também
em pessoal e real . Pode acontecer de maneira total ou parcial
• a) Sub-rogação pessoal.
• “A” é devedor de “B”, tendo “C” como avalista. “A” não paga a dívida e “C”
efetua o pagamento. Assim, há a substituição da figura do credor
• b)Sub-rogação real –
• Ex: o doador doa uma casa com a cláusula de inalienabilidade e a substitui por
outra, que continua com a mesma restrição
• c)Sub-rogação legal – art. 346
• A mesma se opera de pleno direito em três casos:
• 1º) o devedor tem mais de um credor, um deles com direito de preferência.
• 2º) Credor hipotecário
• “A” possui uma casa no valor de R$ 50.000,00
• Deve R$ 10.000,00 a “B” – 1ª hipoteca
• Deve R$ 20.000,00 a “C” – 2ª hipoteca
• Deve R$ 20.000,00 a “D” – 3ª hipoteca
• - “C” paga o débito de A para com B para ter preferência na
execução da hipoteca.

• 3º) Terceiro interessado que paga a dívida pela qual era ou podia
ser obrigado, no todo ou em parte. Ex: avalista, fiador.
• d)Sub-rogação convencional – art. 347 C.C.
• * Deve ser expressa
• É uma espécie de cessão de crédito (art. 286 a 298, C.C.).
• Casos: sem anuência do devedor, sem anuência do credor.

• Efeitos
• Transfere-se a titularidade do crédito, ou seja, substitui-
se o sujeito ativo,; é translativa porque o terceiro
assume a figura do sujeito ativo com relação ao débito
pago.
• As garantias acompanham o crédito, art. 349, C.C.
• e) Sub-rogação parcial
• A deve R$ 100,00 a B – C, avalista, paga R$ 50,00.
• No caso de execução, como fica?
• O 1° credor terá preferência ao sub-rogado, art. 351,
C.C.
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
(art.352 a 355, C.C.)
(não é possível a imputação do pagamento na
dívida ilíquida)
• 1- CONCEITO - a imputação do pagamento é a determinação feita pelo
devedor, entre dois ou mais débitos da mesma natureza, positivos e
vencidos a um só credor, indicando assim, qual dessas dívidas quer
solver(art.352). Ex: os débitos autorizados pelo correntista de um banco, em
sua conta corrente.

• 2- REQUISITOS
• - Dois ou mais débitos;
• - Mesma Natureza;
• - Um só credor;
• - Líquidas e vencidos.
• * As dívidas sejam líquidas, certas e vencidas.
• 3- AUTOR DA IMPUTAÇÃO
• (devedor – regra geral) 352 – credor, 353. O art. 353 diz que tal imputação
pelo credor só não terá valor se cometida por coação ou dolo. A prova
neste caso cabe ao devedor. Se nenhuma das partes se manifestar
oportunamente, a lei dá parâmetros para fixar qual dos débitos foi pago
(art. 355)- trata-se da imputação legal.

– O pagamento ofertado pelo devedor deve ser suficiente para quitar


ao menos uma das dívidas. Como fica se a quantia ofertada for
superior ao débito de menor valor, mas não atingir o débito de
maior valor? O pagamento refere-se à dívida de menor valor.
– Se o devedor oferece regularmente o pagaemento a uma das
dívidas, não pode o credor recusá-lo, sob pena de incidir em mora
creditoris

• 4- IMPUTAÇÃO SOBRE JUROS - (art. 354)


