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Resumo de Direitos Políticos - NP1

 Direito eleitoral – Nota de aula 01 – Conteúdo para prova

 Distinção entre os direitos políticos e o direito eleitoral;

 Direitos políticos se relacionam com o exercício da atividade política


(cidadania), ou seja, denomina-se direitos políticos as prerrogativas e os
deveres inerentes à cidadania. Englobam o direito de participar direta ou
indiretamente do governo, da organização e do funcionamento do Estado.
Os direitos políticos possuem dimensões, isto é, as formas de se exercer a
cidadania, sendo estas: a liberdade de expressão, de reunião e associação;
Lei de inciativa popular; ações coletivas e acesso a cargos públicos não
eletivos (cargos políticos-institucional).

 O direito eleitoral, por sua vez, se relaciona com a eleição de


representantes nos cargos políticos-eleitoral (mandatários). O direito
eleitoral integra os direitos políticos, uma vez que também faz parte do
exercício da cidadania.

 Olhar na nota de aula a parte logo abaixo dessa, marcado


em amarelo, sobre as formas de exercer o direito eleitoral.

 Direito Eleitoral – Conceito e fundamento;

 O direito eleitoral pode ser conceituado como “o ramo do Direito Público


cujo objeto são os institutos, as normas e os procedimentos que regulam o
exercício do direito fundamental de sufrágio (voto em uma eleição) com
vistas à concretização da soberania popular, à validação da ocupação de
cargos políticos e à legitimação do exercício do poder estatal”. É o ramo
do Direito que permite conferir conteúdo concreto ao princípio da
soberania popular. A observância dos preceitos eleitorais confere
legitimidade a eleições, plebiscitos e referendos, o que enseja o acesso
pacífico, sem contestações, aos cargos eletivos, tornando, assim,
autênticos o mandato, a representação popular e o exercício do poder
político. Trata-se do complexo de normas e princípios jurídicos que
organiza as relações entre entes públicos, estrutura órgãos e os serviços
administrativos, organiza o exercício das atividades político-
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administrativas, tudo à vista do interesse público e do bem comum. O


direito eleitoral é justificado pelo próprio regime democrático.

 Bens jurídico-políticos resguardados: destacam-se a democracia, a


legitimidade do acesso e do exercício do poder estatal, a
representatividade do eleito, a sinceridade das eleições, a normalidade do
pleito e a igualdade de oportunidades entre os concorrentes.

 O microssistema eleitoral;

 A teoria jurídica contemporânea entende o Direito como um complexo


sistema, dinamicamente organizado e composto de elementos que
realizam funções específicas. Possui como atributo a existência de ordem
e estabilidade interna, tendo no centro do sistema a Constituição, que
compõe os valores essenciais a sociedade.

 Um microssistema jurídico integra o sistema (qual seja o Direito), já que o


próprio nome remete a um sistema de proporções menores que outro, no
qual se encontra inserido. A ideia de microssistema é a que melhor traduz
o fenômeno jurídico atual. Trata-se de um disciplinamento setorial de
determinada matéria. Para que um setor do universo jurídico seja inserido
na categoria de microssistema, é preciso que possua princípios e diretrizes
próprios, ordenados em atenção ao objeto regulado, que lhe asseguram a
coerência interna de seus elementos e, com isso, identidade própria. Ainda,
pressupõe a existência de práticas sociais especificas, às quais
correspondam a um universo discursivo e textual determinado a amparar
as relações jurídicas ocorrentes. O direito eleitoral atende a esses
requisitos, e se encaixa como um microssistema, uma vez que possui
normas e diretrizes próprias, coerência interna e, por consequência,
identidade própria. Nele se encontra encerrada toda matéria ligada ao
exercício de direitos políticos e organização das eleições. Reuni princípios,
normas e regras referentes a vários ramos do Direito, como constitucional,
penal, administrativo etc.

 Objeto do Direito Eleitoral;


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1. Direitos públicos subjetivos de natureza eleitoral: capacidade


eleitoral ativa; capacidade eleitoral passiva; suspensão dos direitos
políticos; perda dos direitos políticos.

2. Sufrágio: direito de votar e ser votado.

3. Voto: forma de exercer o direito de sufrágio.

4. Escrutínio: é a forma como se pratica o voto, ou seja, o seu


procedimento.

5. Sistemas eleitorais: sistema majoritário e sistema proporcional.

6. Deliberações e tomadas de decisões coletivas: plebiscito e


referendo.

7. Acesso a titularidade de cargos político-eleitoral: poderes


executivos e legislativo e juízes de paz.

8. Instituições constitucionais eleitorais: justiça eleitoral; Ministério


Público Eleitoral; Polícia Eleitoral; Defensoria Pública; Procuradoria
da Fazenda Nacional (execução das multas eleitorais); Processo
administrativo eleitoral (eleições); Processo civil eleitoral (ações
eleitorais e representações); Direito penal eleitoral (crimes
eleitorais)

 Vale ressalvar que, segundo a corrente clássica, os partidos políticos são


objeto do direito eleitoral. Entretanto, a corrente contemporânea, diz que
os partidos políticos compõem um ramo autônomo do Direito, qual seja, o
direito partidário.

 Fontes do direito eleitoral;

 Por fontes, segundo a doutrina jurídica, entende-se a origem ou


fundamento do direito. Existem fontes formais e fontes materiais. As
fontes materiais consistem nos múltiplos fatores que influencial o
legislador em seu trabalho de criar normas jurídicas, como os fenômenos
e dados presentes no ambiente social. As fontes formais, por outro lado,
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designam os processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas


se positivam com legítima força obrigatória. Elas se dividem em fontes
formais não estatais (as fontes formais não estatais referem-se a
princípios não positivados e a negócio jurídico - contrato. Como exemplo
deste último, podem-se citar o estatuto de partido político, o acordo de
vontade firmado entre partidos e candidatos com o fim de estabelecer
regras para debate na televisão) e fontes formais estatais (são aquelas
normas jurídicas emanadas do Estado, decorrentes, em geral, de regular
processo legislativo, constitucional ou infraconstitucional).

 Fontes formais do direito eleitoral (sem a divisão estatal ou não estatal):

1. Constituição Federal: na constituição é que se encontram os


princípios fundamentais do direito eleitoral, referentes a sistema de
governo, nacionalidade, direitos políticos, partidos políticos,
competência legislativa em matéria eleitoral, organização da justiça
eleitoral, dentre outras disposições presentes na CF/88.

2. Legislação eleitoral: é competência privativa da União legislar


sobre direito eleitoral, por meio de leis ordinárias e
complementares, sendo vedado à edição de medidas provisórias e
leis delegadas.

a. Principais leis eleitorais (especificas): Código Eleitoral; Lei


das Inelegibilidades; Lei das Eleições; Lei dos Partidos
Políticos.
b. Principais leis subsidiárias do processo eleitoral: Código
Civil; Código Penal; Código de Processo Civil; Código de
Processo Penal; Lei das Improbidades; Lei da
Responsabilidade Fiscal.

3. Instruções, resoluções e consultas da justiça eleitoral:

a. Instruções: atos normativos internos da Justiça Eleitoral


(regulam procedimentos internos da Justiça Eleitoral).

b. Consulta: quando respondida, a consulta dirigida a tribunal


apresenta natureza peculiar. Malgrado não detenha
natureza puramente jurisdicional, trata-se de “ato
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normativo em tese, sem efeitos concretos, por se tratar de


orientação sem força executiva com referência a situação
jurídica de qualquer pessoa em particular”. – Olhar os
artigos 23, XII e art. 30, VIII, do Código Eleitoral.

c. Resoluções: atos normativos que regulamentam e


interpretam a legislação eleitoral. Podem ser, quanto à usa
vigência, temporárias (prazo certo de vigência, como, por
exemplo, o calendário eleitoral) e permanentes (prazo de
vigência por tempo indeterminado, como as Resoluções do
TSE n 22.526 e 22.610, ambas de 2017, que regulamentam
a perda do mandato por infidelidade partidária). Ainda,
quanto ao conteúdo, as resoluções podem ser
interpretativas (interpretam conceitos, institutos, etc. já
previstos na legislação eleitoral) e regulamentares
(regulamentam a legislação eleitoral ou tratam de questões
omissas, ou seja, não previstas na legislação eleitoral). No
que diz respeito à incidência territorial, as resoluções podem
ser de incidência nacional, estadual ou municipal. Vale
destacar que mesmo as de incidência estadual e municipal,
possuem natureza jurídica de lei federal.

As resoluções regulamentares têm eficácia de lei


ordinária. Assim, a resolução regulamentar posterior
não revoga lei ordinária anterior, mas prevalece sobre
ela. No mesmo sentido, a lei ordinária posterior
prevalece sobre resolução anterior.

As resoluções da Justiça Eleitoral são vinculantes. Logo,


não podem ser objeto de controle de
constitucionalidade difuso, salvo a hipótese de Recurso
Extraordinário. São também objeto de ADPF. Além
disso, cabe pedido de revisão da resolução perante o
TSE

Importante saber que todos esses atos são expedidos,


somente, pelo TSE e TERs.
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Resolução muito importante: TSE nº 21.538, de 14 de


outubro de 2003.

4. Estatuto dos partidos políticos: também é considerado uma fonte


formal do direito eleitoral – art. 17, parágrafo primeiro da CF/88.

5. Princípios do direito eleitoral:

a. Anualidade: está previsto no art. 16 da CF/88 – LER O


ARTIGO – NÃO ENTENDI.

b. Legitimidade (cautela): art. 14, parágrafo nono da CF/88 (Ex


lei da ficha limpa).

c. Preclusão instantânea: ver na nota de aula.

d. Devolutividade dos recursos: ver na nota de aula.

e. Aproveitamento do voto: ver na nota de aula.

6. Jurisprudência: também é considerada uma fonte formal do direito


eleitoral.

7. Costumes: também constitui uma fonte forma do direito eleitoral.

8. Tratados internacionais: o direito eleitoral tem nos Direitos


Políticos sua referência fundamental, logo tratados internacionais,
do qual o Brasil faça parte, também são uma fonte forma do direito
eleitoral.

 Fontes materiais do direito eleitoral: destaca-se a doutrina e analogia.


Contudo, a analogia não é fonte, mas sim um método de interpretação do
Direito. Não se aplica a analogia contra réu de matéria penal (crimes
eleitorais).

 Justiça eleitoral

 Considerações iniciais
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 A justiça eleitoral é um órgão de jurisdição especializada que integra o


Poder judiciário, e cuida da organização do processo eleitoral (alistamento
eleitoral, votação, apuração dos votos, diplomação dos eleitos etc). Logo,
trabalha para o respeito e a soberania popular e a cidadania.

 Órgãos da justiça eleitoral;

a) Primeira instância: juízes eleitorais e juntas eleitorais.

b) Segunda instância: Tribunais Regionais e Eleitorais.

c) Instância especial: Tribunal Superior Eleitoral.

 Organização da Justiça Eleitoral: é organizada de acordo com a natureza


do processo eleitoral.

a) Eleições Municipais: trata-se das eleições para prefeito e vice-


prefeito e juiz de paz. Nesse caso, quem irá cuidar do processo
eleitoral vai ser o juiz eleitoral e a junta eleitoral, qual seja a
primeira instância da justiça eleitoral.

b) Eleições gerais ou estaduais: trata-se das eleições para governador


e vice-governador de Estado e do DF. Nesse caso, quem irá cuidar
do processo eleitoral vai ser o TRE, qual seja a segunda instância da
justiça eleitoral.

c) Eleições Nacional: trata-se das eleições de Presidente e Vice-


presidente. Nesse caso, quem irá cuidar do processo eleitora será o
TSE, qual seja a instância especial da justiça eleitoral.

 Organização territorial da Justiça Eleitoral;

 No prisma territorial, a Justiça Estadual Comum é dividida em comarcas.


Por comarca, entende-se o espaço em que o juiz de direito exerce
jurisdição. Pode abranger mais de um município. Assim, a comarca
delimita territorialmente o exercício do poder jurisdicional. Nesse aspecto,
a Justiça eleitoral, segue peculiar divisão interna (Diferente da justiça
estadual comum). Distinguem-se a seção, a zona e a circunstâncias
eleitoral.
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a) Zona eleitoral: tem a mesma ideia de comarca. Trata-se do espaço


territorial sob jurisdição do juiz eleitoral. A área da zona eleitoral
pode coincidir com a da comarca, e geralmente é isso que ocorre.
Entretanto, uma comarca pode abrigar mais de uma zona. Também,
a área da zona não coincide necessariamente com a do município.
Logo, uma zona pode abranger mais de um município, assim como
um município pode conter mais de uma zona.

b) Seção eleitoral: é uma subdivisão da zona. Trata-se do local onde os


eleitores são inscritos e comparecem para votar no dia das eleições.
É a menor unidade na divisão da judiciária eleitoral.

c) Circunstâncias eleitorais: a circunscrição é também uma divisão


territorial, mas tem em vista a realização do pleito. Nas eleições
municipais, cada município constitui uma circunscrição. Nas eleições
gerais (Governador, Senador e Deputado), a circunscrição é o Estado
da Federação e o Distrito Federal. Já para as eleições presidenciais,
a circunscrição é o território nacional.

 Funções da Justiça Eleitoral: a Justiça Eleitoral desempenha várias


funções, quais sejam administrativa, jurisdicional, normativa e consultiva.

a) Função jurisdicional: a função jurisdicional caracteriza-se pela


solução imperativa, em caráter definitivo, dos conflitos
intersubjetivos submetidos ao Estado-juiz, afirmando-se a vontade
estatal em substituição à dos contendores. A finalidade da
jurisdição é fazer atuar o Direito (não apenas a lei, pois está se
contém no Direito) em casos concretos, no que contribui para a
pacificação do meio social. Assim, sempre que à Justiça Eleitoral for
submetida uma contenda, exercitará sua função jurisdicional,
aplicando o Direito à espécie tratada. Dessa forma, compete a
justiça julgar ações cíveis e penais eleitorais. Ainda, de forma
voluntária, rever os próprios atos, de ofício ou mediante solicitação,
como, por exemplo, a recontagem de votos.

b) Função administrativa: no exercício da função administrativa, cabe


à Justiça Eleitoral a sua auto-organização; Organização do
eleitorado nacional (o Cadastro Nacional dos eleitores);
Organização do processo eleitoral; Acompanhamento do
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funcionamento dos partidos políticos (organização, registo e


cancelamentos de partidos políticos); fiscalizar o cumprimento das
leis eleitorais de ofício (ex: fiscalizar propaganda eleitoral e exigir a
prestação de contas dos partidos e candidatos).

 O juiz pode, de ofício (em virtude do cargo), determinar que


uma propaganda irregular seja retirada, mas não pode
aplicar multa de ofício. Nesse caso precisa da provocação
do MPE.

 Súmula TSE número 18: conquanto investido de poder de


polícia, não tem legitimidade o juiz eleitoral para, de ofício,
instaurar procedimento com a finalidade de impor multa
pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com
a Lei nº 9.504/1997.

c) Função Normativa: editar instruções e resoluções (art. 1, parágrafo


único e 23, IX do Código Eleitoral, e art. 105, Lei 9.504/1997).
Segundo o Código Eleitoral, é competência privativa do Tribunal
Superior expedir as instruções que julgar convenientes à execução.
Ainda, vale destacar que somente o TSE e os TREs podem expedir
instruções e resoluções.

d) Função consultiva: de acordo com os artigos 23, XII e 30, VIII do


Código Eleitoral, somente o TSE e os TREs podem responder
consultas.

 Tribunal Superior Eleitoral (TSE);

 O Tribunal de Justiça Eleitoral é o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral. Sua


jurisdição se estende-se a todo território nacional.

 Composição do TSE;

 Art. 119 da CF/88: O tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo,


de sete membros escolhidos:

I. Mediante eleição, pelo voto secreto:


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a) Três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;


b) Dois juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal de
Justiça;

II. Por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis


advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados
pelo Supremo Tribunal Federal.

 Parágrafo único: O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o


Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o
corregedor eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça.

 Segundo o que está disposto no art. 19 da CF/88, a composição do TSE é


de, no mínimo, sete Ministros. A forma que esses Ministros serão
selecionados, se dar da seguinte maneira: mediante eleição (eleição
interna), pelo voto secreto, serão escolhidos três juízes dentre os Ministros
do Supremo Tribunal Federal e dois juízes dentre os Ministros do Superior
Tribunal de Justiça, assim, totalizando cinco Ministros. Os outros dois
Ministros serão nomeados pelo Presidente da República, dentre seis
advogados de notório saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo
Supremo Tribunal Federal. Ainda, conforme o parágrafo único do art. 19
estabelece, o TSE elegerá o presidente e o vice-presidente dentre os
Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o corregedor dentre os Ministros
do Superior Tribunal de Justiça.

