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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem

Direito Eleitoral

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Direito Eleitoral

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Sumário

Aula 07/11/2023 – Turno da manhã............................................................................................. 4

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Aula 07/11/2023 – Turno da manhã

1. Princípio da anualidade eleitoral


O Direito Eleitoral é um ramo autônomo do Direito Público e tem como objetivo
regular os direitos políticos e o processo eleitoral. Abrange todas as etapas do processo
eleitoral, desde o alistamento, passando pela convenção partidária, pelo registro da candidatura,
pela propaganda política, pela votação, pela apuração e, por fim, pela diplomação.
Um dos seus principais princípios é o da anualidade eleitoral, também conhecido como
princípio da anterioridade eleitoral, previsto no art. 16 da CF. Significa que toda lei que alterar o
processo eleitoral passará a viger imediatamente. Contudo, a produção de seus efeitos ocorrerá
após um ano da sua entrada em vigor.

2. Sistemas eleitorais
No Brasil, adotamos dois sistemas: majoritário e proporcional.
O sistema majoritário parte da ideia de que o candidato que obtiver mais votos vence a
eleição. Esse sistema pode ser:
a) Por maioria absoluta: o candidato, para ser eleito, precisa de mais da metade
dos votos válidos. São eleitos por este sistema: Presidente da República;
Governadores dos Estados e do Distrito Federal; Prefeitos nos Municípios com
mais de 200.000 eleitores (possibilidade de 2º turno);
b) Por maioria simples: o candidato, para ser eleito, precisa ter mais votos que os
demais candidatos. São eleitos por esse sistema: Prefeitos nos Municípios com
menos de 200.000 eleitores e Senadores.

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No sistema proporcional adotado no Brasil (sistema proporcional com lista aberta), não
importa apenas quantos votos recebeu o candidato; importa, primeiramente, quantos votos
recebeu o partido político. Após apurado o número total de votos de todos os candidatos do
partido (e do próprio partido político), é definido o número de cadeiras que serão ocupadas pelo
partido político, qualificando-se os mais votados dentro do partido.
Para verificar quais serão os eleitos por esse sistema, utiliza-se o quociente eleitoral e o
quociente partidário, conforme arts. 106 e 107 do Código Eleitoral.
Mas há uma regra importante, prevista no art. 108 do Código Eleitoral, para que não haja
a eleição de candidatos com votação inexpressiva:

Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido que tenham
obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral,
tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que
cada um tenha recebido.

Caso o candidato não consiga alcançar esse número mínimo de votos, não será eleito.
Ainda, há o chamado sistema eleitoral misto, o qual não é adotado no Brasil. Esse é um
sistema intermediário entre o sistema majoritário e o proporcional, adotado em países como
Alemanha e México.

3. Organização da Justiça Eleitoral


Segundo o art. 118 da CF/88, são órgãos da Justiça Eleitoral:

I - o Tribunal Superior Eleitoral;


II - os Tribunais Regionais Eleitorais;
III - os Juízes Eleitorais;
IV - as Juntas Eleitorais.

A organização e a competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais
será disciplinada por lei complementar, conforme dispõe o art. 121 da CF/88.
Nesse âmbito, cumpre informar que o Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65), que é lei ordinária,
foi recepcionado pela CF/88 como lei complementar na parte que trata da organização e da
competência da Justiça Eleitoral.
Outra informação importante é que os juízes dos tribunais eleitorais têm investidura por
tempo determinado, ou seja, são cargos temporários. Por isso, esses membros não possuem
vitaliciedade. Essa é previsão do art. 121, § 2º, da CF/88:

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Art. 121, § 2º, da CF/88. Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão
por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os
substitutos escolhidos na mesma ocasião e pelo mesmo processo, em número igual para
cada categoria.

No mais, os membros da Justiça Eleitoral gozarão de plenas garantias e serão inamovíveis


(art. 121, § 1º, da CF/88).
Além das funções administrativas e jurisdicionais, a Justiça Eleitoral possui outras duas
importantes funções:
1) Função normativa: prevista no art. 1º, parágrafo único, e no art. 23, inciso IX, do
Código Eleitoral, significa que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderá expedir instruções para
regulamentação da legislação eleitoral. Com base nesses dispositivos, o TSE edita resoluções.
Essas resoluções não são leis, mas são atos normativos com força de lei. Nesse sentido o art.
105 da Lei n° 9.504/97 (Lei das Eleições) afirma: até o dia 5 de março do ano da eleição, o
Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou
estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções
necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados
ou representantes dos partidos políticos.
Ainda, importante lembrar do art. 23-A do Código Eleitoral:

Art. 23-A. A competência normativa regulamentar prevista no parágrafo único do art. 1º e


no inciso IX do caput do art. 23 deste Código restringe-se a matérias especificamente
autorizadas em lei, sendo vedado ao Tribunal Superior Eleitoral tratar de matéria relativa
à organização dos partidos políticos.