• * Pagamento é feito primeiro sobre os juros (se o pagamento for parcial) –
regra geral.
DAÇÃO EM PAGAMENTO
datio in solutum(arts. 356 a 359)
• 1- CONCEITO - consiste na entrega pelo devedor, a título
de pagamento, de uma objeto que não é devida (estipulada)
no vínculo obrigacional, mediante a aceitação do credor.
• *Só pode ocorrer após o nascimento da obrigação. Pode
consistir na substituição de dinheiro por coisa (rem pro
pecuni), também de uma coisa por outra (rem pro re), assim
como a substituição de uma coisa por uma obrigação de
fazer.
• *É possível a dação em pagamento nas obrigações
alternativas e facultativa? Sim, com uma prestação total
mente estranha ao pacto original.
- DIREITO ROMANO (aliud pro alio, invito creditore, solvi
non potest) – “uma coisa por outra, contra a vontade do
credor, não pode ser solvida”. – datio insolutum.
• 2- REGRAS DA DAÇÃO:arts. 356 a 359.
• 2.1- REQUISITOS
• A coisa dada em pagamento seja diferente do objeto da
prestação obrigacional original.
• O credor deve concordar com a substituição.
• Não há necessidade de equivalência de valor na substituição.
• *Pode a dação ser parcial. Ex: O devedor dá em pagamento,
parte em dinheiro e parte em espécie.
• *Não há dação no pagamento com títulos de crédito, porque, aí,
haverá cessão de crédito (art. 358).
• *O representante necessita de poderes especiais para dar esse
tipo de quitação, que foge ao exato cumprimento da obrigação.
O mandatário com poderes gerais não poderá aceitá-la.
• 2.2– NATUREZA JURÍDICA
• Trata-se de um negócio jurídico bilateral, oneroso e real*
• 2.3- BENS MÓVEIS (tradição) e IMÓVEIS (registro na matrícula ou
transcrição).
• 2.4- RESPONDE O ALIENANTE PELA EVICÇÃO (erro, ignorância) –
art. 359.
• O objeto não é do devedor, mas o credor não sabe.
• Quando o objeto é devolvido ao verdadeiro dono, restabelece-se o
vínculo obrigacional. A fiança não se restabelece . Já as garantias reais
permanecem (Contudo, em benefício da aparência no Direito, se a
evicção ocorre quando já estava liberado o imóvel no registro de
imóveis, não podem ser prejudicados os terceiros de boa-fé.
• 2.5– EQUIPARAÇÃO À COMPRA E VENDA- aplicam-se todas as
regras atinentes ao negócio, suas questões de nulidade e
anulabilidade(art. 357)
• *O art. 357 incide tanto se o bem objeto da dação for móvel quanto se
for imóvel .
• *Se o objeto não for pecuniário e houver substituição por outra coisa, a
analogia é com a troca ou permuta.
NOVAÇÃO – arts 360 a 367
• 1-CONCEITO -é um meio de
execução obrigacional,
destinada a extinguir a
obrigação primitiva
substituindo-a por uma nova
obrigação. Ex: o devedor de
juros não pagos ajusta com o
seu credor de incorporá-los no
capital. A primeira dívida
representada pelos juros
desaparece para ser
substituída por outra,
constituída por um aumento do
principal.
• 2-REQUISITOS
• Que haja a substituição de uma obrigação primitiva por uma nova;
• Que a nova obrigação extinga a obrigação primitiva;
• Que haja o “animus de novar” (art.361) . Não existe novação
automática, por força de lei. A vontade de novar das partes deve
ser expressa.
• Para que haja a novação é necessário o consentimento do credor.
• Capacidade e legitimação das partes.
• 3- ESPÉCIES – art. 360
• Objetiva – diz respeito ao objeto(Um fornecedor deveria entregar
10 sacas de arroz; na falta do arroz, convencionam as partes que
o fornecedor entregará 12 sacas de acúcar.
• Subjetiva – diz respeito aos sujeitos.
• Mista – diz respeito ao objeto e aos sujeitos.
• ESQUEMA
Título primitivo A deve R$ 20.000,00 a B (locação)
Título novo(novação objetiva) A deve R$ 20.000,00 a B – art.360, I
(empréstimo)
Título novo A deve R$ 20.000,00 a C – art. 360, III
novação subjetiva ativa)
Título novo M deve R$ 20.000,00 a B – art. 360, II
(novação subjetiva passiva)
Título novo M deve R$ 20.000,00 a C – art. 360, II e III
(novação mista)

O que é expromissão? É quando acontece a novação sem o


consentimento do devedor. (novação por substituição do devedor)art.
362 C.C. Ex: O novo devedor chega até o credor e diz que deseja,
desde aquela oportunidade, ser o responsável pelo débito; o credor dá
quitação ao devedor primitivo e contrai nova obrigação ao novo devedor
que se apresentou.
O que é delegação? Quando o devedor indica terceira pessoa para
resgatar o seu débito, com o que concorda o credor.
• 4– EFEITOS
• * Como pela novação a dívida primitiva se extingue, seus acessórios
também perecem. Os juros avençados cessam de fluir, as garantias
que asseguravam seu resgate não mais subsistem – art. 364.
• O art. 367 tratam da novação de obrigações nulas, extintas e
anuláveis. (contrato com objeto ilícito) .
• (ex.: obrigação primitiva – contrato com sujeito relativamente incapaz
– na novação há necessidade que ele seja assistido.)
• Art. 365 – solidariedade (extingue-se. Apenas um devedor opera a
novação)
• Com a criação da obrigação nova extinguem-se os acessórios e
garantias da dívida.
• O art. 363 trata da insolvência do novo devedor. O credor assume o
novo devedor por sua conta e risco. A lei abre exceção no caso de
má-fé e neste caso haverá o direito de regresso e não repristinação
da obrigação anterior, desaparecendo as garantias.
DA COMPENSAÇÃO
arts. 368 a 380