 Conforme pode-se extrair da expressão usada no art. 19, qual seja


“no mínimo”, não há nenhum impedimento para que a
quantidade de Ministros do TSE possa ser alterada.

 LER A PARTE DE COMPETÊNCIAS NA NOTA DE AULA E NO LIVRO DO


JAIRO.

 IMPORTANTE SABER: releva salientar serem irrecorríveis as decisões do


Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem a Constituição e as
denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. É o que dispõe
o artigo 121, § 3º, da Lei Maior, reiterando, no particular, o disposto no
parágrafo único do artigo 22 do Código Eleitoral. Assim, têm caráter final
e definitivo os julgamentos do TSE acerca de matéria infraconstitucional,
porquanto são “manifestações revestidas de definitividade, insuscetíveis,
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em consequência, de revisão pelo Supremo Tribunal Federal na via


recursal extraordinária, cuja instauração pressupõe, sempre, a ocorrência
de conflito direto, imediato e frontal com o texto da Constituição [...].”
(STF – RE nº 160432/SP – 1º T. – Rel. Min. Celso de Mello – DJ 6-5-1994, p.
10.494).

 Os Tribunais e juízes inferiores devem dar imediato cumprimento às


decisões, aos mandados, instruções e outros atos emanados do Tribunal
Superior Eleitoral (CE, art. 21). O não cumprimento pode ensejar a
apresentação de reclamação perante aquela Corte Superior a fim de que
seja garantida a autoridade de suas decisões (CF, arts. 102, I, l, e 105, I, f).
Sobre isso, dispõe o art. 988, II, do CPC caber “reclamação da parte
interessada ou do Ministério Público para [...] garantir a autoridade das
decisões do tribunal”.

 Tribunais Reginais Estaduais (TREs);

 O Tribunal Regional Eleitoral – TRE representa a segunda instância da


Justiça Eleitoral, detendo, ainda, competência originária para diversas
matérias. Há um tribunal instalado na capital de cada Estado da Federação
e no Distrito Federal. Sua jurisdição estende-se a todo o território do
Estado.

 Composição do TREs;

 Segundo o que está disposto no parágrafo primeiro, do art. 120 da CF/88,


a composição dos TREs se dará da seguinte forma: mediante eleição, pelo
voto secreto, serão escolhidos dois juízes dentre os desembargadores do
Tribunal de Justiça e dois juízes, dentre os juízes de direito, escolhidos pelo
Tribunal de Justiça; Conforme estabelece o inciso segundo, de um juiz do
Tribunal Regional Federal, caso haja um cede do TRF no Estado, caso o
Estado não tenha um TRF, será um juiz federal qualquer (da primeira
instância), escolhido pelo TRF; para fechar a composição de sete ministros,
os dois juízes faltantes serão nomeados pelo Presidente da República,
dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral,
indicados pelo Tribunal de Justiça.
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 Ainda, conforme estabelece o parágrafo segundo do art. 120, o Tribunal


Regional Eleitoral elegerá seu presidente e vice-presidente dentre os
desembargadores. Com relação a Corregedoria Regional Eleitoral, em
geral, os Regimentos Internos dos Tribunais Eleitorais atribuem essa
função ao Vice-presidente do próprio TER, assim, ele acaba acumulando
as duas funções.

 Competências: arts. 29 e 30, do Código Eleitora. Destaque para:

a) Processar e julgar o registro e o cancelamento do registro dos


Diretórios Estaduais e Municipais de partidos políticos, bem como
de candidatos a Governador, Vice-Governador, e membros do
Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas.

 Impedimentos;

1. Não podem fazer parte do mesmo tribunal: segundo o que está


disposto no art. 27, sexto parágrafo, não podem fazer parte do
Tribunal Regional pessoas que tenham entre si parentesco, ainda
que por afinidade, até o 4.º grau, seja por vínculo legítimo ou
ilegítimo, excluindo-se neste caso a que tiver sido escolhida por
último.

2. Impedimento para nomeação de advogado: não poderá recair em


cidadão que ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum;
que seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com
subvenção, privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com
a administração pública; ou que exerça mandato de caráter político,
federal, estadual ou municipal.

 Método de deliberação: segundo o que está disposto no caput do art. 28,


do Código Eleitoral, os Tribunais Regionais deliberam por maioria de votos,
em sessão pública, com a presença da maioria de seus membros. Vale
ressaltar que o parágrafo quarto do mesmo artigo diz que, as decisões dos
Tribunais Regionais sobre quaisquer ações que importem a cassação de
registro, anulação de eleições ou perda de diplomas, somente poderão ser
tomadas com a presença de todos os membros do tribunal. Essa disposição
está de acordo com o art. 97 da CF (ler).
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 Juízes eleitorais;

 Os juízes eleitorais atuam na primeira instância da Justiça Eleitoral. No art.


121, parágrafo primeiro, da CF/88 e art. 11 da Lei Orgânica da Magistratura
Nacional, fica estabelecido que devem ser juízos de direito, isto é, juízes
togados, de carreira, que gozam de prerrogativas constitucionais de
vitaliciedade, inamovabilidade e irredutibilidade de subsídios. É comum,
porém, que juízes de direito substitutos, ainda vitaliciados, sejam
designados para o ofício eleitoral. Os juízes de direitos exercem as funções
de juízes eleitorais, nos termos da lei.

 Art. 32 do Código Eleitoral: Cabe a jurisdição de cada uma das zonas


eleitorais a um juiz de direito em efetivo exercício e, na falta deste, ao seu
substituto legal que goze das prerrogativas do art. 95 da Constituição.

 Juntas eleitorais;

 As juntas eleitorais podem ser formadas por três ou cinco membros, sendo
estes um juiz eleitoral, mais dois ou quatro cidadãos de notória idoneidade,
nomeados pelo presidente do TSE, após a aprovação da Corte Regional. A
junta é sempre presidida pelo magistrado, tendo existência provisória,
uma vez que somente é constituída durante as eleições, sendo extintas
após a apuração dos votos. A exceção se dar nas eleições municipais, pois
permanece até a diplomação dos eleitos. Tem o objetivo de resolver
problemas que surgem durante as apurações dos votos e todos os demais
procedimentos que envolvem esse processo. Vale ressaltar que com o
implemento das urnas eletrônicas, o uso das juntas eleitorais não é mais
recorrente, contudo, é benéfica a sua previsão lega, para atuar em caso
em que haja falhas técnicas, casos em que os votos poderão ser por cédulas
e apurados pelas juntas eleitorais.
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 Elegibilidade

 Primeiramente, para que se possa entender o que é elegibilidade, é


preciso fazer uma distinção entre a capacidade eleitoral passiva e a
capacidade eleitoral ativa. As duas referem-se ao exercício da cidadania,
ou seja, a capacidade dos indivíduos de participarem da vida política do
Estado. A capacidade eleitoral ativa está ligada ao exercício do sufrágio,
isto é, o direito ao voto universal, direito e secreto, que o cidadão
brasileiro devidamente alistado possui. Já a capacidade eleitoral passiva,
se associa com a ideia de elegibilidade, que é a aptidão de ser eleito ou
elegido.

 Entende-se por elegível o cidadão apto a receber votos em uma eleição,


que pode ocupar cargos políticos-eletivos, que se candidatam para tais
cargos por meio do exercício da sua capacidade eleitoral passiva. Porém,
devem ser observadas as condições impostas pela CF/88, as denominadas
condições de elegibilidade.

 Elegibilidade como um direito humano e fundamental da participação


política: a Convenção Americana de Direitos Humanos consagrou o direito
de votar e ser eleito, em outras palavras, de participar da vida política do
Estado, como um direito humano e fundamental de todo cidadão. Ainda,
tratou das hipóteses que a lei dos países signatários da convenção, podem
regular (limitar) o exercício e oportunidades dos direitos políticos.

 Artigo 27 - Suspensão de garantias


1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra emergência
que ameace a independência ou segurança do Estado-parte, este
poderá adotar as disposições que, na medida e pelo tempo
estritamente limitados às exigências da situação, suspendam as
obrigações contraídas em virtude desta Convenção, desde que
tais disposições não sejam incompatíveis com as demais
obrigações que lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem
discriminação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo,
idioma, religião ou origem social.
2. A disposição precedente não autoriza a suspensão dos direitos
determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao reconhecimento
da personalidade jurídica), 4 (direito à vida), 5 (direito à
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integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e da servidão), 9


(princípio da legalidade e da retroatividade), 12 (liberdade de
consciência e religião), 17 (proteção da família), 18 (direito ao
nome), 19 (direitos da criança), 20 (direito à nacionalidade) e 23
(direitos políticos), nem das garantias indispensáveis para a
proteção de tais direitos.

 Teorias a respeito da elegibilidade;

a) Teoria clássica da elegibilidade: essa teoria diz que a elegibilidade


é um direito que todo cidadão possui, independentemente de ser
candidato ou não. Nessa vertente, elegibilidade não se confunde
com candidatura. Vertentes dessa teoria:

1. Elegibilidade como direito de todo brasileiro: essa vertente


da teoria clássica diz que a elegibilidade é um direito de todos
os brasileiros, existindo em um estado potencial desde o
alistamento. A crítica dessa vertente está no fato de que o
mero alistamento não é condição suficiente da elegibilidade.

2. Elegibilidade parcial ou graus de cidadania: essa teoria


afirma que a elegibilidade é adquirida por etapas, conforme
o atingimento da idade mínima para a candidatura. O
problema dessa vertente é que a elegibilidade é sempre
passível de ser realizada em função de regras aplicáveis à
circunscrição (ex: sétimo parágrafo, do art. 14 da CF/88).

3. Elegibilidade como preenchimento de todas as condições


de elegibilidade: as condições de elegibilidade estão
previstas no terceiro parágrafo, do art. da CF/ 88, e segundo
essa vertente da teoria clássica, para que um indivíduo possa
ser considerado elegível, precisa preencher todas as
condições dispostas no paragrafo terceiro, e não apenas o
alistamento.

 A plena elegibilidade não é alcançada de uma só vez, de um jacto.


Perfaz-se por etapas, tornando-se plena somente quando a
pessoa completa 35 anos, idade em que poderá candidatar-se aos
cargos de Presidente, Vice-Presidente da República ou Senador.
Por outro lado, os naturalizados jamais a alcançam plenamente,
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porquanto certos cargos – como o de Presidente da República –


são reservados a brasileiros natos. Por fim, são sempre inelegíveis
o estrangeiro, o analfabeto e o conscrito.

 Para que alguém seja candidato e receba validamente votos, não


basta o preenchimento das condições de elegibilidade – não é
suficiente que seja elegível –, porque também é preciso que não
compareçam fatores negativos denominados causas de
inelegibilidade. Além disso, é mister que sejam atendidos outros
requisitos, como a escolha na convenção do partido e o
deferimento do pedido de registro da candidatura pela Justiça
Eleitoral – Falha da vertente “Elegibilidade como preenchimento
de todas as condições de elegibilidade”?

 Note-se que uma pessoa pode ter cidadania ativa (pode votar,
escolher seu representante) sem que tenha a passiva, ou seja, sem
que possa ser votada. Nesse caso, ou não atende às condições de
elegibilidade – não preenchendo os requisitos para ser candidata
–, ou é inelegível, diante da ocorrência de fator negativo que
obstaculiza a candidatura.

b) Teoria do fato jurídico: essa teoria diz que deferimento do registro


da candidatura é o ato jurídico que faz nascer o direito à
elegibilidade, ou seja, para essa teoria, elegibilidade é sinônimo de
candidatura. Ainda, segundo essa teoria, o direito a elegibilidade é
um fato com data certa, pois é adquirido a cada pleito e se extingue
ao final deste. Nessa linha de raciocínio, os cidadãos que não são
candidatos são inelegíveis, já que não têm o direito de ser votado.

 A teoria mostra-se compatível com o art. 11, § 10, Lei 9.504/97: §


10. As condições de elegibilidade e as causas de inelegibilidade
devem ser aferidas no momento da formalização do pedido de
registro da candidatura, ressalvadas as alterações, fáticas ou
jurídicas, supervenientes ao registro que afastem a
inelegibilidade.

 Requisitos para a aquisição da elegibilidade

 Para aquisição da elegibilidade, é preciso verificar as condições de


elegibilidade e as causas de inelegibilidade:
Resumo de Direitos Políticos – NP2

a) Condições de elegibilidade: trata-se dos requisitos positivos de


aquisição da elegibilidade. Estão disciplinadas no art. 14, parágrafo
terceiro da CF/88 e somente podem ser regulamentadas por lei
ordinária.

b) Causas de inelegibilidade: trata-se dos requisitos negativos para a


aquisição de elegibilidade, isto é, para que o indivíduo possa ser
considerar elegível, ele não poderá incorrer nas hipóteses de
inelegibilidades previstas na legislação. Estão previstas no art.14,
quarto e sétimo parágrafos da CF/88 e na lei complementar n
64/90. Vale ressaltar que a Lei complementar pode criar novas
hipóteses, assim como estabelece o parágrafo nono, do art. 14 da
CF/88.

 Momento de aferição das condições de elegibilidade;

 Trata-se do momento em que o postulante de cargo político-eletivo deve


reunir as condições de elegibilidade e verificar as causas de inelegibilidade.

a) Momento da configuração: momento em que devem ser


materialmente preenchidos os requisitos de elegibilidade, e pode
ser:

1. Antecipado: trata-se da verificação das condições antes do


pedido de candidatura. Assim, para que o indivíduo possa
concorrer as eleições, conforme estabelece o art. 9 da Lei
9.504/97, deverá possuir domicilio eleitoral na respectiva
circunscrição pelo prazo de seis meses e está com a filiação
deferida pelo partido no mesmo prezo (ou seja, deverá estar
filiado a um partido no prazo de seis meses). São essas duas
condições que devem ser observadas antecipadamente.

2. Concomitante: as condições de elegibilidade e de


inelegibilidades, conforme estabelece o decimo parágrafo,
do art. 11 da Lei 9.504/97, devem ser verificadas no
momento da formalização do pedido da candidatura,
ressalvadas as alterações fáticas ou jurídicas, supervenientes
ao registro que afastem a inelegibilidade.
Resumo de Direitos Políticos – NP2

 Condições que devem ser verificadas no momento da


formalização do registro da candidatura: pode se ter como
exemplo o que está disposto no art. 11, parágrafo segundo, da Lei
9.504/97, com relação a idade mínima para vereador. No geral, a
idade mínima constitucionalmente prevista é verificada tendo
como referência a data da posse, a exceção se dar quando está
fixada em 18 anos, que nesse caso será aferida na data limite ao
pedido de registo.

3. Postergado: a condição será verificada após a candidatura e


as eleições, como a idade mínima fixada
constitucionalmente, que será verificada na data da posse,
assim como dispõe o parágrafo segundo, do art. 11, da Lei
9.504/97, além da hipótese ressalvada pelo parágrafo 10,
segunda parte, do mesmo artigo.

b) Momento de aferição: é ocasião no qual a Justiça Eleitoral examina


a reunião dos requisitos. Em regra, é no julgamento do
requerimento de registro de candidatura (RRC e RRCI), podendo
ocorrer no recurso, na ação rescisória e no recurso contra a
expedição do diploma (RCED).

 Observação: A Justiça Eleitoral faz a aferição do preenchimento


dos requisitos em alguns desses momentos, mas leva em conta o
momento da configuração (que pode ser antecipada,
concomitante ou postergada).

 São órgãos encarregados de aferir as condições de elegibilidade:


Juiz Eleitora (nas eleições municipais, para prefeito, vice prefeito,
vereador e juiz de paz); o Tribunal Regional Eleitoral (nas eleições
gerais, para governador, vice-governador, deputado estadual,
deputado distrital, deputado federal e senador); o TSE (nas
eleições presidenciais).

 Questão prática: um cidadão, no momento da formalização do registro,


está inelegível porque foi condenado pelo Tribunal de Justiça por crime de
furto. No curso do processo do registro, a decisão condenatória é
reformada no STJ, o que afasta a causa de inelegibilidade. Nesse caso, no
momento da aferição, será aplicado o que está disposto no art. 11, décimo
parágrafo, segunda parte, da Lei 9. 504/97, que diz “As condições de
Resumo de Direitos Políticos – NP2

elegibilidade e as causas de inelegibilidade devem ser aferidas no


momento da formalização do pedido de registro da candidatura,
ressalvadas as alterações, fáticas ou jurídicas, supervenientes ao registro
que afastem a inelegibilidade”, e o registro poderá ser deferido.

