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DIREITO ELEITORAL – BRUNO GASPAR

AULA 01 – 19.08.2020

Atualização: 06.12.2022

1. Conceito de Direito Eleitoral

Segundo José Jairo Gomes, direito eleitoral é o ramo do direito público


cujo objeto são os institutos, as normas e os procedimentos
regularizadores dos direitos políticos. Normatiza o exercício do sufrágio
com vistas à concretização da soberania popular.

É importante destacar quais instrumentos normativos são mais


importantes para formar a base dos nossos estudos, em virtude da
incidência recorrente em provas de concursos:

a) Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições);

b) Lei nº 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos);

c) Lei nº 4.737/65 (Código Eleitoral);

d) Lei Complementar nº 135 (Lei de Ficha Limpa);

e) Resoluções do Tribunal Superior Eleitoral.

2. DEMOCRACIA

Mais que princípio inscrito na Lei Magna, a democracia constitui


fundamento e valor essencial das sociedades ocidentais, definindo sua
estética, o modo como elas existem e operam. Tanto é que o artigo XXI da
Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, e o artigo 25 do
Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, de 1966, elevaram-na
ao status de direitos humanos.
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O regime político em apreço não se realiza sem que esteja implantado um


sistema eleitoral confiável, dotado de técnicas seguras e instrumentos
eficazes, aptos a captar com imparcialidade a vontade popular, de
maneira a conferir segurança e legitimidade às eleições, aos mandatos e,
pois, ao exercício da autoridade estatal. Hodiernamente, predomina a
concepção segundo a qual todo o poder emana do povo, que o exerce por
meio de representantes eleitos, ou, em certos casos, diretamente. Isso
exige liberdade, igualdade e efetiva participação popular. Pressupõe
também a existência de partidos políticos.

Assim, a democracia é compreendida no plano político (participação na


formação da vontade estatal), social (acesso a benefícios sociais e
políticas públicas) e econômico (participação nos frutos da riqueza
nacional, com acesso a bens e produtos); além disso, dá ensejo à
organização de um sistema protetivo de direitos humanos e
fundamentais. Na base desse regime encontra-se uma exigência ética da
maior relevância, que é o respeito à dignidade da pessoa humana.

3. FONTES

As fontes podem ser materiais ou formais, primárias ou secundárias e


diretas ou indiretas.

MATERIAIS E FORMAIS

Quanto às fontes materiais, representam o conjunto de fatores que


levaram ao surgimento da norma jurídica. As fontes materiais não
possuem caráter vinculativo e funcionam como fundamento para a
edição posterior de fontes formais pelo Poder Legislativo e pelo Poder
Judiciário (no exercício da função normativa). Já as fontes formais são
normas jurídicas, constituem o resultado da fonte material.

FONTE MATERIAL FONTE FORMAL


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Fatores que influenciam na Norma Jurídica em si. Exemplos:


elaboração da norma. Exemplos: Código Eleitoral, Lei das Eleições, Lei
doutrina e consultas aos órgãos dos Partidos Políticos e resoluções do
eleitorais sobre a aplicabilidade ou TSE.
interpretação de determinada lei
eleitoral.

PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS

As fontes primárias são aquelas decorrentes do Poder Constituinte


ou do exercício da função típica do Poder Legislativo. A principal fonte
primária é a Constituição Federal. Dela advêm todas as outras fontes
primárias do nosso ordenamento jurídico.

As fontes secundárias, por sua vez, são aquelas que regulamentam


a norma primária. Desse modo, o fundamento de validade das normas
secundárias é retirado do próprio texto infraconstitucional, e o deste da
Constituição Federal.

FONTE PRIMÁRIA FONTE SECUNDÁRIA

Emana do Poder Legislativo, Regulamenta as fontes primárias,


inovando a ordem jurídica. e não pode inovar a ordem jurídica.
Exemplos: Código Eleitoral, Lei Exemplos: Resoluções do TSE
das Eleições, Lei dos Partidos
Políticos.
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DIRETAS E INDIRETAS

Por fim, as fontes diretas disciplinam especificamente assuntos de


Direito Eleitoral, enquanto as fontes indiretas são aplicadas no Direito
Eleitoral apenas de maneira subsidiária ou supletiva.

FONTE DIRETA FONTE INDIRETA

Disciplinam diretamente o Direito Não tratam de Direito Eleitoral,


Eleitoral. Exemplos: Constituição mas se aplicam subsidiaria ou
Federal, Código Eleitoral, Lei de supletivamente. Exemplos: Código
Inelegibilidades, Lei dos Partidos Civil, Código de Processo Civil,
Políticos, Lei das Eleições, Código Penal, Código de Processo
Resoluções do TSE. Penal.

COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR EM MATÉRIA ELEITORAL

A Constituição Federal atribui à União a competência para legislar


sobre Direito Eleitoral. Assim, todas as normas eleitorais decorrentes do
exercício da função legislativa são primárias. Essas normas retiram seu
fundamento de validade diretamente da Constituição, estando sujeitas
ao controle de constitucionalidade.

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo,


aeronáutico, espacial e do trabalho;

Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar


sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.