• CONCEITO – art. 368


• *Opera-se extinção obrigacional até a
concorrência dos valores dos objetos das
obrigações apontadas.
• ESPÉCIES
• Legal – expressa por lei (art. 368).
• Voluntária – acordo de vontades.
• Judicial – sentença judicial – reconvenção = ação dentro do processo ou em
uma ação autônoma.
• Alguns autores referem-se à compensação facultativa. “A” é credor de
alimentos de “B”, e “B” é credor de uma nota promissória de “A”, “B” não
pode alegar compensação (art.372, II), no entanto, “A” poderia fazê-lo.
• “A” impetra uma ação de execução contra “B” (valor da ação R$ 30.000,00).
Sendo que “B” argúi em sua contestação e na reconvenção (ação que o réu
impetra contra o autor no mesmo feito) que “A” é seu devedor (R$10.000,00).

• 1. REQUISITOS
• Dívidas líquidas, vencidas e de coisa fungível – arts. 369 e 370.
• Mesma qualidade (coisa fungível) – “A” deve para “B” 20 sacas de café e “B”
deve para “A” 10 sacas de café – deve ter a mesma qualidade para que haja
a compensação. Art. 370
• 2. EXCEÇÃO À EXIGÊNCIA DA RECIPROCIDADE DE DÍVIDAS – art. 371
• “A” deve a “B” que, por sua vez, deve a “C” (terceiro interessado) que é fiador de “A”.
• Se o fiador compensar seu débito com o que lhe deve o credor de seu afiançado,
poderá exercer contra este o direito de regresso cobrando-lhe o que por ele tiver
pago.

• 3.PRAZOS DE FAVOR NÃO IMPEDEM A COMPENSAÇÃO – art.372

• 4. A DIVERSIDADE DE CAUSA NÃO IMPEDE A COMPENSAÇÃO – art. 373

• 5. EXCLUSÃO DA COMPENSAÇÃO – art. 375– a compensação só se opera com o


silêncio das partes. Se as partes convencionam, não haverá compensação.

• 6. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DA PESSOA QUE SE OBIRGA POR


TERCEIRO – arts. 371 c/c 376– impossibilidade de compensação para a pessoa
que se obriga por terceiro. “A” (incapaz) é credor de “B”, “C” deve a “B” e é tutor de
“A”
• Representante legal – não se opera a compensação.
• 7.CESSÃO E COMPENSAÇÃO – art. 377 . – se o devedor não for notificado da
cessão de crédito poderá opor ao cessionário a compensação do crédito que
antes tinha contra o cedente.
• Compensação e cessão de crédito:
• “A” deve a “B” que deve a “A”, “B” cede o crédito a “C” - “A” deverá concordar
com a situação.

• 8.COMPENSAÇÃO DE DÍVIDAS COM LOCAIS DIFERENTES DE


PAGAMENTO – art. 378. “A” deve entregar para “B” um quadro em São Paulo
(R$800,00). “B” deve (R$ 500,00) para “A” – será compensado R$ 800,00 mais
despesas.

• 9. HAVENDO VÁRIAS DÍVIDAS COMPENSÁVEIS- art. 379- observar-se-á as


regras da imputação do pagamento. O devedor deve indicar a dívida a ser
compensada. E no silêncio dele o credor indicará.

• 10. IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO EM PREJUÍZO DE TERCEIRO –


art. 380
CONFUSÃO – arts. 381 a 384
• 1- CONCEITO: (É uma forma de extinção de
obrigação) – quando se confunde as qualidades
de credor e devedor na mesma pessoa (art.
381).
• 1.1- FONTES: É mais comum na sucessão
causa mortis( transmissão universal de
patrimônio).
• A confusão pode dar-se por ato inter vivos, seja
a título gratuito (doação), seja oneroso (cessão).
• 2- REQUISITOS:
• Numa só pessoa se reúnam as qualidades de credor e devedor.
• Deve ocorrer essa reunião de qualidades em relação a uma mesma
obrigação.
• Há necessidade de que não haja separação de patrimônios (Ex: Se
o diretor de uma empresa, como pessoa física, é credor de pessoa
jurídica há distinção de patrimônios, não ocorrendo a confusão.