 Súmulas 43, 50 e 70 do TSE: prestigiam a configuração postergada,


indicando requisitos que podem ser configurados em momento posterior
ao registro.

1. Súmula 43 do TSE: As alterações fáticas ou jurídicas


supervenientes ao registro que beneficiem o candidato, nos
termos da parte final do art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/1997,
também devem ser admitidas para as condições de
elegibilidade (perfazimento de condições de elegibilidade).

2. Súmula 50 do TSE: O pagamento da multa eleitoral pelo


candidato ou a comprovação do cumprimento regular de seu
parcelamento após o pedido de registro, mas antes do
julgamento respectivo, afasta a ausência de quitação
eleitoral (quitação/parcelamento de multa).

3. Súmula 70 do TSE: O encerramento do prazo de


inelegibilidade antes do dia da eleição constitui fato
superveniente que afasta a inelegibilidade, nos termos do
art. 11, § 10, da Lei nº 9.504/1997 (encerramento de prazo
de inelegibilidade).

 Reelegibilidade

 Art. 14, § 5º, da CF/88: O Presidente da República, os Governadores de


Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
período subsequente. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16,
de 1997).

 Conceito: trata-se do direito a uma candidatura consecutiva para o mesmo


cargo para o qual foi eleito. Não decorre da ocupação do cargo, exigindo o
preenchimento de todos os requisitos, inclusive a escolha em convenção.
Resumo de Direitos Políticos – NP2

 A Emenda Constitucional número 16, de 1997, introduziu o instituto da


reeleição nos seguintes termos “O Presidente da República, os
Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos poderão ser
reeleitos para um único período subsequente”. Assim, pelo o que se pode
extrair da leitura do parágrafo quinto, do art. 14 da CF/88, os chefes do
Poder Executivo, ou quem os houver sucedido ou substituído, poderão
renovar seus mandatos para um único período subsequente. Em outras
palavras, poderão exercer dois mandatos consecutivos. Vencido o
segundo mandato, se torna inelegível para o mesmo cargo no período
sucessivo, ou seja, não pode exercer três mandatos consecutivos.

 Frise-se que a inelegibilidade ocorre para o terceiro mandato


consecutivo, de sorte que a mesma pessoa não está proibida de
ser mandatária por três, quatro ou cinco vezes, desde que não
haja sucessividade a partir do segundo mandato.

 O direito a reeleição somente nasce com o deferimento do registro da


candidatura, não bastando a previsão legal para que os atuais mandatários
tenham direito a disputarem a reeleição (aplicação da “teoria do fato
jurídico). Assim, o candidato a reeleição deverá atender aos demais
requisitos, inclusive a escolha em convenção partidária, para pleitear o
registro e, então, adquirir a reelegibilidade. Ou seja, a reeleição não é
automática (no Brasil não há a chamada "candidatura nata").

 Art. 8º, § 1º, Lei 9.504/1997: Aos detentores de mandato de deputado


federal, estadual ou distrital, ou de vereador, e aos que tenham exercido
esses cargos em qualquer período da legislatura que estiver em curso, é
assegurado o registro de candidatura para o mesmo cargo pelo partido a
que estejam filiados.

 ATENÇÃO! Cautelar na ADI nº 2530: dispositivo com eficácia


suspensa até decisão final. EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E
ELEITORAL: CANDIDATURA NATA. PRINCÍPIO DA ISONOMIA
ENTRE OS PRÉ-CANDIDATOS. AUTONOMIA DOS PARTIDOS
POLÍTICOS. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE DO
PARÁGRAFO 1º DO ARTIGO 8º DA LEI Nº 9.504, DE 30 DE
SETEMBRO DE 1997, SEGUNDO O QUAL: “§ 1º - AOS DETENTORES
DE MANDATO DE DEPUTADO FEDERAL, ESTADUAL OU DISTRITAL,
OU DE VEREADOR, E AOS QUE TENHAM EXERCIDO ESSES CARGOS
Resumo de Direitos Políticos – NP2

EM QUALQUER PERÍODO DA LEGISLATURA QUE ESTIVER EM


CURSO, É ASSEGURADO O REGISTRO DE CANDIDATURA PARA O
MESMO CARGO PELO PARTIDO A QUE ESTEJAM FILIADOS”.
ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS ARTIGOS 5º, “CAPUT”, E 17 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PEDIDO DE MEDIDA CAUTELAR DE
SUSPENSÃO DA NORMA IMPUGNADA. PLAUSIBILIDADE JURÍDICA
DA AÇÃO, RECONHECIDA, POR MAIORIA (8 VOTOS X 1), SENDO 3,
COM BASE EM AMBOS OS PRINCÍPIOS (DA ISONOMIA ART. 5º,
“CAPUT” E DA AUTONOMIA PARTIDÁRIA ART. 17) E 5, APENAS,
COM APOIO NESTA ÚLTIMA. “PERICULUM IN MORA” TAMBÉM
PRESENTE. CAUTELAR DEFERIDA.

 Condições de elegibilidade

 Art. 14, § 3º, da CF/88: São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I. a nacionalidade brasileira;

II. o pleno exercício dos direitos políticos;

III. o alistamento eleitoral;

IV. o domicílio eleitoral na circunscrição;

V. a filiação partidária; Regulamento

VI. a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República


e Senador; b

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do


Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou


Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.


Resumo de Direitos Políticos – NP2

 As condições de elegibilidade são exigências ou requisitos positivos que


devem, necessariamente, ser preenchidos por quem queira registrar
candidatura e receber votos validamente. Em outras palavras, são
requisitos que o cidadão deve reunir para tornar- se candidato (na teoria
do fato jurídico: para adquirir o direito à elegibilidade). São consideradas
requisitos positivos (direitos políticos positivos).

 Têm sede exclusivamente constitucional: art. 14, § 3º da CR/88.

 Possibilidade de regulamentação (mas não de criação) por lei


ordinária.

 Rol taxativo, diferentemente das inelegibilidades.

 Análise das condições de elegibilidade;

 Nacionalidade brasileira;

 A nacionalidade é vínculo jurídico-político que une determinada pessoa a


um determinado Estado Soberano, conforme os critérios estabelecidos na
CF/88. Somente o nacional detém capacidade eleitoral passiva. Ainda, o
art. 12, primeiro e segundo incisos, traz duas hipóteses: o brasileiro nato e
o brasileiro naturalizado. É válido destacar que o brasileiro naturalizado,
não pode concorrer a eleição de cargos para chefia de um dos três
Poderes, e nem pode exercer ter cargos considerados estratégicos para a
Nação. Logo, não pode concorrer à presidência e nem a vice-presidência
da República, de igual modo não pode concorrer à presidência da Câmara
dos deputados e nem para à presidência do Senado Federal.

 Como foi destacado acima, somente o nacional detém capacidade


eleitoral passiva, porém, a CF/88 prevê a hipótese do português
equiparado (art.12, parágrafo primeiro). Assim, os portugueses, que
possuírem residência permanente no País e se houver reciprocidade em
favor de brasileiro, lhes serão atribuídos os direitos inerentes aos
brasileiros. Ainda, o português equiparado tem as mesmas limitações, com
relação aos cargos políticos que pode concorrer, do brasileiro
naturalizado.

 Quanto a isso, insta registrar que, nos termos do artigo 51, § 4º,
da Resolução TSE nº 21.538/2003, a outorga a brasileiros do gozo
Resumo de Direitos Políticos – NP2

dos direitos políticos em Portugal, devidamente comunicada ao


Tribunal Superior Eleitoral, importará suspensão desses mesmos
direitos no Brasil.

 O art. 12, § 3º da CR/88 elenca cargos eletivos privativo de


brasileiros natos: Presidente e Vice-Presidente da República
(disputados em eleições perante o eleitorado); Presidente da
Câmara dos Deputados e Presidente do Senado Federal
(disputados em eleições interna corporis de cada Casa Legislativa).
Representam uma limitação à capacidade eleitoral passiva dos
brasileiros naturalizados (e dos portugueses a estes equiparados).

 A comprovação da nacionalidade é feita por ocasião do alistamento


eleitoral, já que o requerimento de inscrição deve ser instruído com
documento do qual se infira a nacionalidade brasileira. Daí essa prova não
ser exigida por ocasião do registro de candidatura.

 Questão prática: no caso de brasileiro nato pelo critério do ius sanguinis


prevista no art. 12, I, “c” da CR/88, quando deve ocorrer a homologação
da opção confirmativa pela nacionalidade brasileira para viabilizar a
candidatura? O momento de configuração desta condição de elegibilidade
é o da formalização do requerimento do registro, por não haver previsão
expressa em sentido diverso (prevalece o art. 11, § 10, da Lei 9.504/97),
mas a homologação da opção pela nacionalidade pode ser posterior ao
pedido de registro, porque o entendimento do STF é que a sentença
homologatória no processo de naturalização surte efeitos ex tunc (desde
o nascimento).

 TSE – RESPE nº 29200/RS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.


EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL.
OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DE
OPÇÃO PELA NACIONALIDADE BRASILEIRA (ARTIGO 12, INCISO I,
ALÍNEA "C", DA CB). EFEITOS EX TUNC. CONVALIDAÇÃO
ALISTAMENTO E FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. 1. O STF reconhece que a
homologação, por sentença judicial, de opção pela nacionalidade
brasileira (artigo 12, inciso I, alínea "c", da Constituição do Brasil)
possui efeitos ex tunc. 2. A sentença homologatória da opção pela
nacionalidade brasileira deve ser considerada fato novo suficiente
para convalidar o alistamento eleitoral e a filiação partidária, em
razão de seus efeitos retroativos, que são absolutos. 3. Embargos
Resumo de Direitos Políticos – NP2

acolhidos, com efeitos infringentes. Registro de candidatura da


embargante ao cargo de Vereador deferido. Decisão: O Tribunal,
por unanimidade, acolheu os Embargos de Declaração, com
efeitos modificativos, para deferir o registro da candidatura da
embargante, nos termos do voto do Relator.

 Pleno exercícios dos direitos políticos;

 Os direitos políticos ou cívicos denotam a capacidade de votar e ser


votado, significando a prerrogativa de participar direta ou indiretamente
do Governo, da organização e do funcionamento do Estado. São
adquiridos com alistamento eleitoral (teoria do fato jurídico).

 Art. 15 da CF/88: É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou


suspensão só se dará nos casos de:

I. cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II. incapacidade civil absoluta;

III. condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem


seus efeitos;

IV. recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação


alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;

V. improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

 O art. 15 da CF/88 veda a cassação de direitos políticos, mas admite a


perda e a suspensão, nos casos destacados nos incisos. Assim, a suspensão
e a perda dos direitos políticos, nos termos do art. 15, influenciam direto
na elegibilidade, uma vez que é necessário ter pelo exercício dos direitos
políticos.

 Para que o cidadão esteja no pleno (i.e., total, integral) gozo dos
direitos políticos, é mister que cumpra todas as obrigações
político-eleitorais exigidas pelo ordenamento jurídico. Essa
situação é certificada pela Justiça Eleitoral, que expede uma
certidão de quitação eleitoral. Se a certidão for negativa, significa
que o cidadão não estará no pleno gozo dos direitos políticos – o
Resumo de Direitos Políticos – NP2

que lhe impede de exercer sua cidadania passiva e, portanto,


registrar sua candidatura.

 Os limites de tal certidão são estabelecidos no artigo 11, § 7º


(introduzido pela Lei nº 12.034/2009), da LE, que reza: “certidão
de quitação eleitoral abrangerá exclusivamente a plenitude do
gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o
atendimento a convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os
trabalhos relativos ao pleito, a inexistência de multas aplicadas,
em caráter definitivo, pela Justiça Eleitoral e não remitidas, e a
apresentação de contas de campanha eleitoral”.

 A hipótese controvertida do art. 337 do Código Eleitoral: Art. 337.


Participar, o estrangeiro ou brasileiro que não estiver no gozo dos seus
direitos políticos, de atividades partidárias inclusive comícios e atos de
propaganda em recintos fechados ou abertos: Pena - detenção até seis
meses e pagamento de 90 a 120 dias-multa. Essa regra foi considerada
inconstitucional:

 TRE-RN: HC: nº 49870/RN HABEAS CORPUS PREVENTIVO -


PARTICIPAÇÃO DE PESSOA COM DIREITOS POLÍTICOS SUSPENSOS
EM ATIVIDADES PARTIDÁRIAS E DE PROPAGANDA ELEITORAL -
PREVISÃO DE CRIME ELEITORAL. ART. 337 DO CÓDIGO ELEITORAL.
ATO CONCRETO DE PROMOTOR ELEITORAL, NAS ELEIÇÕES DE
2012, ORIENTANDO A POLÍCIA MILITAR - PRETENSÃO DE
PARTICIPAÇÃO EM ATOS POLÍTICOS NAS ELEIÇÕES DE 2012 -
AMEAÇA EFETIVA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL CONFIGURADA
- CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE INCIDENTAL EM HABEAS
CORPUS - POSSIBILIDADE - INCONSTITUCIONALIDADE QUE NÃO
TENHA O CARÁTER PRINCIPAL DA PRETENSÃO - CONCESSÃO DA
ORDEM. Às normas restritivas de direitos, especialmente aqueles
com sede constitucional, dar-se-á interpretação restritiva. Direito
fundamental à livre manifestação do pensamento. Não recepção
do art. 337 do Código Eleitoral de 1965 pela Constituição Federal
da República de 1988. Direito fundamental à livre manifestação
do pensamento assegurado no art. 5º, IV, da CR/88. Cláusula
pétrea. Incompatibilidade entre art. 337, do Código Eleitoral e a
atual ordem constitucional. Inexistência de bem jurídico da atual
sociedade brasileira a ser tutelado pelo tipo penal. Ordem
concedida. (TRE-RN - HC: 49870/RN, Relator: NILSON ROBERTO
Resumo de Direitos Políticos – NP2

CAVALCANTI MELO, Data de Julgamento: 18/09/2012, Data de


Publicação: DJE - Diário de justiça eletrônico, Data 24/09/2012,
Página 08).

 Alistamento eleitoral;

 O alistamento eleitoral é a condição sine qua non para a aquisição da


cidadania, pois é por ele que o corpo eleitoral é organizado. Assim, não
estando inscrito no cadastro eleitoral, é impossível que o nacional exerça
direitos políticos, já que nem sequer terá título de eleitor (o título de
eleitor faz prova do alistamento).

 Ademais, não basta apenas se alistar, é preciso estar com o alistamento


regular para cumprir essa condição de elegibilidade. Assim, a condição de
elegibilidade somente é preenchida com regularidade plena do status de
eleitos, que é afastado em caso do cancelamento da inscrição eleitoral,
como ocorre, por exemplo, no caso do eleitor que atende ao
recadastramento biométrico.

 Atenção: o cancelamento da inscrição (por mera irregularidade


formal) não se confunde com a incidência de perda e suspensão
dos direitos políticos; com o cancelamento da inscrição a pessoa
permanece na "base de cadastro eleitoral". Já na perda e
suspensão a pessoa migra para uma "base de perda e suspensão
dos direitos políticos"; além disso, a regularização do
cancelamento da inscrição é mais simples (na perda e suspensão
só por meio da corregedoria eleitoral).

 A exigência dessa condição de elegibilidade exclui a possibilidade


de candidatura dos inalistáveis (estrangeiros e conscritos durante
o serviço militar obrigatório – art. 14, § 2º, CR/88);

 Policiais e bombeiros militares são alistáveis e, portanto,


elegíveis. Na jurisprudência, prevalece entendimento de que se
desincompatibilizam no prazo de “servidores”.

 Domicílio eleitoral na circunscrição;

 O domicílio eleitoral está disciplinado no parágrafo único, art. 42, do


Código Eleitoral. Trata-se de um conceito mais amplo que o domicílio civil.
Resumo de Direitos Políticos – NP2

Circunscrição é o âmbito territorial da eleição em disputa. Para prefeito e


vereador, a circunscrição é o município. Para Governador, Deputado
Estadual, Deputado Federal e Senador, a circunscrição é o Estado. Para
presidente da república, por óbvio, é o país.

