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Direito Internacional

Prof. Ricardo Macau/Ana Carolina Pascolati

Direito internacional privado: estuda o conflito de leis no espaço


Direito internacional público: estuda os sujeitos do direito internacional publico/tratados/cortes
internacionais/deportação/expulsão/extradição/entrega
Direito comunitário: são os blocos regionais

Direito Internacional Privado


O Direito Internacional Privado é caracterizado pela soma de três fatores:
1. Particulares: pessoas naturais e pessoa jurídica de direito privado;
2. Direito privado: direito civil;
3. Fato jurídico multiconectado: possibilidade de aplicar a lei brasileira ou a lei estrangeira (o
fato está conectado ao direito brasileiro e estrageiro);
O fato jurídico multiconectado também é conectado de:
- elemento de conexão;
- conflito de leis no espaço.

Resumo da matéria

O Direito Internacional Privado se resume em dois raciocínios jurídicos:


1. possibilidade de o juiz brasileiro aplicar a lei estrangeira: nesta hipótese, a ação judicial foi
ajuizada pelas partes no Brasil.
- o art. 14 da LINDB prevê que a parte autora que alegar direito estrangeiro terá o ônus processual
provâ-lo.

2. homologação de sentença estrangeira pelo STJ (art. 105, I, alínea "i", CF)
Nesta segunda hipótese, as partes ajuizaram a ação no exterior, ou seja, perante o juiz estrangeiro.
O STJ, ao homologar sentença estrangeira, analisa apenas requisitos de índole formal previstos no
art. 15 da LINDB.

Obs: a EC 45/2004 (reforma do judiciário) transferiu a competência para homologar sentença


estrangeira do STF para o STJ.
As sentenças homolagadas pelo STJ são executadas pelo juiz federal competente.

• Pegadinhas
Não confundir os seguintes termos:
- sentença estrangeira e carta rogatória:

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Sentença estrangeira Carta rogatória

Decisão final de autoridade estrangeira passível Decisão interlocutoria de juiz estrangeiro que
de execução deve ser cumprida no Brasil (ex: apreensão de
bens, oitiva de testemunha, etc.)

Requer homologação no STJ Requer "exequatur" no STJ

Cabe às partes interessadas requerer a Cabe às autoridades estrangeiras requererá


homologação do STJ "exequatur" no STJ

- Sentença estrangeira e Sentença internacional


Sentença estrangeira Sentença internacional

É a decisão final de autoridade competente de É a decisão emitida por uma corte internacional
outro país (ex: juiz, rei, rabino, prefeito, etc.) criada por tratado (ex: corte interamericana de
direitos humanos)

Requer homolagação no STJ A sentença internacional não exige


homologação para ser executados no Brasil. A
execução é direta ou imediata (art. 68 do Pacto
de San Jose da Costa Rica).

Executada pelo Juiz Federal competente Executada pelo Juiz Federal competente

Fixação da competência do juiz brasileiro no Direito Internacional Privado (art. 88 e 89,


CPC)

Regra geral (art. 88, CPC): o juiz brasileiro tem competência concorrente ou relativa para julgar os
casos concretos, o que significa que a parte pode escolher ajuizar a ação no Brasil ou no exterior.
Observação: a regra geral permite eleição de foro pelas partes.

Exceção (art. 89, CPC): competência absoluta ou exclusiva. Em duas hipóteses a ação deverá
OBRIGATORIAMENTE ajuizada no Brasil:
a) processo relacionado a bem imóvel situado no Brasil (direitos reais)
b) processo de inventário ou partilha de bens situados no Brasil (versa sobre bens móveis ou
imóveis)
Nas duas hipóteses de competência absoluta ou exclusivamente eventual sentença estrangeira não
será homolaga pelo STJ.

Elementos de conexão (arts. 7º, 8º, 9º, 10 e 11 da LINDB)

Os elementos de conexão são temas de direito civil que indicam o direito material aplicável ao caso
concreto: a lei brasileira ou a lei estrangeira.

1. Direito de Família, capacidade civil e personalidade jurídica (art. 7º, LINDB): é a lei do
domicílio que será aplicada.

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Observação: no casamento, se os noivos tiverem domicílios diferentes, aplica-se a lei do primeiro
domicílio do casal.