• 3 -ESPÉCIES: Total e Parcial


• “A” deve a “B”, seu pai, R$ 1.000,00
• “B” falece e, assim, cessa o dever de pagar. (se não houver outros
herdeiros). – Confusão Total.
• “B” é credor de “A” (R$ 20.000,00), seu filho. “C” também é filho. O
patrimônio de “B” é de R$ 20.000,00.
• Se “B” falece, “A” terá que pagar quanto à massa hereditária?
• R$ 10.000,00 para “C”. – Confusão Parcial.
• 4- CONFUSÃO EM FACE DA OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA – art.
383.
• “A”, “B” e “C” são devedores solidários de “D”.
• Se ocorrer a confusão entre “A” e “D”, não extingue a
solidariedade de “B” e “C” em relação à “D”.
• Se “D” morre e “A” é seu herdeiro, a solidariedade de “B” e “C”
continua em relação à “A” (que passa a ser credor).

• 5- .RESTABELECIMENTO DA OBRIGAÇÃO – art. 384


• “A” deve R$ 10.000,00 a “B”, seu pai. Se “B” desapareceu em
05/01/1998 e reapareceu em 10/01/2003, como fica?
• A sucessão provisória – o filho assume a administração dos bens,
mas não pode dispor desses bens. Ao reaparecer, o pai
reassume seus bens e restabelece a obrigação.
PAGAMENTO POR
REMISSÃO
(arts. 385 a 388)
(perdão, doação) – não há retribuição. É
gratuito.