 TSE – RESPE nº 37481/PB EMENTA: ELEIÇÃO 2012. RECURSO


ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATO. DEFERIMENTO. DOMICÍLIO
ELEITORAL. ABRANGÊNCIA. COMPROVAÇÃO. CONCEITO
ELÁSTICO. DESNECESSIDADE DE RESIDÊNCIA PARA SE
CONFIGURAR O VÍNCULO COM O MUNICÍPIO. PROVIMENTO. 1)
Na linha da jurisprudência do TSE, o conceito de domicílio eleitoral
é mais elástico do que no Direito Civil e se satisfaz com a
demonstração de vínculos políticos, econômicos, sociais ou
familiares. Precedentes. 2) Recurso especial provido para deferir
o registro de candidatura. (TSE - REspe: 37481 PB, Relator: Min.
MARCO AURÉLIO MENDES DE FARIAS MELLO, Data de
Julgamento: 18/02/2014, Data de Publicação: DJE - Diário de
justiça eletrônico, Tomo 142, Data 04/08/2014, Página 28/29).

 A contagem desse lapso temporal deve ser feita com base na data-limite
para o pedido registro de candidatura (LE, art. 9º, caput – com a redação
da Lei nº 13.488/2017 – c.c. o art. 11, § 10, primeira parte). Entretanto,
considerou o TSE que referido prazo deve ser contado com base na data
do pleito. Nesse sentido, a Res. nº 23.555/2017 (que fixa o Calendário
Eleitoral paras as eleições de 2018) estabeleceu o dia 7 de abril como a
“Data até a qual os que pretendem ser candidatos a cargo eletivo nas
eleições de 2018 devem ter domicílio eleitoral na circunscrição na qual
desejam concorrer [...].” O dia 7 de abril de 2018 corresponde a seis meses
antes do pleito desse ano. Ocorre que o referencial “data do pleito”
(considerado pelo TSE) foi suprimido do artigo 9º, caput, da LE (com a
redação da Lei nº 13.488/2017), tampouco consta do artigo 20 da LPP
(dispositivos invocados como fundamento pela referida Resolução).
Diante de tal supressão, incide o § 10, artigo 11, da LE, que determina que
as condições de elegibilidade sejam “aferidas no momento da
formalização do pedido de registro da candidatura”. Em suma, o momento
da configuração dessa condição de elegibilidade é de seis meses antes das
eleições (esse prazo é denominado fixação do domicilio eleitoral).

 Tendo ocorrido transferência de domicílio eleitoral, as discussões


acerca de sua regularidade devem ser feitas em procedimento
Resumo de Direitos Políticos – NP2

próprio, inclusive com o manejo do recurso previsto no artigo 57,


§ 2º, do Código Eleitoral (o prazo é de cinco ou dez dias, conforme
já salientado). Se a via recursal já estiver preclusa, o interessado
poderá pleitear o cancelamento da inscrição com base no artigo
71, I e III, desse mesmo diploma. Nesse sentido, a Corte Superior
Eleitoral tem entendido: “[...] 7. O cancelamento de transferência
eleitoral é matéria regulada pela legislação infraconstitucional,
tendo natureza de decisão constitutiva negativa com eficácia ex
nunc, conforme decidido por esta Corte no Acórdão nº 12.039. 8.
Se o candidato solicitou e teve deferida transferência de sua
inscrição eleitoral, não tendo sofrido, naquela ocasião, nenhuma
impugnação, conforme prevê o art. 57 do Código Eleitoral, ele
possuía domicílio eleitoral no momento da eleição, não havendo
como reconhecer a ausência de condição de elegibilidade por falta
deste. 9. O cancelamento de transferência supostamente
fraudulenta somente pode ocorrer em processo específico, nos
termos do art. 71 e seguintes do Código Eleitoral, em que sejam
obedecidos o contraditório e a ampla defesa. Recurso contra
expedição de diploma a que se nega provimento” (TSE – RCED nº
653/ SP – DJ 25-6- 2004).

 Filiação partidária;

 Filiação partidária é o vínculo associativo de natureza privada entre


cidadão e a agremiação partidária. O momento da configuração dessa
condição de elegibilidade é de seis meses antes da eleição, porém, o art.
20 da Lei 9.096/95 autoriza que o estatuto do partido político estabeleça
prazo maior. Ou seja, os partidos políticos podem estabelecer prazos
maiores para a filiação partidária, para que o indivíduo possa se
candidatar, não podendo ser menor que o prazo estabelecido em lei.
Além, disso, o parágrafo único do referido artigo, diz que os prazos de
filiação partidária, com vista a candidatura a cargos eletivos, não podem
ser alterados no ano da eleição.

 Art. 20. É facultado ao partido político estabelecer, em seu


estatuto, prazos de filiação partidária superiores aos previstos
nesta Lei, com vistas a candidatura a cargos eletivos. Parágrafo
único. Os prazos de filiação partidária, fixados no estatuto do
partido, com vistas a candidatura a cargos eletivos, não podem ser
alterados no ano da eleição.
Resumo de Direitos Políticos – NP2

 A comprovação dessa condição de elegibilidade é dada pela informação


coletada do banco de dados da Justiça Eleitoral (art. 11, § 13, Lei
9.504/974). Caso esses dados indiquem ausência de filiação ou filiação por
prazo inferior à antecedência mínima exigida, a filiação poderá ser provada
por outros meios.

 Súmula TSE nº 20 A prova de filiação partidária daquele cujo nome


não constou da lista de filiados de que trata o art. 19 da Lei nº
9.096/19955, pode ser realizada por outros elementos de
convicção, salvo quando se tratar de documentos produzidos
unilateralmente, destituídos de fé pública.

 TSE – AgR-RESPE nº 580346/BH EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL.


RECURSO ESPECIAL. REGISTRO DE CANDIDATURA. DEPUTADO
FEDERAL. AUSÊNCIA. FILIAÇÃO PARTIDÁRIA. FICHA. NÃO
COMPROVAÇÃO. PROVA UNILATERAL. FUNDAMENTOS NÃO
INFIRMADOS. DESPROVIMENTO. [...] 2. Nos termos da
jurisprudência desta Corte, a ficha de filiação partidária, por se
tratar de documento de produção unilateral não dotado de fé
pública, não se presta a comprovar a regular e tempestiva filiação
partidária. 3. Agravo regimental desprovido. (TSE - AgR-REspe:
580346 MG , Relator: Min. MARCELO HENRIQUES RIBEIRO DE
OLIVEIRA, Data de Julgamento: 15/09/2010, Data de Publicação:
PSESS - Publicado em Sessão, Data 15/09/2010).

 Duplicidade de filiações: a filiação a um segundo partido político, sem


formalizar a desfiliação anterior, conforme destaca o art. 22, parágrafo
único, da Lei 9.096/95, prevalecerá a mais recente, devendo a justiça
eleitoral determinar o cancelamento das demais.

 Registro do estatuto do partido no TSE: Lei 9.504/1997 Art. 4º


Poderá participar das eleições o partido que, até seis meses antes
do pleito, tenha registrado seu estatuto no Tribunal Superior
Eleitoral, conforme o disposto em lei, e tenha, até a data da
convenção, órgão de direção constituído na circunscrição, de
acordo com o respectivo estatuto (Redação dada pela Lei nº
13.488, de 2017).

 O procedimento de escolha dos candidatos pelos partidos: Lei


9.504/1997 Art. 8º A escolha dos candidatos pelos partidos e a
Resumo de Direitos Políticos – NP2

deliberação sobre coligações deverão ser feitas no período de 20


de julho a 5 de agosto do ano em que se realizarem as eleições,
lavrando-se a respectiva ata em livro aberto, rubricado pela
Justiça Eleitoral, publicada em vinte e quatro horas em qualquer
meio de comunicação. § 2º Para a realização das convenções de
escolha de candidatos, os partidos políticos poderão usar
gratuitamente prédios públicos, responsabilizando-se por danos
causados com a realização do evento. Art. 11. Os partidos e
coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus
candidatos até as dezenove horas do dia 15 de agosto do ano em
que se realizarem as eleições.

 Impedimento para filiação:

a) Magistrados: art. 95, parágrafo único, III, CR/88;

b) Membros do MP: art. 128, § 5º, II, “e”, CR/88;

c) Ministro de Tribunal de Contas: art. 73, § 3º, CR/88;

d) Militares (Forças Armadas): art. 142, 3º, V, CR/88.

 Caso queiram se candidatar (Magistrados, membros do MP e


membros de TC): cumpre o prazo para filiação (até 6 meses antes do
pleito) e pede exoneração ou aposentadoria no mesmo prazo (art. 1º,
II, “a”, 8, 14 e “j”, LC nº 64/1990).

 Debate em torno das candidaturas avulsas: (a) Caso Mauro Junqueira


(PET 25-54.2017.6.09.0132 - APARECIDA DE GOIÂNIA - GO). (b)
Informativo STF nº 880 Candidatura avulsa e repercussão geral O
Plenário, ao resolver questão de ordem suscitada pelo ministro
Roberto Barroso (relator), reconheceu a repercussão geral da questão
constitucional tratada em recurso extraordinário com agravo. Nele, se
discute a possibilidade de candidato sem filiação partidária disputar
eleições (candidatura avulsa). No caso, o recorrente, sem filiação
partidária, teve a sua candidatura para a eleição de prefeito em 2016
indeferida. O Plenário, de início e por maioria, entendeu que, muito
embora a questão constitucional em debate esteja prejudicada na
hipótese dos autos — em razão do o esgotamento do pleito municipal
de 2016 —, ela deve se revestir do caráter de repercussão geral tendo
Resumo de Direitos Políticos – NP2

em vista sua relevância social e política. Vencidos, no ponto, os


ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar
Mendes e Marco Aurélio, que entenderam pela prejudicialidade do
recurso. Superada a preliminar, acompanharam os demais quanto à
questão de ordem. (ARE 1054490 QO/RJ, rel. Min. Roberto Barroso,
julgamento em 5.10.2017). Cf. Parecer favorável da PGR. (c) Caso
Yatama v. Nicarágua (2005): supressão, 9 meses antes da eleição de
2000, da possibilidade de que organizações de subscrição popular
(integradas por 5% do eleitorado da circunscrição) lançassem
candidatos. Isso inviabilizou candidaturas de comunidades indígenas,
que não adotavam partidos políticos. O Comitê de Direitos Humanos
da ONU considerou haver violação aos direitos políticos das pessoas
envolvidas. A Nicarágua foi condenada por violar o art. 23 da
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da
Costa Rica).

 Idade mínima;

 Com relação a essa condição de elegibilidade, por opção do Poder


constituinte, foi estabelecido um suposto grau de maturidade compatível
com a natureza do cargo (art. 14, § 3º, VI, CR/88):

a) Vereador: 18 anos;

b) Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-


Prefeito e juiz de paz: 21 anos;

c) Governador e Vice-Governador: 30 anos;

d) Presidente e Vice-Presidente da República e Senador: 35 anos.

 Momento de configuração: a regra é a data da posse, salvo para o cargo


de vereador, já que a configuração nessa hipótese é concomitante (o
candidato a vereador deve completar 18 anos na data limite do registro de
candidatura, que é 15/08 no ano da eleição7).

 Questão prática: No caso de impossibilidade do exercício do cargo pelo


Prefeito e pelo Vice, o Presidente da Câmara, Vereador de 20 anos de
idade, poderia assumir a Prefeitura em substituição? Para alguns autores,
como Alexandre Ávalo (2014, p. 50), a resposta é positiva, pois a idade
Resumo de Direitos Políticos – NP2

mínima é requisito para a disputa dos cargos eletivos, e não para o


exercício interino de outro cargo.

 As “condições de retratabilidade”;

 Conceito: são requisitos instrumentais que visam a implementação do


procedimento do registro de candidatura; apresentam caráter
eminentemente formal, mas o não cumprimento desses requisitos leva ao
indeferimento do pedido de registro da candidatura (ZILIO, 2016).

 Previsão normativa: lei ordinária e resoluções do TSE. Lei nº


9.504/1997 Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça
Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do
dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. § 1º O
pedido de registro deve ser instruído com os seguintes
documentos: I - cópia da ata a que se refere o art. 8º; II -
autorização do candidato, por escrito; III - prova de filiação
partidária; IV - declaração de bens, assinada pelo candidato; V -
cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório
eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou
requereu sua inscrição ou transferência de domicílio no prazo
previsto no art. 9º; VI - certidão de quitação eleitoral; VII -
certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da
Justiça Eleitoral, Federal e Estadual; VIII - fotografia do candidato,
nas dimensões estabelecidas em instrução da Justiça Eleitoral,
para efeito do disposto no § 1º do art. 59. IX - propostas
defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado e a
Presidente da República. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009).

 Jurisprudência: RESPE nº 20.098/GO Ementa: Registro de


candidatura - Condição de elegibilidade - Comprovantes de
escolaridade, de domicílio eleitoral e declaração de bens -
Documentos exigidos pela Res./TSE nº 20.993, mas não
apresentados, mesmo depois de aberta oportunidade para tanto.
Apelo que não indica divergência jurisprudencial ou afronta a lei -
Recurso especial não conhecido.

 Elegibilidade dos militares (forças armadas);


Resumo de Direitos Políticos – NP2

 A elegibilidade dos militares está disciplinada no art. 14, § 8º, CR/88. Regra
do prazo de 6 meses de fixação do domicilio na circunscrição: aplicável
também ao militar. Se contar menos de 10 anos de serviço: afastamento
definitivo. Se contar mais de 10 anos de serviço: será agregado (Agregação
é a situação na qual o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala
hierárquica de seu Corpo, Quadro, Arma ou Serviço, nela permanecendo
sem número) - Se eleito: passará para a inatividade; o Se não for eleito:
reassume o posto que ocupava.

 Observação: O afastamento e a agregação só ocorrerão com o


deferimento do pedido de registro da candidatura.

 Se já estava na reserva: exige-se a filiação no prazo legal.

 Passagem para a inatividade a menos de 6 meses do pleito: deverá


filiar-se no prazo de 48 horas, contado da entrada na inatividade.

 Inelegibilidades

 Trata-se do impedimento ao exercício da cidadania passiva. São requisitos


negativos cuja a configuração obstrui ou subtrai a capacidade eleitoral
passiva do cidadão, assim, tornando-o inapto para exercer cargo político-
eletivo.

 Natureza jurídica;

 No estudo da inelegibilidade, com relação a sua natureza jurídica, surge a


discussão se esta é uma sanção punitiva ou restrição não sancionatória.
Não se trata de uma mera discussão doutrinaria, pois determinar a
natureza jurídica das inelegibilidades tem uma influência direta na forma
como estas são aplicadas.

a) Inelegibilidade como sanção (caráter punitivo): se as


inelegibilidades forem consideradas como uma sanção punitiva,
estas somente poderão ser aplicadas após o trânsito em julgado, ou
seja, se aplicariam as inelegibilidades as mesmas regras aplicadas
para as normas penais.

b) Restrição não sancionatória (caráter não punitivo): se as


inelegibilidades forem consideradas como restrições não
Resumo de Direitos Políticos – NP2

sancionatórias, por outro lado, poderão ter incidência imediata e


independente de decisão judicial.

 Entendimento do TSE e do STF após o advento da Lei Complementar


64/1990 – Lei das inelegibilidades;

 O TSE e o STF, entendem que as inelegibilidades não constituem uma


sanção penal. A partir desse reconhecimento, os dois Tribunais Superiores
entendem que não cabe a aplicação do princípio da anterioridade da lei
penal. Ou seja, a aplicação das inelegibilidades poderá incidir em fatos
anteriores a vigência da lei das inelegibilidades. Dessa forma, o indivíduo
que pretende se candidatar, e portanto, ser elegível, estará sujeito as
inelegibilidades vigentes no período.

 TSE: RESPE nº 9797/PR: EMENTA: I - INELEGIBILIDADE (LC N.


64/90, ART. 1, I, G): AO RECONHECIMENTO DE EXCECAO
SUBSTANCIAL DE PENDENCIA DE ACAO DE NULIDADE DA
REJEICAO DE CONTAS QUE A DETERMINADA, BASTA QUE A
PROPOSITURA DA DEMANDA, NOS TERMOS DO ART. 263, CPC,
TENHA ANTECEDIDO A IMPUGNACAO DA CANDIDATURA DO
AUTOR. II - INELEGIBILIDADE (LC N. 64/90, ART. 1, I, E): A
INELEGIBILIDADE NÃO É PENA, SENDO-LHE IMPERTINENTE O
PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI PENAL; A DA LETRA "E"
INCIDE, POIS, AINDA QUE O CRIME E A CONDENACAO DO
CANDIDATO SEJAM ANTERIORES À VIGENCIA DA LEI QUE A
INSTITUI.

 STF: MS nº 22087/DF: EMENTA: - CONSTITUCIONAL. ELEITORAL.


