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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E

PRIVADO

CONTEÚDOS EMERGENTES NO DIREITO


INTERNACIONAL
Gabriel Pedro Moreira Damasceno

-1-
Olá!
Você está na Unidade Conteúdos Emergentes no Direito Internacional. Conheça aqui as compreensões

básicas acerca de temas importantes para o Direito Internacional, como os demais sujeitos e os aspectos

relacionados à solução de controvérsias dentro do Direito Internacional, conhecendo a Corte Internacional de

Justiça e o Tribunal do Mar e as relações internacionais. Aprenda sobre as Organizações Internacionais (OIs).

Conheça ainda o Mercosul, seus objetivos e instrumentos e compreenda a representação internacional.

Bons estudos!

1 Introdução
Esta unidade apresenta entendimentos a respeito dos temas e demais sujeitos do Direito Internacional. Além

disso, trata das possibilidades de uso da força nas relações internacionais, buscando contribuir para o

desenvolvimento técnico do estudante, e, ao mesmo tempo, em alguns momentos, proporcionando insights para

desenvolvimento de espírito crítico em relação ao Direito Internacional.

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2 Demais sujeitos de Direito Internacional
Damasceno (2015) aponta que as relações bilaterais e multilaterais sempre foram comuns no cenário da política

internacional, porém a criação de organizações públicas internacionais é uma novidade do século XIX. Ademais,

o autor afirma que as transformações ocorridas no cenário internacional pós-guerra ocasionaram a formação

das diversas Organizações Internacionais (OIs), que passaram a determinar normas para seus membros,

exigindo que o comportamento destes seja de acordo com o Direito Internacional (DI).

Segundo Damasceno (2015), no cenário internacional atual, as OIs atuam em diversas áreas, desde a

manutenção da paz entre os Estados até o incentivo ao livre comércio e ao desenvolvimento econômico. Além

disso, o indivíduo pode ser alvo de algum de seus trabalhos, não importando sua nacionalidade, como é

evidenciado pela proteção dos Direitos Humanos.

As OIs contribuem para o desenvolvimento global com seus programas. As contribuições da Organização

das Nações Unidas (ONU) para a manutenção da paz, as contribuições do Banco Mundial (BIRD) para fomentar o

desenvolvimento são contribuições inestimáveis. No entanto, suas decisões empeçaram a diferenciar-se dos

padrões usuais de como as agências trabalham, em que Estados criavam organizações internacionais, e essas

organizações executavam os seus anseios.

Dessa forma, como aponta Damasceno (2015), as OIs adquiriram, paulatinamente, um nível elevado de

independência em suas ações, gerindo-se com menor interferência dos Estados que, a initio, criaram-nas. Essa

relativa independência alcança a definição de suas prioridades e ideias, persuadindo, inclusive, países

subdesenvolvidos, o que gera o desafio de se compreender as suas ações. A independência conquistada por elas e

a sua compreensão se tornam um dos pontos de maior relevância do DI Contemporâneo.

Mas não é só isso! Para Damasceno e Silva (2015) a comunidade internacional vive um momento de intensas

transformações, as quais provocam modificações na relação dos sujeitos nela inseridos. Tem surgido uma

preocupação internacional com direitos humanos como nunca antes se viu. Contudo, não se pode falar em

proteção internacional dos direitos humanos sem a contrapartida das responsabilidades do indivíduo perante o

plano internacional.

Assim, identifica-se no Direito Internacional a desconcentração da figura do Estado soberano, que,

contemporaneamente, convive em um cenário contendo novos atores, sujeitos, lógicas, racionalidades,

dinâmicas e procedimentos que se dialogam e extrapolam as fronteiras estatais.

Ser um sujeito no Direito Internacional é possuir a capacidade de atuar dentro da Sociedade Internacional, sendo

o sujeito possuidor de capacidade jurídica. Segundo Silva (2018, Locais do Kindle 2172) “A Sociedade

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Internacional é formada pelos destinatários diretos do Direito Internacional, isto é, pelas entidades as quais as

normas jurídicas internacionais atribuem direitos e impõem obrigações”. Tais sujeitos, segundo Silva (2018)

seriam:

Estado.

Organização internacional.

Pessoa humana.

Santa Sé.

Fique de olho
Na Nova Ordem Internacional também se trabalha com a ideia de atores internacionais que,
mesmo sem possuir personalidade jurídica internacional, possuem poder de influenciar o meio
internacional, havendo uma ampla inter-relação de diversos desses atores.

Segundo Silva (2018) há a seguinte classificação dos sujeitos, os quais, em função da sua situação jurídica,

seriam:

Seriam a regra, apesar de haver entidades a quem o Direito Internacional

Sujeitos de direitos e atribua apenas direitos (por exemplo, indivíduos com direito de petição

sujeitos de deveres junto a tribunais ou organizações internacionais) ou só imponha obrigações

(como os indivíduos julgados por crimes de guerra).