• 1-CONCEITO- é o ato ou efeito de remitir, perdoar


uma dívida, quando o credor libera o devedor, no
todo ou em parte, sem receber pagamento.
• *A motivação desse perdão é irrelevante para o
direito; no entanto, o devedor pode ter interesse
moral em pagar a dívida.
• 2- MODOS
• * Transferência do título
• - Devolução do título ao devedor.
• * Envio de uma carta de quitação
• Uma carta afirmando a quitação do débito.
• 3- ESPÉCIES – total ou parcial. Pode ser tácita (arts. 386 e 387) ou
expressa (quando o título for representado por escritura pública e também
pode ocorrer por ato causa mortis através de testamento
– As obrigações de índole privada podem ser objeto de remissão. O
perdão da dívida depende de autorização legislativa.
• 4- REMISSÃO DE GARANTIA – art. 387
• Devolução do objeto da garantia. Não caracteriza remissão da dívida. (não
quer dizer que haja extinção do vínculo obrigacional). Pode desaparecer o
acessório, sem desaparecer o principal.
• 5- REMISSÃO A CO-DEVEDOR – art. 388 c/c 277 e 282
• A remissão se opera individualmente entre o credor e os co-obrigado.
• Há uma aplicação do princípio da remissão parcial
DO INADIMPLEMENTO DAS
OBRIGAÇÕES- arts. 389 a 420 C.C.
• 1-DISPOSIÇÕES GERAIS – arts. 389 a 393
• *Caso o devedor não cumpra com suas obrigações, deve responder por
perdas e danos. De modo que, se a prestação não foi cumprida, nem
puder sê-lo, proveitosamente para o credor, apura-se qual o dano que
este experimentou e impo-lhe o dever de indenizar.
• *De acordo com o art. 392 C.C. verifica-se que a inexecução da
obrigação só conduzirá ao dever de ressarcir se houve culpa do
inadimplente.
• *O art. 393 determina que o devedor não responde pelos prejuízos
resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se
houver por eles responsabilizado. O caso fortuito e de força maior
contém dois elementos: a) subjetivo, representado pela ausência de
culpa; b) obetivo, constituído pela inevitabilidade do evento.
• *Se a responsabilidade se funda no risco, só a força maior serve de
excludente. Contudo, se a responsabilidade se funda na culpa, então a
mera prova do caso fortuito exonera o devedor da responsabilidade.
• *O patrimônio do devedor responde pelo inadimplemento das
obrigações civis (art. 391)
• 2- MORA – arts. 394 a 401
• -As obrigações surgem para ter existência transitória, efêmera.
Não podemos esquecer que o patrimônio do devedor responde
pelo cumprimento da obrigação.
• -Quando a prestação corresponde exatamente ao avençado, ao
objetivo da obrigação, esta se exaure, desonera o devedor e
satisfaz o interesse do credor.
• -Agora vamos estudar situações em que o devedor não satisfaz
o credor e quando o credor não aceita sem motivo justificado
o cumprimento por parte do devedor, ou alguém por ele.
• 2.1 – Inadimplemento absoluto e relativo
• * O critério da utilidade fará a distinção entre o inadimplemento
absoluto e relativo. Se a obrigação ainda é útil para o credor, o
devedor encontra-se em mora, caso contrário resta recorrer ao
pedido de indenização por perdas e danos (art.389 C.C.).
• * O pagamento em dinheiro, em regra, é sempre útil para o credor.
• 2.2 – Inadimplemento relativo – Mora
• *Espécies de mora: mora solvendi, debitori – devedor
• mora accipiendi, creditori - credor
• *O que é a mora? É o retardamento culposo no cumprimento da
obrigação, no caso de mora do devedor. No caso da mora solvendi, a
culpa é um elemento essencial, já no caso da mora accipiendi, a mora é
um simples fato ou ato por parte do credor e independe do elemento
culpa.
• 2.3 – Mora do devedor
• *Espécies de mora: mora ex re e ex persona.(art. 397 C.C.)
• No caso da mora ex re aplica-se o princípio dies interpellat pro homine
( o simples advento do dia já interpela o devedor).
• *A lei ou a convenção entre as partes poderá exigir a interpelação,
mesmo no caso de prazo certo. Ex: Decreto-lei nº 58, de 10/12/1937
• *A exigibilidade da obrigação é requisito objetivo na mora do devedor.
• No caso das obrigações negativas (art. 390 C.C.)
• No caso de obrigações provenientes de ato ilícito (art. 398)
• 2.4 – Efeitos da constituição em mora do devedor
• *O devedor moroso responde pelos prejuízos a que sua mora der causa.
Que prejuízos são esses? Art. 395
• 2.5 – Mora do credor
• A mora do credor não está ligada à idéia de culpa (art. 394). O
pagamento do devedor não é somente um dever, mas um direito seu. O
conteúdo da oferta deve corresponder exatamente ao conteúdo da
obrigação.
• *Não pode haver concomitância de moras, ou seja, a mora de um exclui
a mora do outro. Existe mora do credor ou do devedor, mas não dos
dois ao mesmo tempo.
• 2.6 – Efeitos da mora do credor
• *Constituída a mora do credor, o devedor exonera-se dos ônus pela
guarda da coisa, menos se houver agido com dolo. (art. 400 do C.C.).
• Outra conseqüência é sujeitar o credor a receber a cosa em sua mais
alta estimação, se o seu valor oscilar entre o tempo do contrato e do
pagamento( deveria ser entre o dia estabelecido para o pagamento e o
de sua efetivação).
• 2.7– Purgação da mora
• Conceito – É o ato pelo qual a parte (devedor ou credor)
que incorreu em mora retira-lhe os efeitos (art. 401
C.C.).
• *Não é possível purgar a mora quando estamos diante
de um inadimplemento absoluto. A purgação da mora
gera efeitos para o futuro, ou seja, ex nunc.
• *Quando é purgada a mora? Art. 401, I e II C.C.
• *Até quando pode ser purgada a mora? A regra geral é
a admissibilidade a purgação até o prazo da
contestação da lide.
DAS PERDAS E DANOS- arts. 402 ao 405
• 1- ASPECTOS GERAIS
• Quando não há mais possibilidade de se cumprir a obrigação, a obrigação
está descumprida. Não é apenas o descumprimento que caracteriza a
frustração da obrigação, mas a avença pode deixar de ser cumprida pela
prescrição, pelo não implemento da condição. De acordo com o art. 389 do