INELEGIBILIDADE. CONTAS DO ADMINISTRADOR PÚBLICO:
REJEIÇÃO. Lei Complementar n. 64, de 1990, art. 1., I, "g". I. -
Inclusão em lista para remessa ao órgão da Justiça Eleitoral do
nome do administrador público que teve suas contas rejeitadas
pelo T.C.U., além de lhe ser aplicada a pena de multa. Inocorrência
de dupla punição, dado que a inclusão do nome do administrador
público na lista não configura punição. II. - Inelegibilidade não
constitui pena. Possibilidade, portanto, de aplicação da lei de
inelegibilidade, Lei Compl. n. 64/90, a fatos ocorridos
anteriormente a sua vigência. III. - A Justiça Eleitoral compete
formular juízo de valor a respeito das irregularidades apontadas
pelo Tribunal de Contas, vale dizer, se as irregularidades
Resumo de Direitos Políticos – NP2

configuram ou não inelegibilidade. IV. - Mandado de segurança


indeferido.

 Reafirmação da tese de que inelegibilidade não é sanção (pena) após o


advento da LC nº 135/2010 – Lei da Ficha Limpa – (ler todo depois):

 TSE: RO nº 191873 (2010): “[...] as inelegibilidades representam


ditames de interesse público, fundados nos objetivos superiores
que são a moralidade e a probidade; à luz da atual construção
doutrinária vigente os coletivos se sobrepõem aos interesses
individuais, não ferindo o regramento constitucional [...]”.

 STF: ADCs 29 e 30 e ADI 4578 (2012) AÇÕES DECLARATÓRIAS DE


CONSTITUCIONALIDADE E AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE EM JULGAMENTO CONJUNTO. LEI
COMPLEMENTAR Nº 135/10. HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADE.
ART. 14, § 9º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. MORALIDADE PARA
O EXERCÍCIO DE MANDATOS ELETIVOS. INEXISTÊNCIA DE
AFRONTA À IRRETROATIVIDADE DAS LEIS: AGRAVAMENTO DO
REGIME JURÍDICO ELEITORAL. ILEGITIMIDADE DA EXPECTATIVA
DO INDIVÍDUO ENQUADRADO NAS HIPÓTESES LEGAIS DE
INELEGIBILIDADE. PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (ART. 5º, LVII, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL): EXEGESE ANÁLOGA À REDUÇÃO
TELEOLÓGICA, PARA LIMITAR SUA APLICABILIDADE AOS EFEITOS
DA CONDENAÇÃO PENAL. ATENDIMENTO DOS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE. OBSERVÂNCIA DO
PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO: FIDELIDADE POLÍTICA AOS
CIDADÃOS. VIDA PREGRESSA: CONCEITO JURÍDICO
INDETERMINADO. PRESTÍGIO DA SOLUÇÃO LEGISLATIVA NO
PREENCHIMENTO DO CONCEITO. CONSTITUCIONALIDADE DA
LEI. AFASTAMENTO DE SUA INCIDÊNCIA PARA AS ELEIÇÕES JÁ
OCORRIDAS EM 2010 E AS ANTERIORES, BEM COMO E PARA OS
MANDATOS EM CURSO. 1. A elegibilidade é a adequação do
indivíduo ao regime jurídico - constitucional e legal
complementar - do processo eleitoral, razão pela qual a
aplicação da Lei Complementar nº 135/10 com a consideração
de fatos anteriores não pode ser capitulada na retroatividade
vedada pelo art. 5º, XXXVI, da Constituição, mercê de incabível
a invocação de direito adquirido ou de autoridade da coisa
julgada (que opera sob o pálio da cláusula rebus sic stantibus)
Resumo de Direitos Políticos – NP2

anteriormente ao pleito em oposição ao diploma legal


retromencionado; subjaz a mera adequação ao sistema
normativo pretérito (expectativa de direito). 2. A razoabilidade
da expectativa de um indivíduo de concorrer a cargo público
eletivo, à luz da exigência constitucional de moralidade para o
exercício do mandato (art. 14, § 9º), resta afastada em face da
condenação prolatada em segunda instância ou por um
colegiado no exercício da competência de foro por prerrogativa
de função, da rejeição de contas públicas, da perda de cargo
público ou do impedimento do exercício de profissão por
violação de dever ético-profissional. 3. A presunção de inocência
consagrada no art. 5º, LVII, da Constituição Federal deve ser
reconhecida como uma regra e interpretada com o recurso da
metodologia análoga a uma redução teleológica, que
reaproxime o enunciado normativo da sua própria literalidade,
de modo a reconduzi-la aos efeitos próprios da condenação
criminal (que podem incluir a perda ou a suspensão de direitos
políticos, mas não a inelegibilidade), sob pena de frustrar o
propósito moralizante do art. 14, § 9º, da Constituição Federal.
4. Não é violado pela Lei Complementar nº 135/10 o princípio
constitucional da vedação de retrocesso, posto não vislumbrado
o pressuposto de sua aplicabilidade concernente na existência
de consenso básico, que tenha inserido na consciência jurídica
geral a extensão da presunção de inocência para o âmbito
eleitoral. 5. O direito político passivo (ius honorum) é possível de
ser restringido pela lei, nas hipóteses que, in casu, não podem
ser consideradas arbitrárias, porquanto se adequam à exigência
constitucional da razoabilidade, revelando elevadíssima carga
de reprovabilidade social, sob os enfoques da violação à
moralidade ou denotativos de improbidade, de abuso de poder
econômico ou de poder político. 6. O princípio da
proporcionalidade resta prestigiado pela Lei Complementar nº
135/10, na medida em que: (i) atende aos fins moralizadores a
que se destina; (ii) estabelece requisitos qualificados de
inelegibilidade e (iii) impõe sacrifício à liberdade individual de
candidatar-se a cargo público eletivo que não supera os
benefícios socialmente desejados em termos de moralidade e
probidade para o exercício de referido munus publico. 7. O
exercício do ius honorum (direito de concorrer a cargos eletivos),
em um juízo de ponderação no caso das inelegibilidades
Resumo de Direitos Políticos – NP2

previstas na Lei Complementar nº 135/10, opõe-se à própria


democracia, que pressupõe a fidelidade política da atuação dos
representantes populares. 8. A Lei Complementar nº 135/10
também não fere o núcleo essencial dos direitos políticos, na
medida em que estabelece restrições temporárias aos direitos
políticos passivos, sem prejuízo das situações políticas ativas. 9.
O cognominado desacordo moral razoável impõe o prestígio da
manifestação legítima do legislador democraticamente eleito
acerca do conceito jurídico indeterminado de vida pregressa,
constante do art. 14, § 9.º, da Constituição Federal. 10. O abuso
de direito à renúncia é gerador de inelegibilidade dos detentores
de mandato eletivo que renunciarem aos seus cargos, posto
hipótese em perfeita compatibilidade com a repressão,
constante do ordenamento jurídico brasileiro (v.g., o art. 55, §
4º, da Constituição Federal e o art. 187 do Código Civil), ao
exercício de direito em manifesta transposição dos limites da
boa-fé. 11. A inelegibilidade tem as suas causas previstas nos §§
4º a 9º do art. 14 da Carta Magna de 1988, que se traduzem em
condições objetivas cuja verificação impede o indivíduo de
concorrer a cargos eletivos ou, acaso eleito, de os exercer, e não
se confunde com a suspensão ou perda dos direitos políticos,
cujas hipóteses são previstas no art. 15 da Constituição da
República, e que importa restrição não apenas ao direito de
concorrer a cargos eletivos (ius honorum), mas também ao
direito de voto (ius sufragii). Por essa razão, não há
inconstitucionalidade na cumulação entre a inelegibilidade e a
suspensão de direitos políticos. 12. A extensão da inelegibilidade
por oito anos após o cumprimento da pena, admissível à luz da
disciplina legal anterior, viola a proporcionalidade numa
sistemática em que a interdição política se põe já antes do
trânsito em julgado, cumprindo, mediante interpretação
conforme a Constituição, deduzir do prazo posterior ao
cumprimento da pena o período de inelegibilidade decorrido
entre a condenação e o trânsito em julgado. 13. Ação direta de
inconstitucionalidade cujo pedido se julga improcedente. Ações
declaratórias de constitucionalidade cujos pedidos se julgam
procedentes, mediante a declaração de constitucionalidade das
hipóteses de inelegibilidade instituídas pelas alíneas "c", "d",
"f", "g", "h", "j", "m", "n", "o", "p" e "q" do art. 1º, inciso I, da
Lei Complementar nº 64/90, introduzidas pela Lei
Resumo de Direitos Políticos – NP2

Complementar nº 135/10, vencido o Relator em parte mínima,


naquilo em que, em interpretação conforme a Constituição,
admitia a subtração, do prazo de 8 (oito) anos de inelegibilidade
posteriores ao cumprimento da pena, do prazo de
inelegibilidade decorrido entre a condenação e o seu trânsito em
julgado. 14. Inaplicabilidade das hipóteses de inelegibilidade às
eleições de 2010 e anteriores, bem como para os mandatos em
curso, à luz do disposto no art. 16 da Constituição. Precedente:
RE 633.703, Rel. Min. GILMAR MENDES (repercussão geral).

 VER AS PARTES DESTACADAS NA NOTA DE AULA E MARCAR.

 Diante do exposto, pode-se concluir que, em regra, a inelegibilidade não


tem um caráter punitivo. Mas, é importante destacar que existe uma
exceção a essa regra, que é a única hipótese que a inelegibilidade terá um
viés punitivo. Dessa forma, estabelecendo-se que a inelegibilidade não
tem um caráter punitivo, em geral, não se aplica a regra constitucional de
que a lei não pode retroagir para incidir sobre fatos passados.

 Para ser elegível o indivíduo precisa se adequar ao regime jurídico


constitucional e legal (complementar) no momento do pedido de
registro de candidatura (aplicação da teoria do fato jurídico do
prof. Adriano Soares da Costa).

 Hipótese de inelegibilidades como sanção;

 A exceção a regra geral de que as inelegibilidades não tem um caráter de


sanção, se encontra no art. 22, XIV da Lei Complementar 64/1990:

 Art. 22 da LC 64/1990: Qualquer partido político, coligação, candidato ou


Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral,
diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando
provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial
para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do
poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de
comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político,
obedecido o seguinte rito:

XIV: julgada procedente a representação, ainda que após a proclamação


dos eleitos, o Tribunal declarará a inelegibilidade do representado e de
Resumo de Direitos Políticos – NP2

quantos hajam contribuído para a prática do ato, cominando-lhes sanção


de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos
subsequentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro
ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do
poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos
meios de comunicação, determinando a remessa dos autos ao Ministério
Público Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e
de ação penal, ordenando quaisquer outras providências que a espécie
comportar; (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010).

 Está é a única hipótese de inelegibilidade com caráter de sanção, assim,


deve ser fixada por decisão judicial. É restrita ao caso de condenação em
AIJE típica, também é alcançada pela coisa julgada, inclusive quanto aos
prazos.

 Causas de inelegibilidades constitucionais

 Inalistáveis e os analfabetos;

 Art. 14, § 4º, da CF/88: São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

 O parágrafo quarto do art. 14 do CF/88, diz que são inelegíveis os


inalistáveis e os analfabetos. Os inalistáveis, de acordo com o parágrafo
segundo, do mesmo artigo, são os estrangeiros e, durante o período do
serviço militar obrigatório, os conscritos. No âmbito do Direito Eleitoral, a
jurisprudência tem agasalhado concepções bastante restritas de
analfabeto. Não raro, confunde-se analfabetismo com falta de experiência
ou conhecimento de mundo, ignorando-se que aquele conceito liga-se ao
domínio de um sistema formal de escrita e leitura. Ninguém duvida que
alguém possa ser analfabeto e deter rica experiência de vida. Isso, aliás, é
muito comum em países de gente inculta como o Brasil, em que o
desprezo pela educação efetiva e qualitativa é manifesto em todos os
lugares.

 Segunda as resoluções do TSE, para que o indivíduo prove a sua


alfabetização, é necessário que seja sugerido uma ordem sucessiva de
comprovações. Assim, o indivíduo deverá primeiramente apresentar
comprovante de escolaridade (diploma, histórico escolar ou certidão
expedida pela instituição de ensino), depois deverá produzir uma
declaração de próprio punho perante a autoridade eleitoral (Note-se que
Resumo de Direitos Políticos – NP2

a declaração deve ser produzida perante a autoridade, e não apenas


apresentada já confeccionada e tão só assinada diante dela. A
jurisprudência já considerou que a mera assinatura em documentos é
insuficiente para provar a condição de alfabetizado do candidato). Por fim,
o interessado é submetido a prova ou teste. Nesse caso, é necessário que
a alfabetização seja aferida de modo individual e reservado, sem que se
fira a dignidade inerente à pessoa. Para que se considere alfabetizada,
basta que a pessoa possa “ler e escrever, ainda que de forma precária”.

 Jurisprudência sobre o tema;

 TSE: RESPE nº 8941/PI EMENTA: RECURSO ESPECIAL. ELEIÇÕES


2016. VEREADOR. REGISTRO DE CANDIDATURA.
ANALFABETISMO. ART. 14, § 4º, DA CF/88. INTERPRETAÇÃO EM
CONFORMIDADE COM OUTROS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS,
EM ESPECIAL DA ISONOMIA (ART. 5º, CAPUT E I), DA CIDADANIA
(ART. 1º, II) E DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (ART. 1º, III).
GRUPOS MINORITÁRIOS. LEGITIMIDADE. PARTICIPAÇÃO NA VIDA
POLÍTICA. MANUTENÇÃO DA CANDIDATURA. DESPROVIMENTO.
[...] 1. Trata-se de pedido de registro de candidatura de Francisco
José de Araújo ao cargo de vereador de São Gonçalo do Piauí/PI
nas Eleições 2016. 2. Em primeiro grau, indeferiu-se o registro ao
fundamento de que o candidato é analfabeto, não preenchendo o
requisito previsto no art. 14, § 4º, da CF/88. 3. O TRE/PI reformou
sentença e assentou estar comprovada condição de alfabetizado.
4. Contra tal acórdão, o Parquet interpôs recurso especial. O
Analfabetismo à Luz de Princípios Constitucionais e do Direito das
Minorias de Participar da Vida Política 5. "São inelegíveis os
inalistáveis e os analfabetos" (art. 14, § 4º, da CF/88). 6. A leitura
de referido preceito não pode ocorrer de forma dissociada do
cenário social e político de nosso País, indeferindo-se,
indistintamente, todo e qualquer registro de candidatura que em
tese se enquadre nessa hipótese, sob pena de incompatibilidade
de ordem absoluta com o quadro valorativo principiológico que
orienta o texto da Constituição Federal de 1988. 7. A cidadania e
a dignidade da pessoa humana constituem princípios
fundamentais da República Federativa do Brasil - art. 1º, II e III, da
CF/88 - e devem compreender, como uma de suas acepções,
inserção plena na vida política. 8. O princípio da isonomia (art. 5º,
caput e I) materializa direito fundamental de tratamento distinto
Resumo de Direitos Políticos – NP2

aos desiguais, na medida de sua distinção, visando atingir status


de igualdade substancial e efetiva entre todos. 9. Os grupos
minoritários existentes em nosso País, que ainda são, de forma
sistêmica e contínua, excluídos dos mais diversos setores - com
destaque para negros, índios, portadores de necessidades
especiais e mulheres (estas, embora maioria em sentido
populacional, não o são no aspecto político) - não podem ser
alijados do cotidiano político brasileiro com base em justificativa
genérica e linear de analfabetismo. 10. Cabe à Justiça Eleitoral,
como instituição imprescindível ao regime democrático,
protagonismo na mudança desse quadro, em que as minorias
possuem representatividade quase nula, eliminando quaisquer
obstáculos que as impeçam de participar ativa e efetivamente da
vida política. 11. No ponto, registrem-se julgamentos recentes em
que esta Corte vem atuando com rigor para modificar esse
cenário: REspe 243-42/PI (combate à fraude em cota de gênero
em candidaturas) e REspe 123- 67/RS (garantia de espaço às
mulheres na propaganda partidária). 12. No tocante, de modo
específico, à causa de inelegibilidade do art. 14, § 4º, da CF/88, seu
exame em conjunto com os valores constitucionais acima
retratados levam a concluir que analfabetismo de natureza
educacional não pode e nem deve, em nenhuma hipótese,
significar analfabetismo para vida política, sob pena de nova
exclusão das minorias - desta vez do direito ao exercício do jus
honorum. 13. Em suma, democracia que exalta, em ditames
constitucionais, direitos à isonomia, à cidadania e à dignidade da
pessoa humana não pode deixar de assegurar a grupos
minoritários presença e representatividade no cenário político.
Caso dos Autos 14. O recorrido, de cor negra, completou o
primeiro ano do ensino fundamental e, ademais, conforme bem
assentado pelo e. Ministro Henrique Neves, é incontroverso que
assinou Requerimento de Registro de Candidatura (fl. 2),
Declaração de Entrega de Certidões (fl. 3), Declaração de Bens (fl.
4), procuração e, por fim, ata da audiência designada para aferir
sua escolaridade, constando do acórdão regional essas premissas
fáticas. 15. No que concerne especificamente ao instrumento
procuratório, haveria incongruência em admitir-se a assinatura
aposta pelo candidato - para prática dos atos previstos no art. 105
do CPC/2015 - e, ao mesmo tempo, assentar-se que ele não
consegue expressar sua vontade. [...] 17. Recurso especial a que
Resumo de Direitos Políticos – NP2

se nega provimento, mantendo-se deferido o registro de


candidatura de Francisco José de Araújo ao cargo de vereador de
São Gonçalo do Piauí/PI nas Eleições 2016.