Os ativos gozariam da faculdade de cooperar diretamente na formação do

Direito Internacional positivo (p. e., Estados, Igreja Católica, certas


Sujeitos ativos e
associações de Estados e algumas organizações internacionais); os passivos
sujeitos passivos
seriam os destinatários das normas jurídicas internacionais, sem

participação efetiva na sua formação.

Sujeitos
Permanentes, seriam apenas os Estados e a Igreja Católica; transitórios,
permanentes e
seriam as organizações internacionais e os beligerantes.
sujeitos transitórios

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Sujeitos originários e Originários seriam os Estados da Europa ocidental e a Igreja Católica;

sujeitos supervenientes seriam os outros Estados e as outras categorias de membros

da Sociedade Internacional.
supervenientes

Sujeitos com
Só gozariam de plena autodeterminação os Estados soberanos e a Igreja
autodeterminação e
Católica, podendo, ao lado deles, haver sujeitos com autodeterminação
sujeitos
parcial ou limitada, como os protetorados e os Estados vassalos.
semautodeterminação

Sujeitos de Direito

Internacional Comum Os da primeira categoria seriam aceitos como tal pela generalidade dos

e Sujeitos de Direito Estados; os da segunda apenas seriam reconhecidos por alguns Estados (por

Internacional exemplo, Soberana Ordem Militar de Malta).

Particular

Os Estados seriam sujeitos de Direto Internacional Público, mas, na relação


Sujeitos de Direito
com outros Estados, também poderiam intervir como sujeitos de Direito
Internacional Público
Privado. O Direito Internacional também reconheceria, por vezes, sujeitos de
e deDireito
Direito Privado, como as Organizações Não Governamentais – ONGs e as
Internacional Privado
empresas transnacionais.

Fique de olho

Em opinião consultiva, a Corte Internacional de Justiça afirmou que os sujeitos de direito não
são necessariamente idênticos no tocante à sua natureza ou extensão de seus direitos. A
natureza do sujeito dependerá das necessidades da sociedade em que ele está inserido.
Opinião Consultiva sobre Reparações de Danos Sofridos a Serviço das Nações Unidas (CIJ,
1949, 174 International Law Reports, p. 178).

O Estado como sujeito de Direito Internacional já foi tratado anteriormente, iremos, a partir de agora, trabalhar

com os outros sujeitos que compõem a Sociedade Internacional.

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2.1 Organizações internacionais

Segundo Silva (2018, Locais do Kindle 2172), organização internacional é compreendida como:

A associação voluntária de sujeitos de Direito Internacional, criada para desenvolver da melhor

maneira possível as relações entre os Estados, permitindo-lhes cumprir em conjunto funções que

não poderiam realizar separadamente, uma vez que existem certos problemas que só podem ser

resolvidos com a colaboração dos demais membros da Sociedade Internacional.

A primeira Organização Internacional criada foi a Comissão Central para a Navegação do Reno, em 1815,

integrada pela Suíça, Alemanha, França Bélgica e Holanda. Tinha por objetivo regulamentar a navegação pelo Rio

Reno, com sede em Estrasburgo, na França. De acordo com Almeira & Barreto (2014, p.28):

Durante o século XIX, as organizações internacionais se multiplicam. Isto é possível pelas novas

formações que os Estados vão adquirindo: estabilidade interna, maior controle sobre a população,

fronteiras bem definidas, ausência de um poder superior e a maior especialização e eficiência dos

governos. Com isso, os Estados passam a visar a determinados “fins” em função do bem-estar de sua

população (ainda que este bem-estar fosse em grande parte presumido, e muitas vezes identificado

com o interesse do grupo governante). Tais finalidades passam a aproximar os Estados mutuamente,

quando fica claro que a cooperação pode ser o melhor meio para a obtenção de fins comuns.

Portanto, as primeiras organizações internacionais têm objetivos bastante concretos e estritos, que

se resumem à persecução de finalidades estatais [...]

Porém, conforme aponta Damasceno (2015), foi após a eclosão da Segunda Guerra mundial, que gerou a

destruição de boa parte da Europa, e com o crescimento simultâneo do socialismo no Hemisfério Leste, que

ganhou força a ideia de construção de uma ordem internacional voltado ao Direito não mais apenas ligada à ideia

de sobreposição do poder, contribuindo-se, dessa forma, para uma multiplicação de Organizações Internacionais.

Assista aí

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2.2 Pessoa humana

Segundo Silva (2018, Locais do Kindle 2187):

Na Sociedade Internacional, a pessoa humana tem o exercício de seus direitos limitado, somente tem

acesso livre às Cortes de Direitos Humanos. Fora isso, as pessoas devem recorrer à proteção do seu

Estado de origem por meio diplomático ou da Organização Internacional onde esteja prestando

serviço, a chamada proteção funcional. Não há acesso livre a todos os tribunais. Assim, a pessoa

humana não se equipara em atributos e obrigações aos demais entes, apesar de alguns autores, como

Touscoz, entenderem que as pessoas sempre desempenharam um papel importante na Sociedade

Internacional, quer ajam por conta de uma entidade pública ou privada (como governo, dirigente ou

agente), quer ajam em nome próprio (no plano das ideias ou das realizações concretas).