Como visto acima, o parágrafo único do artigo 22 do Texto


Constitucional prevê a possibilidade de a União editar lei complementar
autorizando os Estados a legislarem sobre questões específicas das
matérias relacionadas naquele artigo.
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#CUIDADO: Considerando que legislar sobre Direito Eleitoral está entre


os incisos do art. 22, seria possível delegar aos Estados, mediante lei
complementar, a competência legislativa para tratar sobre questões
específicas em matéria eleitoral? Em tese não! Há divergência quanto a
tal possibilidade, uma vez que o processo eleitoral e as regras aplicáveis
às eleições são as mesmas para todo o território nacional. Desse modo,
não temos lei complementar federal que autorize os Estados a legislar
sobre direito eleitoral.

INSTRUMENTOS NORMATIVOS IMPORTANTES DO DIREITO


ELEITORAL

RESOLUÇÕES DO TSE

O artigo 105 da Lei das Eleições conceitua as Resoluções do TSE nos


seguintes termos:

Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior


Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos
ou estabelecer sanções distintas nesta Lei, poderá expedir todas as
instruções necessárias para a sua fiel execução, ouvidos, previamente,
em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos
políticos.

As resoluções são normas de caráter infralegal, por meio das quais


o TSE regulamenta a legislação infraconstitucional. Por serem normas
jurídicas, são consideradas fontes formais e diretas do Direito Eleitoral.

Sendo assim, resta dúvida no tocante a: as resoluções do TSE tem


caráter de fonte primária ou secundária do Direito Eleitoral?

Alguns autores afirmavam que as Resoluções do TSE possuíam


caráter de fonte primária, normatizando hipóteses não reguladas pela
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legislação eleitoral. Tal entendimento predominou na doutrina, uma vez


que antes da Lei 12.037/2009, a redação do art. 105 da Lei das Eleições
não continha a menção expressa ao caráter regulamentar e a
impossibilidade de criar ou restringir direitos. Deste modo, entendia-se
que as resoluções tinham caráter legal.

Esse entendimento foi, inclusive, adotado pelo STF no julgamento


da ADI nº 3.999 e ADI nº 4.086, nas quais o Plenário confirmou a
constitucionalidade da Resolução nº 22.610/2007, que disciplinava o
processo de perda de mandato eletivo por infidelidade partidária.

Em sentido contrário, o próprio STF, ao analisar a


constitucionalidade da Resolução TSE nº 20.993/2002, que determinou
a verticalização das coligações partidárias, entendeu que as resoluções
do TSE possuem caráter secundário e interpretativo, não podendo inovar
a ordem jurídica.

Desta feita, em resumo, as resoluções do TSE são:

11111ª Corrente 2 [2ª Corrente

Fonte Formal Fonte Formal

Fonte Direta Fonte Direta

Fonte Primária Fonte Secundária

#CAIU EM PROVA: Apesar de ser necessário que o aluno conheça a


divergência entre as correntes, para prova as resoluções do TSE devem
ser consideradas fontes SECUNDÁRIAS do direito eleitoral. É o que tem
prevalecido. Contudo, devido à possibilidade de encontrarmos resoluções
do TSE tratando de assuntos disciplinados na Constituição Federal,
devemos ter em mente que embora de natureza secundária, algumas
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resoluções do TSE estão sujeitas ao controle de constitucionalidade e não


meramente ao controle de legalidade.

MEDIDA PROVISÓRIA EM DIREITO ELEITORAL

CONSULTAS ELEITORAIS

As consultas constituem uma forma de orientar as partes envolvidas


no processo eleitoral, com a finalidade de evitar processos judiciais. Não
podem se dirigir a um caso concreto, pois seria uma forma irregular de
antecipar o julgamento de determinado processo judicial eleitoral.

*(Atualizado em 05/05/2022) Apesar do entendimento tradicional ser


de que as consultas não possuíam um caráter vinculante, mais
recentemente o TSE passou a adotar o entendimento de que as respostas
às consultas possuem sim um caráter vinculante, inclusive com base no
art. 30 da LINDB, inserido pela Lei 13.655/18, o qual trata da segurança
jurídica e da vinculação das respostas das autoridades públicas às
consultas.

#DEOLHONAJURIS
1. No decisum monocrático, manteve–se aresto unânime do TRE/RJ em
que se deferiu o registro de candidatura do agravado, não eleito ao cargo
de vereador de São Pedro da Aldeia/RJ em 2020. 2. O término da
contagem dos oito anos de inelegibilidade em momento anterior à nova
data das Eleições 2020 (15/11/2020) constitui fato superveniente que
autoriza deferir o registro de candidatura, ainda que, no dia originário do
pleito (4/10/2020), o prazo ainda estivesse em curso (Consulta 0601143–
68/DF, redator para o acórdão Min. Alexandre de Moraes, DJE de
21/10/2020). Ressalva de entendimento deste Relator. 3. As Consultas
respondidas por esta Corte possuem caráter vinculante, nos termos do
art. 30 da LINDB. Acórdão de 07/12/2020 Relator(a) Min. Luis Felipe
Salomão.
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DIREITOS POLÍTICOS

1- Definições:

a) Definição real: Conjunto de normas que cuida da soberania popular


(arts. 14 a 16, CF). o Alexandre de Moraes lembra dois aspectos:
objetivo e subjetivo. ▪ No primeiro, constitui as regras da atuação da
soberania popular (art. 14, caput, da CF), confunde-se com o direito
eleitoral. ▪ No segundo, é o direito público subjetivo que investe o cidadão
no status civitatis, permitindo-lhe participar do governo. (Atributo da
cidadania.)

b) Definição etimológica: ▪ DIREITO: aquilo que é reto, que não se


desvia, que dirige, vem do latim directum, do verbo dirigere. ▪ POLÍTICA:
do grego politikós, adjetivo da palavra pólis, a cidade-estado grega.
designa o que se refere à cidade, inclusive o governo.