 TSE: AgR-RESPE nº 10907/SC: Inelegibilidade. Analfabetismo. 1. A


jurisprudência do TSE é pacífica no sentido de que as restrições
que geram as inelegibilidades são de legalidade estrita, sendo
vedada a interpretação extensiva. 2. Essa orientação se aplica,
inclusive, quanto à configuração da inelegibilidade do art. 14, § 4º,
da Constituição Federal, devendo exigir-se do candidato apenas
que ele saiba ler e escrever minimamente, de modo que se possa
evidenciar eventual incapacidade absoluta de incompreensão e
expressão da língua. 3. Não é possível impor restrição de
elegibilidade, por meio da utilização de critérios rigorosos para a
aferição de alfabetismo. 4. Nos termos da jurisprudência desta
Corte e do disposto no art. 27, § 8º, da Res.-TSE n° 23.373, a
realização do teste de alfabetização deve ser feita de forma
individual e reservada. 5. Se o candidato, em teste de grau
elevado, logrou êxito quanto a algumas questões, não há como
assentar ser ele analfabeto. Agravo regimental não provido.

 TSE: RESPE nº 21920/MG: EMENTA: Registro. Indeferimento.


Candidatura. Vereador. Analfabetismo. Aferição. Teste.
Aplicação. Juiz eleitoral. Art. 28, VII e § 4º, Res.-TSE nº 21.608, de
5.2.2004. 1. O candidato instruirá o pedido de registro de
candidatura com comprovante de escolaridade, o qual poderá ser
suprido por declaração de próprio punho, podendo o juiz, diante
de dúvida quanto à sua condição de alfabetizado, determinar a
aferição por outros meios (art. 28, VII e § 4º, da Res.-TSE nº
21.608). 2. O teste de alfabetização, aplicado pela Justiça Eleitoral,
visa à verificação da não-incidência da inelegibilidade, a que se
refere o art. 14, § 4º, da Carta Magna, constituindose em
instrumento legítimo. Vedada, entretanto, a submissão de
candidatos a exames coletivos para comprovação da aludida
condição de elegibilidade, uma vez que tal metodologia lhes
impõe constrangimento, agredindo-lhes a dignidade humana.

 TRE-MT: REJE nº 484/MT: RECURSO ELEITORAL - REGISTRO DE


CANDIDATURA AO CARGO DE VEREADOR - INDEFERIMENTO -
FALTA DE CULTURA MÍNIMA - REJEIÇÃO DA DECLARAÇÃO DE
Resumo de Direitos Políticos – NP2

PRÓPRIO PUNHO - APLICAÇÃO DE TESTE - REDAÇÃO DE TEXTO -


RESULTADO CONSIDERADO INSATISFATÓRIO - SENTENÇA
INSUSTENTÁVEL - CANDIDATO EXPOSTO A VEXAME - DOMÍNIO
SOBRE A ESCRITA COM VÍCIOS IRRELEVANTES - EXCLUSÃO DO
ANALFABETISMO - CAPACIDADE DE CANDIDATAR SEGUNDO A
EXIGÊNCIA DA LEI ELEITORAL - RECURSO PROVIDO. Não pode ser
considerado analfabeto e assim inelegível para os fins da lei
eleitoral pessoa que, causando dúvida sobre os conhecimentos
lingüísticos é submetido a teste de verificação pelo juiz em ato
vexatório e nela demonstra relativo domínio sobre a língua
portuguesa; acrescendo-se, ainda, ter ela escrito uma carta legível
e bem redigida ao juiz relatando toda a sua vida difícil, humilde e
a vontade de se candidatar. (TRE-MT - REJE: 484 MT, Relator:
MANOEL ORNELLAS DE ALMEIDA, Data de Julgamento:
02/09/2008, Data de Publicação: PSESS - Publicado em Sessão,
Data 02/09/2008).

 Vale destacar que Súmula 55 do TSE, diz que a Carteira Nacional de


Habilitação gera presunção da escolaridade necessária ao deferimento do
registro de candidatura. Também é importante observar a Súmula 15 do
TSE, que diz que o exercício de mandato eletivo não é circunstância capaz,
por si só, de comprovar a condição de alfabetizado do candidato.

 Inelegibilidade para o terceiro mandato consecutivo dos chefes do Poder


Executivo em relação ao mesmo cargo:

 Art. 14, § 5º, da CF/88: O Presidente da República, os Governadores de


Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido ou
substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único
período subsequente.

 O parágrafo quinto do art. 14 da CF/88, estabelece como regra para os


chefes do Poder Executivo, que estes só poderão ser reeleitos para um
período subsequente, ou seja, é vedado o terceiro mandato consecutivo.
Essa causa de inelegibilidade alcança quem suceder (ocupação definitiva
do cargo) ou substituir (ocupação temporária do cargo) o chefe do
Executivo no segundo mandato, a qualquer tempo.

 Casos práticos:
Resumo de Direitos Políticos – NP2

a) Inelegibilidade do titular reeleito para candidatar-se a vice na


eleição seguinte: o caso do titular (Presidente, Prefeito,
Governador) reeleito, que quiser disputar a eleição para o terceiro
mandato consecutivo, mas como vice (do mesmo cargo que
ocupou), segundo o entendimento do TSE, essa possibilidade é
vedada. A justificativa é de que, mesmo não sendo o mesmo cargo,
existe a possibilidade do vice suceder ou substituir o titular e, por
consequência, incorrer no terceiro mandato consecutivo no mesmo
cargo de Chefe do Executivo.

 Consulta TSE nº 925/2003 e Resolução nº 22.005/2005 RELATÓRIO


O SENHOR MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS: Senhor
Presidente, o Deputado Federal Eduardo Consentino da Cunha
formula a seguinte consulta: “Um prefeito eleito no ano de 1996,
reeleito no ano de 2000, pode agora concorrer ao cargo de vice-
prefeito por força da renúncia do atual prefeito e vice-prefeito,
respectivamente, que foram eleitos em 2004?”. Parecer da
Assessoria Especial da Presidência de fls. 4-6. VOTO O SENHOR
MINISTRO HUMBERTO GOMES DE BARROS (relator): Senhor
Presidente, conheço da consulta, visto que preenchidos os
requisitos do art. 23, XII, do Código Eleitoral. Nos termos da
jurisprudência do TSE, o chefe do Poder Executivo reeleito para o
segundo mandato consecutivo não pode se candidatar, no pleito
subseqüente, para o mesmo cargo, nem para o cargo de vice, na
mesma circunscrição. Haveria, no caso, um terceiro mandato
sucessivo (Cta nº 925, rel. Min. Peçanha Martins, DJ de
15.10.2003). Respondo, pois, negativamente à consulta.

b) Renúncia do titular no segundo mandato sucessivo antes da


próxima eleição para concorrer a um novo mandato do mesmo
cargo: ?????

c) Inelegibilidade do vice para o terceiro mandato sucessivo (como


vice): segundo o entendimento do TSE, os Vices Prefeitos, Vices
Governadores e Vices Presidentes, assim como os titulares,
também só podem se candidatar para mais um mandado
subsequente, ou seja, não podem ser eleitos por três períodos
consecutivos, no mesmo cargo.
Resumo de Direitos Políticos – NP2

 Consulta TSE nº 327/1997 e Resolução nº 1995: Reeleição.


Desincompatibilização. 2. Constituição, art. 14, § 5º, na redação
introduzida pela Emenda Constitucional n° 16, de 4 de junho de
1997. 3. O art. 14, § 5º, da Constituição, na redação da Emenda
Constitucional n° 16/1997, é norma que prevê hipótese de
elegibilidade do Presidente da República, dos Governadores de
Estado e do Distrito Federal e dos Prefeitos, bem como dos que os
hajam sucedido ou substituído no curso dos mandatos, para um
único período subsequente; a natureza de regra de elegibilidade
não se modifica pelo fato de dispor que a reeleição é para um único
período subsequente. 4. Na redação original, o parágrafo 5º do art.
14 da Constituição de 5 de outubro de 1988 previa, ao contrário,
regra de inelegibilidade absoluta. 5. Distinção entre condições de
elegibilidade e causas de inelegibilidades. Inelegibilidades de
previsão constitucional e casos de inelegibilidades estabelecidos
em lei complementar, de conformidade com o art. 14, § 9°, da
Constituição Federal. 6. Inelegibilidade e desincompatibilização. A
jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral tem assentado
correlação entre inelegibilidade e desincompatibilização, que se
atende pelo afastamento do cargo ou função, em caráter definitivo
ou por licenciamento, conforme o caso, no tempo previsto na
Constituição ou na Lei de Inelegibilidades. 7. Não se tratando, no §
5º do art. 14 da Constituição, na redação da Emenda Constitucional
n° 16/1997, de caso de inelegibilidade, mas, sim, de hipótese em
que se garante elegibilidade dos Chefes dos Poderes Executivos
federal, estadual, distrital, municipal e dos que os hajam sucedido
ou substituído no curso dos mandatos, para o mesmo cargo, para
um período subsequente, bem de entender é que não cabe exigir-
lhes desincompatibilização para concorrer ao segundo mandato,
assim constitucionalmente autorizado. 8. Cuidando-se de caso de
elegibilidade, somente a Constituição poderia, de expresso,
estabelecer o afastamento no prazo por ela estipulado, como
condição para concorrer à reeleição prevista no § 5º do art. 14, da
Lei Magna, na redação atual. 9. O § 5º do art. 14 da Constituição
em vigor, por via de compreensão, assegura, também, ao Vice-
Presidente da República, aos Vice-Governadores e aos
VicePrefeitos a elegibilidade aos mesmos cargos, para um único
período subsequente. 10. Consulta que se responde,
negativamente, quanto à necessidade de desincompatibilização
dos titulares dos Poderes Executivos federal, estadual, distrital ou
Resumo de Direitos Políticos – NP2

municipal, para disputarem a reeleição, solução que se estende


aos Vice-Presidente da República, Vice-Governador de Estado e do
Distrito Federal e Vice-Prefeito.

d) O vice em 2 mandatos sucessivos (como vice) pode se candidatar


a titularidade do cargo na eleição subsequente???

e) § 2º, art. 1º, LC 64/1990: segundo o parágrafo segundo da Lei


Complementar 64/1990, o Vice-Presidente, o Vice-Governador e o
Vice-Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando
os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos seis meses
anteriores ao pleito, não tenha sucedido ou substituído o titular. Ou
seja, poderão se candidatar a cargo diverso, se não tiver sucedido
ou substituído o titular em até seis meses antes do pleito.

 TSE: AgR-RESPE nº 12907/PI (2012) EMENTA: ELEIÇÕES 2012.


REGISTRO DE CANDIDATURA. VICE-PREFEITO REELEITO QUE, POR
QUALQUER MOTIVO, ASSUME A CHEFIA DO PODER EXECUTIVO
NOS SEIS MESES ANTERIORES AO PLEITO NO QUAL CONCORRE À
PREFEITURA. REELEIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 14, § 5º, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRECEDENTE. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. 1. Assumindo o Vice-Prefeito a chefia do Poder
Executivo municipal por força de afastamento do titular do cargo,
por qualquer motivo e ainda que provisório, não poderá
candidatar-se à reeleição no período subsequente.

f) Se o vice suceder o titular no curso do 2 mandato fora da hipótese


prevista no § 2º, art. 1º, LC 64/1990? Segundo o entendimento do
STF, a sucessão do mandato, nesse caso, vale por um mandato.
Logo, existe a possibilidade de reeleição.

 STF: RE nº 366488/SP EMENTA: CONSTITUCIONAL. ELEITORAL.


VICE-GOVERNADOR ELEITO DUAS VEZES CONSECUTIVAS:
EXERCÍCIO DO CARGO DE GOVERNADOR POR SUCESSÃO DO
TITULAR: REELEIÇÃO: POSSIBILIDADE. CF, art. 14, § 5º. I. - Vice-
governador eleito duas vezes para o cargo de vice-governador. No
segundo mandato de vice, sucedeu o titular. Certo que, no seu
primeiro mandato de vice, teria substituído o governador.
Possibilidade de reeleger-se ao cargo de governador, porque o
exercício da titularidade do cargo dá-se mediante eleição ou por
Resumo de Direitos Políticos – NP2

sucessão. Somente quando sucedeu o titular é que passou a


exercer o seu primeiro mandato como titular do cargo. II. -
Inteligência do disposto no § 5º do art. 14 da Constituição Federal.
III. - RE conhecidos e improvidos.

g) Exclusão da contagem em caso de substituição por força de


liminar e curto período: nesse caso, o vice assume por força de uma
decisão judicial, que durou por um curto período e foi revogada.
Nesse caso, não contaria como um mandato.

 TSE: AgR-RESPE nº 34560/MA (2008) EMENTA: ELEIÇÕES 2008.


Agravo regimental no recurso especial. Registro de candidatura ao
cargo de prefeito. Inelegibilidade. Art. 14, § 5º, da Constituição
Federal. Terceiro mandato. Não-configuração. Ascensão ao cargo
por força de decisão judicial, revogada três dias depois. Caráter
temporário. Precedentes. Agravos regimentais desprovidos,
mantendo-se o deferimento do registro.

h) Havendo mais de uma substituição ou substituição e sucessão:


frações do mesmo mandato:

 TSE: RESPE nº 62796/TO (/2010) Ementa: Registro. Art. 14, § 5º, da


Constituição Federal. Mandato tampão. [...] 3. O Tribunal Superior
Eleitoral já firmou entendimento no sentido de que o exercício do
cargo de forma interina e, sucessivamente, em razão de mandato
tampão não constitui dois mandatos sucessivos, mas sim frações
de um mesmo período de mandato. Precedentes: Consulta nº
1.505, relator Ministro José Delgado; Recurso Especial Eleitoral nº
18.260, relator Ministro Nelson Jobim. Agravo regimental não
conhecido em relação ao Partido da Social Democracia Brasileira,
dada sua ilegitimidade ativa, e não provido em relação aos demais
agravantes.

i) A situação do prefeito intinerante: nesse caso, um indivíduo se


candidata a prefeito, é eleito, e posteriormente reeleito no mesmo
Município. A dúvida surge quanto a possibilidade desse indivíduo se
candidatar para prefeito em um Município diferente. Segundo o
entendimento do STF, esse indivíduo fica inelegível para o cargo de
mesma natureza, ou seja, Prefeito e Vice-Prefeito, no seu Município
e em qualquer outro Município da Federação.
Resumo de Direitos Políticos – NP2

 STF: RE nº 637485/RJ (2008) RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


