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DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES

 Resumo NP1

 Direito das obrigações

 Direito das obrigações é o conjunto de normas jurídicas que


regulamentam as obrigações. Ele é considerado o principal livro da parte
especial do código civil, que é dividido em quatro títulos, sendo o primeiro
a modalidade de obrigações, o segundo a transmissão das obrigações, o
terceiro o adimplemento das obrigações, e o quarto o inadimplemento das
obrigações.

 O direito pode ser dividido em dois grandes ramos: o dos Direitos não
patrimoniais (que dizem respeito à pessoa humana, como, por exemplo,
os direitos da personalidade e os direitos de família) e os Direitos
patrimoniais que, por sua vez, se divide em Direitos reais (consiste em um
conjunto de normas, predominantemente obrigatórias, que tendem a
regular o direito atribuído à pessoa sobre bens corpóreos, moveis ou
imóveis de conteúdo econômico) e em Direitos obrigacionais (podem ser
chamados também de direitos pessoais ou de créditos, e compõe o direito
das obrigações).

 Conceito de obrigações: acontece quando existe um vínculo jurídico entre


duas pessoas (reais ou jurídicas) mediante o qual uma pessoa é obrigada a
realizar uma prestação (dever) em favor da outra pessoa. Essa prestação
pode ser de dar (como um pagamento), de fazer (como a obrigação de
realizar um serviço) ou de não fazer.

 “Pode-se dizer que o direito das obrigações consiste num


complexo de normas que regem relações jurídicas de ordem
patrimonial, que têm por objeto prestações de um sujeito em
proveito de outro. Disciplina as relações jurídicas de natureza
pessoal, visto que seu conteúdo é a prestação patrimonial, ou seja,
a ação ou omissão do devedor tendo em vista o interesse do
credor, que, por sua vez, tem o direito de exigir o seu
cumprimento, podendo, para tanto, movimentar a máquina
judiciária, se necessário”
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 Uma obrigação, na perspectiva do direito das obrigações, é uma relação
jurídica transitória, estabelecida entre duas diferentes partes, que vão ser
denominadas credor e devedor, que tem por objetivo a garantia do
cumprimento de uma prestação pessoal, que pode ser positiva ou
negativa, sob pena de coerção judicial.

 Características principais das obrigações;

a) Caráter transeunte/transitório, ou seja, não existe uma obrigação


perpetua, isto é, todas as obrigações têm um fim, já que se existisse
uma obrigação que durasse para sempre, isso resultaria em um
certo tipo de servidão humana.

b) Vínculo jurídico entre as partes, meio pelo qual a parte interessada


pode exigir da outra, através de coerção, o cumprimento da
prestação.

c) Caráter patrimonial, ou seja, se trata exclusivamente de uma


ralação patrimonial, atingindo somente o patrimônio do devedor,
afastando a sua responsabilidade pessoal.

d) Prestação positiva ou negativa, pode ser uma conduta de dar, fazer


ou não fazer.

 “MARIA HELENA DINIZ, com espeque em SERPA LOPES e ANTUNES


VARELA, apresenta os seguintes caracteres dos direitos de crédito:
a) são direitos relativos, uma vez que se dirigem contra pessoas
determinadas, vinculando sujeito ativo e passivo, não sendo
oponíveis erga omnes, pois a prestação apenas poderá ser exigida
do devedor; b) direitos a uma prestação positiva ou negativa, pois
exigem certo comportamento do devedor, ao reconhecerem o
direito do credor de reclamá-la”

 Elementos constitutivos das obrigações

a) Elemento subjetivo (o credor e o devedor): o credor é aquele que


pode exigir de outrem um determinado comportamento, enquanto
o devedor é quem cumpri-lo. Os sujeitos devem ser determináveis
ou determinados.
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b) Elemento objetivo (prestação): tem sempre conteúdo econômico


ou conversibilidade patrimonial. Esse objeto pode ser positivo (dar
ou fazer) ou negativo (não fazer) e consiste, invariavelmente, em
uma conduta humana.

c) Elemento abstrato ou espiritual (o vínculo jurídico): o elemento


imaterial e cerne da obrigação é o vínculo jurídico estabelecido
entre os sujeitos. Assim, além do “dever de cumprir”, caso não faça,
poderá ser responsabilizado juridicamente (indenização ou
reparação).

 Distinção entre direitos obrigacionais e direitos reais;

a) Direito real: o direito real pode ser definido como o poder jurídico,
direto, do titular sobre a coisa, com exclusividade e contra todos.

b) Direito obrigacional: consiste num vínculo jurídico pela qual o


sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo determinada prestação.
Trata-se de uma relação de pessoa a pessoa e tem, como
elementos, o sujeito ativo, o sujeito passivo e a prestação.

 Modalidade de obrigações;

a) Quanto à prestação: a obrigação pode ser uma obrigação de dar,


fazer ou não fazer.

 O código civil mantém a classificação pelo objeto como


sustentáculo de toda disciplina. A obrigação principal, decorrente
de uma relação jurídica, consistirá em uma prestação positiva ou
negativa de dar, fazer ou não fazer. Assim, quaisquer que sejam
as espécies e modalidades de obrigações, consistirão elas sempre
numa atuação sobre a vontade do devedor para dar alguma coisa,
praticar algum ato ou abster-se de praticar.

b) Quanto as partes: as partes podem ser simples ou compostas.

c) Quanto ao objeto: o objeto pode ser cumulativo ou alternativo.


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d) Quanto ao tempo do adimplemento (pagamento de determinada
obrigação): pode ser instantâneo, de execução continuada ou de
execução deferida.

e) Quanto ao fim: o fim pode ser de meio ou de resultado.

f) Quanto aos sujeitos: pode ser divisível, indivisível ou solidária.

g) Quanto à liquidez do objeto: pode ser líquida ou ilíquida.

 Obrigação de dar;

 Conceito: consiste em uma obrigação positiva, pela qual o devedor deve


entragar um objeto que está na sua posse, transferindo-lhe a sua
propriedade, a posse ou apenas o uso ao credor.

 A obrigação de dar se ramifica em obrigação de dar a coisa certa e


obrigação de dar a coisa incerta.

 Também pode compreender uma obrigação de entregar, de restituir ou de


pagar.

 Obrigação de dar a coisa certa (art. 233 ao 242)

 Nessa modalidade da obrigação de dar, o devedor obriga-se a dar, restituir


ou devolver um objeto de corpo certo e determinado, como, por exemplo,
um carro ou uma determinada quantia em dinheiro.

 Art.313 do CC: O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que


lhe devia, ainda que mais valiosa.

 No sentido da obrigação de dar a coisa certa, o artigo 313 do código civil,


diz que o devedor não é obrigado a aceitar uma coisa diferente da que lhe
era devida, mesmo que essa coisa tenha maior valor. Do mesmo modo,
podemos dizer que o devedor também não é obrigado a dar outra coisa
além do que devia, mesmo que essa coisa tenha um valor menor.
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 Art. 233 do CC: A obrigação de dar a coisa certa abrange os assessórios
dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou
das circunstâncias do caso.

 Esse artigo diz que o devedor é obrigado a entregar os assessórios da coisa


juntamente com ela, salvo se o contrário resultar do contrato ou das
próprias circunstancias do caso.

 No direito brasileiro, o contrato, por si só, não basta para a


transferência do domínio. Por ele, criam-se apenas obrigações e
direitos. O art. 481 do CC dispõe que “um dos contratantes se
obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe
certo preço em dinheiro”. O domínio só se adquire com a tradição.
A obrigação gera apenas um crédito, ela não te coloca
automaticamente sendo dono da coisa. Assim, o devedor continua
sendo o dono da coisa até acontecer a tradição.

 A tradição é a entrega da coisa, e é importante saber quando ela se


concretiza para a transferência de domínio. A tradição com a transferência
de domínio ocorre para bens móveis com a entrega da coisa, e para bens
imóveis com registro no cartório de imóveis competente, salvo expressa
disposição em contrário, assim como dispõe o artigo 1227 do código civil.

 Art. 237 do CC: Até a tradição pertence o devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir melhoramento no
preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação.

 Esse artigo diz que até tradição com a transferência de domínio, a coisa
continua pertencendo ao devedor, com as suas melhorias e acrescidos,
pelos quais o devedor poderá exigir aumento no preço, e se o credor não
aceitar o aumento no preço, o devedor poderá resolver a obrigação, ou
seja, por fim a obrigação. Para fins de exemplificação, podemos usar a
venda de uma égua, que antes da tradição o devedor, seu atual dono,
percebeu que estava prenha, e graças a esse fato resolveu aumentar o
preço da venda da égua, pois houve um acréscimo no bem, se o credor se
recusar a pagar a mais pela égua, o devedor poderá pôr fim a obrigação.

 Parágrafo único: Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor


os pendentes.
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 Para entender o que diz esse parágrafo, primeiro é preciso entender a


distinção entre frutos percebidos (são aqueles que já foram colhidos, ou
seja, já foram separados do bem principal) e frutos pendentes (são aqueles
que ainda estão ligados ao bem principal).

 Os frutos percebidos ficam com o devedor pois, até a tradição, a coisa


ainda está em seu domínio, logo todos os frutos percebidos, ou seja,
separado do bem principal pertence ao devedor. Após a tradição, os frutos
pendentes pertencem ao credor, pois todos os assessórios devem seguir o
bem principal na sua entrega.

 Art. 134 do CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, antes
da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a obrigação
para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá
este pelo equivalente e mais perdas e danos.

 Esse artigo faz referência a obrigação de dar a coisa certa e prevê duas
hipóteses, a de perda/deterioração da coisa sem culpa do devedor e a de
perda/deterioração da coisa por culpa do devedor.

a) Perda/deterioração da coisa sem culpa do devedor: nesse caso,


quando ocorre a perda/deterioração da coisa sem culpa do
devedor, a obrigação é resolvida para ambas as partes, ou seja, a
obrigação é extinta.

b) Perda/deterioração da coisa com culpa do devedor: nesse caso,


quando ocorre a perda/deterioração por culpa do devedor, este
deverá indenizar o credor pelo valor da coisa e ainda terá que
responder por perdas e danos.

 Art. 235 do CC: Deteriorado a coisa, sem ser o devedor o culpado, poderá
o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o
valor que perdeu.

 Esse artigo diz que nos casos que houver a deterioração da coisa, sem
culpa do devedor, o credor poderá aceitar a coisa no estado em que se
encontra, abatido o valor que perdeu com a deterioração do bem. Caso o
contrário, poderá por fim a obrigação.
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 Art. 236 do CC: Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o


equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a
reclamar, em um ou outro caso, indenização das perdas e danos.

 Esse artigo diz que quando a culpa da deterioração é do devedor, o credor


poderá não aceitar a coisa deteriorada e receber indenização equivalente
ao valor perdido e o devedor ainda responderá por perdas e danos, ou
então aceitar a coisa deteriorada e receber o valor da depreciação, mais
as perdas e danos.

 Obrigação de reconstituir coisa certa;

 A obrigação de restituir consiste na devolução da coisa recebida pelo


devedor ao credor.

 Art. 238 do CC: Se a obrigação for de restituir a coisa certa, e esta, sem
culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e
a obrigação de resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda.

 Esse artigo traz a hipótese de quando ocorre a perda da coisa a ser


restituída, sem culpa do devedor, o credor sofrerá a perda do bem, e a
obrigação irá ser extinta. Vale ressaltar que o final do artigo diz que o
credor terá todos os seus direitos resguardados até o dia da perda da coisa,
ou seja, se a pessoa alugou alguma coisa para outro por dez dias, e no
quinto dia houve a perda dessa coisa, o credor tem o direito de receber o
aluguel dos dias até a perda da coisa.

 Art. 239 do CC: Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este
pelo equivalente, mais perdas e danos.

 Esse artigo traz a hipótese de quando ocorre a perda da coisa a ser


restituída por culpa do devedor. Nesse caso o devedor responderá pelo
equivalente e ainda responderá, também, por perdas e danos.