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2.3 Santa Sé

Segundo Silva (2018, Locais do Kindle – 15907):

Somente começou a ter a sua personalidade internacional discutida após a invasão de Roma pelas

tropas do General Cadorna (1870), para a realização da Unificação Italiana. Essa questão foi

levantada porque a Santa Sé, com a incorporação dos Estados Pontifícios ao Reino da Itália, perdeu a

base territorial sobre a qual assentava a sua soberania. É interessante salientar que no início da

questão romana o papado não reconheceu o Estado Italiano e não permitiu que os católicos

participassem da vida política italiana. Por outro lado, o governo italiano, por meio da Lei de

Garantias, de 13.05.1871, reconhecia ao Papa todas as prerrogativas e privilégios de Chefe de Estado,

com estatuto jurídico comparado ao Rei da Itália, garantindo-lhe ainda a posse das edificações do

Vaticano. A Questão Romana foi definitivamente resolvida com os Acordos de Latrão (11.02.1929),

entre a Santa Sé e a Itália, que compreenderam um acordo político (que reconheceu a soberania do

domínio internacional da Santa Sé e o seu direito à plena propriedade e jurisdição soberana, segundo

seu artigo 26, sobre o Estado da Cidade do Vaticano), outro financeiro e uma concordata. A

personalidade internacional, reconhecida expressamente no artigo 12, é da Santa Sé e não do

Vaticano. A relação entre o Vaticano e Santa Sé é uma relação entre Estado e governo. A Santa Sé é a

união: da Cúria Romana, que é a reunião da congregação que auxilia o Papa em seu ministério, dos

tribunais encarregados do Poder Judiciário e do secretariado encarregado do trabalho

administrativo (Secretaria Apostólica); e, do Papa. A Santa Sé, como pessoa internacional, possui os

direitos de legação e convenção. O Vaticano possui uma nacionalidade própria, a qual, segundo Pena

Marinho, configura-se num jus domicilii combinado com jus laboris. Têm sua nacionalidade: a)​ os

Cardeais residentes na cidade do Vaticano ou em Roma; b)​ os que residem de um modo permanente

na Cidade do Vaticano.

Assista aí

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3 Direito Internacional e relações internacionais

3.1 Realismo

Segundo Damasceno (2019), para a Teoria Realista das Relações Internacionais o indivíduo busca de poder e os

Estados atuam da mesma forma, ou seja, o Estado busca do seu próprio interesse, definido em termos de poder.

O poder, neste viés, é entendido em termos dos recursos materiais necessários para prejudicar fisicamente ou

coagir outros Estados, ou seja, . Neste sentido, aponta Damasceno (2019, p. 33):

Ao se analisar a sociedade internacional numa perspectiva realista, o cenário global está

fundamentado em três pressupostos: a natureza anárquica, a competição pelo poder e a lógica do

conflito. Nesta concepção, o Estado é visto como ator unitário, entendido como a instituição política

mais apta do sistema internacional na definição de interesses e na sua consecução por meios mais

adequados, assim, nem mesmo as organizações internacionais mais importantes poderiam

estabelecer limites e regras para o comportamento do Estado.

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3.2 Liberalismo

Ao contrário da visão pessimista da Teoria Realista, segundo Damasceno (2019), a tradição Liberal das Relações

Internacionais acredita no progresso humano na sociedade civil moderna alcançada por meio da economia

capitalista. Nesse sentindo, a Teoria Liberal entende que a natureza humana é boa, sendo possível às pessoas

uma melhora de suas condições morais e materiais, viabilizando o progresso social e a paz duradoura. Sustenta,

assim que o comportamento humano mau que gera injustiça e a guerra surgem em virtude de instituições sociais

inadequadas ou corruptas e desentendimentos entre os líderes. Dessa forma, a expansão da liberdade humana,

alcançada por meio das democracias e através do capitalismo podem até mesmo eliminar a injustiça, a guerra e a

agressão. Para Damasceno (2019, p. 35):

Assim, a Teoria Liberal vê nos fatos que sucedem a partir de 1989 como o nascimento de um “novo

mundo” e uma perspectiva de melhores temos para a Sociedade Internacional. Ao contrário da

Teoria Realista, enxerga-se fé no papel nas instituições internacionais como a ONU, OTAN, FMI,

Banco Mundial e a União Europeia. A Teoria Liberal não nega que estas instituições, muitas vezes,

refletem o interesse de alguns Estados, todavia, as mesmas unem os mais diferentes Estados,

inclusive ex-inimigos, aplicando-se as normas do Direito Internacional e buscando s solução pacífica

de suas controvérsias, alcançando-se, desta forma, a paz mundial.