REPERCUSSÃO GERAL. REELEIÇÃO. PREFEITO. INTERPRETAÇÃO DO
ART. 14, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. MUDANÇA DA JURISPRUDÊNCIA
EM MATÉRIA ELEITORAL. SEGURANÇA JURÍDICA. I. REELEIÇÃO.
MUNICÍPIOS. INTERPRETAÇÃO DO ART. 14, § 5º, DA
CONSTITUIÇÃO. PREFEITO. PROIBIÇÃO DE TERCEIRA ELEIÇÃO EM
CARGO DA MESMA NATUREZA, AINDA QUE EM MUNICÍPIO
DIVERSO. O instituto da reeleição tem fundamento não somente
no postulado da continuidade administrativa, mas também no
princípio republicano, que impede a perpetuação de uma mesma
pessoa ou grupo no poder. O princípio republicano condiciona a
interpretação e a aplicação do próprio comando da norma
constitucional, de modo que a reeleição é permitida por apenas
uma única vez. Esse princípio impede a terceira eleição não apenas
no mesmo município, mas em relação a qualquer outro município
da federação. Entendimento contrário tornaria possível a figura do
denominado “prefeito itinerante” ou do “prefeito profissional”, o
que claramente é incompatível com esse princípio, que também
traduz um postulado de temporariedade/alternância do exercício
do poder. Portanto, ambos os princípios – continuidade
administrativa e republicanismo – condicionam a interpretação e
a aplicação teleológicas do art. 14, § 5º, da Constituição. O cidadão
que exerce dois mandatos consecutivos como prefeito de
determinado município fica inelegível para o cargo da mesma
natureza em qualquer outro município da federação. II. MUDANÇA
DA JURISPRUDÊNCIA EM MATÉRIA ELEITORAL. SEGURANÇA
JURÍDICA. ANTERIORIDADE ELEITORAL. NECESSIDADE DE AJUSTE
DOS EFEITOS DA DECISÃO. Mudanças radicais na interpretação da
Constituição devem ser acompanhadas da devida e cuidadosa
reflexão sobre suas consequências, tendo em vista o postulado da
segurança jurídica. Não só a Corte Constitucional, mas também o
Tribunal que exerce o papel de órgão de cúpula da Justiça Eleitoral
devem adotar tais cautelas por ocasião das chamadas viragens
jurisprudenciais na interpretação dos preceitos constitucionais
que dizem respeito aos direitos políticos e ao processo eleitoral.
Não se pode deixar de considerar o peculiar caráter normativo dos
atos judiciais emanados do Tribunal Superior Eleitoral, que regem
todo o processo eleitoral. Mudanças na jurisprudência eleitoral,
portanto, têm efeitos normativos diretos sobre os pleitos
eleitorais, com sérias repercussões sobre os direitos fundamentais
Resumo de Direitos Políticos – NP2

dos cidadãos (eleitores e candidatos) e partidos políticos. No


âmbito eleitoral, a segurança jurídica assume a sua face de
princípio da confiança para proteger a estabilização das
expectativas de todos aqueles que de alguma forma participam
dos prélios eleitorais. A importância fundamental do princípio da
segurança jurídica para o regular transcurso dos processos
eleitorais está plasmada no princípio da anterioridade eleitoral
positivado no art. 16 da Constituição. O Supremo Tribunal Federal
fixou a interpretação desse artigo 16, entendendo-o como uma
garantia constitucional (1) do devido processo legal eleitoral, (2) da
igualdade de chances e (3) das minorias (RE 633.703). Em razão do
caráter especialmente peculiar dos atos judiciais emanados do
Tribunal Superior Eleitoral, os quais regem normativamente todo
o processo eleitoral, é razoável concluir que a Constituição
também alberga uma norma, ainda que implícita, que traduz o
postulado da segurança jurídica como princípio da anterioridade
ou anualidade em relação à alteração da jurisprudência do TSE.
Assim, as decisões do Tribunal Superior Eleitoral que, no curso do
pleito eleitoral (ou logo após o seu encerramento), impliquem
mudança de jurisprudência (e dessa forma repercutam sobre a
segurança jurídica), não têm aplicabilidade imediata ao caso
concreto e somente terão eficácia sobre outros casos no pleito
eleitoral posterior. III. REPERCUSSÃO GERAL. Reconhecida a
repercussão geral das questões constitucionais atinentes à (1)
elegibilidade para o cargo de Prefeito de cidadão que já exerceu
dois mandatos consecutivos em cargo da mesma natureza em
Município diverso (interpretação do art. 14, § 5º, da Constituição)
e (2) retroatividade ou aplicabilidade imediata no curso do período
eleitoral da decisão do Tribunal Superior Eleitoral que implica
mudança de sua jurisprudência, de modo a permitir aos Tribunais
a adoção dos procedimentos relacionados ao exercício de
retratação ou declaração de inadmissibilidade dos recursos
repetitivos, sempre que as decisões recorridas contrariarem ou se
pautarem pela orientação ora firmada. IV. EFEITOS DO
PROVIMENTO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Recurso
extraordinário provido para: (1) resolver o caso concreto no
sentido de que a decisão do TSE no RESPE 41.980-06, apesar de ter
entendido corretamente que é inelegível para o cargo de Prefeito
o cidadão que exerceu por dois mandatos consecutivos cargo de
mesma natureza em Município diverso, não pode incidir sobre o
Resumo de Direitos Políticos – NP2

diploma regularmente concedido ao recorrente, vencedor das


eleições de 2008 para Prefeito do Município de Valença-RJ; (2)
deixar assentados, sob o regime da repercussão geral, os seguintes
entendimentos: (2.1) o art. 14, § 5º, da Constituição, deve ser
interpretado no sentido de que a proibição da segunda reeleição é
absoluta e torna inelegível para determinado cargo de Chefe do
Poder Executivo o cidadão que já exerceu dois mandatos
consecutivos (reeleito uma única vez) em cargo da mesma
natureza, ainda que em ente da federação diverso; (2.2) as
decisões do Tribunal Superior Eleitoral que, no curso do pleito
eleitoral ou logo após o seu encerramento, impliquem mudança de
jurisprudência, não têm aplicabilidade imediata ao caso concreto
e somente terão eficácia sobre outros casos no pleito eleitoral
posterior.

 Inelegibilidade dos Chefes do Poder Executivo em relação a outros


cargos;

 Art. 14, § 6º, da CF/88: Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da


República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.

 Segundo o parágrafo sexto do art. 14, da CF/88, para que o Presidente, os


Governadores de Estado e do Distrito Federal, e os Prefeitos, possam
concorrer a outros cargos (diferente da chefia do executivo – Deputado,
Vereador), estes deveram renunciar aos respectivos mandatos, até seus
meses antes do pleito. Trata-se do instituto de desincompatibilização, e
incide se o Chefe do Executivo permanecer no cargo a partir do sexto mês
que antecede a eleição.

 Inelegibilidade reflexa;

 Art. 14, § 7º, da CF/88: São inelegíveis, no território de jurisdição do


titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau
ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou
Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato
eletivo e candidato à reeleição.
Resumo de Direitos Políticos – NP2

 De acordo com o parágrafo sétimo, do art. 14, são inelegíveis, no território


de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
até segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, dos
Governadores de Estado ou Território, e do Distrito Federal, de Prefeito ou
de quem os haja sucedido (Não só a sucessão. Neste caso, a mera
substituição neste período já gera a inelegibilidade reflexa), dentro dos
seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e
candidato a reeleição.

a) No território de “jurisdição” (circunscrição) do titular: o âmbito


territorial sobre o qual se espraia a atuação do chefe do Poder
Executivo:

a. Prefeito: o território do município;

b. Governador: o território do Estado ou DF;

c. Presidente: o território nacional.

b) Atinge o cônjuge e os parentes até segundo grau dos Chefes do


Poder Executivo:

a. “cônjuge”: por analogia, inclui o(a) companheiro(a),


inclusive em relacionamento homoafetivo;

b. parentes até segundo grau: pais e filhos; avôs e netos;


irmãos (não atinge, portanto, tios nem sobrinhos);

c. afins: sogros e enteados; padrasto, madrasta, genro e nora;


cunhados;

 Súmula vinculante 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo


conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade
prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal. Há uma
presunção de fraude. Portanto, é ineficaz a dissolução para fins de
inelegibilidade reflexa.

 Exceção: dissolução por morte: Trecho do Acórdão “[...] Segundo


noticiam os autos, a recorrente era cônjuge do então Prefeito do
Resumo de Direitos Políticos – NP2

Município, eleito em 2004, que faleceu no curso do primeiro


mandato, em setembro de 2007, mais de um ano antes das novas
eleições. O Vice-Prefeito assumiu o cargo, exercendo-o até o final
do mandato. Em 2008 disputou a eleição com a recorrente, tendo
sido por ela derrotado. Em novembro de 2010, a recorrente
contraiu novo matrimônio e candidatou-se à reeleição em 2012.
Nessa oportunidade, o Ministério Público Eleitoral e a Coligação
Unidos para o bem de Pombal ajuizaram Ação de Impugnação ao
Registro de Candidatura, julgada procedente pelo Juízo de
primeiro grau, decisão que foi mantida pelo Tribunal Regional
Eleitoral da Paraíba, tudo sob o fundamento de que a candidatura
de 2012 representaria o terceiro mandato do mesmo grupo
familiar no poder local, o que seria incompatível com a Súmula
Vinculante 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal,
no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7º
do artigo 14 da Constituição Federal. [...] Questiona-se o sentido e
o alcance da restrição ao direito de elegibilidade de que tratam o
art. 14, §§ 5º e 7º da Constituição Federal e a Súmula Vinculante
18, notadamente em casos em que a dissolução da sociedade
conjugal decorre, não de ato de vontade, mas da morte de um dos
cônjuges, o que afasta qualquer presunção de fraude ou
simulação. Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INELEGIBILIDADE. MORTE DE
CÔNJUGE DE CHEFE DO EXECUTIVO NO PRIMEIRO MANDATO.
ASSUNÇÃO DO CARGO PELO VICE. CÔNJUGE DO FALECIDO QUE SE
ELEGE NO PLEITO SEGUINTE. CANDIDATURA À REELEIÇÃO
IMPUGNADA. ALEGAÇÃO DE TERCEIRO MANDATO CONSECUTIVO
DO MESMO GRUPO FAMILIAR. SÚMULA VINCULANTE 18 E ART. 14,
§§ 5º E 7º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. EXISTÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL. Apresenta repercussão geral o recurso
extraordinário em que se questiona o sentido e o alcance da
restrição ao direito de elegibilidade de que trata o art. 14, §§ 5º e
7º da Constituição Federal e a Súmula Vinculante 18, notadamente
em casos em que a dissolução da sociedade conjugal decorre, não
de ato de vontade, mas da morte de um dos cônjuges.

 LEI DA FINCHA LIMPA (LER E RESUMIR O TEXTO SOBRE O TEMA – FOCAR


NAS MUDANÇAS QUE A LEI TROUXE – E LER NA NOTA DE AULA ATÉ ESSE
PONTO).
Resumo de Direitos Políticos – NP3

 Lei da ficha limpa

 Hipóteses de inelegibilidades absolutas (alíneas b, c e k);

 Alínea “b”: os membros do Congresso Nacional, das Assembleias


Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam
perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos
I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre
perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem
durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e
nos oito anos subseqüentes ao término da legislatura;

 Segundo o art. 1, inciso primeiro, alínea “b” da Lei 64/1990, os membros


do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara
Legislativa e das Câmaras Municipais, que houverem perdido seus
mandatos por infringir o disposto no art. 55 da CF, inciso primeiro e inciso
segundo, bem como os dispositivos equivalentes nas Constituições
Estaduais, Leis Orgânicas dos Municípios e do DF, ficam inelegíveis para
qualquer cargo, para as eleições que se realizarem durante o período
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos
subsequentes ao término da legislatura.

 Esse dispositivo se aplica aos membros do Poder Legislativo de


todas as esferas.

 As hipóteses no qual a alínea se refere, estão previstas no art. 55,


I e II, da CF/88. O primeiro inciso do artigo diz que perderá o
mandato aquele que infringir as proibições estabelecidas no art.
54 da CF/88. O segundo inciso diz que perderá o mandato aquele
cujo o procedimento for declarado incompatível com o decoro
parlamentar. Ainda, vale ressaltar o que dispõe o parágrafo
segundo do art. 55, que diz que a decisão pela perda no mandato,
no caso do primeiro e segundo inciso, decorre de decisão do
próprio órgão a que pertence o parlamentar.

 Alínea “c”: o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito


Federal e o Prefeito e o Vice-Prefeito que perderem seus cargos eletivos
Resumo de Direitos Políticos – NP3

por infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do


Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se
realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos
subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos;

 O art. 1, inciso primeiro, alínea “c” da Lei 64/1990, dispõe sobre a


inelegibilidade decorrente do processo de impeachment instaurado contra
o Chefe do Executivo Estadual, Municipal ou Distrital. Para que essa alínea
tenha efeito, necessariamente a perda do mandato deve ser
fundamentada pelo infringimento de dispositivo da Constituição Estadual,
da Lei Orgânica do Município ou do DF. O processo e o Julgamento dos
Chefes do Poder Executivo competem às respectivas casas legislativas.
Assim, o Governador e o Vice Governador, o Prefeito e o Vice Prefeito, que
perderem os seus mandatos nesses termos, ficam inelegíveis pelo período
remanescente do mandato perdido e nos oito anos subsequentes.

 E quanto ao titular do Executivo federal? Não houve omissão na


presente alínea, pois, se condenado em processo de
impeachment, o Presidente da República deve ficar inabilitado
pelo prazo de oito anos para o exercício de função pública. É o que
prevê o artigo 52, parágrafo único, da Constituição Federal. Note-
se que a sanção de inabilitação é mais abrangente que a de
inelegibilidade, pois, por ela, fica inviabilizado o exercício de
quaisquer cargos públicos, e não apenas os eletivos. É assente que
a inelegibilidade obstrui tão só a capacidade eleitoral passiva.
Outra peculiaridade está no fato de que, embora a competência
para o julgamento seja do Senado, o processo deve ser presidido
pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal.

 No entanto, cumpre registrar que, no processo de impeachment


da ex-Presidente da República Dilma Vana Rousseff, as sanções de
impedimento e de inabilitação para o exercício de função pública
foram votadas separadamente pelo Senado. Conforme se vê na
Resolução do Senado nº 35/2016 (publicada no DOU 31-8-2016),
após decidir pelo impedimento, em subsequente votação restou
afastada a inabilitação por não se ter obtido “dois terços dos votos
constitucionalmente previstos, tendo-se verificado 42 votos
favoráveis à aplicação da pena, 36 contrários e 3 abstenções”.
Resumo de Direitos Políticos – NP3

 Alínea “k”: o Presidente da República, o Governador de Estado e do


Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional, das
Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais,
que renunciarem a seus mandatos desde o oferecimento de
representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por
infringência a dispositivo da Constituição Federal, da Constituição
Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do
Município, para as eleições que se realizarem durante o período
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos
subsequentes ao término da legislatura;

 O art. 1, inciso primeiro, alínea “k”, trata da inelegibilidade aplicada a


todos os cargos eletivos, de todos as esferas, pela renúncia do mandato
eletivo, desde o oferecimento de representação ou petição capaz de
autorizar abertura de processo por infringência a dispositivo da CF, das
Constituições Estaduais, da Lei Orgânica do DF ou dos Municípios. Nesse
caso, a renúncia tem a sua motivação dada pelo oferecimento de
representação ou petição que pode ensejar abertura de processo pela
infringência de alguma norma. Nessa hipótese, o parlamentar ficará
inelegível pelo período restante do mandato perdido e nos 8 anos
subsequentes.

 Marco temporal da renúncia: “...desde o oferecimento de


representação ou petição capaz de autorizar a abertura de
processo...” – Se renunciou antes, não incide o dispositivo.

 A inelegibilidade se fundamenta pela presunção de que a renúncia


é apresentada para fugir da incidência das hipóteses de
inelegibilidades das alíneas “b” e “c” tratadas acima. Vale
destacar, que é irrelevante o resultado final do processo que seria
instaurado, basta que haja a renúncia.

 Excludente de incidência da alínea “k”: § 5o A renúncia para


atender à desincompatibilização com vistas a candidatura a cargo
eletivo ou para assunção de mandato não gerará a inelegibilidade
prevista na alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça
fraude ao disposto nesta Lei Complementar.

 Controvérsias em relação a parte final das alíneas b, c e k;


Resumo de Direitos Políticos – NP3

 Alíneas b, k: “[...] para as eleições que se realizarem durante o


período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e
nos oito anos subseqüentes ao término da legislatura.”

 Alíneas c: “[...] para as eleições que se realizarem durante o


período remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao
término do mandato para o qual tenham sido eleitos;

 A situação do senador (mandato de 8 anos, que corresponde a 2


legislaturas): aplica-se a alínea b (termino da legislatura) –
Senador tem mandato de oito anos – A inelegibilidade de oito
anos passa a contar a partir do término da legislatura.

 VALE DESTACAR QUE O PERÍODO DE INELEGIBILIDADE NOS CASOS


DAS ALÍNEAS ESTUDADAS ACIMA É PARA O PERÍODO
REMANESCENTE DO MANDATO PERDIDO MAIS OITO ANOS – SE O
PARALMENTAR PERDEU O MANDATO FALTANDO 2 ANOS, FICARÁ
INELEGÍVEL POR 10 ANOS, POR EXEMPLO.