2) Função consultiva: é o pronunciamento da Justiça Eleitoral, sem caráter de decisão


judicial, sobre questões que lhe são apresentadas em tese (em abstrato). Esse poder de
responder a consultas é conferido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Tribunal Regional
Eleitoral (TRE) nos arts. 23, inciso XII, e 30, inciso VIII, do Código Eleitoral:

Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior: (…)


XII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por
autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político;
Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos tribunais regionais: (…)
VIII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por
autoridade pública ou partido político.

Falando sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele é o órgão de cúpula da Justiça
Eleitoral. Obviamente, o STF está acima do TSE, mas o STF não é órgão da Justiça Eleitoral.

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O TSE será composto, no mínimo, por sete membros, os quais serão escolhidos:

I - mediante eleição, pelo voto secreto:


a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;
b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;
II - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Assim, cinco membros são eleitos (três do STF e dois do STJ) e dois membros nomeados
pelo Presidente da República (entre advogados).
O Presidente e o Vice-Presidente do TSE serão eleitos entre os ministros do STF. Já o
Corregedor Eleitoral será eleito entre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça (art. 119,
parágrafo único, da CF/88).
Importante notar que, conforme art. 121, § 3º, da CF, são irrecorríveis as decisões do
Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de
habeas corpus ou mandado de segurança.
Quanto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), haverá um em cada Estado e um no
Distrito Federal (art. 120 da CF/88).
Os TREs, que terão sete membros, serão compostos (art. 120, § 1º, da CF/88):

I - mediante eleição, pelo voto secreto:


a) de dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça;
b) de dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça;
II - de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito
Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal
Regional Federal respectivo;
III - por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de
notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os


desembargadores do Tribunal de Justiça (art. 120, § 2º, da CF/88). A competência dos TREs
está nos arts. 29 e 30 do Código Eleitoral.
Já a junta eleitoral, que é algo próprio da Justiça Eleitoral, segundo o art. 36 do Código
Eleitoral, compor-se-á de um juiz de direito, que será o presidente, e de 2 (dois) ou 4 (quatro)
cidadãos de notória idoneidade. Ou seja, as juntas eleitorais serão compostas por 3 ou 5
membros. Assim, é um órgão colegiado.

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O órgão diplomador das eleições municipais de Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores é a


junta eleitoral (art. 40, IV, do Código Eleitoral). Se houver várias juntas eleitorais, a diplomação
será feita pela junta eleitoral do juiz mais antigo.

4. Partidos políticos
4.1. Natureza jurídica
Conforme dispõe o art. 1º da Lei n° 9.096/95 (Lei dos Partidos Políticos), o partido político
é pessoa jurídica de direito privado e destina-se a assegurar, no interesse do regime
democrático, a autenticidade do sistema representativo e a defender os direitos fundamentais
definidos na Constituição Federal.
O partido político não se equipara às entidades paraestatais, conforme art. 1º, parágrafo
único, da Lei dos Partidos Políticos.

4.2. Criação do partido político


Como pessoa jurídica de direito privado, deverá ser registrado no Cartório de Registro
Civil de Pessoa Jurídica do local de sua sede. Para que possa fazê-lo, deverá o pedido ser
subscrito pelos seus fundadores, que devem ser no mínimo 101, com domicílio eleitoral em, no
mínimo 1/3 dos Estados (art. 8º, caput, da Lei dos Partidos Políticos).
Após adquirida a personalidade jurídica, deverá o partido realizar o registro o seu estatuto
perante o TSE, quando adquirirá capacidade político-ideológica. Nesse sentido o § 2º do art. 17
da CF/88:
Art. 17, § 2º. Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei
civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

Mas para que seja possível essa criação, será necessário obter uma quantidade mínima
de eleitores que assinem uma declaração de apoio a esse novo partido. É o chamado
apoiamento mínimo de eleitores, que vem disposto no art. 7º, § 1º, da Lei dos Partidos Políticos:

Art. 7º, § 1º. Só é admitido o registro do estatuto de partido político que tenha caráter
nacional, considerando-se como tal aquele que comprove, no período de dois anos, o
apoiamento de eleitores não filiados a partido político, correspondente a, pelo menos,
0,5% (cinco décimos por cento) dos votos dados na última eleição geral para a
Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos
por um terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de 0,1% (um décimo por cento)
do eleitorado que haja votado em cada um deles.

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Nota-se que, com isso, garante-se o caráter nacional do partido político, exigido pelo art.
17, inciso I, da Constituição Federal. Nota-se, ainda, que o apoiamento deve se dar por pessoas
não filiadas a nenhum partido e que tal deve ocorrer no prazo de dois anos.
Para um partido político participar de um pleito eleitoral, deverá ter existência mínima de
6 meses, conforme art. 4º da Lei n° 9.504/97:

Art. 4º. Poderá participar das eleições o partido que, até seis meses antes do pleito, tenha
registrado seu estatuto no Tribunal Superior Eleitoral, conforme o disposto em lei, e tenha,
até a data da convenção, órgão de direção constituído na circunscrição, de acordo com o
respectivo estatuto.