Diferença entre DIREITO POLÍTICO x DIREITOS POLITICOS: Direito


Político é o ramo do direito público cujo objeto são princípios e normas
que regulam o funcionamento do Estado e do Governo, disciplinando o
acesso ao poder estatal. Direitos Políticos, por seu turno, são
prerrogativas e deveres inerentes à cidadania – ou seja, de participar
direta e indiretamente do Governo e do funcionamento do Estado,
sobretudo para a formação dessa representação - que disciplinam
diversas manifestações da soberania popular. Tratam-se, em suma, de
Direitos Humanos de Primeira Geração e, portanto, de direitos
fundamentais.

Logo, é importante perceber que a cassação de mandato eletivo, por


exemplo, impacta nos direitos fundamentais das pessoas.

Nesse sentido, destaca-se que o exercício dos direitos políticos não está
adstrito ao exercício do voto.

Nesses termos, questiona-se: Qual a relevância da abordagem dos


direitos políticos como Direitos Humanos de Primeira Geração?
Inicialmente, rememore que a abordagem dos direitos em Gerações trata
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de um recorte histórico e retoma um agrupamento feito por afinidade, a


fim de facilitar a compreensão e a interpretação dos Direitos Humanos
por ordem de surgimento.

Para mais, retomando o questionamento, é importante notar que os


Direitos Políticos e Civis possuem nascedouro comum. Logo, existe uma
forte tendência em estabelecer uma distinção entre eles, como se fossem
absolutamente separados.

Ademais, é comum que os direitos políticos sejam tratados,


equivocadamente, como direitos dos políticos, inclusive em algumas
decisões judiciais. No entanto, em verdade, tratam-se de direitos do (a)
eleitor (que os exerce por meio do voto, por exemplo) e do (b) candidato
(quando coloca seu nome à comunidade, para ser sufragado).

Logo, existem duas perspectivas para compreensão dos direitos políticos,


enquanto direitos fundamentais, cuja origem é a mesma que a dos
direitos civis, embora com esses não se confunda.

Nesses termos, é importante enfatizar que os direitos civis e os políticos


possuem origem comum, mas não se confundem (em que pese possuam
características semelhantes). E, portanto, reitera-se que os direitos
políticos não são os direitos dos políticos.

Em resumo, verifique o seguinte quadro:


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a) Povo e Cidadão

Em princípio, observe que a expressão "povo" é muito utilizada, em


campanhas e diversos ambientes não democráticos, em conceito amplo e
genérico, com vistas a ratificar determinada posição, de modo que é
comum ouvir sentenças como: "o povo está comigo", "eu sei o que povo
quer", etc.

E, acerca do tema, na obra "Quem é o povo?", Friedrich Müller chama


atenção para a abstração do conceito de "povo".

Nesse ínterim, considera-se povo o conjunto de indivíduos a que se


reconhece o direito de participar da formação da vontade estatal.
Portanto, trata-se de entidade mítica a quem se concede, abstratamente,
a soberania e o poder de participação, visto que não há determinação de
quem seria esse "povo" e como exerceria essa escolha.

Assim, em relação à soberania popular, diz-se que o "povo tem poder", "é
o povo que manda", "é o povo que escolhe" sem, contudo, precisar quem
seria esse "povo" e como ele procede à escolha.

E, nesses termos, surge o conceito de cidadania, segundo o qual se


conclui que "o povo que escolhe" é o cidadão.

Nesse segmente, o Direito Eleitoral compreende como cidadão a pessoa


detentora de Direitos Políticos à qual se atribui a possibilidade de
participar do governo, elegendo ou sendo eleito. Para tanto, a cidadania
deverá ser adquirida pelo alistamento, nos termos do art. 14, §1º, da
Constituição Federal.

Portanto, no âmbito do Direito Eleitoral, a cidadania é adquirida e


comprovada via alistamento eleitoral, enquanto procedimento de
inscrição e qualificação que atribui ao sujeito o status de eleitor e
cidadão.

Sobre a matéria, o art. 14 da Constituição Federal enumera situações nas


quais o alistamento é

• obrigatório;
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• facultativo; e

• inviável, ou seja, quem são os inalistáveis.

Há, portanto, uma distinção relacionada a aplicação do conceito, de


modo que uma criança, por exemplo, é considerada cidadã em diversos
contextos, contudo, para o Direito Eleitoral não terá cidadania e, por
conseguinte, não poderá participar diretamente do processo eleitoral
(elegendo ou sendo eleita). No entanto, tal criança torna-se cidadã aos
16 anos, caso queira, ao alistar-se e, a partir desse momento, pode
exercer determinada parcela de direitos políticos (elegendo). Aos 18
anos, essa pessoa adquirirá parte dos direitos políticos passivos (e
poderá ser eleita), sendo-lhe permitido candidatar-se para
determinados cargos

Os direitos políticos passivos (ou seja, a aptidão para ser eleito) são
adquiridos conforme a faixa etária do eleitor, que, para candidatar-se,
deverá possuir a idade constitucionalmente exigida para o cargo. Assim,
a partir dos 18 anos, por exemplo, a pessoa pode exercer a vereança.
Ademais, ao completar 21, 30 e 35 anos poderá candidatar-se a outros
cargos políticos. Desse modo, de acordo com o critério etário, o cidadão
somente poderá lançar candidatura para todos os cargos a partir dos
35 anos.

