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Direito Eleitoral

- Princípios
Os princípios jurídicos são vetores implícitos e explícitos que
compõem o ordenamento jurídico, cumprindo múltiplas funções,
dentre as quais se destaca a de auxiliar a tarefa judicial
interpretativa, com vistas à solução dos casos concretos. Os princípios
tem o condão, também, de orientar a condução do legislador, razão
pela qual se afirma que autuam na edificação de suas fontes.

Da anualidade da lei eleitoral


O princípio da anualidade eleitoral – também conhecido como
“antinomia eleitoral” ou conflito de leis no tempo – é a expressão
máxima da democracia, lastreado no princípio do “rules of games”,
“não se pode mudar as regras do jogo no meio do campeonato”.
Traduzindo para a seara jurídica eleitoral: não se podem fazer leis
casuísticas para preservar o poder político, econômico ou de
autoridade.
O princípio da anualidade ou da anterioridade da lei eleitoral
previsto na CF, art. 16, remete a ideia de segurança jurídica, ao
estabelecer que a lei alteradora do processo eleitoral não se aplica ao
pleito que ocorra até um ano da data de sua entrada em vigência. O
objetivo é resguardar a estabilidade do processo eleitoral, livrando-o
de alterações promovidas ao sabor das conveniências políticas.
Ponto relevante é a aplicação do princípio da anualidade às
Resoluções do TSE. Repare que a Constituição se refere a “lei que
altera o processo eleitoral”. Trata-se, nesse caso, de lei em sentido
amplo, ou seja, qualquer norma capaz de inovar o ordenamento
jurídico. Excluem-se daí os regulamentos, que são editados apenas
para promover a fiel execução da lei e que não podem extrapolar os
limites dela. Não podem os regulamentos criar algo novo. Em função
disso, essa regra dirige-se ao Poder Legislativo, porque apenas ao
parlamento é dado inovar a ordem jurídica eleitoral. A consequência
prática disso é a inaplicabilidade do princípio ao poder normativo do

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TSE, logo, as resoluções desse Tribunal, editadas para dar bom
andamento às eleições, podem ser expedidas há menos de um ano do
pleito eleitoral (art. 105 da Lei n. 9.504|97). Com efeito, o princípio
da anualidade eleitoral não se aplica às Resoluções do TSE.

Da Celeridade
No cenário eleitoral, a brevidade do período em que se desenvolve o
pleito determina, de um lado, que as ações possuam ritos céleres e, de
outro, que os órgãos jurisdicionais atuem com prontidão, sem o que
não seriam tutelados, em efetividade e adequação, os caros bens
jurídicos a que oferecem proteção. A demora na solução das causas
eleitorais, além de acarretar danos irreparáveis a candidatos e
partidos políticos, eiva de instabilidade não apenas o cenário das
eleições senão também o panorama da governança política, com
inegáveis prejuízos a toda a sociedade.
Nessa perspectiva, os prazos processuais eleitorais são exíguos.
Exemplo, art. 96-A da Lei n. 9.504|97 (Lei Eleitoral). Art. 258 do
Código Eleitoral - CE. Art. 48, § 5º , 96, § 8º, da Lei Eleitoral. Art. 96, §
6º da LE – Lei Eleitoral. Art. 22, XII, da Lei Complementar n. 64|90.
Art. 94 da LE. Art. 275, § 1º, do CE.
O princípio da Celeridade é um dos mais relevantes da esfera eleitoral.
Decorre fundamentalmente da temporariedade dos mandatos
eletivos e do rígido calendário eleitoral. Como o processo eleitoral é
delineado por fases preestabelecidas e sucessivas (v.g., convenção
partidária, registro de candidatura, etc.), com dia certo para início e
término , os processos que correm perante a Justiça Eleitoral devem
primar por um andamento célere.
A legislação eleitoral, em diversos momentos, demonstra extrema
preocupação com a celeridade dos feitos eleitorais. Assim, por
exemplo, art. 16 da LC n. 64|90. Art. 58, § 1. , incisos I, II e III da
9.504|97. Art. 97 da LE.
Esta agilidade dos processos encontra respaldo no art. 5º, inciso
LXXVIII da Constituição de 1988, adicionado pela Emenda
Constitucional n. 45|2004.