4.3. Liberdade e autonomia partidária


Vige a liberdade de organização partidária, pois, conforme arts. 17 da CF/88 e 2º da Lei
dos Partidos Políticos, é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos.
Não obstante, a liberdade partidária não é absoluta, já que deverão ser resguardados a
soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e, ainda, deverão ser observados (art. 17, caput e §4º, da CF/88):
• Preceitos de caráter nacional;
• Proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo
estrangeiros ou de subordinação a estes;
• Prestação de contas à Justiça Eleitoral;
• Funcionamento parlamentar de acordo com a lei; e
• Vedação da utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.

Ainda, assegura-se aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e
estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e
provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o
regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições
proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e
fidelidade partidária (art. 17, § 1º, da CF/88 e art. 3º da Lei dos Partidos Políticos).

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4.4. Filiação partidária


Para que alguém possa concorrer a um cargo eletivo, deve estar filiado a algum partido
político, já que não se admite candidatura avulsa.
Só pode filiar-se ao partido o eleitor que estiver no pleno gozo de seus direitos políticos
(art. 16 da Lei n° 9.096/95).
Perderá o mandato, por infidelidade partidária, o detentor de cargo eletivo (nas
eleições proporcionais) que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito (art. 22-
A, caput, da Lei n° 9.096/95).
Consideram-se justa causa para a desfiliação partidária somente as seguintes hipóteses
(art. 22-A, parágrafo único, da Lei n° 9.096/95):

I - mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;


II - grave discriminação política pessoal; e
III - mudança de partido efetuada durante o período de trinta dias que antecede o prazo
de filiação exigido em lei para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término
do mandato vigente.

4.5. Federação partidária


Trata-se da reunião de dois ou mais partidos políticos que possuam afinidade ideológica
ou programática e que, depois de constituída e registrada no TSE, atuará como se fosse uma
única agremiação partidária.
Essa possibilidade foi inserida pela Lei nº 14.208/2021 no art. 11-A da Lei nº 9.096/95 (Lei
dos Partidos Políticos).

Art. 11-A. Dois ou mais partidos políticos poderão reunir-se em federação, a qual, após
sua constituição e respectivo registro perante o Tribunal Superior Eleitoral, atuará como
se fosse uma única agremiação partidária.

Ressalte-se que o STF, na ADI 7022, decidiu que a figura da federação partidária é
compatível com a Constituição Federal.
A federação assemelha-se à coligação, mas com ela não se confunde. Ambas são
maneiras de união de partidos que irão funcionar com uma unidade. Mas há três distinções:
1) Tempo de duração: a coligação tem duração mais curta, pois existirá entre a
convenção e a eleição; já a federação perdurará, no mínimo, por 4 anos.
2) Abrangência: a coligação somente pode ocorrer em eleições majoritária; a federação
pode ocorrer em eleição majoritária ou proporcional.

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3) Espaço: a coligação pode ser realizada em cada circunscrição (municipal, estadual ou


nacional); já a federação será sempre em nível nacional e abrangerá, obrigatoriamente, os
demais níveis (estadual e municipal).
Às federações aplicam-se todas as normas que regem o funcionamento parlamentar e a
fidelidade partidária, apesar de ser assegurada a preservação da identidade e da autonomia
dos partidos integrantes da federação (art. 11-A, §§ 1º e 2º, da Lei n° 9.096/95).
A criação de federação obedecerá às seguintes regras (art.11-A, § 3º, da Lei n° 9.096/95):
• A federação somente poderá ser integrada por partidos com registro definitivo no
Tribunal Superior Eleitoral;
• Os partidos reunidos em federação deverão permanecer a ela filiados, por, no
mínimo, 4 (quatro) anos;
• A federação poderá ser constituída até a data final do período de realização das
convenções partidárias;
• A federação terá abrangência nacional e seu registro será encaminhado ao
Tribunal Superior Eleitoral.

Em relação ao terceiro requisito (federação ser constituída até a data final do período
das convenções), o STF entendeu, na já ADI 7021, que esse prazo viola o princípio da
isonomia. Diante disso, o STF entendeu que se deve exigir que as federações obtenham
o registro de seu estatuto junto ao TSE com a mesma antecedência exigida dos partidos
(até 6 meses antes do pleito).
A não permanência pelo prazo de 4 anos na federação acarretará ao partido vedação de
ingressar em federação, de celebrar coligação nas duas eleições seguintes e, até completar o
prazo mínimo remanescente, de utilizar o fundo partidário (art. 11-A, § 4º, da Lei n° 9.096/95).