Portanto, em essência, a cidadania é um status no âmbito do regime


político, consoante estabelece o seguinte quadro-resumo:

2 – Princípios

2.1 – Princípio da isonomia


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*** O que significa o princípio da isonomia, dentro do âmbito do


direito eleitoral? Todos os candidatos devem concorrer em igualdade de
condições. São vários dispositivos legais eleitorais, que demonstram
nesse princípio da isonomia, da necessidade de todos os candidatos
concorrem em igualdade de condições. Coloquei até um exemplo, quando
o legislador tipificou as condutas vedadas aos agentes públicos, lá no art.
73, da Lei 9.504/1997. Assim, como ele estabeleceu uma data uniforme,
para o início da propaganda eleitoral, que é após o dia 15 agosto do ano
das eleições, que tem por objetivo, preservar a igualdade entre os
concorrentes.

Para que todas as campanhas eleitorais, comecem no mesmo momento,


que os políticos vinculados não tenham vantagem, sobre aqueles que não
são vinculados a órgãos públicos, e consequentemente, todos os
candidatos concorram com igualdade de condições.

2.2 – Princípio Republicano

O princípio republicano está previsto no art. 1º, caput, da CF/1988.


Neste dispositivo fica claro que no Brasil, se adotou a República como
forma de governo. *** E o que significa a república como forma de
governo? Tem vários significados, mas por exemplo, destaca-se que os
mandatos eletivos têm prazo determinado, ou seja, de tempos em tempos,
o povo tem que ser chamado para decidir novamente, de tempos em
tempos, tem que haver novas eleições, e consequentemente, para
possibilitar alternância do poder. E, isso é justamente ao contrário do
que acontece numa monarquia, por que quais são as características
principais de uma monarquia? A vitaliciedade e a hereditariedade do
chefe do Estado.

2.3 – Princípio da celeridade

No princípio da celeridade, os processos que tramitam perante a Justiça


Eleitoral, devem receber andamento célere, e isso, também em algumas
normas da nossa legislação eleitoral. Como exemplo, o art. 94 da Lei
9.504/1997, e também, o art. 16 da LC 64/90 (lei das inexigibilidades),
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que fala que os prazos eleitorais não se suspendem aos sábados,


domingos e nem aos feriados. Esse é um daquele artigos que já foi
cobrado várias vezes, em provas. Súmula 49 do TSE.

2.4 – Princípio da anualidade

Sobre o princípio da anualidade ou da anterioridade eleitoral, ele está


previsto no art. 16 da CF/1988, que diz que a lei que alterar o processo
eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à
eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

Esse dispositivo, é um dos mais importante, e cai toda hora, nas provas
objetivas. E qual é o objetivo desse princípio da anualidade ou da
anterioridade eleitoral? É evitar mudanças na regra do jogo, às
vésperas do pleito. É evitar uma alteração casuística da legislação para
beneficiar, o candidato A, B ou C. Esse é o objetivo do princípio da
anualidade e não esqueçam desse dispositivo, o art. 16 da CF/1988.

Obs.: O TSE vem entendendo pela aplicação do princípio da anualidade


para as decisões proferidas em matéria eleitoral que impliquem mudança
na jurisprudência.

*(Atualizado em 18/04/2020) #SELIGANOEXEMPLO: O primeiro turno das eleições de 2020


ocorrerá em 05/10/2020 (primeiro domingo de outubro). Logo, eventuais alterações ao
processo eleitoral, para que sejam aplicáveis àquelas eleições, devem ser publicadas antes do
prazo de um ano, sendo assim as leis que alterarem o processo eleitoral somente serão aplicadas
às eleições caso entrem em vigor até o dia 4 de outubro de 2019, no máximo. Já as leis
publicadas do dia 05.10.2019 em diante, se alterarem o processo eleitoral, não serão aplicadas
às eleições que ocorrerão em 2020.

*(Atualizado em 25/09/2022): A ampliação dos limites para gasto com publicidade


institucional às vésperas das eleições pode afetar significativamente as condições da disputa
eleitoral, sendo necessário postergar, em obediência ao princípio da anterioridade eleitoral
(CF/1988, art. 16), a eficácia de alterações normativas nesse sentido.

Essa medida, cujo conteúdo interage com normas proibitivas que tutelam a idoneidade e
competitividade do processo eleitoral (1), pode configurar desvio de finalidade no exercício de
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poder político, com reais possibilidades de influência no pleito eleitoral e perigoso ferimento à
liberdade do voto (CF/1988, art. 60, IV, b), ao pluralismo político (CF/1988, art. 1º, V e parágrafo
único), ao princípio da igualdade (CF/1988, art. 5º, caput) e à moralidade pública (CF/1988, art.
37, caput).

Ademais, a ampla publicidade de “atos e campanhas dos órgãos públicos” com financiamento
do orçamento público — ainda que com o intuito de divulgar ações governamentais atinentes
ao enfrentamento da calamidade pública provocada pela pandemia da Covid-19 — pode, em
tese, implicar favorecimento dos agentes públicos que estiveram à frente dessas ações, com
comprometimento da normalidade e legitimidade das eleições que serão realizadas neste ano.

Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, em julgamento conjunto, concedeu
parcialmente a medida cautelar para conferir interpretação conforme a Constituição à Lei
14.356/2022 (2), estabelecendo que, por força do princípio da anterioridade eleitoral, a norma
não produz efeitos antes do pleito eleitoral de outubro de 2022. STF, ADI 7178/DF, relator Min.
Dias Toffoli, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgamento virtual finalizado em
1º.7.2022; ADI 7182/DF, relator Min. Dias Toffoli, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgamento virtual finalizado em 1º.7.2022, Info 1.062.

2.5 – Princípio da moralidade

O princípio da moralidade constante do art. 14 §9º da CF/1988, que


exige ética de todos os participantes do jogo eleitoral, e que possui
mandato obtido através de práticas ilícitas e imorais e não possui
legitimidade, você pode até ser cassado, por meio, das ações eleitorais,
que temos previsto na nossa legislação eleitoral e até da ação de
impugnação de mandato eletivo, tendo em vista o art. 14, §9º da
CF/1988.

2.6 – Princípio do in dubio pro voto.

Sobre o princípio do in dubio pro voto, trata-se do princípio do


aproveitamento do voto, que deve pautar a atuação da Justiça Eleitoral,
com o objetivo de preservar ao máximo a vontade do eleitor. Sempre o
julgado tem que ter isso em mente, você também, na hora de fazer a
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prova, preservar a soberania popular. Esse princípio está previsto no


art. 219 do Código Eleitoral, que fala na aplicação da lei eleitoral o juiz
atenderá sempre aos fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se
de pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo, ou seja, você
não pronuncia uma nulidade se não houver prejuízo, em respeito ao
princípio da soberania popular, ao princípio de proteger a vontade do
eleitor.

2.6.1 – Lei da ficha limpa e princípio da anualidade

Uma discussão importante que envolve o princípio da anterioridade


eleitoral refere- se à aplicabilidade da Lei da Ficha Limpa. A Lei
Complementar nº 135/2010 alterou a Lei Complementar 64/90, Lei das
Inelegibilidades. A lei foi pulicada em 04.06.2010, data em que entrou em
vigor. Na época foi discutido se essa lei seria aplicada ao não às eleições
de 2010.

A matéria foi, inicialmente, submetida à consulta perante o TSE, o


qual entendeu que a Lei da Ficha Limpa seria aplicada às eleições de
2010. No entanto, a matéria também foi levada ao STF, que entendeu o
contrário.

Segundo o STF, implica alterações no processo eleitoral a lei que


promover:

• Rompimento da igualdade de participação dos partidos políticos e


dos respectivos candidatos
• Criação de deformação que afete a normalidade das eleições
• Introdução de fator de perturbação
• Promoção de alteração motivada por propósito casuístico.

Assim, utilizando dos critérios acima, o STF decidiu que a Lei da


Ficha Limpa implicava alterações no processo eleitoral, não devendo,
portanto, ser aplicada nas eleições de 2010.
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#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: No tocante à LC 135/2010, asseverou


a sua interferência em fase específica do processo eleitoral — fase pré-
eleitoral —, a qual se iniciaria com a escolha e a apresentação de
candidaturas pelos partidos políticos e encerrar-se-ia até o registro das
candidaturas na Justiça Eleitoral. No entanto, enfatizou que a
controvérsia estaria em saber se o referido diploma limitaria os direitos e
garantias fundamentais do cidadão-eleitor, do cidadão-candidato e dos
partidos políticos e, dessa forma, afetaria a igualdade de chances na
competição eleitoral, com conseqüências diretas sobre a participação
eleitoral das minorias. Consignou que, se a resposta fosse positiva,
dever-se-ia observar o princípio da anterioridade. RE 633703/MG, rel.
Min. Gilmar Mendes, 23.3.2011.

2.7 – Princípio da soberania popular

*** O que é o Poder Soberano? No que tange o poder soberano, temos


que ter a ideia de poder supremo que nada mais é do que aquele poder
que não se submete a nenhum outro poder. O poder estatal,
necessariamente, tem que ser um poder supremo, na medida o governo
precisa aumentar aquelas medidas, aquelas políticas que ele entende
convenientes e regulações.
Então, o Poder Soberano é o poder supremo, aquele que não pode ser
submetido a nenhum outro poder. Quando falo de poder soberano,
posso estar passando a ideia de poder arbitrário, mas não é por aí. Por
que o poder soberano, ele necessariamente tem que ser democrático,
como previsto na nossa CF/1988.

O Estado democrático de direito é aquele que se submete às normas


por ele próprio criadas. Então, o poder soberano tem que ser um poder
democrático e a CF/1988 deixou isso muito claro no art. 1º, parágrafo
único: Todo poder emana do povo que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Constituição,
ou seja, o poder soberano emana do povo, trata-se de um poder
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democrático. Então, o poder soberano não é autoritário, ele decorre do


povo.

E é a própria CF/1988 que também define a forma como esse poder


soberano ou essa soberania popular seja exercida.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e
secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

Nos termos do art. 14, da CF/1988, a soberania popular será exercida


pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, plebiscito, referendo e iniciativa popular.