C.C., para que haja o pagamento de indenização, é essencial a culpa. O
dano é um prejuízo, uma diminuição patrimonial sofrida pelo agente. Pode
decorrer de um ato próprio do agente, de terceiro ou simplesmente de um
fato natural. Enquanto o art. 389 trata da responsabilidade contratual, o art.
186 refere-se à responsabilidade aquiliana.
• A responsabilidade contratual funda-se na culpa (art. 392). A culpa na esfera
civil é entendida em sentido amplo. O descumprimento se verifica quer
quando o agente simplesmente não deseja cumprir a obrigação, com o
intuito de prejudicar o credor, quer quando se porta com negligência,
imprudência ou imperícia. Fixada a culpa do devedor, tal não influi no
montante da indenização. Na esfera civil, o pagamento de perdas e danos é
reparação patrimonial e não imposição de pena ao ofensor. A intensidade
da culpa civil é irrelevante. No contrato, a culpa se caracteriza pela
transgressão da avença.
• De acordo com o art. 944, a extensão do dano continua a ser o limite da
indenização, o juiz pode reduzir a indenização se assim entender justo no
caso concreto, quando há desproporção entre o prejuízo e o grau de culpa
ou dolo; não poderá, no entanto, majorar essa indenização perante dolo ou
culpa intensas.
• Já vimos anteriormente que a culpa não integra a mora do credor. No
entanto, o credor que se recusa a receber também deve repor
patrimonialmente os prejuízos (arts. 400 e 401).
• 2- A PROVA DA CULPA
• Na inexecução do contrato, a única coisa que compete ao credor provar é seu
descumprimento. O devedor é que deve provar que não agiu com culpa para
se eximir da responsabilidade. Assim, cabe ao credor provar a existência do
contrato, seu descumprimento e que esse descumprimento que lhe causa
dano.
• Nas obrigações de meio e de resultado, o ônus da prova para eximir-se da
culpa é do devedor. Nos casos de responsabilidade extracontratual a vítima é
que deve provar a culpa do autor do dano, salvo casos de responsabilidade
objetiva e algumas exceções legais.
• 3 – INEXECUÇÃO DAS OBRIGAÇÕES SEM INDENIZAÇÃO.
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR
• O art. 393 exclui a responsabilidade do devedor diante de caso
fortuito e força maior, mas caso o devedor esteja em mora será
atingido pela responsabilização. Deve o devedor provar que o
evento surpreendente não poderia ter sido previsto ou evitado. A
força maior é o fato que resulta de situações independentes da
vontade do homem. O caso fortuito é a situação que decorre de
fato alheio à vontade da parte, mas proveniente de fatos humanos.
• 4- EXONERAÇÃO DA EXCLUDENTE. A CLÁUSULA DE NÃO
INDENIZAR
• A cláusula de não indenizar limita o montante de eventual
indenização ou simplesmente exclui o dever de indenizar. Há
renúncia prévia, convencionada, ao direito de pedir indenização.
Ainda que livremente estipulada não opera em caso de dolo e
culpa grave do agente. A cláusula de não indenizar pode ser
considerada nula diante do CDC (art. 51, IV).
• 5- INDENIZAÇÃO. PERDAS E DANOS
• Se houver inadimplemento parcial ou total surge o dever de indenizar.
Para que ocorra a responsabilidade do devedor, não basta que deixe
culposamente de cumprir a obrigação, mas deve existir um prejuízo. De
acordo com o art. 402 e 403, a indenização é representada pelo valor
em dinheiro. No inadimplemento absoluto, a indenização terá a
amplitude do caput do art. 402. Lucro cessante constitui a indenização
de que a lei fala no que a parte deixou de lucrar e o dano emergente é a
efetiva diminuição do patrimônio. Ao credor incumbe a prova do
montante que perdeu. Nas obrigações em dinheiro, as perdas e danos
consistem nos juros de mora e custas, além da correção monetária
cabível, de acordo com o art. 404. Deve também pagar os ônus
processuais da sucumbência. O lucro cessante é o que o credor
razoavelmente deixou de lucrar.
• 6- DANO MORAL
• O art. 186 admite a indenização por dano exclusivamente moral. No
dano moral não há reparação do prejuízo, porém mais propriamente
uma compensação.
OBRIGAÇÕES DE JUROS-
arts. 406 e 407
• 1– Conceito – São a remuneração que o
credor pode exigir do devedor por se
privar de uma quantia em dinheiro.
• *Representam frutos civis do capital e
são, portanto, acessórios (art. 92 c/c art.
323)
• *Ordinariamente, os juros são fixados em
porcentagem, contudo podem ser fixados
em outra proporção
• 2 – Espécies – Convencionais ou legais; moratórios ou
compensatórios
• *Os juros moratórios são uma espécie de pena imposta ao devedor
pelo atraso no cumprimento da obrigação. Compensatórios os juros
que pagam como compensação pelo fato de o credor estar privado da
disponibilidade de um capital.
• A Lei da Usura (Dec. n. 22.626 de 07/04/1933 fixou em 12% a taxa
máxima de juros a serem avençados em quaisquer contratos. No
silêncio das partes é de 6% ao ano. Os percentuais de juros,
descontos, comissões, taxa remuneratória de serviços e outras formas
de remuneração de operações e serviços dos estabelecimentos
bancários e financeiros nãos estão sujeitos aos limites fixados pela Lei
da Usura e sim pelo Conselho Monetário Nacional (STF – RE n.
83.466- SP).
• -De acordo com o art. 407, ainda que se não alegue prejuízo, é
obrigado o devedor aos juros de mora.
• Para as obrigação líquida e certa, os juros serão certamente devidos
desde o advento do termo, quando tem início a mora do devedor.
• -Para a obrigação líquida e certa, mas sem prazo, a mora
só poderá iniciar-se a partir da interpelação ou notificação
(art397).
• -Para a obrigação negativa – a partir do momento que o
devedor executa ato que deveria abster-se ( art. 390)
• -Para a obrigação decorrente de delito – art. 398
• -Para as obrigações que se transformaram em dinheiro, só é
possível a contagem de juros quando fixado o seu valor, por
sentença ou por acordo.
• -Para as obrigações ilíquidas, a contagem é a partir da
citação inicial.