 Art. 240 do CC: Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor,


recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por
culpa do devedor, observa-se-á o disposto no art.239.
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 Esse artigo traz a hipótese de quando ocorre a deterioração da coisa a ser
restituída, sem culpa do devedor, o credor deverá receber a coisa no
estado em que se encontra, sem direito a indenização. Se a deterioração
ocorrer por culpa do devedor, o credor poderá pedir indenização pela
perda sofrida ou receber a coisa no estado em que se encontra,
independente da sua escolha, terá sempre direito a receber as perdas e
danos.

 Melhoramento, acréscimo e fruto nas obrigações de restituir;

 Art. 241 do CC: Se no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou


acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor
desobrigado de obrigação.

 Primeiro é importante destacar que o artigo faz referência a obrigação de


restituir a coisa certa, pois é o que trata o artigo 238.

 Também é importante entender o que é um melhoramento (é tudo aquilo


que altera a qualidade do bem principal para melhor) e o que é um
acréscimo (é tudo aquilo que se aumenta ao bem principal agregando
valor).

 O artigo traz a hipótese de quando a coisa a ser restituída tem um


melhoramento ou acréscimo, sem que o devedor tenha trabalhado ou
pagado para isso. Nesse caso, como o devedor não teve influência direta
para que a coisa fosse melhorada ou sofresse um acréscimo, o credor irá
lucra sem nenhuma obrigação de indenizar o devedor.

 Art. 242 do CC: Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o


devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste
código atinentes as benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou
má-fé.

 Parágrafo único: Quanto aos frutos percebidos, observa-se-à, do mesmo


modo, o disposto nesse código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-
fé.

 O artigo traz a hipótese de quando a coisa tem um melhoramento ou um


acréscimo, que foi causado diretamente por um ato de vontade do
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devedor, e diz que o caso irá seguir as normas referentes as benfeitorias
presentes no código.

 Benfeitorias: benfeitorias são obras ou gastos realizados na coisa móvel


ou imóvel, com finalidade de conserva-la, melhora-la ou embeleza-la.

 Se essas obras ou gastos mudarem a natureza da coisa móvel, não podem


ser considerados benfeitorias.

 Existem três espécies de benfeitorias;

a) Benfeitorias necessárias: são todas as benfeitorias destinadas a


preservar a coisa, ou seja, tem a finalidade de evitar que a coisa seja
perdida ou sofra uma deterioração. Nesse caso, o devedor pode
fazer essas melhorias ou reparos sem a autorização do credor, e
ainda terá direito a ser indenizado por elas. Podemos citar como
exemplo de benfeitoria necessária, um inquilino que tem que
reparar em seu apartamento uma infiltração, para evitar a sua
deterioração. Assim, como o conserto da infiltração era necessário
para a preservação da coisa, o inquilino terá direito a ser
indenizado. É importante destacar, que como as benfeitorias
necessárias não precisam de autorização do proprietário para
serem realizadas e tem a finalidade de preservar a coisa, caso o
devedor não realize a benfeitoria e a coisa sofra uma perda ou uma
deterioração, o devedor deverá indenizar o credor e responder por
perdas e danos.

b) Benfeitorias uteis: são todas as benfeitorias que possuem utilidade


para a coisa, contudo não são necessárias, isto é, a coisa ainda
exerce bem a sua função sem essas melhorias ou acréscimos.

c) Benfeitoria voluptuárias: esse tipo de benfeitoria tem apenas a


finalidade de embelezamento da coisa, e o devedor necessita de
autorização do credor para realiza-las.

 Nas obrigações de dar a coisa certa, até o momento da tradição, as


benfeitorias e acessões imobiliárias pertencem ao devedor, que poderá
acrescer o valor da coisa ou poderá resolver a obrigação, se o credor não
aceitar.
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 Assim como diz o artigo 242 é importante considerar a boa-fé e má-fé do
devedor, na hora de observar as benfeitorias.

 As benfeitorias feitas pelo devedor de boa-fé: no caso do devedor de boa-


fé, que realiza uma benfeitoria útil ou necessária no imóvel alugado ou
emprestado, este terá o direito ao reembolso do valor pago, mesmo que
sem a autorização do dono do imóvel. O devedor terá, inclusive, o direito
de reter a coisa até que lhe seja pago o valor devido. No caso de realização
de benfeitorias voluptuárias, o devedor só terá direito ao reembolso se
autorizado pelo dono do imóvel. Caso não tenha sido autorizado pelo
credor, ele pode retirar as benfeitorias voluptuárias, desde que não haja
prejuízo para a coisa principal.

 As benfeitorias feitas pelo devedor de má-fé: no caso de devedor de má-


fé que realiza benfeitorias no imóvel em autorização, ele terá o direito de
reembolso apenas em relação às benfeitorias necessárias. Também não
tem o direito de reter a coisa, e não tem direito algum, com relação as
benfeitorias uteis e voluptuosas.

 Quanto aos frutos da coisa, o parágrafo único do artigo 242 diz que deve-
se observar as normas disposta no código sobre os frutos, e se o devedor
teve ou não boa-fé.

 Devedor de boa-fé: enquanto estiver de boa-fé, o devedor tem direito aos


frutos percebidos, assim como está disposto no art. 1.214 do CC. Os frutos
(ainda não destacados da coisa principal), por sua vez, deverão ser
restituídos, ao mesmo tempo em que cessar a boa-fé, deduzidas as
despesas de produção e custeio.

 Devedor de má-fé: deverá responder por todos os frutos colhidos e


percebidos, bem como pelos que, por sua culpa, deixou de perceber
(percipiendos), desde o momento em que se constituiu a má-fé,
assistindo-lhe, todavia, direito às despesas de produção e custeio. De tal
forma, se não puder restituir ao credor esses frutos, deverá indenizá-lo
com o equivalente em dinheiro, assim como está disposto no art. 1.216 do
CC.

 Obrigação de dar coisa incerta (art. 243 ao 246);


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 Nesse caso, o devedor tem a obrigação de dar a coisa incerta, isto é, a coisa
que ainda não é determinada, especificada e individualizada. A coisa deve
ser pelo menos determinável, pois não há como comprar ou cumprir uma
obrigação sem que tenha a coisa determinada.

 Como a coisa é determinável, a obrigação de dar a coisa incerta tem um


caráter transitório, pois no momento de cumprir a obrigação, a coisa é
determinada. A determinação é feita pela escolha, assim, realizada esta
escolha, cientificando o credor, a obrigação deixa de ser incerta, e a coisa
torna-se certa.

 Art. 243 do CC: A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela
quantidade.

 Na obrigação de dar a coisa incerta, o objeto não tem uma indeterminação


absoluta, pois a coisa deverá ser, ao menos, identificada quanto ao gênero
e quantidade.

 Art. 244 do CC: Nas escolhas determinadas pelo gênero e pela quantidade,
a escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do titulo da
obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar
melhor.

 Esse artigo diz que quem irá escolher a coisa a ser entregue é o devedor,
mas também pode ser, por decisões das partes, o credor que fará a escolha
da coisa a ser entregue. O artigo diz que também que o devedor tem
limites na sua escolha, não podendo dar a coisa pior e não sendo obrigado
a prestar coisa melhor, usando, assim, o meio termo.

 Art. 245 do CC: Cientificando da escolha o credor, vigorará o disposto na


Seção antecedente.

 Esse artigo, em suma, diz que quando houver a determinação da coisa


incerta, a obrigação passa a ser de coisa certa, tendo, assim, que se sujeitar
as normas referentes a coisa certa.

 Art. 246 do CC: Antes da escolha não poderá o devedor alegar perda ou
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
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 Esse artigo diz que o devedor não poderá alegar perda ou deterioração da
coisa, na obrigação de dar a coisa incerta, porque antes da escolha não se
sabe o que vai ser entregue ao credor, sendo assim, o devedor não pode
alegar perda ou deterioração de uma coisa genérica. Existe uma expressão
jurídica que diz que o gênero não perece (genus nunquam perit), por isso
o devedor não pode eximir-se da obrigação alegando a perda ou a
deterioração da coisa incerta.

 Obrigação de fazer (art. 247 ao 249);

 É a que vincula o devedor à prestação de um serviço ou ato positivo,


material ou imaterial, seu ou de terceiros, em benéfico do credor ou de
terceira pessoa. Tem por objetivo qualquer comportamento humano,
licito e possível, do devedor ou de outra pessoa, às custas daquele, seja a
prestação de trabalho físico ou material, seja a realização de serviço
intelectual, artístico ou cientifico.

 A obrigação de fazer é uma obrigação positiva, ou seja, uma pessoa tem a


obrigação de realizar um serviço em favor de outra pessoa, o devedor tem
a obrigação de fazer um serviço em favor do credor.

 A principal diferença entre a obrigação de fazer e a obrigação de dar, é que


na obrigação de fazer, o devedor primeiramente deverá fazer o serviço
para depois entregar a coisa. Outra diferença da obrigação de fazer e da
obrigação de dar, está no fato de que na obrigação de fazer, também será
levado em consideração o indivíduo que fará o serviço, como, por
exemplo, alguém que contrata um pintor famoso para fazer um quadro.
Nesse caso, a coisa não é o único fato importante na obrigação, quem vai
fazer também é relevante.

 Existem três espécies de obrigações de fazer;

a) personalíssima/infungível: é aquela obrigação que somente o


devedor pode fazer, ninguém pode fazer por ele. O devedor deve
cumprir pessoalmente a obrigação, como, por exemplo, um pinto
famoso que foi contratado para fazer um quadro, nesse caso
somente ele poderá cumprir a obrigação.
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b) Impessoal/fungível: é aquela obrigação que pode ser realizada por
uma terceira pessoa, pois as qualidades do devedor não são
relevantes.

c) Emitir declaração de vontade: é aquela em que o devedor, por


meio de um contrato prévio, se obriga a fazer uma declaração de
vontade.

 Art. 247 do CC: Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o


devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.

 Esse artigo trata da hipótese de quando o devedor se recusa a fazer a


obrigação personalíssima ou infungível, isto é, uma obrigação que só
poderia ser feita por ele. Nesse caso, como não se pode constranger
alguém a fazer algo, a solução será o credor exigir judicialmente uma
indenização por perdas e danos pelo descumprimento da obrigação.

 A obrigação personalíssima só pode ocorrer em duas situações, quando


imposta pelas duas partes, ou seja, expressa em contrato, ou quando só
pode ser executada por um devedor especifico.

 Art. 248 do CC: Se a prestação tornar-se impossível sem culpa do devedor,


resolver-se-à a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e
danos.

 Esse artigo traz duas hipóteses, a primeira é quando a prestação se torna


impossível sem culpa do devedor e a segunda é quando se torna
impossível por culpa do devedor. Na primeira situação, a obrigação é
extinta, cabendo ao devedor restituir o valor pago com a devida correção
monetária. Na segunda situação o devedor deve restituir o valor pago com
a devida correção monetária e ainda responderá por perdas e danos.

 Art. 249 do CC: Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao
credor manda-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora
deste, sem prejuízo ou indenização cabível.

 Parágrafo único: Em caso de urgência, pode o credor, independente de


autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois
ressarcido.
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 O artigo trata da situação em que um devedor se recusa a realizar uma


obrigação infungível, e diz que nesse caso o credor poderá recorrer a um
juiz que um terceiro cumpra a obrigação à custa do devedor.

 No caso da obrigação fungível, se o fato for urgente e o devedor se recusar


a realizar a obrigação, poderá o credor executar ou mandar executar, o
serviço independente de autorização judicial e depois cobrar o valor do
devedor.

 Obrigação de não fazer (art. 250 e 251 do CC);

 A obrigação de não fazer também pode ser chamada de obrigação


negativa, pois o devedor tem a obrigação de se abster de algo, exige-se
uma postura negativa do devedor. Nesse tipo de obrigação, o devedor
assume o compromisso de se abster de algo, que poderia praticar
livremente, para atender o interesse jurídico do credor ou de terceiro.

 Art. 250 do CC: Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa
do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não
praticar.

 O artigo traz a hipótese de quando a obrigação de não fazer torna-se


impossível sem culpa do devedor, ou seja, por razão de força maior ou caso
fortuito, a obrigação é resolvida, isto é, extinta sem sanções para o
devedor.

 Art. 251 do CC: Praticado pelo devedor o ato, cuja abstenção se obrigara,
o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua
custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.