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Da preclusao
Preclusão, em suma, é a perda de um direito ou de uma faculdade pelo
decurso do tempo. O processo eleitoral se aperfeiçoa com o
transcurso de suas fases (v.g., convenções partidárias, registro de
candidaturas, propaganda eleitoral, etc.) até o momento em que é
realizado o pleito.
O princípio da preclusão tem forte incidência nas arguições de
inelegibilidade.
O princípio da preclusão instantânea impõe que, no Direito Eleitoral,
eventuais nulidades devem ser arguidas de pronto, ou, na
impossibilidade de arguição imediata, na primeira oportunidade, sob
pena de preclusão. Dito princípio encontra abrigo, por exemplo, nos
seguintes artigos do Código Eleitoral: art. 147, § 1º; art. 149; art. 135,
§§ 7º e 8º; art. 221, II.

Da lisura das eleiçoes


Este princípio preocupa-se com o sentido de proteção aos direitos
fundamentais da cidadania, bem como encontra alicerce jurídico-
constitucional nos art. 1º, inciso II e art. 14 § 9. da Constituição
Federal.
As eleições corrompidas, viciadas, fraudadas e usadas como campo
fértil da proliferação de crimes e abusos do poder econômico e|ou
político atingem diretamente a soberania popular tutelada no art.
1.o , parágrafo único, da CF|88.
O princípio da lisura eleitoral está ligado à ideia de que as eleições
devem ocorrer de forma transparente, baseada na igualdade de
oportunidades, livre de abusos (sejam eles políticos, econômicos, etc.).
Tal princípio encontra respaldo na proibição da captação ilícita de
sufrágio, regras de desincompatibilização para os cargos eletivos.
O princípio da lisura objetiva resguardar a franqueza da disputa
eleitoral, sem a qual se veria frustrado seu mote instrumental de
legitimação da formação de governos populares. Se as eleições
existem para que se promova, de maneira pacífica, a periódica
transmissão do Poder, somente se escorreita, poderão cumprir o seu
mister.

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O princípio da lisura – de ampla recorrência na jurisprudência dos
tribunais eleitorais – pressupõe a observância de princípios outros,
como da autenticidade do resultado das eleições (autênticas são as
eleições cujo resultado – apurado de acordo com o sistema eleitoral
adotado – traduz com fidelidade a vontade externada pelo corpo
político|eleitor); da legalidade do pleito (compreende-se por legal o
pleito em que se constate um respeito reverencial pelas regras do
jogo); da igualdade de oportunidade entre candidatos; e da
imparcialidade e firmeza na condução das eleições.
Segundo o art. 23 da Lei Complementar n. 64|90, “o tribunal formará
sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e notórios, dos
indícios e presunções e provas produzidas, atentando para as
circunstâncias dos fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas
partes, mas que preservem o interesse público DA LISURA
ELEITORAL”. Assim, o princípio da lisura das eleições respalda-se na
busca da verdade real, possibilitando até mesmo que o juiz produza
provas de ofício, no processo eleitoral, a fim de forma seu
convencimento. Ou seja, dotar o Judiciário de instrumentos para
resguardar o processo eleitoral.

Do devido processo legal


Após a leitura do art. 5º , LIV da CF|88 extraímos que ninguém será
privado da liberdade e de seus bens sem o devido processo legal.
Também conhecido como “due process of law”, trata-se de garantia
fundamental e espelha um dos valores mais significativos do Estado
Democrático de Direito, porquanto assegura aos litigantes igualdade
de tratamento, o julgamento da lide por juiz natural, o contraditório
e a ampla defesa e a inadmissibilidade de se fazer ingressar no
processo provas obtidas por meios ilícitos.

Da isonomia
De acordo com o art. 5º da CF, todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza. A partir desse princípio percebemos
uma preocupação em abolir todos os privilégios de classe, acolhendo
o princípio republicano no art. 1º do mesmo comando constitucional.
Quando trazemos esse princípio na seara do Direito Eleitoral,

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colocamos os candidatos aos cargos eletivos contando com as
mesmas oportunidades, ressalvadas àquelas previstas em lei.
Foi a partir desse princípio que foi possível estabelecer as “cotas”para
o sexo feminino nas vagas de partido (ar. 10, § 3. da Lei Eleitoral).
Registre-se que o instituto da reeleição é o maior fator de
desigualdade no processo eleitoral. Em algumas situações especificas,
o legislador demonstrou preocupação em zelar por uma igualdade
formal entre os candidatos – notadamente quando criou as condutas
vedadas aos agentes públicos em ano eleitoral (em campanha) e
estabeleceu uma data uniforme para o início da propaganda
eleitoral.