4.6. Arrecadação e aplicação de recursos nas campanhas eleitorais


Durante a campanha eleitoral, as despesas serão realizadas sob a responsabilidade dos
partidos e dos candidatos (art. 17 da Lei n° 9.504/97).
Para cada eleição e para cada cargo haverá um teto de gastos, sendo esse limite definido
em lei e divulgado pelo TSE (art. 18 da Lei n° 9.504/97).
Serão contabilizadas nos limites de gastos de cada campanha as despesas efetuadas
pelos candidatos e as efetuadas pelos partidos que puderem ser individualizadas. No entanto,

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os gastos advocatícios e de contabilidade referentes a consultoria, assessoria e honorários,


relacionados à prestação de serviços em campanhas eleitorais e em favor destas, bem como em
processo judicial decorrente de defesa de interesses de candidato ou partido político, não estão
sujeitos a limites de gastos ou a limites que possam impor dificuldade ao exercício da ampla
defesa (art. 18, caput e parágrafo único, da Lei n° 9.504/97).
O descumprimento dos limites de gastos fixados para cada campanha acarretará o
pagamento de multa em valor equivalente a 100% da quantia que ultrapassar o limite
estabelecido, sem prejuízo da apuração da ocorrência de abuso do poder econômico (art. 18-B
da Lei n° 9.504/97).
É obrigatório para o partido e para os candidatos abrir conta bancária específica para
registrar todo o movimento financeiro da campanha (art. 22 da Lei n° 9.504/97).
Pessoas jurídicas estão proibidas de fazer doação para campanhas eleitorais, mas
pessoas físicas podem, desde que limitadas a 10% dos rendimentos brutos auferidos pelo doador
no ano anterior à eleição (art. 23, § 1º da Lei n° 9.504/97).

Resolva a questão a seguir:

1) FGV - 2023 - OAB – 38º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


No ano anterior à realização de eleições para cargos eletivos federais e estaduais, os dirigentes dos
partidos políticos Alfa e Gama iniciaram tratativas para se aliançarem, tanto nas eleições majoritárias
como nas proporcionais, mas havia dúvida em relação ao modelo a ser utilizado. Após consultarem a
legislação de regência, concluíram corretamente que deveriam formar

A) coligação, que se extinguirá ao fim do prazo para o ajuizamento da ação de impugnação de mandato
eletivo.
B) gestão colegiada, somente utilizada nas eleições proporcionais, que deve perdurar até o fim do prazo
do mandato eletivo obtido.
C) ajuntamento partidário, que se extinguirá após a diplomação dos eleitos.
D) federação, sendo que os partidos devem permanecer filiados por no mínimo quatro anos, contados da
data do respectivo ingresso.

Resolva a questão a seguir:

2) FGV - 2023 - OAB – 38º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase


Helena, filiada ao partido político Beta e candidata ao cargo de governadora do Estado Alfa, consultou
seu advogado a respeito da composição dos gastos de campanha, mais especificamente se o pagamento
de honorários em razão da prestação de serviços advocatícios, no curso e em razão da campanha
eleitoral, teria essa natureza jurídica. A assessoria respondeu, corretamente, que os referidos honorários

A) estão incluídos no limite de gastos de campanha, sendo tidos como despesas eleitorais.

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B) são considerados gastos eleitorais e não estão incluídos no limite de gastos de campanha.
C) pela sua essência alimentar, não têm correlação com os gastos eleitorais, o que afasta a possibilidade
de serem enquadrados em qualquer limitador de despesas.
D) podem ser considerados gastos eleitorais, caso o candidato assim os declare, e estão incluídos no
limite de gastos de campanha.

5. Condições de elegibilidade de causas de inelegibilidade


5.1. Elegibilidade
Para que possamos ser votados, ou seja, sermos um representante eleito do povo,
precisamos preencher os requisitos de elegibilidade. Segundo a Constituição Federal, em seu
art. 14, § 2º, são condições de elegibilidade:

I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-
Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.

Para o exercício absoluto do direito de ser votado, o candidato não pode incorrer em
nenhuma das causas de inelegibilidade.
Importante notar que o conceito de domicílio é mais elástico no Direito Eleitoral que o
Direito Civil. É possível que haja um domicílio civil em um local e um eleitoral em outro. Isso
porque o domicílio eleitoral satisfaz-se com vínculos de natureza política, econômica, social,
familiar, afetiva, conforme art. 23 da Res. 23.659/2021 do TSE.

5.2. Inelegibilidade
A inelegibilidade significa a existência de causas negativas que impedem o cidadão de
exercer a sua capacidade eleitoral passiva, ou seja, impede o indivíduo de ser votado. A
inelegibilidade pode ser vista como um impedimento ao exercício da cidadania passiva, ficando
o sujeito impossibilitado de ser escolhido para ocupar cargo público eletivo.
Importante notar que a inelegibilidade não impede o indivíduo de votar, só impede de ser
votado.