 Parágrafo único: Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou


mandar desfazer, independente de autorização judicial, sem prejuízo do
ressarcimento devido.

 O artigo traz a hipótese de quando o devedor pratica a ação que assumiu


abster-se. Nesse caso, o credor poderá exigir que o ato seja desfeito pelo
devedor ou as suas custas, mais perdas e danos.
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES
 O parágrafo único do artigo diz que se o devedor praticar o ato que se
obrigou a não praticar, e houver urgência, o credor terá o direito de
desfazer ou mandar desfazer o ato, sem precisar de autorização judicial e,
ainda, confere ao credor o direito de requerer o que gastou para desfazer
o ato.

 Obrigações divisíveis e indivisíveis (art. 257 ao 263 do CC);

 São obrigações que concorrem uma pluralidade devedores ou credores,


de forma que cada um deles responde apenas por parte da dívida ou tem
direito a uma proporcionalidade de crédito. Na obrigação divisível, a
obrigação pode ser cumprida de forma parcial, pois a divisão da prestação
não acarreta alteração na substancia, nem a diminuição do valor ou
prejuízo a sua finalidade.

 Art. 257 do CC: Havendo mais de um devedor ou mais de um credor em


obrigação divisível, esta presume-se dividida em tantas obrigações, iguais
e distintas, quanto os credores e devedores.

 Esse artigo diz que quando se há uma obrigação divisível, e se tem vários
credores ou/e devedores, deve-se dividir a obrigação em partes iguais para
cada credor e para cada devedor. Essa divisão irá gerar uma obrigação
distinta para cada credor e devedor.

 Uma obrigação divisível pode ter um credor e vários devedores, um


devedor e vários credores ou vários credores e vários devedores.

 O artigo destaca que a obrigação deve ser separada em partes iguais e


distintas. Por obrigações distintas, o artigo quer dizer que cada credor
somente poderá lhe cobrar a parte que lhe cabe; da mesma forma que
cada devedor somente é obrigado a cumprir a parte que deve. Em suma,
quando o artigo diz que a obrigação deve ser dividida entre cada credor e
cada devedor, é para que haja uma proporcionalidade.

 Qualquer obrigação com pluralidade de credores e/ou devedores, quando


não vier a falar o contrato ou a lei, presume-se que essa obrigação é
fracionaria.
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 Art. 258 do CC: A obrigação é indivisível quando a prestação tem por
objeto uma coisa ou fato não suscetíveis de divisão, por natureza, por
motivo de ordem econômica, ou dada razão determinante do negócio
jurídico.

 Esse artigo apresenta as quatros espécies de indivisibilidade, isto é, os


motivos de uma obrigação se indivisível.

a) Indivisibilidade natural: como próprio nome já diz, a coisa ou fato,


nessa obrigação, é indivisível por que a própria natureza não
permite que seja dividida, pois se houver a divisão a coisa irá perder
substancia, valor o/ou utilidade, como, por exemplo, um carro.

b) Indivisibilidade legal: a prestação, nesse caso, seria naturalmente


divisível, mas por determinação legal tornou-se indivisível.

c) Indivisibilidade convencional: nesse caso, a prestação torna-se


indivisível por vontade das partes.

d) Indivisibilidade judicial: é a indivisibilidade decorrente de uma


decisão judicial.

 Quanto as obrigações indivisíveis, é necessário saber onde se encontra a


pluralidade, se está nos devedores ou credores.

 Art. 259 do CC: Se, havendo dois ou mais devedores, a prestação não for
divisível, cada um será obrigado pela dívida toda.

 Parágrafo único: O devedor, que paga a dívida, sub-roga-se no direito do


credor em relação aos outros obrigados.

 Na obrigação indivisível, se houver mais de um devedor, cada devedor é


obrigado a pagar a divida toda, pois as prestações não podem ser divididas.

 Caso apenas um dos devedores pague a dívida toda, este sub-roga-se no


direito do credor, isto é, passa a ser o credor dos devedores que não
cumpriram sua parte na dívida.
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES
 Art. 260 do CC: Se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes
exigir a dívida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigarão,
pagando:

I. a todos conjuntamente;
II. a um, dando caução de ratificação aos outros credores.

 Esse artigo diz que como a obrigação é indivisível, não tem como dividir a
obrigação entre os credores, sendo assim cada credor terá direito a dívida
inteira.

 O artigo dá duas alternativas para o devedor, quando há multiplicidade de


credores. A primeira diz que ele pode pagar os dois conjuntamente e a
segunda diz que o devedor pode pagar somente a um credor, dando um
caução de ratificação aos demais credores, isto é, um documento assinado
pelos demais credores permitindo que a dívida somente seja paga para um
deles.

 Art. 261 do CC: Se um só dos credores receber a prestação por inteiro, a


cada um dos outros assistirá o direito de exigir dele em dinheiro a parte
que lhe cabia do total.

 Esse artigo diz que se somente um credor receber a prestação da


obrigação indivisível, os demais credores da obrigação poderão exigir dele
em dinheiro a parte que lhes cabe.

 Art. 262 do CC: Se um dos credores remitir a dívida, a obrigação não


cessará para com os outros; mas esse só poderão exigir, descontada a
quota do credor remitente.

 Parágrafo único: O mesmo critério se observará no caso de transação,


novação, compensação ou confusão.

 O artigo trata do perdão de dívida por um dos credores. Quando a


obrigação é divisível, o perdão não é complicado, pois como a obrigação é
dividida e é distinta para cada credor, o perdão só irá afetar a sua parte.
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES
 No caso da obrigação indivisível, caso haja o perdão por parte de um dos
credores, os outros só poderão cobrar a dívida, descontando a parte do
credor que perdoou a dívida.

 Art. 263 do CC: Perde a qualidade de indivisível a obrigação que se resolver


em perdas e danos.

§ 1 o Se, para efeito do disposto neste artigo, houver culpa de todos os


devedores, responderão todos por partes iguais.

§ 2 o Se for de um só a culpa, ficarão exonerados os outros, respondendo


só esse pelas perdas e danos.

 O artigo trata da situação de quando uma obrigação indivisível se torna


divisível, pois resolveu-se em perdas e danos. Agora, como se tornou uma
obrigação divisível, pode ser dividida entre os credores e os devedores.
Essa obrigação resolveu-se em perdas e danos, por culpa do devedor.

 Quando acontece a perda da indivisibilidade da obrigação, os devedores


deverão pagar pela sua parte na obrigação, mais perdas e danos.

 No parágrafo primeiro do artigo, fica determinado que se a culpa for de


todos os devedores envolvidos na obrigação, todos irão responder por
partes iguais. Já no segundo parágrafo fica determinado que se a culpa foi
de apenas um dos devedores, somente o culpado responderá por perdas e
danos.

 Obrigações solidárias (art. 264 ao 266 do CC);

 Art. 264 do CC: Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre


mais um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou
obrigado, à dívida toda.

 Existem três tipos de solidariedade, a solidariedade ativa, que é quando


acontece em uma obrigação (de dar; fazer; de pagar etc) existe mais de
um credor e cada um desses credores tem direito a exigir a dívida inteira,
solidariedade passiva, é quando existe mais de um devedor, e cada um
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES
desses devedores é obrigado pela dívida toda, e solidariedade mista, que
é constituída pela vontade das partes, submetidas às regras que regulam
as duas primeiras (a passiva e a ativa). Tem que ter dois ou mais devedores
e dois ou mais credores.

 Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um


credor ou mais de um devedor, sendo que cada credor tem direito de
exigir a dívida toda (solidariedade ativa) e cada devedor obrigado pela
dívida toda (solidariedade passiva).

 A solidariedade ocorre quando em uma mesma obrigação, há vários


credores e/ou vários devedores. Assim, a solidariedade acontece em
relação a uma obrigação comum entre os credores ou devedores, que é
chamado de unidade de prestação.

 A pluralidade apresenta a seguintes características; a pluralidade de


credores ou credores, e pode ser ativa (quando há uma pluralidade de
credores), passiva (quando há uma pluralidade de devedores) ou mista
(pluralidade de credores e devedores).

 Art. 265 do CC: A solidariedade não se presume, resulta da lei ou da


vontade das partes.

 O artigo, de maneira direta, diz que a solidariedade não é presumida, ela


surge por vontade das partes, em um contrato, ou da lei.

 Art. 266 do CC: A obrigação solidaria pode ser pura ou simples para um
dos co-credores ou co-devedores, e condicional, ou a prazo, ou pagável
em lugar diferente para outro.

O artigo prevê o princípio da variabilidade do modo de ser da obrigação


solidária, deixando claro que a obrigação poderá ser pura e simples para
alguns e para outros poderá está sujeita a termo, condição ou ser exigida
em lugar diferente.

 A obrigação solidária poderá ser igual para todos os cocredores e


codevedores; mas também poderá ser diferente entre os cocredores e
codevedores, em especial quanto à maneira pela qual a obrigação é
devida, caso esteja previsto no negócio jurídico.
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES

 Diferença entre solidariedade e indivisibilidade;

 O devedor solidário pode ser compelido a pagar, sozinho, a divida inteira


por ser devedor do todo. Nas obrigações indivisíveis, contudo, o devedor
só é obrigado a pagar a sua quota parte, só podendo, portanto, ser
compelido a pagar a prestação toda pelo fato dela ser indivisível.

 Por outro lado, perde qualidade de indivisível a obrigação que se resolver


em perdas e danos. Na solidariedade, entretanto, não ocorre, porque a
solidariedade decorre da lei ou da vontade das partes, sendo, assim,
independente da divisibilidade do objeto.

 A solidariedade tem feição subjetiva, ou seja, ela recai sobre pessoas. A


indivisibilidade, por outro lado, tem feição objetiva, visto que ela resulta
da natureza da coisa, que constitui objeto da prestação.

 Solidariedade ativa;

 Art. 267 do CC: Cada um dos credores solidários tem direito a exigir do
devedor o cumprimento da prestação por inteiro.

 Na solidariedade ativa, concorrem dois ou mais credores, podendo


qualquer deles receber integralmente a prestação devida.

 Art. 268 do CC: Enquanto alguns dos credores solidários não demandarem
o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar.

 Esse artigo diz respeito ao caso de que quando nenhum dos credores
solidários solicitar o pagamento da dívida ao devedor comum, este poderá
pagar para qualquer um dos credores solidários. Vale ressaltar que, no
caso dos credores ou um credor, ajuizarem uma ação de cobrança, nesse
caso o devedor comum deverá pagar para aqueles credores ou credor que
cobraram a dívida judicialmente.

 Art. 269 do CC: O pagamento feito a um dos credores solidários extingue


a dívida até o montante que foi pago.
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES
 Quando o devedor comum paga a totalidade da dívida para apenas um dos
credores solidários, a dívida extingue-se tanto em relação ao credor
solidário que recebeu o valor quanto para os demais credores. O mesmo
acontece se o devedor comum pagar parte da dívida para apenas um dos
credores, nesse caso a dívida extingue-se até o montante do valor que
pago pelo devedor. Isso acontece porque na obrigação solidaria ativa,
todos os credores solidários tem o direito de cobrar a dívida toda, mas o
devedor comum somente deve pagar ela uma única vez.

 Art. 270 do CC: Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros,


cada um destes só terá direito de exigir e receber a quota do crédito que
corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se obrigação for
indivisível.

 Vindo a falecer um dos credores solidários, acaba a solidariedade.


Entretanto, se aquele devedor deixou um único herdeiro ou mais de um
herdeiro, e todos agirem conjuntamente, poderão cobrar a quota do
crédito que lhes cabe como herdeiro, exceto se a prestação for indivisível.

 Art. 271 do CC: Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste,


para todos os efeitos, a solidariedade.

 Na solidariedade ativa, quando tivermos uma obrigação solidária e a


prestação da obrigação se resolver em perdas e danos, permanecerá a
solidariedade, ou seja, persistirá a solidariedade ativa. Ou seja, no caso em
que a solidariedade ativa se resolver em perdas e danos, ela não será
desfeita, e todos os credores solidários poderão cobra as perdas e danos
do devedor comum.

 Art. 272 do CC: O devedor que tiver remitido a dívida ou recebido o


pagamento responderá aos outros pela parte que lhes cabia.