3.3 Teoria radical

Uma terceira perspectiva teórica sobre as Relações Internacionais é encontrada na Teoria Radical. Os radicais,

assim como anarquistas e marxistas, entendem o Estado como um problema, distinguindo, portanto, de forma

dramática dos realistas e dos liberais. Os radicalistas apresentam uma teoria anticapitalista por meio da

perspectiva do mundo contemporâneo, entendendo que as mudanças que ocorreram pós 1989, em realidade, em

pouco alteraram a Sociedade Internacional, que, para estes, continua dividido entre Estados ricos e poderosos e

Estados altamente dependentes de outro lado. Dessa forma, o “novo” arranjo torna a Sociedade Internacional

mais insegura.

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4 As controvérsias internacionais e sua solução

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4.1 Corte Internacional de Justiça

Em relação à Corte Internacional de Justiça – CIJ, com sede em Haia (Países Baixos), tratada nos artigos 92 a 96

da Carta da ONU, e com funcionamento regulado pelo Estatuto da Corte Internacional de Justiça, Silva (2018)

aponta que:

Segundo Damasceno (2018), a CIJ é orientada por seu Estatuto e se aplica apenas a Estados, excluindo outros

sujeitos de Direito Internacional, como as organizações internacionais e o indivíduo, exceto para emissão de

pareceres consultivos que podem ser solicitados por organizações internacionais.

Conforme o Art. 2 do Estatuto, ela é composta de um corpo de juízes independentes, eleitos sem atenção à sua

nacionalidade, tendo como requisito a alta consideração moral e condições exigidas em seus respectivos Estados

para o desempenho das mais altas funções judiciárias, ou que sejam jurisconsultos de reconhecida competência

em Direito Internacional. Quanto à sua competência, a Corte abrange todas as questões que as partes lhe

submetam, bem como todos os assuntos especialmente previstos na Carta das Nações Unidas ou em tratados e

convenções em vigor, podendo dirimir controvérsias de ordem jurídica que tenham por objeto a interpretação

de um tratado; qualquer ponto de direito internacional; a existência de qualquer fato que, se verificado,

constituiria a violação de um compromisso internacional e; a natureza ou a extensão da reparação devida pela

ruptura de um compromisso internacional (DAMASCENO, 2018).

Fique de olho
O sucesso atual da Corte não deve fazer perder de vista as dificuldades e os desafios futuros.
Para ter condições de enfrentar tais desafios, creio que um passo importante seria iniciar uma
discussão sobre as modificações do Estatuto. O atual Estatuto foi redigido em 1920. Em pouco
tempo terá cem anos. Para muitas coisas, continua a funcionar perfeitamente. Para outras,
mostra os sinais do tempo. O consenso manifestado pelos Estados em relação à Corte poderia
ser utilizado para iniciar uma discussão, no nível dos Estados e no seio das Nações Unidas,
para modificar algumas partes do Estatuto. Não creio que uma modificação de um instrumento
técnico como o Estatuto possa levantar questões políticas relevantes, e, portanto, poderia ser
realizada em um tempo razoável. (PALCHETTI, 2019, p. 56).

É considerada o principal, mas não o único, órgão judiciário da ONU, uma vez que seus Estados-

membros têm a possibilidade de submeter litígios a outros tribunais internacionais (art. 95) e

mesmo um Estado não-membro da ONU poderá submeter-lhe a solução de um litígio internacional.

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4.2 O Tribunal do Mar

Segundo Araújo Júnior e Oliveira (2017, pp.92-93), o Tribunal Internacional do Direito do Mar, da Convenção das

Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982, conhecida como a Convenção de Montego Bay de 1982, efetivou-

se com o objetivo precípuo de velar pela Convenção e, consequentemente, pelo meio ambiente marinho. Nesse

sentido, os autores afirmam:

A evolução histórica dos Direitos Humanos nos levou ao patamar atual, onde passamos a reconhecer

o Direito ao Meio Ambiente Equilibrado como um Direito Humano, o que, por conseguinte, lhe

conferiu tratamento especial por parte dos Estados e posteriormente por parte da Comunidade

Internacional, na tentativa de efetivação daquele direito universal.

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982, conhecida como Convenção de

Montego Bay de 1982, que repisou os conceitos de sustentabilidade apresentados pela Conferência

de Estocolmo de 1972, adaptando-os ao meio ambiente marinho, representa um dos maiores

avanços no âmbito do Direito Internacional, bem como no âmbito do Direito Ambiental Internacional

e, não se poderia deixar de mencionar, no âmbito dos Direitos Humanos, pois até esse instrumento

internacional, nunca tantos países haviam se juntado para a elaboração de um documento tão

grandioso.