• 3 – Anatocismo – Constitui-se a contagem de juros sobre


juros. O Decreto n. 22.626/33 não permite a sua cobrança, a
não ser que seja derivado de lei.
CLÁUSULA PENAL – arts. 408 a 416
• 1- Conceito e natureza jurídica
• É uma obrigação de natureza acessória, que acompanha um
contrato principal (art. 922 C.C.). Existem situações que mesmo
que haja nulidade no contrato principal sobrevive a cláusula
penal.Ex: venda de coisa, dolosamente não pertencente ao
vendedor. Pode ser estabelecida justamente para os casos de ser
tida como nula a obrigação principal. Neste caso, deixa de ser
acessória para se tornar autônoma.
• Por meio desse instituto insere-se uma multa na obrigação, para a
parte que deixar de dar cumprimento ou apenas retardá-lo.
• Quais são as suas finalidades? Indenização prévia de perdas e
danos e penalizar o devedor moroso.
• O C.C. não define o instituto. O instituto é utilizado com extrema
freqüência nos contratos.
• É uma pena imposta ao devedor que descumpre a obrigação
culposamente, ou a cumprie com atraso tipificando a mora.
• Há duas formas tradicionais de cláusula penal: a moratória e a
compensatória.
• 2- Cláusula penal compensatória e moratória(art. 409 C.C.)
• A cláusula penal pode dirigir-se a inexecução completa da
obrigação(compensatória), ao descumprimento de uma ou mais cláusulas do
contrato(compensatória) ou ao inadimplemento parcial, ou simples
mora(moratória).
• A cláusula penal constitui prefixação de perdas e danos. Ao credor basta provar o
inadimplemento imputável ao devedor, ficando este obrigado ao pagamento da
multa estipulada. Não existindo a previsão de multa, deveria o credor provar a
ocorrência de perdas e danos. Na multa ocorrendo seus pressupostos de
exigibilidade, ela é devida, sem discussão.
• Art. 410 – O credor pode pedir o valor da multa ou o cumprimento da obrigação.
Escolhida uma via não pode o credor exigir também a outra. O devedor, pagando a
multa, nada mais deve, porque ali já está fixada antecipadamente uma indenização
pelo descumprimento da obrigação.
• *Se a prestação não tem mais utilidade para o credor, só lhe restará cobrar a
multa.
• *Com relação à multa moratória, esta atua com efeito intimidativo, para que o
devedor não atrase o cumprimento de sua avença. É claro que mesmo na multa
moratória existe uma forma de compensação para o credor, que recebe sua
prestação tardiamente.
• *Não se pode confundir multa moratória com multa
compensatória
• *Na multa compensatória, a opção será do credor. Se ele
entender que seus prejuízos pelo inadimplemento foram mais
vultuosos que o valor da multa, partirá para a via das perdas
e danos.Caso contrário, optará pela cobrança da multa.
• *Não é possível cumular a cobrança da multa compensatória
com perdas e danos. Contudo, as partes poderão
convencionar que a multa será devida juntamente com a
execução coativa da obrigação, mediante disposição
expressa.
• Art. 411 – Admite a cumulação da multa compensatória com a
multa moratória.
• O Código de defesa do consumidor fixou o limite das multas
de mora em 2% do valor da prestação, nos contratos que
envolvam outorga de crédito ou concessão de financiamento.
• 3– Funções
• *Há um efeito intimidativo, um reforço para o
cumprimento da obrigação, uma forma de garantia de
adimplemento.
• *Fixa antecipadamente as perdas e danos
• 4– Exigibilidade
• Não há necessidade de que o credor alegue prejuízo
para pedir a multa (art408)
• O art. 408 faz a distinção do momento da exigibilidade
da multa, quer se trate de mora ex re, quer se trate de
mora ex persona. Nas obrigações com prazo certo, o
decurso de tempo já torna exigível a multa. Quando não
há prazo a multa será exigível após a constituição em
mora.
• 5– Imutabilidade, alteração e limite
• *De acordo com a regra do art. 927, 2ª parte do C.C. a
cláusula penal é imutável.
• *Existe um limite na lei – art. 412 c/c art. 413 (se trata de
uma faculdade do julgador C.C.
• 6- Cláusula penal e obrigações indivisíveis e
divisíveis– art. 414 e 415
• 7– Cláusula penal em favor de terceiro e assumida
por terceiro.
• Ex: Pode-se estipular que não cumprindo a obrigação,
o devedor deverá pagar determinada soma a uma
instituição de caridade.
DAS ARRAS OU SINAL- arts. 417 a 420