 Na solidariedade ativa, todos os credores tem o direito de receber a dívida


toda, contudo, todos os credores envolvidos na relação têm direito a
receber quotas iguais do crédito ou quota diferentes se tiverem estipulado
em contrato. Sendo assim, se um credor recebeu a dívida toda sozinho,
terá que partilhar o valor com os demais credores, dando a cada um a
parte que lhes cabe. Caso o único credor resolva perdoar a dívida, este
responderá pela parte que cabia aos demais credores.
DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES

 Art. 273 do CC: A um dos credores solidários não pode o devedor opor as
exceções pessoais oponíveis aos outros.

 Exceção é a defesa que cabe contra uma pretensão em um processo


judicial. Exceção pessoal é a defesa de caráter pessoal que diz respeito à
relação entre devedor e um dos credores.

 Esse artigo diz que o devedor não pode opor uma exceção pessoal a um
dos credores solidários, se essa exceção pessoal disser respeito a outro
credor solidário.

 Art. 274 do CC: O julgamento contrário a um dos credores solidários não


atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem
prejuízos de exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em
relação a qualquer deles.

 Esse artigo traz duas situações, a de um julgamento desfavorável e a de


julgamento favorável. No primeiro caso, um dos credores solidários entrou
com uma ação e perdeu contra o devedor comum. Nesse caso, os demais
credores solidários não são atingidos pela decisão, tendo em vista que não
tiveram o direito de se defender, ou seja, não participaram de forma ativa
no processo. No segundo caso, um dos credores solidários entrou com
uma ação contra o devedor comum e ganhou essa ação. Nesse caso, a
decisão favorável beneficia todos, e isso ocorre porque na solidariedade
ativa existe a unicidade da obrigação, e com a decisão é favorável a um
dos credores solidários, essa decisão também gera efeitos sobre os outros.
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Modalidades de obrigações – Continuação

 Solidariedade passiva (Art. 275 ao 285);

 A solidariedade passiva acontece quando em uma obrigação existem dois


ou mais devedores sendo que cada um dos devedores é obrigado pela
dívida toda, como se houvesse apenas um devedor.

 Art. 275 do CC: O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns


dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento
tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados
solidariamente pelo resto.

 Parágrafo único: Não importará renúncia da solidariedade a propositura


de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores.

 Esse artigo diz que o credor pode exigir, de forma parcial ou total, a dívida
em comum de um ou de alguns dos devedores, uma vez que na
solidariedade passiva, todos os devedores são obrigados pela dívida toda.
Vale destacar que o artigo diz que se o pagamento tiver sido feito de
forma parcial, todos os demais devedores continuam obrigados pelo
restante.

 O parágrafo único do artigo destaca que se o credor ajuizou uma ação de


cobrança contra apenas um dos credores, isso não significa que ele
renunciou a solidariedade entre os devedores, podendo posteriormente
cobrar dos demais devedores.

 Art. 276 do CC: Se um dos devedores solidários falecer deixando


herdeiros, nenhum destes será obrigado a pagar senão a quota que
corresponde ao quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível;
mas todos reunidos serão considerados como um devedor solidário em
relação aos demais devedores.
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Mesmo morrendo um dos devedores solidários, a solidariedade entre os


demais devedores persiste, sendo que os demais devedores solidários
continuarão obrigados pelo pagamento da totalidade da dívida.

 Esse artigo diz que o herdeiro somente responderá pelas dívidas do


falecido até a quantia que ele teria direito a receber de herança, tendo
em vista que ninguém é responsável pelas dívidas de outra pessoa. Sendo
assim, se um dos devedores solidários morrer, os herdeiros somente
serão obrigados pelo pagamento da dívida até a quantia que teriam
direito a receber individualmente de herança. Vale destacar que se a
obrigação for indivisível, os herdeiros serão obrigados pela dívida inteira,
uma vez que está não pode ser dividida. Ainda, o artigo destaca que se
um dos devedores solidários morrer, os outros devedores solidários têm
o direito de exigir de todos os herdeiros reunidos a parte que a ele cabia
na dívida, ou seja, os herdeiros reunidos serão considerados como um
único devedor solidário.

 Art. 277 do CC: O pagamento parcial feito por um dos devedores e a


remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até
à concorrência da quantia paga ou relevada.

 Esse artigo traz duas situações, a primeira é referente ao pagamento


parcial da dívida por um dos devedores solidários, e nesse caso o credor
terá que descontar a quantia que já foi paga quando for cobrar os demais
credores pelo restante da dívida. O segundo caso é referente a remissão
da dívida, que é o perdão dívida em favor de um dos devedores, e nesse
caso o perdão não beneficia os outros devedores, que continuam sendo
obrigados pelo restante da dívida, sendo que o valor referente a quota
daquele devedor que recebeu a remissão deve ser abatido do total, ou
seja, o credor terá que diminuir do valor a parte referente aquele que
recebeu a remissão.

 Art. 278 do CC: Qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional,


estipulada entre um dos devedores solidários e o credor, não poderá
agravar a posição dos outros sem consentimentos destes.

 Esse artigo diz que se um dos devedores solidários fizer novas disposições
com o credor, e essas novas disposições vierem a agravar a obrigação dos
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

demais devedores solidários, essas novas disposições não terão valor para
os demais devedores solidários que não consentiram.

 Art. 279 do CC: Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos


devedores solidários, subsiste para todos o encargo de pagar o
equivalente; mas pelas perdas e danos só responderá o culpado.

 Esse artigo diz que se a obrigação se tornar impossível por culpa de apenas
um dos devedores solidários, todos tem a obrigação de pagar o
equivalente à prestação que se tornou impossível, entretanto só o
devedor solidário culpado pela impossibilidade da prestação responderá
por perdas e danos.

 Art. 280 do CC: Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda
que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado
responde aos outros pela obrigação acrescida.

 Esse artigo diz que em caso de juros decorrente de atraso no


cumprimento da prestação, todos os devedores solidários responderão
pelos juros perante o credor, mesmo que este tenha ajuizado uma ação
somente contra um devedor. Vale destacar que nesse caso, se apenas um
dos devedores foi o culpado pelo atraso, este responderá pela obrigação
acrescida perante os demais devedores.

 Art. 281 do CC: O devedor demandado pode opor ao credor exceções que
lhe forem pessoais e as comuns a todos; não lhe aproveitando as exceções
pessoas a outro codevedor.

 Esse artigo faz referência as exceções, que são a defesa que cabe contra
uma pretensão em um processo judicial, e existem dois tipos de exceções
que podem ser alegadas pelo devedor solidário, as exceções pessoais (que
dizem respeito unicamente a um único devedor que está alegando a
exceção e ao credor) e as exceções comuns (que são aquelas que atingem
todos os devedores solidários ou dizem respeito ao objeto da obrigação).

 Assim, o artigo diz que o devedor solidário pode opor ao credor as


exceções que lhe forem pessoais e as que forem comuns a todos os
devedores solidários. Vale destacar que as exceções pessoas não
beneficiam os demais devedores solidários.
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Art. 282 do CC: O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um,


de alguns ou de todos os devedores.

 Parágrafo único: Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais


devedores, subsistirá a dos demais.

 Esse artigo traz a situação de quando o devedor renuncia à solidariedade,


e diz que o credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de
alguns ou de todos os devedores solidários. Se o credor renunciar a
solidariedade em favor de todos os credores solidários, ocorre uma
renúncia absoluta, e nesse caso cada devedor solidário não é mais
obrigado pela dívida toda, assim sendo obrigado somente pela parte que
lhe cabe. Se o credor renunciar a solidariedade em favor de apenas um ou
alguns dos devedores, ocorre a renúncia relativa, e nesse caso o parágrafo
único destaca que a solidariedade subsistirá para os demais devedores
solidários, mas o credor somente poderá cobra-los se descontar a cota
daqueles que foram excluídos da solidariedade.

 Art. 283 do CC: O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a
exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente
por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito,
as partes de todos os codevedores.

 Esse artigo diz que se apenas um dos devedores solidários pagar a dívida
toda, este terá o direito de cobrar dos demais a parte que lhes cabia na
obrigação. Vale destacar que se tiver um devedor insolvente, isto é,
aquele devedor que não tem como pagar a sua parte, a quantia que cabia
a ele será dividida de forma igualitária entre os demais devedores,
presumindo-se iguais, no débito, as partes de todos os codevedores.

 Art. 284 do CC: No caso de rateio entre os codevedores, contribuirão


também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na
obrigação incumbia ao insolvente.

 Esse artigo diz que no caso de rateio entre os codevedores, os devedores


que foram exonerados da solidariedade devem responder pela parte que
cabia ao devedor insolvente.
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Art. 285 do CC: Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos


devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar.

 Esse artigo diz que se um dos devedores foi o único beneficiado pela
dívida, este devedor responderá por toda a dívida sozinho perante os
demais devedores. Nesse caso não haverá rateio entre os devedores pois
esse devedor que foi o único beneficiado pela dívida responderá por toda
a obrigação perante os demais devedores solidários.

 Obrigações cumulativas e alternativas;

 Para entender as obrigações cumulativas e alternativas, primeiro é


necessário saber que as obrigações podem ser, quanto ao modo de
execução, simples (tem apenas uma prestação) ou composta (pode ser
chamada de complexa também, e consiste em ter duas ou mais
obrigações). Nesse caso, as duas são compostas, uma vez que há uma
multiplicidade de prestações, se diferenciando no modo como a sua
execução vai se dar, que na cumulativa se dar pelo cumprimento de todas
as obrigações e que na alternativa pelo cumprimento de uma das
obrigações.

 Obrigações cumulativas: neste tipo de obrigação existe uma


multiplicidade de prestações, ou seja, é uma obrigação composta, quanto
ao seu modo de execução, e o devedor se obriga a cumprir todas. Ocorre
em prestação que requerer uma série de atividade para poder concretizar
a obrigação principal.

 Art. 314 do CC: Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação
divisível, não pode o credor se obrigado a receber, nem o devedor a pagar,
por partes, se assim não se ajustou.

 Esse artigo diz respeito ao modo que a prestação será cumprida, que nas
obrigações cumulativas, a obrigação só estará de fato cumprida quando o
devedor tiver feito todas as atividades que foram acordadas no contrato.
Assim, esse artigo veda a possibilidade de a prestação ser paga de forma
fracionada, uma vez que não foi o acordo feito pelas partes.

 Obrigações alternativas (Art. 252 ao 256 do CC);


Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Nesse tipo de obrigação, existem duas ou mais prestações, mas o devedor


extinguirá a obrigação cumprindo apenas uma das prestações, ou seja, o
deve cumprir apenas uma das prestações que foram estipuladas no
contrato, ficando assim, desobrigado das demais.

 Art. 152 do CC: Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor,


se outra coisa não se estipulou.

§ 1 o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma


prestação e parte em outra.

§ 2 o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de


opção poderá ser exercida em cada período.

§ 3 o No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime


entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a
deliberação.

§ 4 o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder


exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes.

 Esse artigo diz que, em via de regra, nas obrigações alternativas a escolha
de qual obrigação será realizada cabe ao devedor, se as partes não
tiverem estipulado o contrário.

 O parágrafo primeiro do artigo diz que o devedor não pode obrigar o


credor a receber parte de uma prestação e parte de outra, isto é, não pode
o devedor, de forma arbitrária, decidir fazer parte de uma prestação e
parte de outra para cumprir a obrigação.

 O parágrafo segundo do artigo trata das obrigações periódicas (cumpridas


de tempo em tempo) e diz que a escolha poderá ser exercida em cada
período, ou seja, o devedor, se o contrário não dispuser de contrato,
poderá escolher qual obrigação irá cumprir em cada período.

 O parágrafo terceiro diz que a escolha da prestação, na obrigação


alternativa, poderá caber a várias pessoas, se assim contar do negócio
jurídico. Sendo assim, caso não haja uma decisão entre esses indivíduos
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

sobre a prestação a ser cumprida, cabe ao juiz estipular um prazo para a


decisão, e se ainda não tomarem uma decisão, a escolha caberá ao juiz.

 O parágrafo quarto permite que a escolha seja feita por um terceiro, se


assim constar no contrato. Se essa pessoa não puder ou não quiser fazer
a escolha, e se as partes não chegaram em um acordo, cabe ao juiz a
escolha.