Respeitando na medida do possível as divergências existentes entre os Estados, a Convenção de

Montego Bay de 1982 logrou êxito em estabelecer limites marítimos específicos, mas não se limitou

a isso. Elevou à categoria de Patrimônio Comum da Humanidade a Área e todos os recursos

provenientes dela, e apresentou normas específicas relativas à preservação do meio ambiente, como

se verificou na Parte XII, e normas específicas para a resolução de conflitos decorrentes da aplicação

ou da interpretação da Convenção, a Parte XV. Não se contentando com a previsão direta de normas

de proteção ao meio ambiente a Convenção apresenta em toda a sua extensão normas que, mesmo

fora da Parte XII, protegem o meio marinho de forma direta ou indireta.

Fique de olho

“O Tribunal logrou êxito em demonstrar a importância da tomada de postura cooperativa


entre os Estados como forma de proteger o meio marinho, e de forma mais ampla o meio
ambiente. A reafirmação dos princípios da solidariedade e da cooperação como princípios
fundamentais do direito internacional e, em especial, do direito internacional do meio
ambiente é sem sombra de dúvidas uma grande contribuição do Tribunal para a preservação

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fundamentais do direito internacional e, em especial, do direito internacional do meio
ambiente é sem sombra de dúvidas uma grande contribuição do Tribunal para a preservação
do meio ambiente” (ARAÚJO JÚNIOR; OLIVEIRA, 2017, p. 92).

Assista aí

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4.3 O uso da força

Damasceno (2018) aponta que a Carta da ONU, em seu art. 2 (4) afirma que os membros da organização deverão

evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial ou a

dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações

Unidas.

Quanto à utilização da força em legítima defesa, a Carta da ONU, em seu art. 51 prevê:

Nada na presente Carta prejudicará o direito inerente de legítima defesa individual ou coletiva no

caso de ocorrer um ataque armado contra um membro das Nações Unidas, até que o Conselho de

Segurança tenha tomado as medidas necessárias para a manutenção da paz e da segurança

internacionais. As medidas tomadas pelos membros no exercício desse direito de legítima defesa

serão comunicadas imediatamente ao Conselho de Segurança e não deverão, de modo algum, atingir

a autoridade e a responsabilidade que a presente Carta atribui ao Conselho para levar a efeito, em

qualquer tempo, a ação que julgar necessária à manutenção ou ao restabelecimento da paz e da

segurança internacionais.

Shaw (2010) afirma que há controvérsias sobre a extensão acerca do direito à legítima defesa: por um lado

sustenta-se que o Estado apenas poderia recorrer à legítima defesa caso tenha ocorrido um ataque armado. Por

outro lado, alguns autores sustentam que existe um direito consuetudinário à legítima defesa, que supera a

exigência da existência de consecução de um ataque armado prévio. Silva (2018), ainda, aponta a Resolução n.

2.625 (XXV) da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 24.10.1970, que enumerou como princípio do Direito

Internacional abstenção de ameaça ou uso da força, sendo ilegítimo uso da força a não ser que seja aplicado por

um órgão ou organização internacional competente ou exercido como ato de legítima defesa. Verificam-se, assim,

como elementos da legítima defesa: um ataque armado contra o Estado; comunicação imediata ao Conselho de

Segurança e; proporcionalidade.

Fique de olho
A Resolução n. 2.625 (XXV) da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 24.10.1970, com base
no relatório de seu Comitê Especial dos Princípios de Direito Internacional, enumerou a
Abstenção de ameaça ou uso da força (entre outros) como princípios fundamentais nas
relações entre os Estados. Segundo Silva (2018, Locais do Kindle 5008-5054): “Este primeiro
princípio consagrado pela Resolução afirma que os Estados, em suas relações internacionais,
se abstêm de recorrer a ameaça ou uso da força ou qualquer outra forma incompatível com os

propósitos das Nações Unidas, contra a integridade territorial ou a independência política de

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propósitos das Nações Unidas, contra a integridade territorial ou a independência política de
outro Estado. O uso da força será desta forma, ilegítimo, a não ser que seja aplicado como uma
sanção ordenada ou autorizada por um órgão ou organização internacional competente, ou
seja, exercido como ato lícito de legítima defesa. Até o Pacto da Sociedade das Nações, o
emprego da força pelos Estados era lícito. A força armada era descrita como um recurso de
última instância que os Estados podiam utilizar discricionariamente como meio para
solucionar as controvérsias ou para alcançar outros fins de apoio à sua diplomacia (...). Outro
instrumento, o Tratado de Renúncia à Guerra, também conhecido por Pacto Briand-Kellog ou
Pacto de Paris condenou veementemente o recurso da guerra para a solução das controvérsias
internacionais, renunciando a ela como instrumento de política nacional, em suas mútuas
relações, consagrando o princípio da solução pacífica dos litígios internacionais (...) Proíbe-se
não apenas o uso, mas também a ameaça do uso da força, esclarecendo-se tratar, nesse caso, da
força armada, e não de outras formas de pressão econômica ou política. As represálias
armadas, a agressão indireta [428] e o uso da força contra povos que exercem seu direito à
livre determinação também são consideradas ilegítimas”.