2. Contratos, obrigações e testamento (negócio jurídico) (art. 9º da LINDB): aplica-se a lei do


local da celebração (assinatura);
Observação: nos contratos entre ausentes, aplica-se a lei do domicílio do proponente (quem oferece
o bem ou serviço).
Ex: o testamento for elaborado na França, mas o imóvel está aqui, por exemplo, a competência de
julgamento é do juiz brasileiro, mas o direito material a ser aplicado é o francês.

3. Classificação de bens (art. 8º da LINDB): aplica-se a lei do local da situação do bem (onde o
bem se encontra);

4. Funcionamento de pessoas jurídicas (direito empresarial) (art. 11 da LINDB): aplica-se a lei


do local do registro constitutivo da pessoa jurídica.

5. Sucessões (o "de cujos" deixou bens, mas não fez testamento) (art. 110 da LINDB): aplica-se a
lei do domicílio do falecido.

Nacionalidade - Art. 12, CF

Conceito: a nacionalidade é o vínculo entre o indivíduo (povo) e o Estado (pais).

* povo x população x nação


• Povo: nacionais; natos e naturalizados (conjunto dessas pessoas).
• População: todos; nacionais + estrangeiros (residentes).
• Nação: são pessoas ligadas por questões culturais, linguísticas, religiosas, etc.

Critérios de fixação da nacionalidade

a) Primária ou originária: são os brasileiros natos. Podem adquirir essa nacionalidade de duas
formas: por local de nascimento "ias solo", e decorrente da consanguinidade "ius sanguínis".

b) Secundária ou adquirida: é adquirida pela naturalização, a pessoa não nasceu no Brasil e nem
consanguinidade. Ela gosta da pátria brasileira e quer se tornar brasileiro naturalizado.

Modo de aquisição da nacionalidade Primária

Brasileiros natos - art. 12, I, "a", "b" e "c", CF

a) Nascidos no Brasil, salvo filhos de pai E mãe estrangeiros (ambos) a serviço de seu país

• ATENÇÃO 1: ambos devem ser estrangeiros, mas apenas um deles a serviço. Não há
necessidade dos dois estarem a serviço. Portanto, quem nasce no território brasileiro de regra é
brasileiro nato, mesmo que de pais estrangeiros. Pouco importa se eles estão no país de forma

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legal ou ilegal. Filhos de turistas, imigrantes e os irregulares nascidos no Brasil, são brasileiros
natos.

• ATENÇÃO 2: Deve haver coincidência entre a nacionalidade do casal e o serviço prestado por
esse ao seu Estado. Assim, caso o país de origem dos pais não seja o mesmo daquele a cujo
serviço se encontram, serão brasileiros os filhos nascidos no Brasil (ex: será brasileiro o filho de
casal italiano que preste no Brasil serviço para a França. Se a prestação do serviço for para a
Itália, o filho não será brasileiro).

b) Os nascidos no estrangeiro, filho de pai OU mãe brasileiros a serviço do Brasil


• ATENÇÃO 1: qualquer deles a serviço do Brasil. A serviço do Brasil se refere a qualquer função
do serviço público do Brasil, quer federal, estadual ou municipal. As funções do serviço não
abrange apenas questões diplomáticas ou consulares.

• **ATENÇÃO 2: não deixa de ser brasileiro nato, o nascido no estrangeiro, filho de pai OU mãe
que sejam brasileiros naturalizados, estando qualquer deus a serviço do Brasil no exterior.
Porque a CF ao falar de "pai ou mãe" brasileiro, não distingue entre nato e naturalizado. Não é
requisito para estar a serviço do Brasil a qualidade de brasileiro nato.

c) Os nascidos no estrangeiro, filho de pai OU mãe brasileiro brasileiro desde que:


- opção pelo registro em repartição competente (consulado ou embaixada brasileira).
- opção pela nacionalidade brasileira (pedido de nacionalidade), após atingida a maioridade,
quando residente no Brasil.
Obs: a solicitação é perante a justiça federal e a pessoa que está aguardando a nacionalidade recebe
um documento provisório de nacionalização.

Modo de aquisição da nacionalidade Secundária

Brasileiros naturalizados - art. 12, II, "a", "b", CF

a) Os oriundos de países de língua portuguesa que queiram a naturalização, necessitam


provar: residência por um ano no Brasil e idoneidade moral.