 Art. 253 do CC: Se uma das duas prestações não puder ser objeto da
obrigação ou se tornada exequível, subsistirá débito quanto à outra.

 Esse artigo diz que se uma das prestações, da obrigação alternativa, torna-
se impossível (física e juridicamente) ou exequível, a obrigação persiste
em relação às demais prestações, isto é, como somente uma das
prestações se tronou impossível, o devedor ainda terá que cumprir a que
sobrou ou as que sobraram, pois ainda está obrigado com essas.

 Art. 254 do CC: Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir nenhuma
das prestações, não competindo ao credor a escolha, ficará aquele
obrigado a pagar o valor da que por último se impossibilitou, mais as
perdas e danos que o caso determinar.

 Esse artigo diz que, em uma obrigação alternativa, no caso de todas as


prestações de tornarem impossíveis, com culpa do devedor, e a escolha
não competir ao credor, deverá o devedor pagar o valor da última
prestação que se impossibilitou, mais as perdas e danos.

 Art. 255 do CC: Quando a escolha couber ao credor e uma das prestações
tornar-se impossível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir
a prestação subsistente ou o valor da outra, com perdas e danos; se, por
culpa do devedor, ambas as prestações de tornarem inexequíveis, poderá
o credor reclamar o valor de qualquer das duas, além de indenização por
perdas e danos.

 Esse artigo diz que, em uma obrigação alternativa, quando a escolha


couber ao credor, e por culpa do devedor uma das obrigações se tornar
impossível, o credor poderá exigir a prestação subsistente ou o valor da
outra, mais as perdas e danos. Se na mesa situação, todas as prestações
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

se tronarem impossíveis, o devedor poderá cobrar o valor de qualquer


uma, mais as perdas e danos.

 Art. 256 do CC: Se todas as prestações se tornarem impossíveis sem culpa


do devedor, extinguir-se-à a obrigação.

 Esse artigo diz que em uma obrigação alternativo, caso as prestações se


tornem impossíveis, sem culpa do devedor, a obrigação será extinta, pois
nesse caso não restou nenhuma obrigação a ser cumprida.

 Obrigações civis e naturais;

a) Obrigações civis: são aquelas que se encontram respaldadas no


direito positivo, podendo seu cumprimento ser exigido pelo
credor, por meio de ação.

b) Obrigações naturais: quando falta esse poder de garantia ou falta


a responsabilidade do devedor. Trata-se de uma obrigação sem
garantia, sem sanção, sem ação para se fazer exigível. O código civil
se refere às obrigações naturais em dois momentos, no art. 882 e
art. 564, III.

 Obrigações de meio, de resultado e de garantia;

a) Obrigações de meio: o devedor promete empregar seus


conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado
resultado, sem, no entanto, responsabilizar-se por ele, como, por
exemplo, um cirurgião.

b) De resultado: o devedor dela se exonera somente quando o fim


prometido é alcançado. Não o sendo, é considerado
inadimplemento, devendo responder pelos prejuízos decorrentes
do insucesso, como, por exemplo, um transportador.

c) De garantia: é a que visa eliminar um risco que pesa sobre o credor,


ou as suas consequências. Se destina a propiciar maios segurança
ao credor, ou eliminar risco existente em sua posição, mesmo em
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

hipóteses de fortuito ou força maior, dada a sua natureza, como,


por exemplo, uma seguradora.

 Das obrigações de execução instantânea, diferida e continuada;

a) Obrigações instantâneas: se esgota num momento ou num


período tão limitado de tempo que equivale praticamente a um
momento.

b) Obrigações diferidas: se exaures em um só ato, porém a ser


realizado em data futura e não no mesmo instante que é
contraída.

c) Obrigações de execução continuada: são aquelas que se


prolongam no tempo.

 Das obrigações puras e simples, condicionais, a termo e modais;

a) Obrigações puras e simples: não são sujeitas a condição, termo ou


encargo. São as que produzem efeitos imediatos, logo que
contraídas.

b) Obrigações condicionais: são aquelas cujo efeito está subordinado


a um evento futuro e incerto. # ver com mais detalhes no slide.

c) Obrigação a termo: as partes subordinam os efeitos da obrigação a


evento futuro e certo, que pode ser convencional (subordina o
negócio jurídico a evento futuro e certo), de direito (é a lei que
subordina o negócio jurídico a algo) ou de graça (dilação de prazo
concedido ao devedor).

d) Obrigações modais ou de encargo: possui uma cláusula assessória,


que impõe um ônus ao beneficiário de determinada relação
jurídica. Se não for cumprido, você pode perder o que lhe foi dado.

 Das obrigações líquidas e ilíquidas;


Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

a) Obrigações líquidas: obrigações líquidas são aquelas cuja existência


é certa e cujo o objeto é determinado. Será líquida a obrigação
quando o objeto de sua prestação pode ser expresso em um valor
determinado, em caso de dívidas de dinheiro, ou se trata de um
objeto individualizado.

b) Obrigações ilíquidas: ao contrário das obrigações liquidas, são


aquelas em que o objeto da prestação é incerto, dependendo de
prévia apuração. Para o seu cumprimento, é necessário ser tornada
liquida através da liquidação, pela via judicial.

 Das obrigações principais e acessórias;

a) Obrigações principais: são aquelas que existem sozinhas, ou seja,


não necessitam de nenhuma outra para existir, como, por exemplo,
um contrato de compra e venda.

b) Obrigações acessórias: são aquelas obrigações que dependem de


outra para existir, ou seja, dependem da obrigação principal, como,
por exemplo, uma cláusula penal em um contrato de compra e
venda.

 É importante saber que a invalidade da obrigação principal


implica a das obrigações acessórias, porém, o contrário não
é verdadeiro, segundo o princípio da gravitação jurídica.

 Vale destacar que o art. 233 do CC diz que a obrigação de


dar a coisa certa abrange os acessórios, mesmo que não
mencionados, a não ser que se estipule o contrário.

 Transmissão das obrigações

 A relação obrigacional admite alterações na composição de seus


elementos essenciais, o conteúdo ou objeto e sujeitos ativo e passivo. O
direito moderno admite, sem qualquer dificuldade, a livre transferência
das obrigações, que quanto ao lado ativo, quer quanto ao lado passivo.
Assim, pode-se chegar a conclusão de que a relação obrigacional é passível
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

de alteração de seu elemento pessoal, sem que essa mudança atinja a sua
individualidade, de modo que o vínculo subsistirá na sua identidade,
apesar das modificações operadas pela sucessão singular ativa ou passiva.
Mesmo com a substituição de um dos sujeitos da relação obrigacional,
essa permanece a mesma, continuando a existir como se não houvesse
sofrido qualquer alteração.

 Cessão;

 É o ato determinante da transmissibilidade das obrigações, e se caracteriza


por uma transferência negocial, a título gratuito ou oneroso, de um direito,
de um dever, de uma ação ou um complexo de direitos, deveres e bens,
de modo que o adquirente, denominado cessionário, exerça posição
jurídica idêntica à do antecessor, que figura como cedente.

 Espécies de cessão: a transmissibilidade das várias posições obrigacionais


podem se dar de várias maneiras:

a) Cessão de crédito: acontece quando o credor transfere a outrem


seus direitos na relação obrigacional.

b) Cessão de débito: acontece quando o devedor transfere sua


posição na relação jurídica sem novar, isto é, sem acarretar a
criação de uma obrigação nova e a extinção da anterior.

c) Cessão de contrato: transfere ao cessionário a inteira posição


contratual do cedente.

 O código de 2002 reestruturou o Livro das Obrigações, criando um título


novo denominado “Da transmissão das obrigações”, no qual disciplinou a
cessão de crédito (Capítulo I) e a cessão de débito, está sob a denominação
de assunção de dívidas (Capítulo II).

 Cessão de crédito (Art. 286 ao 298);

 Cessão de crédito é o negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor


transfere a outrem seus direitos na ralação obrigacional. Nesse tipo de
cessão, o credor que transfere os seus direitos é denominado cedente, e o
terceiro a quem eles são transmitidos é denominado cessionário. O outro
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

personagem, que é o devedor, que também pode ser chamado de cedido,


não participa necessariamente da cessão, que pode ser realizada sem a
sua anuência. Deve ser, no entanto, avisado da cessão, para que possa
solver a obrigação ao legítimo detentor do crédito.

 Classificação da cessão de crédito;

 Quanto a extensão do crédito;

a) Cessão de crédito total: quando o credor transfere todos os seus


direitos de crédito para outra pessoa.

b) Cessão de crédito parcial: quando o credor transfere apenas


parte de seus direitos de crédito para outra pessoa.

 Quanto as obrigações que a cessão de crédito pode gerar;

a) Cessão de crédito a título gratuito: ocorre quando o credor


transfere a obrigação gratuitamente, ou seja, não cobra nada
pelos direitos cedidos.

b) Cessão de crédito a título oneroso: ocorre quando o credor


transfere a obrigação em troca de uma remuneração. Como, por
exemplo, um banco que tem um crédito com um devedor no valor
de 50.000, e resolve ceder seu direito de crédito para a agência
de cobrança Y pelo valor de 5.000.

 Quanto à origem;

a) Cessão de crédito convencional: acontece quando a cessão de


crédito é determinada pela livre vontade do cedente e do
cessionário.

b) Cessão de crédito legal: acontece quando a cessão de crédito


pela determinada pela lei.

c) Cessão de crédito judicial: acontece quando a cessão de crédito


é determinada por decisão judicial. Como, por exemplo, um
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

inventário que o juiz decide que um crédito do falecido será


transmitido para o seu herdeiro.

 Classificação pro soluto e pro solvendo;

a) Cessão de crédito pro soluto: ocorre quando o credor transfere seu


direito de crédito em pagamento de uma obrigação sua. Como, por
exemplo, João deve 100 reais a José, Joaquim deve 100 reais a João.
João com a intenção de pagar José, cede o seu crédito perante
Joaquim para José. Aqui, o cedente só responde pela existência do
crédito, não respondendo pela solvência do devedor, ou seja, caso
Joaquim não pague, José não responde.

b) Cessão de crédito pro solvendo: acontece quando o credor


transfere seu crédito em garantia de pagamento a obrigação sua
com o cessionário. No exemplo anterior, a transferência do crédito
não seria definitiva, sendo apenas uma garantia de pagamento.
Nesse caso, se o devedor não pagasse, o cedente terá que pagar o
valor do crédito.

 Art. 286 do CC: O credor pode ceder o seu crédito, se a isso não se opuser
a natureza da obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor; a cláusula
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se
não constar no instrumento da obrigação.

 Em regra, todos os créditos podem ser objeto de cessão, constem de título


ou não, vencidos ou por vencer, salvo se a isso se opuser a natureza da
obrigação, a lei, ou a convenção com o devedor, assim como está disposto
no art. 286.

 Esse artigo trás as hipóteses de quando um crédito não pode ser cedido,
tendo três casos. O primeiro é quando se opuser a natureza da obrigação,
pois nem todo direito pode ser cedido, como, por exemplo, os direitos
personalíssimos (alimentos); os direitos de personalidade (nome; honra;
filiação, etc); os créditos alimentares (salários e vencimentos). Vale
ressaltar que esses direitos não podem ser cedidos porque pertencem
exclusivamente a própria pessoa. O segundo é quando a lei dispuser em
contrário, ou seja, se a lei não permite a cessão de um tipo de crédito, o
credor não poderá realizar a cessão, como, por exemplo, o art. 298. O
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

terceiro é por convenção com o devedor, isto é, o credor não pode ceder o
crédito quando ficou convencionado no negócio jurídico feito entre o
credor e o devedor que não será permitida a cessão (cláusula proibitiva de
cessão).

 O final do art. 286 diz que a cláusula proibitiva não poderá ser oposta
cessionário de boa-fé, se não constar no instrumento da obrigação, isto é,
a cláusula contratual que proíbe a cessão de crédito tem de constar
expressamente no contrato (instrumento) para poder ser exigida. Caso o
credor realize uma cessão de crédito para um cessionário de boa-fé e,
posteriormente, o devedor venha alegar que o crédito não poderia ser
cedido, a proibição somente poderá ser alegada pelo devedor se constar
no instrumento da obrigação.