É hipótese de PERDA dos direitos políticos:

➢ Cancelamento da naturalização por sentença transitada em


julgado: após o processo de Direito Eleitoral naturalização, por algum
motivo, houve cancelamento da naturalização por meio de sentença
transitada em julgado. Se, eventualmente, o cancelamento da
naturalização tenha ocorrido em virtude de desobediência a requisito
formal e o indivíduo consiga reverter a situação através de novo processo
de naturalização, passará a usufruir normalmente dos direitos políticos.
O direito à naturalização pode ser readquirido por meio de ação
rescisória.
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São hipóteses de SUSPENSÃO dos direitos políticos:

➢ Incapacidade civil absoluta


➢ Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem
seus efeitos: a condenação criminal transitada em julgado, não importa
em que modalidade de crime, promove a suspensão dos direitos políticos.
Não há também diferenciação entre os regimes de cumprimento de pena,
pois os direitos políticos continuarão suspensos até que os efeitos penais
cessem integralmente.
➢ Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
alternativa, nos termos do art. 5º, VIII: o Artigo 5º da Constituição
Federal, em seu inciso VIII estabelece que ninguém será privado de
direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei. É a
denominada escusa de consciência.
➢ Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º: a
própria lei de Improbidade Administrativa prevê a suspensão de direitos
políticos (independentemente das sanções penais, civis e administrativas
previstas na legislação específica) por períodos variados a depender de
que tipo de ato ímprobo se trate.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Informativo do TSE número 4/2017. A


suspensão dos direitos políticos afeta a filiação partidária do eleitor,
impossibilitando sua escolha como candidato em convenção partidária,
ainda que o termo final da sanção política ocorra antes do pleito ao qual
ele pretenda concorrer.

As principais consequências jurídicas da perda/suspensão dos


direitos políticos são o cancelamento do alistamento e a exclusão do corpo
de eleitores, o cancelamento da filiação partidária, a perda do mandato
eletivo, a perda do cargo ou função pública, a impossibilidade de
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ajuizamento de ação popular, o impedimento de votar/ser votado, o


impedimento de exercício da iniciativa popular.

#SELIGANASÚMULA: É preciso a reabilitação penal para retomar os


direitos políticos? Não. De acordo com a súmula 9 do TSE: a suspensão
de direitos políticos decorrente de condenação criminal transitada em
julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, independendo
de reabilitação ou de prova da reparação dos danos

#OLHAOGANCHO: Nas hipóteses abaixo arroladas haverá suspensão


dos direitos políticos?

✓ Condenação por contravenção penal transitada em julgado: SIM


✓ Condenação por pena distinta da pena privativa de liberdade
(restritiva de direito ou multa): SIM
✓ Transação penal ou suspensão condicional do processo: NÃO
✓ Livramento condicional e suspensão da pena: SIM, houve
condenação.
✓ Prisão civil do devedor de alimentos: NÃO. A suspensão pressupõe
condenação criminal transitada em julgado e não simplesmente a prisão.

SUFRÁGIO
a) Conceito (Alexandre de Moraes): é um direito público subjetivo de
natureza política, que tem o cidadão de eleger, ser eleito e de participar
da organização e da atividade do poder estatal. O sufrágio é o direito de
decidir o destino de uma comunidade, de decidir os destinos de uma
comunidade, da administração pública, ou votando ou sendo votado,
existe dentro de nossa Constituição, a palavra sufrágio universal.

▪ Em resumo, é o poder de decidir sobre os rumos da Administração


Pública, sobre o destino de uma comunidade, votando ou sendo votado.

▪ O Sufrágio apresenta, portanto, uma concepção ativa e uma


20

concepção passiva.

▪ A capacidade eleitoral ativa - ius suffragium, significa o direito de


votar, de eleger representantes. A capacidade eleitoral passiva - ius
honorum, ou cidadania passiva, significa o direito de ser escolhido em
processo eleitoral. Tal direito não é a todos atribuído, mas somente as
pessoas que preencherem determinados requisitos.

▪ É um direito público subjetivo de natureza política, que tem o


cidadão de eleger, ser eleito e de participar da organização e da
atividade do poder estatal.

▪ Resumindo, é o poder de decidir sobre os rumos da administração


pública, ou votando ou sendo votado.

SUFRÁGIO UNIVERSAL X SUFRÁGIO RESTRITO


Sufrágio universal se caracteriza pela concessão genérica de cidadania.
A mera existência de restrição, por si só, não retira o caráter universal
do sufrágio (exemplo: menores de 16 anos não podem votar). Nele não
se admitem restrições por motivos étnicos, de riqueza ou capacidade
intelectual.
Sufrágio restrito, ao contrário, é aquele concedido tão só a uma
minoria, que preenche a determinados requisitos econômicos, sociais
e culturais.
• (i) Censitário é o sufrágio fundado na capacidade econômica do
indivíduo.
• (ii) Cultural ou capacitário é o sufrágio fundado na aptidão
intelectual dos indivíduos.

• (iii) Masculino é o sufrágio que veta participação de mulheres nas


eleições.
21

Portanto, o que distingue o sufrágio universal do restrito é a


razoabilidade da restrição.

*** O que é o sufrágio universal? E qual é a diferença do sufrágio


universal, que é o adotado no Brasil, para o sufrágio restrito? A
existência de uma restrição, não retira o caráter universal do sufrágio.
Os menores de 16 anos, por exemplo, sendo essa uma restrição ao
sufrágio, o que significa que menores de 16 anos, não podem votar. Tal
restrição configura-se em uma restrição razoável? Sim, diante da
pouca maturidade, de menores de 16 anos, portanto, existe uma
restrição dentro do sufrágio universal.