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a) De acordo com o art. 14, § 4º, da CF/88, são absolutamente inelegíveis o inalistável
e o analfabeto.
b) Inelegibilidade por motivos funcionais: são duas hipóteses.
• Inelegibilidade para os mesmos cargos, num terceiro mandado subsequente: o
Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os
Prefeitos e quem os houver sucedido ou substituído no curso dos mandatos não
poderão ser reeleitos para um terceiro mandato sucessivo (art. 14, § 5º, da CF/88);
• Inelegibilidade para concorrerem a outros cargos: para concorrerem a outros
cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito
Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses
antes do pleito (art. 14, § 6º, da CF/88).

c) Inelegibilidades por motivos de parentesco: de acordo com o art. 14, § 7º, da CF/88,
são inelegíveis, no território da circunscrição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, do Governador de
Estado, Território ou Distrito Federal, do Prefeito ou quem os haja substituído dentro dos 6 meses
anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
Importante ressaltar que o STF pacificou sua jurisprudência, por meio da edição da
Súmula Vinculante nº 18, no sentido de que a dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal,
no curso do mandato, não afasta a inelegibilidade prevista no § 7.º do artigo 14 da Constituição
Federal.
d) Inelegibilidades previstas em lei complementar: de acordo com o art. 14, § 9º, da
CF/88, lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade. Essa LC é a 64/90, que
traz um extenso rol com hipóteses de inelegibilidades. Essa lei complementar sofreu importantes
alterações pela LC 135/2010, que ficou conhecida como Lei da Ficha Limpa. A mais importante
previsão é a do art. 1º, inciso I, alínea “e”, da LC 64/90, que diz: São inelegíveis os que forem
condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde
a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos
crimes:
• Contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio
público;
• Contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os
previstos na lei que regula a falência;

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• Contra o meio ambiente e a saúde pública;


• Eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;
• De abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo
ou à inabilitação para o exercício de função pública;
• De lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
• De tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e
hediondos;
• De redução à condição análoga à de escravo;
• Contra a vida e a dignidade sexual;
• Praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando.

6. Propaganda eleitoral
6.1. Propaganda antecipada (extemporânea)
A propaganda eleitoral somente é lícita quando realizada após 15 de agosto do ano das
eleições, conforme art. 36 e seguintes da Lei n° 9.504/97. Quando ela é realizada antes dessa
data é uma propaganda irregular chamada de propaganda antecipada.
No entanto, algumas condutas praticadas até 15 de agosto do ano das eleições são
permitidas pela legislação eleitoral. São os atos de pré-campanha. O art. 36-A na Lei n° 9.504/97
traz um rol de condutas que não configuram propaganda antecipada. Como se verifica, há uma
visão bem liberal dos atos preparatórios para as campanhas eleitorais, praticamente vinculando
a caracterização da propaganda eleitoral antecipada ao pedido explícito de voto.

Art. 36-A. Não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam
pedido explícito de voto, a menção à pretensa candidatura, a exaltação das qualidades
pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos meios de
comunicação social, inclusive via internet:
I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-candidatos em entrevistas,
programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a
exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de
televisão o dever de conferir tratamento isonômico;
II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a
expensas dos partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais,
discussão de políticas públicas, planos de governo ou alianças partidárias visando às
eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação
intrapartidária;
III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo,
a divulgação dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates
entre os pré-candidatos;

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IV - a divulgação de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça


pedido de votos;
V - a divulgação de posicionamento pessoal sobre questões políticas, inclusive nas redes
sociais;
VI - a realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade
civil, de veículo ou meio de comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade,
para divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias.
VII - campanha de arrecadação prévia de recursos na modalidade prevista no inciso IV do
§ 4º do art. 23 desta Lei.

A violação às regras de propaganda política sujeita o responsável pela divulgação e


quando comprovado o prévio conhecimento, o beneficiário da propaganda, à multa de R$
5.000,00 a R$ 25.000,00, ou o equivalente ao custo da propaganda, se este for maior.
E, conforme disposto no art. 6º, § 5º, da Lei ° 9.504/97, a responsabilidade pelo pagamento
de multas decorrentes de propaganda eleitoral é solidária entre os candidatos e os respectivos
partidos, não alcançando outros partidos mesmo quando integrantes de uma mesma coligação.

6.2. Propaganda eleitoral


A propaganda eleitoral é aquela elaborada e pensada para captar os votos dos eleitores.
O legislador trouxe grande preocupação pelo tema, trazendo um regramento detalhado
sobre as proibições (apesar de também trazer diversas exceções). O objetivo é combater o abuso
do poder econômico na propaganda eleitoral, buscando o equilíbrio de oportunidades entre os
candidatos.
O art. 37, caput, da Lei n° 9.504/97, tem grande importância quanto a essa temática. Diz
esse dispositivo legal que é proibida a propaganda eleitoral:
• Em bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que a
ele pertençam;
• Em bens de uso comum, como postes de iluminação pública, sinalização de
tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos
urbanos;
• De qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas,
estandartes, faixas, cavaletes, bonecos e assemelhados.

Se houver veiculação de propaganda em desacordo com o disposto no caput do citado


art. 37, o responsável, após a notificação, deverá restaurar o bem e, caso não o faça no prazo,
haverá a multa no valor de R$ 2.000,00 a R$ 8.000,00 (art. 37, § 1º, da Lei n° 9.504/97).

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Eleitoral

Nota-se que, como regra, não é permitida a veiculação de propaganda eleitoral em bens
públicos ou particulares. No entanto, é permitida essa propaganda se for(em) (art. 37, § 2º, da
Lei n° 9.504/97):
• Bandeiras ao longo de vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom
andamento do trânsito de pessoas e veículos;
• Adesivo plástico em automóveis, caminhões, bicicletas, motocicletas e janelas
residenciais, desde que não exceda a 0,5 m² (meio metro quadrado).