 Requisitos de validade da cessão de crédito;

a) Requisitos subjetivos: tanto o cedente quanto o cessionário devem


ser capazes, principalmente para alienar e adquirir.

b) Requisitos objetivos: o objeto da cessão, ou seja, o crédito, deve


ser possível, tanto material quanto juridicamente.

c) Requisitos formais: a cessão, a princípio, tem forma livre, podendo


até mesmo ser verbal, e sendo por escrito, poderá ser instrumento
público ou privado (ler com detalhes no slide).

 Art. 287 do CC: Salvo disposição em contrário, na cessão de um crédito


abrangem-se todos os seus assessórios.

 Esse artigo diz que quando o credor ceder seu crédito para outra pessoa,
ele também estará cedendo todos os assessórios desse crédito, em
conformidade com o princípio da gravitação jurídica, salvo os casos que as
partes dispuseram o contrário.

 Art. 288 do CC: É ineficaz, em relação a terceiros, a transmissão de um


crédito, se não celebrar-se mediante instrumento público, ou instrumento
particular revestido das solenidades do § 1 o do art. 654.
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Em via de regra, a cessão de crédito para gerar efeito entre as partes, pode
ser realizada de forma livre. Considerando que a lei não exige uma forma
especial, a cessão de crédito é um negócio jurídico não solene (de forma
livre). Entretanto, o art. 288 diz que para que a cessão de crédito tenha
eficácia em relação a terceiros, deverá obedecer aos requisitos, que são
ser realizada por instrumento público ou ser realizada por instrumento
particular que obedeça as solenidades previstas no art. 654, § 1, do CC.
Instrumento público é aquele realizado por escritura pública, é um
documento público elaborado por um tabelião (cartório ou tabelionato) e
o instrumento particular é o negócio jurídico realizado entre as partes, não
é confeccionado no cartório, mas para que a cessão de crédito tenha
eficácia contra terceiros, o instrumento particular deverá obedecer aos
requisitos previstos no art. 654, §, que estabelece que o instrumento
particular deve conter indicações do lugar onde foi passado, a qualificação
do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a
designação e a extensão dos poderes conferidos (ver melhor na vídeo
aula).

 Art. 289 do CC: O cessionário de crédito hipotecário tem o direito de fazer


averbar a cessão no registro do imóvel.

 Para entender o que diz o art. 289, primeiro é preciso saber o que é crédito
hipotecário, que é quando um bem imóvel é oferecido pelo devedor ao
credor como garantia de pagamento. Em palavras técnicas, é um direito
de garantia de natureza real para assegurar a eficácia de um direito
pessoal. Dessa forma, quando um credor recebe um crédito hipotecário
como garantia do pagamento de uma dívida e, posteriormente, o credor
transfere o crédito hipotecário para outra pessoa, essa pessoa que
recebeu o crédito será chamada de cessionário do crédito hipotecário. O
cessionário do crédito hipotecário, assim como está disposto no artigo,
tem o direito de averbar (ato de inserir modificações que possam ter
havido no registro do imóvel) no registro do imóvel e a cessão para que
conste no registro público do imóvel e gere efeitos para terceiros, assim
todos que tiverem acesso ao registro do imóvel saberão que houve uma
cessão de crédito hipotecário.

 Art. 290 do CC: A cessão de crédito não tem eficácia em relação ao


devedor, senão quando a este notificada; mas por notificado, o devedor
que, por escrito público ou particular, se declarou ciente da cessão feita.
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Na cessão de crédito, o credor pode ceder o seu crédito para outro,


mesmo sem anuência do devedor, mas cabe ao cedente notificar o
devedor, para que ele possa cumprir a obrigação, ou seja, a notificação do
devedor, exigida pelo art. 290, tem o objetivo de comunicar o devedor,
para que este esteja ciente de quem é o verdadeiro dono do crédito, ou
seja, o cessionário. O fato de o devedor não ter sido notificado da cessão
de crédito apenas torna ineficaz a cessão em relação ao devedor, mas não
invalida a cessão de crédito feita entre o cedente e o cessionário. O final do
artigo, esclarece que se tem por notificado o devedor que, em escrito
público ou particular, se declarou ciente da cessão feita, ou seja, se o
devedor já se declarou ciente da cessão de crédito, ele não precisará mais
ser notificado. Em um exemplo, se um devedor, que não foi notificado e
nem se declarou ciente por meio de escrito público ou particular, pagar,
de forma errada, para o credor primitivo, este pagamento será
considerado bem feito, em homenagem a boa-fé do devedor. Entretanto,
no caso de tendo sido notificado ou se declarou ciente da cessão, e ainda
sim pagou ao credor primitivo, o devedor terá que pagar novamente o
cessionário, pois quem paga mal, paga duas vezes. Vale ressaltar que o
artigo não prever nenhuma forma em especifico para a notificação, logo
esta pode se dar de forma judicial ou extrajudicial, podendo ser realizada
pelo cedente ou pelo cessionário.

 Art. 291 do CC: Ocorrendo várias cessões do mesmo crédito, prevalece a


que se completar com a tradição do título do crédito cedido.

 Esse artigo diz que se ocorrer mais de uma cessão do mesmo crédito, vai
valer a cessão que ocorreu pela tradição (entrega) do título do crédito
cedido, ou seja, havendo várias cessões do mesmo crédito, o devedor
deverá pagar para o cessionário que estiver com o título do crédito que foi
cedido.

 Art. 292 do CC: Fica desobrigado o devedor que, antes de ter


conhecimento da cessão, paga ao credor primitivo, ou que, no caso de
mais de uma cessão notificada, paga ao cessionário que lhe apresenta,
com o título de cessão, o da obrigação cedida; quando o crédito constar
de escritura pública, prevalecerá a prioridade da notificação.

 Esse artigo trás três situações, a primeira é o caso de quando o devedor


não é notificado da cessão de crédito, e nesse caso ele ficará desobrigado
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

se pagar a dívida ao devedor primitivo, uma vez que não foi notificado e
não se declarou ciente da cessão de crédito. O segundo caso fala sobre
quando o credor faz mais de uma cessão de crédito e o devedor for
notificado de mais de uma cessão, então ele ficará desobrigado se pagar a
dívida para o cessionário que apresentar o título do crédito cedido. E o
terceiro caso diz respeito a se forem feitas mais de uma cessão do mesmo
crédito por escritura pública, e nesse caso o devedor ficará desobrigado se
pagar para o cessionário cuja cessão o devedor foi notificado por primeiro.

 Art. 293 do CC: Independentemente do conhecimento da cessão pelo


devedor, pode o cessionário exercer os atos conservatórios do direito
cedido.

 Esse artigo diz que mesmo que o devedor não ter sido notificado da cessão
de crédito não se extingue a dívida para com o cessionário. Assim que o
credor cede seu crédito para o cessionário, este assume a posição do
credor na relação jurídica. Após a cessão de crédito, o cessionário passa a
ser o novo credor e passa a ter o mesmos direitos que o credor primário,
logo, segundo o que está disposto no artigo, mesmo que o devedor não
tenha sido notificado, o cessionário poderá exercer os seus direitos de
atual credor e exercer o seus direitos para garantir o seu crédito.

 Art. 294 do CC: O devedor pode opor ao cessionário as exceções que lhe
competirem, bem como as que, no momento em que veio a ter
conhecimento da cessão, tinha contra o cedente.

 Esse artigo diz que o devedor pode opor exceções contra o cessionário em
relação ao próprio cessionário, isto é, pode opor às defesas que tiver
contra o próprio cessionário, e contra o cessionário em relação ao cedente,
isto é, pode opor defesas que tiver em relação ao cedente por fatos
ocorridos até o momento que soube da cessão. No caso das exceções com
relação ao cedente, o devedor só poderá opor aquelas que ocorreram
antes de ter conhecimento da cessão de crédito, pois, após ser notificado,
o devedor já tem conhecimento que existe outro credor.

 Art. 295 do CC: Na cessão por título oneroso, o cedente, ainda que não se
responsabilize, fica responsável ao cessionário pela existência do crédito
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas


cessões por título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

 Esse artigo diz que quando o cedente faz uma cessão de crédito onerosa,
este ficará responsável perante o cessionário pela existência do crédito ao
tempo em que lhe cedeu, ou seja, no momento em que foi realizada a
cessão de crédito, o crédito necessariamente tem de existir sob pena de
configurar-se o enriquecimento ilícito do cedente, independentemente se
o cedente agiu de má-fé ou boa-fé. Se o crédito deixar de existir depois da
cessão de crédito, o cedente não responderá. O final do artigo estabelece
que o cedente também vai ser responsável pela existência do crédito nas
cessões gratuitas, mas somente se ficar provada a sua má-fé, e existe essa
diferença, pois, no caso das cessões onerosas, está tentando se evitar o
enriquecimento ilícito do cedente, e nas cessões gratuitas, como não
existe o enriquecimento ilícito do cedente, somente os casos em que este
agir de má-fé é que será responsabilizado.

 Art. 296 do CC: Salvo estipulação em contrário, o cedente não responde


pela solvência do devedor.

 Esse artigo diz que se o contrato silenciar quanto à responsabilidade do


cedente pela solvência do devedor, o cedente não será responsável pela
solvência do devedor e, consequentemente, não será responsável pelo
pagamento da dívida. Para que o cedente seja responsável pela solvência
do devedor, a responsabilidade tem de estar expressa no negócio jurídico
firmado entre o cedente e o cessionário.

 Art. 297 do CC: O cedente, responsável ao cessionário pela solvência do


devedor, não responde por mais do que daquele recebeu, com os
respectivos juros; mas tem de ressarcir-lhe as despesas da cessão e as que
o cessionário houver feito com a cobrança.

 Esse artigo traz o caso em que o cedente é responsável pela solvência do


devedor, no caso da cessão pro solvendo e onerosa, e diz que, caso o
devedor seja insolúvel, o cedente deverá devolver o valor que recebeu do
crédito, exceto se o contrário constar no contrato, mais os respectivos
juros e as despesas da cessão e as que o cessionário houver feito com a
cobrança.
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Art. 298 do CC: O crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser
transferido pelo credor que tiver conhecimento da penhora; mas o
devedor que o pagar, não tendo notificação dela, fica exonerado,
subsistindo somente contra o credor os direitos de terceiros.

 Esse artigo diz que quando o credor tem um crédito para receber e esse
crédito é penhorado, e o credor tiver ciência da penhora sobre o seu
crédito, o credor não poderá transferir esse crédito que foi penhorado
para outra pessoa (o credor não poderá fazer uma cessão de crédito do
crédito que foi penhorado). O artigo ainda destaca que, se o devedor não
tiver sido notificado da penhora do crédito do credor, e pagar a dívida
diretamente para o credor, o devedor não terá responsabilidade e não
precisará pagar a dívida novamente, e o terceiro somente poderá cobrar o
crédito do próprio credor.

 Assunção de dívidas (Art. 299 ao 303);

 Assunção de dívidas é o negócio jurídico por meio do qual terceiro assume


a responsabilidade da dívida contraída pelo devedor originário. Sem que a
obrigação deixe de ser ela própria, pois na assunção de dívidas, a dívida
permanece inalterada, o único elemento que muda é o devedor, que tem
a dívida assumida por um terceiro chamado de assuntor.

 Espécies: a assunção de dívida poderá ser causa mortis, que é quando os


herdeiros assumem as obrigações do falecido dentro dos limites do seu
patrimônio herdado. Assumirá com todas as vantagens e desvantagens, ou
seja, se estava prescrita, continuará prescrita, se era garantido por
hipoteca, assim continuará. Também pode ser inter vivos, que pode
ocorrer de duas formas, delegação ou expromissão.

a) Delegação: quando o devedor transfere o débito a terceiros com o


consentimento do credor. Pode ser da seguinte forma, delegação
imperfeita, que por sua vez pode ser privativa ou cumulativa.
Privativa ou liberatória, é a que libera o devedor primitivo,
ocupando-se seu lugar um terceiro, por ele indicado. Já a
cumulativa o devedor primitivo indica um novo devedor,
continuando, porém, obrigado perante o credor.
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

b) Expromissão: é o negócio jurídico pelo qual uma pessoa assume


espontaneamente a dívida de outra, ou seja, um terceiro, de acordo
com a sua vontade, expressa interesse em assumir a dívida de
outra.