• *Quase naturalidade - art. 12, parágrafo 1º, CF: há portugueses com residência permanente no
Brasil que queiram continuar com a nacionalidade portuguesa (estrangeiro), e não façam a opção
pela naturalização. Havendo reciprocidade em favor deles será atribuído aos portugueses com
residência permanente no Brasil os mesmos direitos inerentes aos brasileiros, salvo os casos que
a CF vedar - Tratado de amizade entre Brasil e Portugal (convenção sobre igualdade de direitos).

b) Os demais estrangeiros que queiram a nacionalidade brasileira necessitam provar dois


requisitos: 15 anos (ininterruptos) de residência no Brasil e não ter condenação criminal.

• Obs: a CF impõe tratamento diferenciado entre natos e naturalizados:


❖ Art. 5º, LI, CF - extradição de naturalizados em dois casos
❖ Art. 222, CF - sócio proprietário de empresa de rádio difusão, o naturalizado só pode assumir a
empresa depois de 10 anos de naturalização.

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❖ Art. 12, parágrafo 3º, CF - cargos privativos dos brasileiros natos (ex: presidente e vice da
república, presidente da câmara, presidente do senado, ministros do STF, carreiras diplomáticas,
oficial das forças armadas, ministro de estado da defesa).

Perda da nacionalidade

O brasileiro poderá perder a nacionalidade sob duas formas - art. 12, parágrafo 4º, I, II, CF:
a) tiver cancelada a naturalização por sentença judicial em virtude de atividade nociva ao interesse
nacional. Nesse caso, a reaquisição apenas se dar por meio de ação rescisória (perdeu de uma
forma judicial, é só poderá ganhar de novo de forma judicial também).

b) a dupla nacionalidade
• Atenção! A dupla nacionalidade não é permitida, salvo quando a nacionalidade que deseja
adquirir for originária (decorrente do "ius solis" ou do "ius sanguis"); ou quando a nacionalidade
que se deseja adquirir for requisito de permanecia ou exercício do direito civil no estrangeiro.

Estrangeiro

1. Conceito: é o indivíduo que não é nacional; é aquele que vem de fora.


Para o Estado, nacional engloba os natos e os nativos.

ATENÇÃO!!! As regras sobre a entrada é a permanência do indivíduo dentro do território nacional


são de competência do Direito Interno (Estatuto do Estrangeiro - Lei 6.815/80).

O art. 5º da Constituição Federal em relação aos direitos fundamentais no Brasil estabelece que
brasileiros e entrangeiros são iguais perante a lei.

Obs: em situações específicas, o estrangeiro poderá ser compelido a se retirar do território


nacional. As situações específicas são:
a) Deportação (art. 57 da Lei 6.815/80): apenas o estrangeiro pode ser deportado. A deportação
não é pena/punição; é medida administrativa.
• Causas que motivam a deportação:
- Entrada irregular do indivíduo dentro do território nacional;
- Permanência/estada irregular do indivíduo dentro do território nacional.

Obs: na deportação quem pratica irregularidade para entrar no país é um terceiro e não o próprio
estrangeiro. Se for este que praticou a irregularidade a medida será a expulsão. Isso não se aplica
para permanência.

• Compentência: Polícia Federal. Trata-se de medida administrativa (ato discricionário -


conveniência e oportunidade).

O deportado pode voltar?


R: Sim, desde que regularize sua situação e pague as despesas de sua deportação ao Tesouro
Nacional (arts. 59 e 64 da Lei 6.815/80).

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b) Expulsão (art. 65 da Lei 6.815/80): alcança apenas o estrangeiro, pois o art. 5º, XLVII, CF,
proíbe a pena de banimento para brasileiros.
• Causas de expulsão:
- Lesão ao interesse nacional: roubo, furto, dano, ou seja, prática de crime ou de infração penal.

- Fraude para ingressar ou permanecer no Brasil: o próprio estrangeiro é quem pratica a


irregularidade que nada mais é do que a própria falsificação.

Deve ter o devido processo legal. O estrangeiro permanece no país até ser julgado. Se condenado,
envia-se a condenação ao Presidente da República e este decidirá se o estrangeiro será expulso.

• Compentência: é ato discricionário do Presidente da República. Exige-se um Decreto de


expulsão. Essa competência pode ser delegada ao Ministro da Justiça.

O expulso pode votar?