• Conceito – Arras ou sinal constituem a importância em


dinheiro ou a coisa dada por um contratante a outro,
por ocasião da conclusão do contrato, com o escopo
de firmar a presunção de acordo final e tornar
obrigatório o ajuste; ou ainda, excepcionalmente, com
o propósito de asseguram , para cada um dos
contratantes, o direito de arrependimento. (Sílvio
Rodrigues)
• Espécies – confirmatórias, cuja finalidade é
demonstrar a existência da composição final de
vontade; penitenciais, que almejam assegurar às
partes o direito de se desdizerem, mediante a perda do
sinal, por quem o deu, ou a sua devolução em dobro,
por quem o recebeu.
• Funções – função confirmatória e penitencial.(art. 417). À falta de
estipulação, as arras têm a função meramente confirmatória. Assim,
nenhuma das partes pode,
• legitimamente, arrepender-se do negócio e o inadimplemento, por
qualquer delas, sujeita-a à indenização das perdas e danos (art. 389).
Se o contrato se cumprir, a importância já entregue por um dos
contratantes ao outro passa a ser considerada como adiantamento do
preço (arts. 418 e 419). De acordo com o art. 420, mediante expressa
convenção das partes, as arras adquirem a função penitencial. A
importância das arras representa cálculo prefixado das perdas e danos.
• Arras e obrigação alternativa- Nas arras penitenciais existe a
alternativa entre a desistência ou o cumprimento do contrato. Nas
obrigações alternativas existe a escolha entre duas ou mais prestações
(art. 252) As idéias de garantia de outra obrigação e indenização prévia
distinguem nitidamente o sinal da obrigação alternativa. Nas obrigações
alternativas, o negócio já nasce com mais de uma obrigação.
• Comparação entre arras e cláusula penal
EXTINÇÃO DA RELAÇÃO
OBRIGACIONAL SEM PAGAMENTO
• Temos três hipóteses em que há a cessação da
obrigação, sem que o devedor cumpra a
prestação: a) prescrição; b) impossibilidade de
execução do prometido sem culpa do devedor,
em virtude de caso fortuito e força maior; c)
implemento de condição ou termo extintivo.
• 1 – Prescrição – É a extinção de uma ação em
razão da inércia de seu titular durante um certo
lapso de tempo. Assim, a prescrição tem o
poder de extinguir o crédito. A prescrição
impede que o titular do direito subjetivo mova
ação judicial com a pretensão de obter o
cumprimento da obrigação
• 2 – Impossibilidade de execução sem culpa do devedor –
Há a liberação do devedor do cumprimento da obrigação
quando o inadimplemento decorrer de acontecimento alheio à
sua vontade, cujo efeito não possa evitar, ou seja, de caso
fortuito ou de força maior que aconteça antes do advento da
mora. Para que se caracterize o caso fortuito e força maior é
necessário dois requisitos: inevitabilidade do acontecimento e
a ausência de culpa do devedor. O C.C. anuncia o princípio da
exoneração do devedor ante a impossibilidade de execução
sem culpa do devedor, salvo se: as partes convencionarem o
contrário; o devedor estiver em mora ;o mandatário, não
obstante proibição do mandante, se fizer substituir na
execução do mandato; no cumprimento da obrigação de dar
coisa incerta.
• 3 – Advento de condição resolutiva ou de termo extintivo -
A condição resolutiva vem a ser uma cláusula que subordina
a ineficácia da obrigação a um evento futuro e incerto .

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