 Art. 299 do CC: É facultado a terceiro assumir a obrigação do devedor, com


o consentimento expresso do credor, ficando exonerado o devedor
primitivo, salvo se aquele, ao tempo da assunção, era insolvente e o credor
ignorava.

 Parágrafo único: Qualquer das partes pode assinar prazo ao credor para
que consinta na assunção da dívida, interpretando-se seu silêncio como
recusa.

 Esse artigo diz que existe a possibilidade de um terceiro assumir a dívida


de outro, mas deixa claro que é necessário o consentimento expresso do
credor, pois, para o credor, a pessoa do devedor é fundamental para o
recebimento do crédito, por isso é necessário que a assunção da dívida
com o seu consentimento expresso. O artigo ainda destaca que, depois da
assunção da dívida, o devedor primitivo fica exonerado da obrigação, ou
seja, o devedor primitivo é liberado da obrigação. Se ocorrer o caso de o
terceiro ser insolvente, e o credor não sabia, o devedor primitivo não fica
exonerado da dívida, podendo ser demandado para pagar a dívida,
ocorrendo uma assunção de dívida cumulativa, que é o caso em que o
assuntor e o devedor primitivo são responsáveis pelo pagamento da
dívida.

 O parágrafo único destaca que qualquer das partes pode assinar prazo
para que o credor aceite a assunção da dívida, e destaca que o silêncio
desse implica recusa, ou seja, se o credor silenciar, quer dizer que não
aceitou a assunção de dívida.

 Art. 300 do CC: Salvo assentimento expresso do devedor primitivo,


considerar-se extintas, a partir da assunção da dívida, as garantias
especiais por ele originalmente dadas ao credor.

 Para entender o que diz o artigo, é preciso saber que garantias essenciais
são formas de garantir o pagamento de uma dívida, e que não são
essenciais ao negócio jurídico. São aquelas garantias prestadas
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2
voluntariamente pelo devedor ou por um terceiro, como, por exemplo, a
hipoteca, o penhor, a fiança etc. Então, artigo diz que, se o devedor
primitivo não concordou expressamente com a assunção da dívida, as
garantias especiais prestadas pelo devedor primitivo serão extintas,
entretanto, se concordou expressamente, as garantias especiais
permanecem.

 Sobre a garantia dada por terceiros, como a fiança, o terceiro que garantiu
o pagamento de uma dívida prestou a garantia em razão da pessoa do
devedor. Caso haja assunção da dívida e, consequentemente, mude a
pessoa do devedor, a garantia prestada pelo terceiro deverá ser extinta,
pois o terceiro somente foi garantido da dívida porque levou em
consideração a pessoa do devedor, exceto se esse garantidor consentir em
manter a garantia.

 Art. 301 do CC: Se a substituição do devedor vier a ser anulada, restaura-


se o débito, com todas as suas garantias, salvo as garantias prestadas por
terceiros, exceto se este conhecia o vício que inquinava a obrigação.

 Se o contrato de assunção vier a ser anulado, ocorre o renascimento da


obrigação para o devedor originário, com todos os seus privilégios e
garantias, salvo as que tiverem sido prestadas por terceiros. O motivo
dessa regra é que se a substituição do devedor não ocasiona alteração na
relação obrigacional, que permanece intacta, com todos os seus
acessórios, também se mantem inalterada a obrigação se a substituição é
invalidada, retomando o devedor primitivo ao polo passivo. Entretanto, se
as garantias especiais prestadas por terceiros e que haviam sido
exoneradas pela assunção, não podem ser restauradas, salvo se este tinha
conhecimento do defeito jurídico que viria a por fim à assunção, ou seja,
trata-se da aplicação do princípio da boa-fé.

 Art. 302 do CC: O novo devedor não pode opor ao credor as exceções
pessoais que competiam ao devedor primitivo.

 Aquele que assume a posição do devedor na relação obrigacional só pode


alegar contra o credor as defesas decorrentes do vínculo anterior
existente entre credor e o devedor primitivo, não lhe cabendo as defesas
pessoais que derivem das relações existente entre ele, o novo devedor, e
o devedor primitivo, ou entre este e o credor. Não pode alegar, por
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

exemplo, o direito de compensação que possuía o devedor primitivo em


face do credor.

 Art. 303 do CC: O adquirente do imóvel hipotecado pode tornar a seu


cargo o pagamento do crédito garantido; se o credor, notificado, não
impugna em trinta dias a transferência do débito, entender-se-à dado o
assentimento.

 ”O dispositivo, excetuando a regra geral de que o consentimento do credor


há de ser expresso, admite a hipótese de concordância tácita do credor
hipotecário que, notificado da assunção, não a impugna no prazo de trinta
dias. A hipótese, segundo Silvio Rodrigues, deveria ser até mesmo de
dispensa da anuência do credor, sobretudo se o valor da hipoteca for
superior ao débito, devendo “a lei permitir a cessão por mero acordo entre
devedor e cessionário, pois a oposição do credor não encontra outro
esteio que não seu capricho, visto que seu interesse não sofre ameaça, por
força da excelência da garantia” (Direito civil, 24. ed., São Paulo, Saraiva,
1996, v. 2, p. 310). De fato, em hipóteses tais, a segurança do credor reside
muito mais na garantia em ~i do que na pessoa do devedor. Se a assunção
do débito pelo terceiro adquirente do imóvel possibilita a permanência da
garantia real, pouca ou nenhuma diferença fará ao credor se o devedor
será A ou B. Dai a mitigação da exigência de que o consentimento do
credor seja expresso, sobretudo nessas hipóteses em que a garantia é
superior ao débito.”

 Cessão de contrato;

 Consiste na transferência da inteira posição ativa e passiva do conjunto de


direitos e obrigações de que é titular uma pessoa, derivados de um contato
bilateral já ultimado, mas de execução ainda não concluída. É necessária a
concordância do cedido para a eficácia do negócio em relação a ele. Pode
ser antes da celebração do negócio ou posteriormente. Se for anterior, a
cessão só produz efeitos depois de notificado do cedido. O contrato base
deve ter natureza bilateral, isto é, deve gerar obrigações recíprocas, pois,
se for unilateral, a hipótese será de cessão de crédito ou débito. Vale
ressaltar que cessão de contrato é sempre consensual e não pode ser
confundida com contrato derivado ou subcontrato, porque neste o
contratante mantém a sua posição contratual, limitando-se a criar um
novo contrato da mesma natureza com terceiro.
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Efeitos;

 Entre o contratante e o contraente cedido: a cessão pode se efetuar com


ou sem a liberação do cedente perante o contratante cedido. A regra é a
liberação do cedente, quando acontece sem liberação, embora o
cessionário assuma a posição contratual, o cedente continua vinculado ao
negócio, não apenas como garantidor do seu cumprimento, mas, em
regra, como principal pagador. Dependerá a extensão do que foi pactuado,
na falta de pactuação, o cedido poderá cobrar tanto o cessionário como o
cedente, sem ordem de preferência.

 Entre o cedente e o cessionário: o cedente responde, na cessão, por título


oneroso, pela existência da relação contratual cedida, e, na realizada a
título gratuito, se tiver procedido de má-fé.

 Entre o cessionário e o contratante cedido: a transmissão da posição


contratual acarreta a substituição do cedente pelo cessionário na relação
contratual com o cedido. Assim, o cedido passa a ter o direito de cobrar
tudo ao cessionário, tudo o que poderia cobrar do cedente. Da mesma
forma, o cessionário poderá exigir tudo o que o cedente poderia exigir do
cedido.

 Adimplemento;

 O pagamento ou adimplemento é o ato do devedor satisfazendo o direito


do credor, pondo fim à obrigação, sendo o exato cumprimento da
obrigação. Assim, pagar significa, portanto, satisfazer o direito do credor,
seja dando alguma coisa, fazendo ou não fazendo algo. Não significa
apenas a entrega de uma soma em dinheiro, mas poderá também traduzir,
em sentido mais amplo, o cumprimento voluntário de qualquer espécie de
obrigação.

 Condições de validade do pagamento:

a) A capacidade de fato que possuem os maiores de 18 anos, bem


como os emancipados. Os absolutamente incapazes serão
representados e os relativamente incapazes serão assistidos;
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b) A capacidade negocial, sendo esta a satisfação de alguns requisitos


extras exigidos pela lei em alguns casos específicos;

c) Objeto possível;

d) O pagamento deve ser efetuado por forma adequada e conforme o


pactuado. Visto que o credor não é obrigado a receber algo diverso
do combinado, mesmo que mais valioso.

 Quem pode pagar (Art. 304 ao 307);

 Art. 304 do CC: Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la,


usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do
devedor.

 Parágrafo único: Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer


em nome e á conta do devedor, salvo oposição deste.

 Esse artigo diz que, além do devedor por si só, do seu representante legal
ou contratual ou seus sucessores, pode pagar o terceiro interessado e o
terceiro não interessado. São terceiros interessados aqueles que podem
vir a ser obrigado a pagar, ou todo aquele que pode vir a se prejudicar caso
o devedor não pague, como, por exemplo, o fiador, o avalista, o devedor
solidário, o sublocatário, o sócio, o terceiro que prestou hipoteca ou
penhor, e todos estes podem pagar a dívida independentemente do
consentimento do devedor, e vale ressaltar que esse pagamento não
extingue a dívida do devedor, somente extingue dívida em relação ao
credor, ou seja, o devedor continua devendo, só que ao terceiro por força
de sub-rogação, a qual tem o poder de transferir ao terceiro interessado
que paga, todos os privilégios do credor. Já o terceiro não interessado
somente pode pagar pelo devedor e, em consequência desse pagamento,
sub-rogar-se nos direitos de credor do devedor, se este não se opuser.

 O devedor é o principal interessado em executar a obrigação podendo


fazê-lo pessoalmente ou por meio de seu representante ou se for incapaz
por seu representante legal. Se houver falecido, a dívida se transmite aos
herdeiros, porém somente responderão pela obrigação com os bens da
herança.
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 Art. 305 do CC: O terceiro não interessado que paga a dívida em próprio
nome, tem direito a reembolsar-se do que pagar; mas não sub-roga-se nos
direitos do credor.

 Parágrafo único: Se pagar antes de vencida a dívida, só terá direito ao


reembolso no vencimento.

 Mesmo havendo oposição do devedor, pode o terceiro não interessado


quitar a dívida, desde que faça em nome próprio, ainda que em benefício
do devedor. Em respeito à regra do enriquecimento sem causa, pode o
terceiro reembolsar-se, junto ao devedor, pelo que houver pago, sem, no
entanto, sub-rogar-se nos direitos do credor. Como não lhe seria possível
onerar a posição do devedor, pagando valor superior ao devido ou em data
anterior ao vencimento, o reembolso estará limitado ao valor do débito e
só poderá ser cobrado na data do vencimento.

 Art. 306 do CC: O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou


oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o
devedor tinha meios para ilidir a ação.

 Esse artigo diz que o devedor, mesmo aproveitando-se, aparentemente,


do pagamento feito pelo terceiro, não estará mais obrigado a reembolsa-
lo, desde que dispusesse, à época, dos meios legais para ilidir a ação do
credor, ou seja, evitar que o credor exercesse os seus direitos de cobrança,
como, por exemplo, quando a dívida está vencida.

 Art. 307 do CC: Só terá eficácia o pagamento que importar transmissão da


propriedade, quando feito por quem possa alienar o objeto em que ele
consistiu.

 Parágrafo único: Se se der em pagamento coisa fungível não se poderá


mais reclamar o credor que, de boa-fé, a recebeu e consumiu, ainda que o
solvente não tivesse o direito de aliená-la.

 O pagamento que importar em alienação (obrigação de dar) não terá


eficácia se feito por quem não era dono da coisa. Se porém era fungível a
coisa e o credor a recebeu e a consumiu de boa-fé, reputa-se eficaz o
pagamento e do credor nada se poderá reclamar, cabendo ao terceiro, que
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era o verdadeiro proprietário, buscar reparações cabíveis do devedor que


entregou o que não lhe pertencia.