R: Sim, desde que tenha a revogação do Decreto.

E se voltar sem revogação do Decreto?


R: Terá praticado crime previsto no Código Penal qual seja reingresso de estrangeiro expulso (art.
338, CP). Já volta praticando um crime. Será julgado por este processo e, com isso, envia-se
novamente ao Presidente da República que decidirá se o estrangeiro será expulso. Isso depende de
novo Decreto.

• Causas que impedem a expulsão (art. 75 da Lei 6.815/80):


- Filho brasileiro dependente;
- Família/cônjuge brasileiro com família constituída a mais de 05 anos - pode ser união estável,
desde que reconhecida.

ATENÇÃO!!! Essas causas só impedem a expulsa. NÃO podem ser arguidas para exportação,
deportação ou entrega.

c) Extradição: (art. 5º, LI e LII, CF, e arts. 76 e 77 da Lei 6.815/80)


• Conceito: é ato de cooperação penal internacional entre Estados soberanos que permite ao Brasil
disponibilizado a outro Estado indivíduo que cometeu crime no exterior e se encontra foragido
no Brasil.

O art. 5º, LI, CF, dispõe que o brasileiro nato não poderá ser extraditado, mas o naturalizado em
duas situações:
- Prática de crime de crime comum antes da naturalização;
- Prática de tráfico de drogas a qualquer tempo.

O art. 5, LII, CF, dispõe que ninguém (nato, naturalizado e estrangeiro) será extraditado se praticar:
- Crime político:
- Crime de opinião:
São crimes contra as instituições do Estado. Quem pede a extradição é o Estado que sofreu o crime.
Com isso, a pessoa pode sofrer perseguição. Isso visa proteger a vida, os direitos dessa pessoa.

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Observações:
* O fato não pode constituir crime político ou de opinião;
* Deve haver similitude de crime no Brasil e no Estado requerente, ou seja, o fato que constitui ou
que fundamenta a extradição tem que ser crime aqui e no exterior;
* O extraditando não poderá responder no país requerente perante Tribunal de Exceção (quando
cria o Tribunal depois da prática do crime);
* Deve existir tratado internacional de extradição ou, na falta deste, ao menos reciprocidade - pela
cooperação internacional dos Estados.

d) Entrega (art. 102, Estatuto de Roma - Decreto 4.388/02):


• Conceito: é ordem de prisão expedida pelo juiz do Tribunal Penal Internacional. Poderão ser
entregues:
- Brasileiro nato
- Brasileiro naturalizado
- Estrangeiro

Extradição é de um Estado para outro Estado.


Entrega é de um Estado para o Tribunal Penal Internacional.

Direito Internacional Público


1. Conceito: o direito internacional público é caracterizado como sendo o ramo do direito
internacional que cuida dos interesses jurídicos dos Estados Soberanos e demais sujeitos
internacionais.
I. Demais sujeitos internacionais: são considerados sujeitos do direito internacional público:
a) Sujeitos primários/originários: são apenas os Estados Soberanos.

b) Sujeitos derivados/secundários: são os demais sujeitos o direito internacional, reconhecidos


pelos Estados Soberanos. A doutrina traz o seguinte rol:
• Organizações Internacionais - criadas por Estado e outras organizações internacionais;
• Santa Sé - autoridade política e religiosa da Igreja Católica (autoridade é o Papa);
• Movimentos de liberação nacional - grupos internos que lutam pela independência;
• Beligerantes ou insurgentes - são grupos internos que lutam para mudar o governo;
• Soberana Ordem de Malta - rede de hospitais europeus filantrópicos;
• Comitê internacional da Cruz Vermelha - instituição sem fins lucrativos que presta ajuda
humanitária em todo o mundo;
• Indivíduo (diferente de particular - que se refere ao direito internacional privado) - o indivíduo é
protegido pelo direito internacional dos direitos humanos.

2. Direito dos Tratados:


a) Conceito: a definição de Tratado Internacional consta no art. 2º, da Convenção de Viena sobre
o direito dos Tratados de 1969. De acordo com essa definição, Tratado é um documento
celebrado por escrito (a forma escrita é imprescindível).