Da irrecorribilidade das decisoes


interlocutorias de primeiro grau
A ausência de tratamento legal expresso faz grassar, na doutrina,
polêmica a respeito do cabimento de agravo contra decisões
interlocutórias proferidas em sede de ações eleitorais que tramitam
nos juízos de primeiro grau.
De fato o Código Eleitoral não menciona o agravo senão no caput do
art. 279, prevendo-o cabível somente contra decisões de tribunais
regionais eleitorais que negarem recebimento a recurso especial. A
recorribilidade das interlocutórias na Justiça Eleitoral é incompatível
com a celeridade que dela se exige.
O referido principio, não ofende os princípios da ampla defesa e do
contraditório e do duplo grau de jurisdição, visto que a
irrecorribilidade é simplesmente momentânea: porquanto
irrecorrível, o conteúdo das decisões interlocutórias não se rende à
preclusão, razão pela qual poderá o provimento jurisdicional ser
contestado em momento posterior, precisamente por ocasião do
ataque à sentença.
Importante registrar que em casos emergenciais , que impeçam o
aguardo da decisão de mérito para o oferecimento de recurso, fica
aberta a via do mandado de segurança.

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Da irrecorribilidade das decisoes do
TSE
Cuida-se de princípio que encontra previsão nos arts. 121, § 3º , da
Constituição Federal, e art. 281 do Código Eleitoral, dos quais se
apura serem , em regra, irrecorríveis as decisões proferidas pelo TSE,
salvo: (a). as que declarem invalidade de lei ou ato contrário à
Constituição Federal; (b). as denegatórios de habeas corpus ou
mandado de segurança e (c). decisões proferidas em ofensa à
Constituição. Nos dois primeiros casos, apresenta-se manejável o
recurso ordinário eleitoral (art. 281 CE); no terceiro, a decisão é
passível de ataque pela via do recurso extraordinário. (art. 121, § 3º
c|c o 102, III, “a”, CF).
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+ princípios
- Princípio da vedaçao da
restriçao de direitos políticos, ou da
atipicidade eleitoral, ou da estrita
legalidade eleitoral
No Direito Eleitoral brasileiro, em que não se estiver restringindo
direitos políticos, não cabe ao intérprete fazê-lo. Esse princípio é
fundamental, é norma de aplicação geral e corresponde exatamente
ao in dubio pro reo do Direito Processual Penal. Podemos chamá-lo
de in dubio pro candidato ou in dubio pro eleitor, ou seja, havendo
dúvida, deve sempre o juiz ou Tribunal priorizar a não restrição
de direitos políticos.

- Princípio do maximo
aproveitamento do voto
O juiz deverá abster-se de pronunciar nulidades sem prejuízo (in
dubio pro voto). Assim, por exemplo, em uma eleição proporcional, o

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voto dado à candidato inexistente, mas que permite a identificação
do partido (por exemplo, o número 99.200 não se refere a nenhum
candidato, mas o número 99 é o número do Partido X) deve ser
validado como voto de legenda. É a interpretação do art. 176 do
Código Eleitoral.
Na aplicação da lei eleitoral, predica o art. 219 do CE, deverá o juiz
atender aos fins e resultados a que ela se dirige, abstendo-se de
pronunciar nulidades sem demonstração de prejuízo.
O preceito acima pode, ainda, ser encontrado, v.g., em outros
dispositivos do Código Eleitoral, tais como: (a) o art. 149, que proíbe
a admissão de recurso contra a votação, na ausência de impugnação
perante a mesa receptora, concomitantemente à fase de voto; (b) o
art. 166, § 1º, que dispõe que a incoincidência entre o número de
votantes e o número de votos computados não constituirá motivo de
nulidade de votação, desde que não resulte de fraude comprovada; e
(c) o art. 176 que elenca hipóteses de aproveitamento do voto para a
legenda em eleições proporcionais.