Para fins eleitorais, bens de uso comum são os assim definidos pelo Código Civil e,
também, aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas,
centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada (art. 37, § 4º,
da Lei n° 9.504/97).
Nas árvores e nos jardins localizados em áreas públicas, bem como em muros, cercas e
tapumes divisórios, não é permitida a colocação de propaganda eleitoral de qualquer natureza,
mesmo que não lhes cause dano (art. 37, § 5º, da Lei n° 9.504/97).
Mais relativizações acerca das regras do caput vem nos § 3º e 6º do art. 37:

§ 3º Nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de propaganda eleitoral fica a


critério da Mesa Diretora.
§ 6º É permitida a colocação de mesas para distribuição de material de campanha e a
utilização de bandeiras ao longo das vias públicas, desde que móveis e que não dificultem
o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos.
§ 7o A mobilidade referida no § 6º estará caracterizada com a colocação e a retirada dos
meios de propaganda entre as seis horas e as vinte e duas horas.

A veiculação de propaganda eleitoral em bens particulares deve ser espontânea e gratuita,


sendo vedado qualquer tipo de pagamento em troca de espaço para esta finalidade (art. 37, §
8º, da Lei n° 9.504/97).
É vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por comitê,
candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas
básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor
(art. 39, § 6º, da Lei n° 9.504/97).
Boca de urna e manifestação individual e silenciosa: conforme disposto pelo próprio
TSE, a propaganda de boca de urna consiste na atuação de cabos eleitorais e demais ativistas
junto aos eleitores que se dirigem à seção eleitoral, no dia da votação, visando a promover e

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Eleitoral

pedir votos para seu candidato ou partido. A legislação eleitoral proíbe a realização de atividades
de aliciamento de eleitores e quaisquer outras que tenham o objetivo de convencer o cidadão
mediante boca de urna.
Essa conduta é criminalizada pela Lei n° 9.504/97, em seu art. 39, § 5º.
Importa referir que é permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa
da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato, revelada exclusivamente
pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e adesivos (art. 39-A da Lei n° 9.504/97).
Apesar disso, não é permitido, até o término do horário de votação, a aglomeração de
pessoas portando vestuário padronizado, pois tal caracteriza manifestação coletiva, o que é
vedado (art. 39-A, § 1º, da Lei n° 9.504/97).

6.3. Propaganda eleitoral no rádio e na televisão


A disciplina quanto a este ponto está entre os arts. 44 e 57 da Lei das eleições (Lei n°
9.504/97).
No rádio e na TV a propaganda será sempre gratuita, sendo vedada a propaganda paga
nesses meios de comunicação (art. 44, caput, da Lei n° 9.504/97).

6.4. Propaganda eleitoral na internet


A previsão sobre a propaganda eleitoral na internet está entre os art. 57-A e o art. 57-I da
Lei das Eleições.
O art. 57-A diz que é permitida a propaganda eleitoral na internet, nos termos desta Lei,
após o dia 15 de agosto do ano da eleição. Essa é a regra geral da propaganda eleitoral.
A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes formas (art. 57-B):

I - em sítio do candidato, com endereço eletrônico comunicado à Justiça Eleitoral e


hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet estabelecido no
País;
II - em sítio do partido ou da coligação, com endereço eletrônico comunicado à Justiça
Eleitoral e hospedado, direta ou indiretamente, em provedor de serviço de internet
estabelecido no País;
III - por meio de mensagem eletrônica para endereços cadastrados gratuitamente pelo
candidato, partido ou coligação;
IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e aplicações de
internet assemelhadas cujo conteúdo seja gerado ou editado por:
a) candidatos, partidos ou coligações; ou
b) qualquer pessoa natural, desde que não contrate impulsionamento de conteúdos.

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem
Direito Eleitoral

No entanto, conforme art. 57-C, é proibida a veiculação de qualquer tipo de propaganda


eleitoral paga na internet. Somente será possível o impulsionamento de conteúdos, desde que
identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos, coligações
e candidatos e seus representantes.
Da mesma forma, é proibida, mesmo que gratuitamente, a veiculação de propaganda
eleitoral na internet, em sites de pessoas jurídicas (com ou sem fins lucrativos) e em sites oficiais
ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (art. 57-C, § 1º).
Quanto às mensagens encaminhadas por aplicativos, como whatsapp, deverão dispor de
mecanismo que permita seu descadastramento pelo destinatário, obrigado o remetente a
providenciá-lo no prazo de quarenta e oito horas (art. 57-G).