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5 O Mercado Comum do Sul – Mercosul
Segundo Silva (2018) a proposta mercosulina de integração, instituída entre Argentina, Brasil, Paraguai e

Uruguai a partir do Tratado de Assunção de 26.03.1991, visa promover a inserção mais competitiva dos quatro

países no mercado internacional. Ao contrário das tentativas anteriores de integração, da ALALC e da ALADI, o

Tratado de Assunção apresenta propostas mais estruturadas e consistentes, aumentando, assim, a possibilidade

de êxito dessa nova tentativa diante da realidade atual.

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Figura 1 - Países membros e associados do Mercosul
Fonte: Peter Hermes Furian, Shutterstock, 2020.

#PraCegoVer: A imagem apresenta um mapa da América do Sul com destaques aos países integrantes do

Mercosul. Os países membros: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela. E os países associados: Chile,

Equador, Bolívia, Peru, Colômbia, Guiana e Suriname.

Silva (2018) aponta que o Tratado prevê, em seu Capítulo I, os seguintes propósitos e princípios, que deveriam

ter sido consolidados até 01/01/1995: livre circulação de bens e serviços de fatores produtivos entre os países-

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membros; estabelecimento de uma tarifa externa e de uma política comercial comum em relação a terceiros

Estados ou agrupamentos de Estados; a coordenação de posições em foros econômico-comerciais regionais e

internacionais e a coordenação de políticas econômicas e setoriais entre os Estados-partes, bem como de

comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, cambial, de capitais, de serviços alfandegários, de transporte,

comunicações e outros.

Silva (2018) aponta que para se alcançar tais objetivos, serão utilizados os seguintes instrumentos:
• um programa de liberação comercial;
• um regime geral de origem, a ser adotado no período de transição, até 1995;
• sistema de solução de controvérsias da Cláusula de Salvaguarda;
• constituição de subgrupos de trabalho do Grupo de Mercado Comum – GMC;
• a celebração de acordos setoriais.

Fique de olho
“A cúpula de Ouro Preto, em dezembro de 2004, é uma propícia ocasião para que o Mercosul
crie um quadro institucional compatível com os elevados propósitos dos Estados Partes,
especialmente do eixo Brasil-Argentina. O discurso brasileiro reconhece com perfeição a
importância estratégica do aprofundamento do bloco. No que atine ao alargamento, a
associação do Peru e o anúncio de novas associações faz prova do momento ascendente em
que se encontra o processo, ao menos no plano político, embora o conteúdo real da associação
reste ainda a precisar. O sucesso do Mercosul parece depender da capacidade de o Brasil
transformar seu auspicioso discurso em um verdadeiro projeto que estipule políticas comuns e
ações coletivas em diferentes campos. A comunhão de problemas entre os Estados Partes é
intensa o suficiente para justificar um elenco de iniciativas que independem das negociações
comerciais e que podem estender à cidadania os benefícios da integração. É preciso, ainda,
assumir os ônus que trarão o avanço da união aduaneira e o tratamento das assimetrias entre
os sócios, largamente justificados pelos benefícios que trará às relações internacionais do
Brasil a constituição de um verdadeiro interlocutor sub-regional” (VENTURA, 2019, p. 11).

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6 Os órgãos de relações externas do Estado brasileiro /
Representação Internacional
A Representação Internacional, na doutrina de Casella, Accioly e Nascimento, é denominada órgãos das

relações entre Estado. A representação do Estado pertence ao chefe de Estado.

De acordo com a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados, uma pessoa é considerada representante de

um Estado para a adoção ou autenticação do texto de um tratado ou para expressar o consentimento do Estado

em obrigar-se por um tratado se a prática dos Estados interessados ou outras circunstâncias indicarem que a

intenção do Estado era considerar essa pessoa seu representante para esses fins e dispensar os plenos poderes.

Ademais, a Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados entende que, em virtude de suas funções e

independentemente da apresentação de plenos poderes, são considerados representantes do seu Estado, os

Chefes de Estado, os Chefes de Governo e os Ministros das Relações Exteriores para a realização de todos os

atos relativos à conclusão de um tratado.

Neste tópico iremos tratar de alguns dos principais órgãos brasileiros que geram as suas relações internacionais.

Porém, antes de prosseguirmos, precisamos trazer os princípios comuns a todos eles. Esses princípios decorrem

do próprio texto constitucional, vejamos:

Independência nacional.

Prevalência dos direitos humanos.

Autodeterminação dos povos.

Não intervenção.

Igualdade entre os Estados.

Defesa da paz.

Solução pacífica dos conflitos.

Repúdio ao terrorismo e ao racismo.

Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade.

Concessão de asilo político.