- Princípio da devolutividade
(ou de negaçao de efeitos suspensivos
aos recurso eleitorais)
De acordo com o art. 257 do CE, os recursos eleitorais não possuem
efeito suspensivo, razão pela qual, em geral, as decisões judiciais
eleitorais são executadas de maneira imediata.
Há exceções : art. 216, CE; art. 364, CE, c|c 597, CPP. Cassações de
diploma ou perda de mandato de candidato.

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Princípio da soberania popular


É extraído da regra prevista no art. 1º , parágrafo único, da CF, pela
qual “todo poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição”. A manifestação exarada pelo corpo eleitoral, no

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momento da realização do pleito, tem caráter de plenitude,
convertendo-se em mandatos políticos representativos.
A soberania popular confere a possibilidade de transmissão de
mandatos representativos. Com a proclamação dos resultados pela
Justiça Eleitoral, o candidato eleito é titular de um mandato
representativo.
O vocábulo soberania designa o poder mais alto, o superpoder, o
supremo poder. A soberania popular é concretizada pelo sufrágio
universal, pelo voto direto e secreto (art. 14, caput CF).

Sufragio Na seara jurídica, designa o direito público


subjetivo democrático, pelo qual um conjunto de pessoas – o povo – é
admitido a participar da vida política da sociedade, escolhendo os
governantes ou sendo escolhido para governar e, assim, conduzir o
Estado. Em suma: o sufrágio traduz o direito de votar e ser votado,
encontrando-se entrelaçado ao exercício da soberania popular.
Trata-se do poder de decidir sobre o destino da comunidade, os rumos
do governo, a condução da Administração Pública.

Voto É o instrumento para a materialização do Sufrágio.


Escrutínio Forma como se pratica o voto, o seu
procedimento, portanto.
Assim, o poder de sufrágio pode ser exercido através do voto, por meio
de escrutínio secreto, por exemplo, hipótese prevista no art. 60 da CF.
e art. 103 do CE, através do qual se garante o sigilo do voto, evitando
distorções e abusos de poder político prejudiciais ao regime
democrático.

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Direito Eleitoral
- FONTES
Conceito
Quando se fala em fontes, é necessário que sejam compreendidas a
origem ou fundamento do direito, considerando, assim, o modo
como as normas jurídicas são elaboradas, a partir do fundamento
original, indicando a procedência e origem. Significa descobrir a
nascente, o olho ou a mina d´água. O estudo das fontes do direito é
relevante, pois indica o lugar onde nasce o direito.
A palavra fonte designa – como dito acima - o local onde algo é
produzido, indicando, portanto, sua procedência, sua origem. Na
doutrina jurídica, expressa a origem o fundamento do direito.
As fontes do direito correspondem ao conjunto de fatores ou
elementos que exercem influência na formação da convicção do
julgador.

Formais: As fontes formais designam os meios em virtude


dos quais as regras jurídicas se positivam com legitima força
obrigatória. Veículos ou meios em que os juízos jurídicos são
fundamentados, ou seja, aquelas pelas quais o direito se
manifesta. São aquelas que proporcionam ao juiz uma norma
jurídica já elaborada que ele simplesmente deve, a princípio, aceitar.

Estatais
- Diretas (primárias): Constituição
Federal; Lei das Eleições (Lei n. 9.504|97);
Código Eleitoral (Lei n. 4.737|65); Lei das
Inelegibilidades (Lei Complementar n.
64|90); Lei dos Partidos Políticos (Lei n.
9.096|95); Lei de Transporte e Alimentação

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(Lei n. 6.091|74) Resoluções do TSE;
Consultas eleitorais; Decisões dos Tribunais
(jurisprudência). Tratados Internacionais.
- Indiretas (subsidiárias): Código
Civil; Código de Processo Civil; Código Penal;
Código de Processo Penal.

- Não estatais (costumes, estatuto dos


partidos, ... )

Materiais: Fatores que influenciam o legislador em seu


trabalho de criar normas jurídicas, ou melhor, na criação das fontes
formais. Tais fatores podem compreender ...

Doutrina

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