*** Qual tipo de restrição não pode ter, dentro do sufrágio


universal? Não se admite restrições por motivos étnicos, de riqueza ou
de capacidade intelectual.

Por sua vez, o sufrágio restrito é aquele concedido a uma minoria que
preenche a determinados requisitos econômicos, sociais e culturais.

Portanto, o que distingue o sufrágio universal do restrito, não é a


existência de uma restrição, e sim a razoabilidade dessa restrição. A
existência de uma restrição não restringe o caráter universal do
sufrágio, desde que a restrição seja considerada razoável.

*** E o voto? Como falei que o sufrágio é um direito público subjetivo


de decidir os rumos da comunidade, de votar e ser votado, o voto
representa o exercício do sufrágio. É a concretização do sufrágio, desse
processo de manifestação popular.
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➢ Voto
▪ Enquanto o sufrágio é um direito, o voto representa seu exercício. O voto é a concretização
do sufrágio, do processo de manifestação da vontade popular.
▪ As principais características do voto no sistema eleitoral brasileiro são:
1) Personalíssimo
2) Obrigatório
3) Secreto
4) Direto
5) Periódico
6) Valor igual para todos

*** Dentre as principais características do voto no sistema eleitoral


brasileiro, a primeira característica diz que o voto é personalíssimo.
O que significa? Significa que ele tem que ser exercido pessoalmente.
Ele não pode ser exercido por procuração, representação ou por
correspondência. O voto tem que ser exercido pessoalmente.

Segunda característica, o voto é obrigatório, nos termos do art. 14, §1º


da CF/1988, o cidadão maior de 18 anos e menor de 70 anos, tem que
comparecer à Seção Eleitoral, assinar esse comparecimento e votar. Se
ele estiver fora do domicílio eleitoral, existe, obviamente, as
possibilidades dele justificar o voto. Mas a regra é que o cidadão maior
de 18 anos e menor de 70 anos, tem que comparecer, pessoalmente,
para votar, é o chamado voto obrigatório.

O voto é secreto, qual o seu significado, trata-se de voto sigiloso, o


conteúdo do voto jamais pode ser revelado pelos órgãos da Justiça
Eleitoral, somente o eleitor querendo, pode revelar se votou no
candidato A, partido B ou coligação C. Mas, os órgãos do Justiça
Eleitoral não podem revelar o conteúdo do voto do eleitor, por isso, o
voto é secreto.

O voto direto é aquele exercido diretamente pelo eleitor, sem a


existência de intermediários, sendo que o voto indireto tem previsão
constitucional, no art. 81, §1º da CF/1988, ele é uma exceção no
23

Sistema Eleitoral Brasileiro. Então, no voto direito, estamos falando no


voto direito, sem a presença de intermediários.

O voto é periódico, deve ser exercido de tempos em tempos, essa é


uma característica do sistema republicano, que possibilita a
alternância de poder. Possibilita, ao contrário do que ocorre com a
monarquia, não se perpetue pessoas por anos a fio, no exercício do
governo. Então, o voto periódico se possibilita a alternância, nesse
sistema republicano.

O voto tem valor igual para todos, os votos das pessoas têm o mesmo
valor, não é em alguns concursos, que a matéria de direito penal tem o
valor A, o direito civil tem valor B e o direito eleitoral tem um valor
menor, não é assim. O cidadão mais rico e o cidadão mais pobre tem o
mesmo valor dentro do processo eleitoral.

Essas seis, são as principais características do voto. Então, estudamos


o sufrágio universal e o voto que são características da soberania
popular.

2.8 – Princípio da democracia

Foram os gregos que criaram o termo democracia, que significa o poder


exercido pelo povo. Se não existe efetiva participação popular no
governo, obviamente não existe uma democracia.

A doutrina elenca três modelos de democracia:

a) Democracia Direta: governo em que os cidadãos participam


diretamente das decisões governamentais, sem a presença de
intermediários. Por ela procura-se realizar o ideal de autogoverno, no
qual os cidadãos participam das decisões governamentais. Pretende-se
fazer coincidirem as vontades de governantes e governados. As decisões
são tomadas em assembleia pública, da qual devem participar todos os
cidadãos.

b) Democracia Indireta (ou representativa): A participação das


pessoas no processo político se resume na escolha dos mandatários.
24

Nela os cidadãos escolhem aqueles que os representarão no governo.


Os eleitos recebem um mandato. A participação das pessoas no
processo político se dá, pois, na escolha dos representantes ou
mandatários. A estes toca o mister de conduzir o governo, tomando as
decisões político-administrativas que julgarem convenientes, de acordo
com as necessidades que se apresentarem.

Na democracia representativa, não há vinculação jurídica entre


representantes e representados, de modo que não há obrigação de
cumprir os termos do “mandato” outorgado pelo povo. Fica o
mandatário submetido apenas aos preceitos constitucionais de ética e
decoro, nos termos do art. 55 da CF/88.