A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América

Latina visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. Importante salientar que, por terem

força constitucional, esses princípios são obrigatórios a todos os órgãos que serão aqui trabalhados.

Ademais, precisamos ressaltar que dentro das suas relações, o sujeito do Direito Internacional será o Estado, no

nosso caso, a República Federativa do Brasil e não os seus órgãos competentes.

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Assim, de acordo com nossa constituição, os principais órgãos que mantêm relações internacionais são:
• Chefe de Estado – representado pelo Presidente da República;
• Ministro das Relações Exteriores;
• Diplomatas.

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6.1 Chefe de Estado

O Chefe de Estado é o mais alto órgão do Estado, não importando a designação que receba – Rei, Imperador,

Presidente da República, Primeiro-Ministro – sendo o representante do Estado na Sociedade Internacional.

É de competência do direito interno de cada Estado designar esse ente supremo e especificar quais serão seus

poderes e limitações, que, no caso do brasileiro, é de competência de um único agente, que congrega as funções

de representação do Estado e o exercício dos poderes substantivos de Governo, como se verifica na Constituição

Federal de 1988.

É necessário, portanto, trazer à tona os seguintes artigos da nossa Constituição, no que se refere às relações

internacionais:

Art. 21. Compete à União:

I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações internacionais;

II - declarar a guerra e celebrar a paz;

III - assegurar a defesa nacional;

IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo

território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal.

[...]

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional.

Em território estrangeiro, os Chefes de Estado, enquanto ali estejam nessa qualidade, gozam de certas

prerrogativas e imunidades. O fundamento de tais prerrogativas e imunidades reside em considerações de

cortesia, de conveniência recíproca e até de necessidade (CASELLA; ACCIOLY; NASCIMENTO, 2012). Segundo

Silva (2018) são extensivas aos familiares e à comitiva que acompanha o Chefe de Estado em visita oficial a outro

Estado.
• Inviolabilidade, que atinge a pessoa, os documentos, os veículos e a sua residência temporária no Estado
em que esteja em visita oficial permanecendo, desta forma, isento de qualquer medida coercitiva;
• Isenção de impostos pessoais, aduaneiros e de consumo;
• Imunidade de jurisdição, ou seja, isenção de jurisdição territorial em matéria civil e penal.
No tocante a essa última, admitem-se algumas exceções, em que a isenção deixa de existir. Essas exceções,

segundo é geralmente admitido, ocorrem nos seguintes casos:

• Aceitação voluntária, pelo chefe de estado, da jurisdição territorial;

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• Aceitação voluntária, pelo chefe de estado, da jurisdição territorial;
• Ação sobre imóvel situado no território estrangeiro;
• Ação proposta contra o chefe de estado, no país em que se encontra, se tal ação se funda na sua
qualidade de herdeiro ou legatário.
Ressalta-se que o Chefe de Estado que tenha sido deposto, ou que tenha abdicado, deixa de gozar os privilégios e

imunidades reconhecidos aos titulares em exercício (CASELLA; ACCIOLY; NASCIMENTO, 2012).

Fique de olho

“Em 1998, encontrava-se em Londres o ex-chefe de estado chileno, general Augusto Pinochet,
quando foi denunciado por genocídio, tortura, sequestros, assassinatos, desaparecimento de
pessoas, e solicitada sua detenção e eventual extradição para julgamento, a pedido do Juiz
espanhol Baltazar Garzón. A Câmara dos Lordes acabou por acolher o pedido, mas não no
tocante aos atos praticados quando no exercício da presidência” (CASELLA; ACCIOLY;
NASCIMENTO, 2012).

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6.2 Ministro das Relações Exteriores

Em virtude da multiplicidade das funções do Chefe de Estado, é fatidicamente impossível ele seja o único e

exclusivo órgão de representação, devendo, desta forma, confiar tais poderes a outro órgão que o represente.

Trata-se do Ministério das Relações Exteriores, que é órgão de representação do Chefe de Estado na Sociedade

Internacional (SILVA, 2018).

A Constituição brasileira determina em seu artigo 87 que os ministros de Estado serão escolhidos dentre

brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos direitos políticos, sendo de competência do

Ministro de Estado, além de outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei praticar os atos

pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República.

O Decreto n. 99.795 de 1990 determina em seus primeiros artigos que o Ministro de Estado das Relações

Exteriores fica autorizado a ausentar-se do país sempre que necessária sua presença no exterior para

tratar de assuntos da área de sua competência, bem como se delegou ao Ministro de Estado das Relações

Exteriores a atribuição de autorizar os servidores não diplomáticos do Ministério das Relações Exteriores a

ausentarem-se do país em missão oficial. Por fim, a Medida Provisória n. 782 de 2017 determinou como

competência do Ministério das Relações Exteriores:

Política internacional.

Relações diplomáticas e serviços consulares.

Participação nas negociações comerciais, econômicas, técnicas e culturais com governos e entidades

estrangeiras.