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b) Nome do tratado: é irrelevante, pois o que se exige é um acordo escrito entre Estados
Soberanos. Logo, não há diferença entre Tratado, Convenção, Acordo, Pacto, Protocolo,
Declaração, etc.
• Exceções: existe um único Tratado cujo nome é relevante, trata-se da Concordata, que se se
refere aos Tratados celebrados pela Santa sÉ

c) Expressões empregadas:
I. Para fins da presente convenção:
• Tratado: significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e pelo Direito
Internacional, que conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos,
qualquer que seja sua denominação específica;

• Ratificação, aceitação, aprovação e adesão: significa, conforme o caso, o ato internacional


assim denominado pelo qual um Estado estabelece no plano internacional o seu conseimtneo me
obrigar-se por um tratado;

• Plenos poderes: significa um documento expedido pela autoridade competente de um Estado e


pelo qual são designadas uma ou várias pessoas paara representar o Estado na negociação,
adoção ou autenticação do texto de um tratado, para manifestar o consentimento do Estado. Em
obrigar-se por um Tratado ou para praticar qualquer outro ato relativo a um Tratado;

• Reserva: significa uma declaração unilateral, qualquer que seja a sua redação ou denominação,
feita por um Eatado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um Tratadoo, ou a ele aderir, com o
objetivo de excluir ou modificar o efeito de certas disposições do Tratado em sua aplicação a
esse Estado;

• Estado negociador: significa um Estado que participou da elaboração e na adoção do texto do


Tratado;

• Estado contratante: signiica um Estado que consentiu em se obrigar pelo Tratado, tenha ou não o
Tratado entrado em vigor;

• Parte: significa um Estado que consentiu em se obrigar pelo Tratado e em relação ao qual este
esteja em vigor;

• Terceiro Estado: significa um Estado que não é parte no Tratado;

• Organização internacional:

II. As disposições do parágrafo 1º relativas às expressões empregadas na presente Convenção


não prejudicam o emprego dessas expressões, nem os significados que lhes possam ser dados
na legislação interna de qualquer Estado.

3. Quatro etapas de incorporação de Tratados no Brasil:


a) Conceito: existem 04 etapas para incorporar um Tratado ao ordenamento jurídico brasileiro:
• Primeira - Negociação e assinatura: os Estados podem negociar livremente os termos de um
Tratado, cabendo realizar a assinatura dele, quando chegarem a um consenso. Assim, a assinatura

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é a etapa que cobra fim às negociações. Desta forma, os Estados signatários não opondo-me
mudar a redação do tratado assinado. Cabe, todavia, colocar reservas caso decida deixar de
cumprir partes específicas do Tratado. Nos termos do art. 84, VIII, CF, compete ao Presidente da
República negociar e assinar Tratados. O Chefe do Executivo pode ser representado pelos
denominados Plenipotenciário.

• Segunda - Referendo, aprovação ou decisão definitiva do Congresso Nacional: ao apreciar o


tratado assinado, o Congresso Nacional irá concordar ou não com o texto adotado pelo Poder
Executivo. Caso concorde, o Congresso Nacional expedirá um decreto legislativo que tem a
finalidade de autorizar a futura ratificação de tratado pelo Chefe do Executivo. Nesta etapa, o
Congresso pode aprovar o Tratado com restrições, a parte rejeitada será transformado em
reservas (ou ressalvas) no momento da notificação.

• Terceira - Ratificação do Tratado: é realizada pelo Presidente da Repulica ou por um


plenipotenciário. Nessa etapa, o país se vincula ao Tratado, ou seja, deixa de ser um Estado -
signatário para se transformar em Estado- parte. É a ratificação que permite ao Tratado adquirir
vigencia internacional. Trata-se do último momento em que as reservas podem ser colocadas.

• Quarta - Promulgação Interna do Tratado: depois de ratificado, ou seja, de ter adquirido


vigencia internacional, o Tratado deve ser transformado em norma interna. A promulgação
interna ocorre mediante decreto presidencial.

4. Limite ao poder de celebrar tratados internacionais (jus cogens): o art. 53 do Congresso de


Viena sobre direitos dos tratados de 1969 prevê que será nulo o Tratado contrário ao chamado
jus cogens internacional. O conteúdo do jus cogens, isto é, normas internacionais comentes que
limitam a soberania dos Estados, é definido gradativamente pela doutrina e jurisprudência
internacionais (ex: proibição da escravidão, proibição de genocidio, proibição de pirataria nos
mares).

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