Se, por exemplo, um governo eleito de extrema direta resolve colocar


uma pessoa ou um ministro de esquerda, como Ministro da Justiça ou
como Ministro da Saúde, os representados, não tem o direito de
reivindicar o mandato de volta, porque eles outorgaram o mandato ao
Presidente da República, ao representante, então, não existe
vinculação jurídica entre os representantes e representados, de modo
que não há obrigação por parte do mandatário de cumprir os termos
do mandato, mesmo ele tendo sido eleito por eleitores de direita, ele
pode chegar e colocar um ministro que seja adepto a ideias de
esquerda.

c) Democracia semi-indireta: O terceiro e último modelo de


democracia, é a democracia semidireta ou democracia participativa.
É aquela que, partindo de uma democracia representativa, o povo
exerce a soberania popular não só elegendo seus representantes, mas
também participando de forma direta da vida política do Estado,
através dos institutos da democracia participativa (plebiscito, referendo
e iniciativa popular de lei).

Procura conciliar os dois modelos anteriores. O governo e o Parlamento


são constituídos com base na representação: os governantes são eleitos
para representar o povo e agir em seu nome. Todavia, são previstos
25

mecanismos de intervenção direta dos cidadãos. Nesse sentido, embora


a democracia semidireta seja basicamente representativa, “é direta na
medida em que o povo participa de modo imediato de certas decisões”.
Esse último é o modelo consagrado na vigente Constituição Federal,
que, já em seu artigo 1º, parágrafo único, impera: “Todo o poder emana
do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.”

Plebiscito: consiste na consulta prévia à edição de ato legislativo ou


administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que
lhe tenha sido submetido (Lei 9709/98, art. 2°, § 1°). Exemplo: Art. 2º
do ADCT (Plebiscito de 1993).

Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado


definirá, através de plebiscito, a forma (república ou
monarquia constitucional) e o sistema de governo
(parlamentarismo ou presidencialismo) que devem
vigorar no País.

Referendo: O referendo, por outro lado, é a consultar posterior à edição


de ato legislativo ou administrativo: é a consulta posterior à edição de
ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva
ratificação ou rejeição (Lei 9709/98, art. 2º, § 2°). Exemplo: Estatuto
do Desarmamento (Lei 10.826/03):

Art. 35. É proibida a comercialização de


arma de fogo e munição em todo o
território nacional, salvo para as
entidades previstas no art. 6º desta Lei.

§ 1º Este dispositivo, para entrar em


vigor, dependerá de aprovação mediante
referendo popular, a ser realizado em
outubro de 2005.

§ 2º Em caso de aprovação do referendo


popular, o disposto neste artigo entrará
26

em vigor na data de publicação de seu


resultado pelo Tribunal Superior
Eleitoral.

Art. 49. É da competência exclusiva do


Congresso Nacional: XV - autorizar
referendo e convocar plebiscito;

De acordo com o art. 3º da Lei 9709/98, tal convocação deverá ser feita
através de decreto legislativo por proposta de um terço, no mínimo, dos
membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Art. 9o Convocado o plebiscito, o projeto


legislativo ou medida administrativa não
efetivada, cujas matérias constituam
objeto da consulta popular, terá sustada
sua tramitação, até que o resultado das
urnas seja proclamado.

Art. 10. O plebiscito ou referendo,


convocado nos termos da presente Lei,
será considerado aprovado ou rejeitado
por maioria simples, de acordo com o
resultado homologado pelo Tribunal
Superior Eleitoral.

Art. 11. O referendo pode ser convocado


no prazo de trinta dias, a contar da
promulgação de lei ou adoção de medida
administrativa, que se relacione de
maneira direta com a consulta popular.

Art. 14 da CF. A soberania popular será


exercida pelo sufrágio universal e pelo
voto direto e secreto, com valor igual para
todos, e, nos termos da lei, mediante:
27

§ 12. Serão realizadas


concomitantemente às eleições
municipais as consultas populares sobre
questões locais aprovadas pelas Câmaras
Municipais e encaminhadas à Justiça
Eleitoral até 90 (noventa) dias antes da
data das eleições, observados os limites
operacionais relativos ao número de
quesitos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 111, de 2021)

§ 13. As manifestações favoráveis e


contrárias às questões submetidas às
consultas populares nos termos do § 12
ocorrerão durante as campanhas
eleitorais, sem a utilização de propaganda
gratuita no rádio e na
televisão. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 111, de 2021)

Iniciativa popular: é o poder atribuído aos cidadãos para apresentar


projetos de lei ao Parlamento, inaugurando, com essa medida,
procedimento legislativo que poderá culminar em uma lei (V. art. 13 da
Lei 9.709/98 e art. 61, §2º da CF/88).

Os dispositivos que chamo atenção da Lei 9.709/98, que toda hora cai
em prova, relacionados à iniciativa popular, primeiro o caput do art.
13 A iniciativa popular consiste no projeto de lei à Câmara dos
Deputados subscrito, por no mínimo, 1% do eleitorado nacional,
distribuído por pelo menos 5 Estados, com pelo menos 0,3% dos eleitores
de cada um deles.

Esse artigo tem crítica da doutrina de se exigir um quórum gigantesco


para simples apresentação de um procedimento legislativo que poderá
28

culminar em um projeto de lei.

Sobre o §1º do art.13, o projeto de lei de iniciativa popular, deverá se


circunscrever-se a um só assunto, outro ponto importante, porque isso
cai em prova preliminar.

E o §2º do art. 13, que vou ler agora, o projeto de lei de iniciativa
popular não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo à Câmara
dos Deputados, por ser um órgão competente, providenciar a correção
de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou de redação.

Gente, todo esse art. 13 da CF/1988 é de extrema importância, para


as próprias provas de vocês, então leiam com calmar, o art. 13, caput,
§1º e o §2º.

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