Programas de cooperação internacional.

Promoção do comércio exterior, de investimentos e da competitividade internacional do País, em coordenação

com as políticas governamentais de comércio exterior.

Apoio a delegações, comitivas e representações brasileiras em agências e organismos internacionais e

multilaterais.

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6.3 Os diplomatas

O diplomata é um órgão que representa um Estado junto à soberania local de outro Estado. Em razão de

representar a soberania do Estado, só poderá ser diplomata a pessoa que possuir a nacionalidade do Estado

(SILVA, 2018).

A Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 é o documento básico no que concerne às relações

diplomáticas entre os estados. Esta Convenção determina que o s membros do pessoal diplomático da Missão

deverão, em princípio, ter a nacionalidade do Estado acreditante. Ademais, afirma que os membros do pessoal

diplomático da Missão não poderão ser nomeados dentre pessoas que tenham a nacionalidade do Estado

acreditado, exceto com o consentimento do referido Estado, que poderá retirá-lo em qualquer momento.

A figura do Chefe da Missão Diplomática é representada pela chefia da missão diplomática divide-se nas

seguintes classes:
• Embaixadores e núncios: acreditados perante Chefes de Estado e outros Chefes de Missão de categoria
equivalente;
• Enviados, ministros ou internúncios: acreditados perante Chefes de Estado;
• Encarregado de negócios: acreditados perante Ministros das Relações Exteriores.
São prerrogativas e imunidades (SILVA, 2018):
• Inviolabilidade da pessoa do agente diplomático e de sua residência particular, não podendo ser objeto
de nenhuma forma de detenção ou prisão.Acrescenta-se que esta prerrogativa inclui seus documentos e
sua correspondência e, também, seus familiares, desde que não sejam nacionais do Estado acreditado;
• Isenção de impostos e taxas sobre direitos e emolumentos que perceba em razão da prática de atos
oficiais;
• Imunidade de jurisdição local, sofrendo restrição em relação ao direito de sucessão, a ações reais sobre
imóveis de propriedade particular do diplomata e a ações referentes à prática por parte do diplomata e
seus familiares de profissão liberal simultânea ao cargo de representação diplomática. Ademais,
acrescenta-se que no Brasil, não há imunidade de jurisdição em matéria trabalhista.
• Isenção de todos os impostos e taxas pessoais, excetuando-se os impostos indiretos que estejam
normalmente incluídos no preço das mercadorias ou dos serviços; impostos e taxas sobre bens imóveis
privados, situados no território do Estado acreditado, a não ser que o agente diplomático os possua em
nome do Estado acreditante e para os fins da missão; os direitos de sucessão percebidos pelo Estado; os
impostos e taxas sobre rendimentos privados que tenham a sua origem no Estado acreditado e os
impostos sobre capital, referentes a investimentos em empresas comerciais; os impostos e taxas
cobrados por serviços específicos prestados e os direitos de registro, de hipoteca, custas judiciais e
imposto de selo relativos a bens imóveis.
Por outro lado, no que se refere aos Agentes Consulares, estes são representações do Estado de origem no que

tange a assuntos privados (interesses comerciais, assistência e proteção a seus nacionais naquela localidade).

Seus atos são regidos pela Convenção de Viena sobre Relações Consulares.

• De carreira

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Assemelham-se aos agentes diplomáticos, sendo diplomatas deslocados para as funções consulares e que

têm as mesmas prerrogativas.

• Honorários

Instituídos facultativamente pelo Estado.

Quanto às suas prerrogativas e imunidades, encontramos:


• Inviolabilidade pessoal e dos locais consulares apenas no que concerne à sua atividade. Poderá ser
convocado para depor como testemunha ou receber sanção do Estado em que atua, não podendo se
furtar a isso;
• Imunidade de jurisdição, exceto em caso de crime grave e em decorrência de decisão de autoridade
competente;
• Imunidade de jurisdição pelos atos realizados no exercício das funções consulares;
• Isenção fiscal no que diz respeito a impostos pessoais, diretos e aduaneiros (Não gozará de imunidade
de jurisdição o Cônsul Honorário).

é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer as noções acerca dos sujeitos de Direito Internacional;
• conhecer as organizações internacionais;
• compreender a pessoa humana como sujeito de Direito Internacional;
• estudar as teorias das relações internacionais e a Corte Internacional de Justiça;
• conhecer o Tribunal do Mar;
• conhecer o Mercosul e seus objetivos e instrumentos;
• compreender a representação internacional.

Referências
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ARAÚJO JÚNIOR, L. R. S.; OLIVEIRA, L. P. S. A ATUAÇÃO DO TRIBUNAL INTERNACIONAL DO DIREITO DO MAR

NA PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE: UM ESTUDO DO CASO DA USINA MOX. Revista de Estudos e Pesquisas

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documental do caso “Oil Platforms”. Tribunais internacionais e a implementação procedimental de suas

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