 Ilícitos eleitorais ou com reflexos eleitorais (alíneas d, h e j);

 Alínea “d”: os que tenham contra sua pessoa representação julgada


procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do
poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham
sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos
seguintes;

 Extrai-se desse dispositivo serem requisitos essenciais para a


caracterização da inelegibilidade: (1) abuso de poder econômico ou
político, (2) praticado por particular ou agente público, (3) de modo a
carrear benefício a candidato em campanha eleitoral; (4) representação
(5) julgada procedente (6) pela Justiça Eleitoral (7) em decisão transitada
em julgado ou proferida por órgão colegiado.

 De acordo com a alínea “d”, aquele que tenham representação julgada


procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou
proferida por órgão colegiado, condenado por abuso do poder econômico
ou político, bem como os caso de uso indevido dos meios de
comunicação, com a finalidade de adquirir vantagem no pleito, fica
Resumo de Direitos Políticos – NP3

inelegível para a eleição ao qual concorre ou tenham sido diplomados e


para os oitos anos subsequentes.

 “[...] para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados


[...]”: a condenação deve ocorrer na condição de candidato (TSE).
Isto é, à época da condenação, tenham concorrido ao pleito.

 O quinto requisito é que a aludida “representação” tenha sido


julgada procedente. Tem-se, portanto, que, para a declaração da
inelegibilidade da alínea d, é fundamental que exista prévia
decisão judicial acerca do mérito da matéria, na qual se afirme a
ocorrência de abuso de poder na respectiva eleição. Pelo sexto
requisito, a decisão deve emanar exclusivamente da Justiça
Eleitoral. Afastam-se, portanto, decisões da Justiça Comum
(Federal ou Estadual), por exemplo, em processos de ação civil
pública, improbidade e popular.

 O sétimo requisito impõe que a decisão tenha transitado em


julgado ou tenha sido proferida por órgão colegiado. Emanando a
decisão de órgão colegiado da Justiça Eleitoral, tem-se entendido
que tal requisito completa-se com sua só publicação, porque a
oposição de embargos declaratórios “não afasta a incidência na
causa de inelegibilidade, pois a Lei Complementar nº 64/1990
pressupõe decisão colegiada, não o exaurimento de instância
ordinária” (TSE – REspe nº 122-42/ CE – PSS 9-10-2012; TSE – RO
nº 20.922/TO – PSS 12-9-2014).

 Alínea “h”: os detentores de cargo na administração pública direta,


indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros, pelo abuso
do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão
transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, para a
eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as
que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;

 Segundo a alínea “h” ficam inelegíveis os detentores de cargos na


administração pública direta, indireta ou funcional, que beneficiarem a si
ou a terceiros, pelo abuso do poder econômico a si ou terceiros, e sejam
condenados em decisão transitada em julgada ou proferida por órgão
judicial colegiado. A inelegibilidade é para as eleições que concorrem ou
Resumo de Direitos Políticos – NP3

tenham sido diplomados, e pelo período de oito anos subsequentes. Vale


destacar que o benefício decorrente do abuso deve ser eleitoral.

 Consoante se extrai desse dispositivo, são requisitos essenciais para a


caracterização da inelegibilidade: (1) existência de abuso de poder
econômico ou político; (2) a qualidade de agente público do autor do abuso
de poder; (3) a finalidade eleitoral do abuso, de modo a carrear benefício
ao próprio agente ou a terceiro; (4) a existência de condenação judicial do
autor do abuso em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
colegiado.

 Detentores de cargo na administração pública [...]”: aplicável a


agentes públicos (não ao candidato beneficiado, pois este
incorrerá na alínea d);

 A condenação não é a proferida pela Justiça Eleitoral e sim em


uma ação de improbidade administrativa.

 A condenação tenha como fundamento uma prática voltada para


finalidades eleitorais sem relação com um determinado pleito em
curso.

 Alíneas “j”: os que forem condenados, em decisão transitada em julgado


ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por corrupção
eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos
ilícitos de recursos de campanha ou por conduta vedada aos agentes
públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou
do diploma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição.

 Segundo a alínea “j” ficam inelegíveis os que forem condenados, em


decisão transitada em julgado, ou proferida por órgão judicial colegiado
da justiça eleitoral, pelos seguintes ilícitos: corrupção eleitoral; por
capitação ilícita de sufrágio; por doação, captação ou gastos ilícitos de
recurso de campanha; ou por conduta vedada aos agentes públicos em
campanhas eleitorais.

 Condenação pela Justiça Eleitoral;

 Em ações eleitorais (ações eleitorais genéricas e representações


específicas); - Ilícitos: corrupção eleitoral (art. 299 do Código
Resumo de Direitos Políticos – NP3

Eleitoral), por captação ilícita de sufrágio (art. 41-A, Lei das


Eleições), por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de
campanha (art. 30-A, Lei das Eleições) ou por conduta vedada aos
agentes públicos em campanhas eleitorais (art. 73 ss., Lei das
Eleições);

 “[...] impliquem cassação do registro ou do diploma [...]”: essa


consequência precisa ter sido fixada pelo juiz na sentença
condenatória (só multa não gera a inelegibilidade);

 Período da inelegibilidade: 8 (oito) anos a contar da eleição; - Não


incidência sobre candidato cassado apenas em razão da
indivisibilidade da chapa.

 Prazo de inelegibilidades das alíneas d, h, j: VER NA NOTA DE AULA


– PÁG 9.

 Condenação criminal (alínea e);

 Alínea “e”: os que forem condenados, em decisão transitada em julgado


ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o
transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos
crimes: [...]

 Para que alínea “e” possa incidir, é necessário que o crime seja cometido
dolosamente. A decisão deve ter transitado em julgado ou proferida por
órgão judicial colegiado. E o indivíduo se torna inelegível desde o tempo da
condenação até o transcurso do prazo de 8 anos. O indivíduo irá cumprir a
pena, e nesse período não terá capacidade eleitoral passiva e nem a ativa.
Após o término da pena, terá sua capacidade eleitoral ativa de volta,
entretanto, continuará inelegível pelos oitos anos subsequentes. Ou seja,
o prazo de oito anos da inelegibilidade tem início após o cumprimento da
pena.

 Os crimes que geram a inelegibilidade estão previstos na alínea “e”, trata-


se de um rol taxativo:

1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública


e o patrimônio público;
Resumo de Direitos Políticos – NP3

2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de


capitais e os previstos na lei que regula a falência;

3. contra o meio ambiente e a saúde pública;

4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;

5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à


perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de função
pública;

6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;

7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura,


terrorismo e hediondos;

8. de redução à condição análoga à de escravo;

9. contra a vida e a dignidade sexual; e

10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.

 A inelegibilidade em apreço não se aplica aos crimes não


especificados na alínea e, tais como os de sequestro (CP, art.
148), tráfico de pessoas (CP, art. 149-A) etc. Também não
incide: (a) nos crimes culposos, (b) de menor potencial
ofensivo, e, (c) de ação penal privada (LC nº 64/90, art. 1º, §
4º). Ademais, tem-se entendido na jurisprudência não gerar
inelegibilidade: (1) o crime de violação de direito autoral (CP,
art. 184, § 1º), ao argumento de que ele “não se enquadra na
classificação legal de crime contra o patrimônio privado” (TSE
– RO nº 98.150/RS – PSS 30-9- 2014); (2) o crime do artigo 10
da Lei nº 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública – LACP), pois, não
foi “catalogado no rol de espécies do gênero crimes contra a
Administração Pública” (TSE – REspe nº 20.735/SC – DJe 20-3-
2017, p. 86-87).

 A partir da condenação, o indivíduo já fica inelegível, porém,


ainda é detentor dos seus direitos políticos, isto é, da
capacidade eleitoral ativa. Quando a sentença transita em
Resumo de Direitos Políticos – NP3

julgado, o indivíduo contina inelegível e perde a capacidade


eleitoral ativa também. Cumprido a pena, recupera a
capacidade eleitoral ativa, mas ainda é inelegível por oito anos
subsequentes.

 É VEDADA A POSSIBILIDADE DE DETRAÇÃO, OU SEJA, NÃO


SERÁ POSSÍVEL TIRAR DOS OITO ANOS DE INELIGIBILIDADE, O
TEMPO QUE O INIDÍVIDUO FICOU PRESO.

 Súmula TSE 61: O prazo concernente à hipótese de


inelegibilidade prevista no art. 1º, I, e, da LC nº 64/90 projeta-
se por 8 anos após o cumprimento da pena, seja ela privativa
de liberdade, restritiva de direitos ou multa.

 Indignidade para o oficialato (alínea f);

 Alínea “f”: os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele


incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos.

 Observações: Art. 142, 3º, VI, CR/88: “o oficial só perderá o posto


e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele
incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter
permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo
de guerra.”. - Deverá haver condenação prévia do militar por
crime com pena privativa de liberdade superior a 2 anos.

 Improbidade administrativa (alínea l);

 Alínea “l”: os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos,


em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial
colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe
lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação
ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o
cumprimento da pena;

 A alínea “l” traz o caso de condenação por improbidade administrativa,


que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, que gera
à suspenção dos direitos políticos.

 LER A NOTA DE AULA SOBRE ESSA PARTE – PÁG 12.


Resumo de Direitos Políticos – NP3

 Rejeição de contas públicas (alínea g);

 Alínea “g”: os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou


funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável que configure ato
doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão
competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder
Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes,
contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II
do art. 71 da Constituição Federal, a todos os ordenadores de despesa,
sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;

 LER A NOTA DE AULA E PESQUISAR SOBRE ESSA PARTE – PÁG 13.

 Desfazimento de vínculo conjugal ou união estável (alínea “n”);

 Alínea “n”: os que forem condenados, em decisão transitada em julgado


ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de terem desfeito ou
simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar
caracterização de inelegibilidade, pelo prazo de 8 (oito) anos após a
decisão que reconhecer a fraude;

 Súmula Vinculante nº 18: A dissolução da sociedade ou do vínculo


conjugal, no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade
prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal;

 Período da inelegibilidade: desde a decisão do órgão judicial


colegiado que reconhecer a fraude + 8 (oito) anos após o trânsito
em julgado.

 Trata-se da fraude da inelegibilidade reflexa – Conteúdo da NP2.

 Relação com o cargo ocupado e doação ilegais (alíneas i, p);

 Alínea “i”: os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou


seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo de
liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) meses
anteriores à respectiva decretação, cargo ou função de direção,
administração ou representação, enquanto não forem exonerados de
qualquer responsabilidade;
Resumo de Direitos Políticos – NP3

 DÚVIDA – ASSISITIR A AULA E PESQUISAR;

 Alínea “p”: a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis


por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão transitada em julgado
ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito)
anos após a decisão, observando-se o procedimento previsto no art. 22;

 A doação de pessoa física a candidatos e partidos para campanha eleitoral


é regulada no artigo 23 da Lei nº 9.504/97. A pessoa física pode doar, em
dinheiro, até 10% dos rendimentos brutos auferidos no ano anterior ao da
eleição. A doação acima de tal limite sujeita o doador à multa de cinco a
dez vezes o valor doado irregularmente, sanção essa que deve ser aplicada
pela Justiça Eleitoral em ação jurisdicional movida em face do infrator.

 Já a doação de pessoa jurídica a candidatos e partidos para campanha


eleitoral era prevista no artigo 81 da Lei nº 9.504/97, segundo o qual ela
devia limitar-se “a dois por cento do faturamento bruto do ano anterior à
eleição”. Entretanto, aquele dispositivo foi revogado pela Lei nº 13.165, de
29-9-2015. O Projeto de Lei aprovado no Congresso Nacional em 9-9-2015
que deu origem a essa norma (Projeto de Lei nº 5.735/2013) incluía na Lei
nº 9.504/97 o artigo 24-B, que regulava as “doações e contribuições de
pessoas jurídicas para campanhas eleitorais”, as quais só poderiam ser
feitas para partidos políticos (e não para candidatos). Todavia, o artigo 24-
B foi vetado, tendo o veto sido mantido no Congresso Nacional. Por outro
lado, no julgamento da ADI nº 4.650/DF, ocorrido em 19-9-2015, o Pleno
do Supremo Tribunal Federal, por maioria, declarou “a
inconstitucionalidade dos dispositivos legais que autorizavam as
contribuições de pessoas jurídicas às campanhas eleitorais”.

 Pesquisar.

 Sanções funcionais (alíneas m, o, q);

 Alínea “m”: os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão


sancionatória do órgão profissional competente, em decorrência de
infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se o ato
houver sido anulado ou suspenso pelo Poder Judiciário;

 Várias profissões submetem-se ao controle de autarquias criadas


especificamente para essa finalidade. É o caso da Ordem dos Advogados
Resumo de Direitos Políticos – NP3

do Brasil (OAB) e do Conselho Federal de Medicina. A exclusão do exercício


da profissão é sanção que decorre de falta grave cometida pelo agente e
deve ser precedida de regular processo administrativo em que seja
assegurado contraditório e ampla defesa. Acaso haja qualquer vício que
macule e torne inválido esse processo, tal deve ser alegado perante a
Justiça Comum, pois não se encarta na competência da Justiça Eleitoral a
análise de sua regularidade. Na esfera eleitoral, a exclusão implicará
também a inelegibilidade do excluído pelo período de oito anos, contados
do ato de exclusão. A ressalva final da regra em apreço é inócua. Se a
sanção de suspensão for anulada ou suspensa por ato do Poder Judiciário,
é óbvio que não poderá subsistir em detrimento do exercício da cidadania
passiva do agente. Por força do artigo 11, § 10, da LE, o provimento
jurisdicional (liminar, antecipatório ou final) afastará a inelegibilidade
ainda que venha a lume durante o processo eleitoral.

 Alínea “o”: os que forem demitidos do serviço público em decorrência de


processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito) anos, contado
da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder
Judiciário;

 Se o servidor praticou ato no exercício de seu cargo ou função de tal


gravidade que chegou a ser demitido, por igual não ostenta aptidão moral
para exercer cargo político-eletivo. Eis o fundamento da inelegibilidade em
exame. A configuração da inelegibilidade requer que tenha havido (i)
demissão do servidor público (ii) decorrente de processo administrativo
ou judicial. Note-se que a inelegibilidade não se aperfeiçoa no caso de
exoneração do servidor a seu próprio pedido ou por conveniência da
Administração Pública (TSE – REspe nº 163-12/SP – PSS 9- 10-2012).
Ademais, o ato de demissão também requer a instauração de processo
administrativo, no qual sejam assegurados ao servidor contraditório e
ampla defesa. Se houver vício que macule e torne inválido o processo
administrativo, tal deve ser debatido perante a Justiça Comum, pois não
se encarta na competência da Justiça Eleitoral a análise de sua
regularidade, tampouco lhe compete apreciar o acerto ou desacerto do
mérito do ato demissório. Pode ocorrer que, além do processo
administrativo, o ato praticado pelo servidor também acarrete a
instauração de processo criminal. Em tal caso, a absolvição do candidato
na esfera penal não afasta automática e necessariamente a incidência da
inelegibilidade. Isso porque a absolvição penal não tem o condão de anular
ou suspender o ato demissório, “pois as esferas cível, administrativa e
Resumo de Direitos Políticos – NP3

penal são independentes e a responsabilidade administrativa do servidor


somente é afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência
do fato ou da autoria (Lei 8.112/90, arts. 125 e 126) [...]” (TSE – RO nº
29.340/MS – PSS 12-9-2014). Assim, para gerar efeitos na esfera eleitoral,
primeiramente deve o interessado pleitear a revisão do ato de demissão
perante a Justiça Comum por meio dos instrumentos processuais
pertinentes.

 Alínea “q”: os magistrados e os membros do Ministério Público que forem


aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória, que tenham
perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou
aposentadoria voluntária na pendência de processo administrativo
disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos;

 As situações retratadas nessa alínea q expressam sanções impostas a


membros do Poder Judiciário e do Ministério Público em razão de conduta
ilícita por eles perpetrada no exercício de suas funções ou em razão delas.
Mesmo que o agente se exonere voluntariamente do cargo na pendência
de processo administrativo disciplinar, não se livrará da inelegibilidade em
tela. O prazo da inelegibilidade é de oito anos, contados da decisão
sancionatória ou do ato exonerativo. O fundamento da presente regra é
trivial: se o magistrado ou o membro do Ministério Público praticaram ato
ilícito que mereça penalidades tão graves quanto a aposentadoria
compulsória e a perda do cargo, certamente não ostentam aptidão moral
para exercer cargo político-eletivo. Não se pode olvidar que esses
profissionais são também agentes públicos. A presente alínea q
apenas10.9.4 equipara a situação deles à dos agentes políticos, conforme
dispõem as alíneas b e c do mesmo inciso e artigo.

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