Resolva a questão a seguir:

3) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


Carlos, empresário que possui domicílio eleitoral no Município Alfa, quer concorrer a prefeito municipal
nas próximas eleições no citado Município. Como é a sua primeira eleição, Carlos está com muitas
dúvidas sobre o que é permitido e o que é proibido fazer nas eleições. Diante disso, Carlos procura você,
como advogado, para responder se:
I. poderá apresentar as suas posições pessoais antes de 16 de agosto do ano das eleições, desde que
não haja pedido explícito de votos;
II. poderá, em suas redes sociais, fazer propaganda eleitoral paga, inclusive o impulsionamento de
conteúdos; e
III. poderá colocar bandeiras ao longo de vias públicas, se forem móveis e não dificultarem o bom
andamento do trânsito de pessoas e veículos.
Você responderá, corretamente, que Carlos poderá fazer as condutas descritas nos itens:

A) I, II e III.
B) apenas em I e II.
C) apenas em I e III.
D) Apenas em II e III.

7. Ações eleitorais
7.1. Ação de Impugnação de Registro de Candidatura (AIRC)
A ação de impugnação de registro de candidatura (AIRC) é o instrumento hábil a impedir
que candidato escolhido em convenção partidária seja registrado, em virtude do não
atendimento de algum requisito legal ou constitucional.
Isso pode ocorrer pela:

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Direito Eleitoral

• Ausência de uma das condições de elegibilidade;


• Presença de uma das hipóteses de inelegibilidade; ou
• Pela ausência de algum dos documentos essenciais ao registro.

Quem possui legitimidade para a AIRC? A legitimidade ativa, ou seja, quem pode
ingressar com a ação eleitoral, cabe a qualquer candidato, partido, coligação ou ao Ministério
Público (art. 3º da LC 64/90). Importante notar que, quando a lei fala em candidato, na verdade
se refere à pré-candidato, porquanto só se fala em candidato após o deferimento do pedido de
registro de candidatura. Já a legitimidade passiva, ou seja, contra quem deve ser proposta a
AIRC, recai sobre o pré-candidato impugnado.
Qual o prazo para ajuizar a AIRC? A AIRC precisa ser ajuizada no prazo de 5 dias, a
contar da publicação do pedido de registro. Ou seja, o prazo não tem relação com a data-limite
do registro (15/08), mas, sim, com a publicação desses pedidos (art. 3º da LC 64/90).
Quem é competente para o julgamento da AIRC? Isso vai depender de qual o cargo
pleiteado:
• Juiz eleitoral julga AIRC em face de candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador;
• TRE julga AIRC em face de candidatos a governador, vice-governador, senador,
suplentes de senador, deputado-federal, deputado-estadual e deputado-distrital;
• TSE julga AIRC em face de candidato a presidente da república e vice-presidente
da república.

Julgada procedente a AIRC e transitada em julgado ou publicada a decisão proferida por


órgão colegiado que declarar a inelegibilidade do candidato, ser-lhe-á negado registro, ou
cancelado, se já tiver sido feito, ou declarado nulo o diploma, se já expedido (art. 15 da LC 64/90).

7.2. Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)


A ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) está prevista no art. 22 da LC 64/90. Assim
dispõe o citado dispositivo legal:

Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral
poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional,
relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de
investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do
poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social,
em benefício de candidato ou de partido político, obedecido o seguinte rito:

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Direito Eleitoral

Essa ação, conforme Zilio, tem por finalidade a apuração de abuso de poder político (ou
de autoridade) ou econômico, cuja gravidade possa influir na normalidade e na legitimidade do
exercício do poder de sufrágio popular, bem como para apuração de da utilização indevida de
veículos ou meios de comunicação social e a transgressão de valores pecuniários1.
Quem possui legitimidade para AIJE? A legitimidade ativa é igual à da AIRC (qualquer
candidato, partido, coligação ou o Ministério Público), conforme caput do citado art. 22. A
legitimidade passiva é do candidato (ou pré-candidato) e o cidadão que não é candidato, mas
que concorreu para prática do abuso de poder econômico ou político. Há entendimento reiterado
do TSE no sentido de que pessoa jurídica não possui legitimidade para estar no polo passivo da
AIJE.
Qual o prazo para propor a AIJE? A legislação eleitoral não fixou o prazo para o
ajuizamento da AIJE, de modo que coube a doutrina essa tarefa. Entende-se que a AIJE deve
ser ajuizada após o registro de candidatura. O termo final para o ajuizamento dessa ação é
a diplomação dos eleitos, quando se opera a decadência do direito de se utilizar a AIJE.
Quem é competente para julgar a AIJE?
• No caso de AIJE manejada em face do Presidente da República ou do Vice-
Presidente, a competência é do Corregedor-Geral Eleitoral;
• Caso os legitimado passivos sejam os Governadores, Vice-Governadores,
Deputados Federais, Senadores, ou Deputados Estaduais/ Distritais o julgamento
será feito pelo Corregedor-Regionar Eleitoral;
• No caso de os legitimados serem Prefeitos, Vice-Prefeitos ou Vereados, a
competência será do juiz eleitoral (art. 24 da LC 64/90).

Se for procedente, o acusado será declarado inelegível para as eleições que se realizarem
nos 8 anos subsequentes à eleição em que se verificou o abuso, e terá seu registro ou diploma
cassado, conforme art. 22, XIV, da LC 64/90.
Da decisão do juiz eleitoral, caberá recurso ao TRE no prazo de três dias.
Se a decisão for do TRE, caberá recurso ao TSE no mesmo prazo de 3 dias.