 A quem pagar (Art. 308 ao 312);

 Art. 308 do CC: O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito
o representa, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto
quanto reverter em seu proveito.

 Esse artigo diz que o pagamento deve ser feito ao credor, aos seus
sucessores ou quem os represente, pois quem paga mal paga duas vezes.
O pagamento deve ser feito ao credor ou a seu representante, se o
pagamento for feito à pessoa errada, a regra é que o devedor pague
novamente, exceto se provar que a culpa foi do devedor.

 Será eficaz, também, o pagamento, que feito a um estranho, vier a ser


posteriormente ratificado pelo credor. Se o pagamento, mesmo feito a um
estranho não credor, ainda assim refletiu favoravelmente sobre o credor,
dando-lhe as mesmas vantagens, que teria se o devedor o tivesse pagado
pessoalmente, fica desobrigado o devedor.

 Assim, os casos que o pagamento for feito a não credor e que o devedor
fica desobrigado são os seguintes: quando o credor der causa de erro;
quando o credor ratificar o pagamento; quando o pagamento for
proveitoso ao credor.

 Art. 309 do CC; O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido,


ainda provado depois que não era credor.

 Para entender esse artigo, é preciso saber que credor putativo é aquele
que, na percepção de todos, aparenta ser o real credor. Assim, a condição
de eficácia do pagamento feito ao credor putativo é a boa-fé do devedor,
que é caracterizada pela existência de motivos objetivos que o levaram a
acreditar tratar-se do verdadeiro credor, não basta apenas a crença
subjetiva. Também é condição de validade da eficácia do pagamento, sob
estas condições, a escusabilidade de seu erro, ou seja, a partir da
perspectiva do homem médio, qualquer um poderia ter cometido aquele
erro. Quando o pagamento ocorre nessas condições, fica o devedor
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exonerado, só cabendo ao verdadeiro credor reclamar o seu débito do


credor putativo, que recebeu indevidamente.

 Art. 310 do CC: Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz
de quitar, se o devedor não provar que em benéfico dele efetivamente
reverteu.

 O pagamento, como todo e qualquer ato jurídico, exige plena capacidade


das partes, logo, o pagamento feito ao absolutamente incapaz, é nulo de
pleno direito. Já se feito ao relativamente incapaz, poderá ser ratificado
posteriormente, quer pelo seu representante legal, que pelo próprio
incapaz, após cessado a incapacidade. Se o devedor, por justificada razão,
desconhecia a incapacidade do credor, vale aqui o princípio da boa-fé,
sendo o válido o pagamento, independentemente de comprovação de que
trouxe proveito ao incapaz.

 Art. 311 do CC: Considera-se autorizado a receber o pagamento o portador


da quitação, salvo se as circunstâncias contrariarem a presunção daí
resultante.

 Presume-se que o portador do instrumento de quitação está autorizado


pelo credor a receber a prestação em seu nome. A presunção de
autorização trazida no dispositivo é relativa e admite prova em contrário,
caso as circunstâncias gerem dúvidas quanto à validade da representação.

 Art. 312 do CC: Se o devedor pagar ao credor, apesar de intimado da


penhora feita sobre o crédito, ou da impugnação a ele oposta por
terceiros, o pagamento não valerá contra estes, que poderão constranger
o devedor a pagar de novo, ficando-lhe ressalvado o regresso contra o
credor.

 Esse artigo dispõe sobre a hipótese em que o pagamento é feito ao


verdadeiro credor, mas, mesmo assim, não tem eficácia, vez que o credor
estava impedido legalmente de receber. A penhora retira o crédito da
esfera de disponibilidade do credor, porque ele não pode recebe-lo. Se o
devedor é intimado de penhora incidente sobre o crédito ou de
impugnação judicial oposta por terceiros e, ainda assim, paga ao credor,
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estará pagando mal, e corre o risco de vir a ser compelido a pagar


novamente. O objetivo desse dispositivo é proteger o direito dos credores
do credor, uma vez que os créditos fazem parte do sue patrimônio e este
é garantia dos credores, O devedor, ciente da penhora ou da oposição
judicial que paga o débito diretamente ao credor, será cobrado
novamente pelos credores daquele, nada lhe restando fazer senão
procurar reaver do seu credor que havia pagado.

 Como provar o pagamento (Art. 319 ao 326/ PS: quando for estudar nas
férias, ver os artigos do 313 ao 318);

 Art. 319 do CC: O devedor que paga tem o direito a quitação regular, e
pode reter o pagamento, enquanto não lhe seja dada.

 Quitação é um escrito no qual o credor, tendo reconhecido o que lhe era


devido, libera o devedor, até o momento que lhe foi pago. A quitação pode
ser provada por meio de quitação ou recibo, se o devedor satisfazer a
obrigação, tem o direito de exigir a comprovação de seu ato, recusando-
se o credor, pode o devedor reter o pagamento ou obter decisão judicial
que substitua a quitação mediante ação de consignação em pagamento ou
medida cautelar de depósito.

 Art. 320 do CC: A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento
particular, designará o valor e a espécie quitada, o nome do devedor, ou
quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, com a assinatura
do credor, ou do seu representante.

 Parágrafo único: Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá


a quitação, se de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido
paga a dívida.

 O artigo estabelece que a quitação/recibo poderá ser dada por


instrumento particular ou particular, uma vez que a lei não exige forma
única para a quitação, e quando for dada por instrumento particular, esse
recibo deverá conter o valor, espécie da dívida, o nome do devedor, o
tempo e o lugar do pagamento e assinatura do credor. O parágrafo único
estabelece que, se do título da quitação ou de outras circunstâncias for
possível extrair as informações referidas no caput, a prova da quitação
valerá e será eficaz.
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 Art. 321 do CC: Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título,
perdido este, poderá o devedor exigir, retendo o pagamento, declaração
do credor que inutilize o título desaparecido.

 A despeito de o dispositivo determinar que o devedor poderá reter o


pagamento até que o credor passe a declaração que inutilize o título,
Pereira destaca que, em realidade, o devedor poderá reter o pagamento
até que o título seja encontrado ou ainda, querendo se liberar da
prestação, poderá efetuar o depósito do objeto da obrigação em juízo,
pedindo a citação do credor e dos terceiros interessados por edital. Tais
cautelas são necessárias, dado que a simples declaração do credor não
poderá se oponível a terceiro de boa-fé que, eventualmente, tenha
recebido título negocial por endosso.

 Art. 322 do CC: Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação


da última, estabelece, até a prova em contrário, a presunção de estarem
solvidas as anteriores.

 Nas obrigações de prestações continuada, a exemplo dos contratos de


locação, o pagamento da última parcela faz supor que as anteriores estão
pagas. A razão dessa presunção residi no ponto de não ser natural ao
credor receber a cota subsequente sem que as anteriores tenham sido
adimplidas, e essa presunção é em favor do devedor, tendo em vista que
ele, em tese, é a parte mais fraca da relação, e de que a obrigação lhe
restringe direitos.

 Art. 323 do CC: Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes
presumem-se pagos.

 A regra geral é que o acessório acompanhe a coisa principal, assim, é de se


presumir que a quitação liberatória da obrigação principal também libere
o devedor da obrigação assessória, que não tem existência autônomo. O
artigo, entretanto, diz que essa presunção pode ser desconsiderada se o
credor provar que não recebeu os juros.

 Art. 324 do CC: A entrega do título ao devedor firma presunção do


pagamento.
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 Parágrafo único: Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor


provar, em sessenta dias, a falta do pagamento.

 “O artigo estabelece outra presunção juris tantum, em benefício do


devedor, mas não constituiu inovação, nem mesmo em 1916, pais já
estava presente no direito português e na maioria dos códigos da época, a
exemplo do francês, do espanhol, do mexicano, do uruguaia e do
argentino. Já nos explicava Beviláqua, à época, o fundamento dessa
presunção: “o título é a prova da existência da obrigação; extinta esta, o
credor o restitui ao devedor; conseqüentemente, se o título se acha nas
mãos do devedor, é parque o credor, satisfeito o débito, lhe entregou.
Como, entretanto, a entrega do título deve ser feita, voluntariamente,
pelo credor, na momento de receber a pagamento, e pode acontecer que
esse documento vá ter às mãos da devedor por meios ilícitas (violentos ou
dolosos), tem o credor direito de provar que o não entregou,
voluntariamente, que não foi solvida a obrigação. Este seu direito
extingue-se em sessenta dias” (Clóvis Beviláqua. Código Civil comentado,
cit., p. 101)”.

 Art. 325 do CC: Presume-se a cargo do devedor as despesas com o


pagamento e a quitação; se ocorrer aumento por falta do credor,
suportará este a despesa acrescida.

 Apesar de manter a regra geral, no sentido de competir ao devedor as


despesas com o pagamento e a quitação, mas destaca o caso que o
devedor arca com ônus que não deu causa, que no caso será atribuída ao
credor, ou seja, esse que pagará pelo ônus que ocasionou. Entre as
despesas referidas no artigo, estão inclusas as passagens, taxas bancárias,
transportes, etc.

 Art. 326 do CC: Se o pagamento se houver de fazer por medida, ou peso,


entender-se-á no silêncio das partes, que aceitaram os do lugar de
execução.

 Esse artigos trás os caso que o pagamento tem que ser feito por medida
ou peso, e como esses podem variar, até mesmo dentro do próprio
território nacional, caso as partes não se manifestem, pode ser entendido
que aceitaram os parâmetros do lugar de execução;
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

 Do lugar do pagamento (Art. 327 ao 330);

 Art. 327 do CC: Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo


se as partes convencionaram diversamente, ou se o contrário resultar da
lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias.

 Parágrafo único: Designado dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher


entre eles.

 Esse artigo diz que, em regra, o pagamento é feito no domicílio do credor,


salvo se as partes dispuseram em contrário ou se este não resulta de força
de lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Vale destacar que,
se no caso forem designados dois locais para o pagamento, cabe ao credor
escolher um, assim como ressalta o parágrafo único do artigo.

 Aqui também pode ser observado dois tipos de obrigações, quérables e


portables, a quérables são aquelas pagas no domicílio do devedor, já as
protables são aquelas que deverão ser pagas no domicílio do credor, e essa
hipótese geralmente é estabelecida através do contrato ou do dispositivo
da lei, sendo, assim, a regra que toda dívida seja quérable.

 Art. 328 do CC: Se o pagamento consistir na tradição de um imóvel, ou em


prestações, relativas a imóveis, far-se-á no lugar onde situado o bem.

 Se o pagamento consistir na entrega de um imóvel ou em prestações


relativas a imóveis, a o pagamento deverá ser feito no lugar onde o imóvel
estiver, uma vez que é nesse local que se procederá ao registro de título
de transferência.

 Art. 329 do CC: Ocorrendo motivo grave para que se não efetue o
pagamento no lugar determinado, poderá o devedor fazê-lo em outro,
sem prejuízo para o credor.

 Caso aconteça um motivo grave para que o pagamento não seja feito no
lugar determinado, o artigo diz que poderá o devedor fazer em outro lugar,
sem que prejuízo do credor. Nesse caso em específico, se mudança do
local, que será feita pelo devedor, acarretar acréscimo nas despesas, estas
Resumo de D. Civil – Obrigações- NP2

serão de responsabilidade do devedor, uma vez que este escolheu o novo


local.

 Art. 330 do CC: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz


presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.

 Se o credor aceita pagamento feito reiteradamente em local diverso


disposto no contrato, presume-se que esse tem a intenção de mudar o
local. Vale ressaltar que cabe prova em contrário.

 O tempo do pagamento (Art. 331 ao 333);

 Art. 331 do CC: Salvo disposição em contrário, não tendo sido ajustado
época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.7

 Esse artigo estabelece que, caso as partes não tenham acordado sobre o
tempo do pagamento, o credor poderá exigi-lo imediatamente.

 Art. 332 do CC: As obrigações condicionais cumprem-se na data do


implemento da condição, cabendo ao credor a prova de que deste teve
ciência o devedor.

 Ver depois ....

 Art. 333 do CC: Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de


vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado nesse código:

I. No caso de falência do devedor, ou concurso de credores;


II. Se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em
execução por outro credor;
III. Se cessaram, ou se tornaram insuficientes, as garantias do débito,
fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se nega reforça-lo

Ler os slides,
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