1
ZILIO, Rodrigo López. Direito Eleitoral. 9ª ed. São Paulo: JusPodivm, 2023, p. 687.

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7.3. Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME)


A ação de impugnação de mandato eletivo (AIME) está prevista na Constituição Federal,
no art. 14, §§ 10 e 11:

Art. 14. § 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo
de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder
econômico, corrupção ou fraude.
Art. 14. § 11 - A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo de justiça,
respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé.

Como se pode verificar, a AIME tem o objetivo de invalidar diplomas de candidatos


que tenham agido com abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.
O procedimento da AIME é o previsto na Lei Complementar nº 64/1990 para a AIRC
(Resolução 21.634 do TSE), sendo que, conforme determinação constitucional, tramitará em
segredo de justiça e será gratuita, salvo se temerária ou comprovada a má-fé.
A competência é verificada de acordo com o art. 2º da LC 64/90, ou seja, dependerá de
qual o cargo pleiteado:
• Juiz eleitoral julga AIME em face de candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador;
• TRE julga AIME em face de candidatos a governador, vice-governador, senador,
suplentes de senador, deputado-federal, deputado estadual e deputado distrital;
• TSE julga AIME em face de candidato a presidente da república e vice-presidente
da república.

É legítimo para propor AIME (legitimidade ativa) candidato, partido, coligação ou o


Ministério Público (art. 3º da LC 64/90). O TSE entendeu que o eleitor, isoladamente, não possui
legitimidade para propositura da AIME. Já a legitimidade passiva, ou seja, contra quem deve
ser proposta a AIME, recai sobre o diplomado.
Quanto ao prazo, será de quinze dias contados da diplomação (art. 14, § 10, da CF).
Esse prazo é decadencial, de modo que, uma vez transcorrido, os legitimados não poderão mais
propor a AIME.

Resolva a questão a seguir:

4) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB


Juliano concorreu ao cargo de prefeito do Município Beta, porém acabou perdendo as eleições para o
seu concorrente, Pedro. Após diplomação dos eleitos, chegou ao conhecimento de Juliano que Pedro
havia praticado atos que configuravam abuso de poder econômico. Diante disso, Juliano procura você,

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Direito Eleitoral

como advogado, para saber se há alguma medida judicial que pode ser buscada. Você, corretamente,
responde que:

A) como já houve a diplomação, não é mais possível o ajuizamento de nenhuma ação eleitoral.
B) é possível ajuizar a ação de investigação judicial eleitoral, o que deve ocorrer nos quinze dias
subsequentes à diplomação.
C) é possível ajuizar a ação de impugnação de registro de candidatura, que pode ocorrer a qualquer
momento, desde que antes da posse.
D) é possível ajuizar a ação de impugnação de mandato eletivo, o que deve ocorrer nos quinze dias
subsequentes à diplomação.

8. Condutas vedadas aos agentes públicos em campanhas eleitorais


Aqui nós analisamos os arts. 73 e seguintes da Lei das Eleições (Lei n° 9.504/97), que
trazem uma série de condutas vedadas aos agentes públicos durante as campanhas
eleitorais, com o objetivo de preservar a normalidade e a legitimidade das eleições.
O art. 73, caput, traz uma série de condutas que são vedadas aos agentes públicos:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas
tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou
imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária;
II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que
excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que
integram;
III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal,
estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de
campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de
expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;
IV - fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação,
de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados
pelo Poder Público;
V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou
readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional e,
ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do
pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade
de pleno direito, ressalvados:
a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de
funções de confiança;
b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou
Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República;
c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início daquele
prazo;
d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de
serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder
Executivo;
e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes
penitenciários;
VI - nos três meses que antecedem o pleito:

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a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos


Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos
destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em
andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de
emergência e de calamidade pública;
b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no
mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e
campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas
entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade
pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;
c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito,
salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e
característica das funções de governo;
VII - empenhar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade dos
órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da
administração indireta, que excedam a 6 (seis) vezes a média mensal dos valores
empenhados e não cancelados nos 3 (três) últimos anos que antecedem o pleito;
VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores
públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da
eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse dos
eleitos.

E quais as consequências quanto à prática dessas condutas vedadas?


Em primeiro lugar, acarretará a suspensão imediata da conduta vedada, quando for o
caso, e sujeitará os responsáveis a multa no valor de cinco a cem mil UFIR (art. 73, § 4º).
Ainda, sem prejuízo dessa penalidade, o candidato beneficiado, agente público ou não,
ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma (art. 73, § 5º).
Aplicam-se as sanções do § 4º aos agentes públicos responsáveis pelas condutas
vedadas e aos partidos, coligações e candidatos que delas se beneficiarem (art. 73, § 8º).
O art. 75 traz a vedação de contratação de shows artísticos pagos com recursos
públicos nos três meses que antecedem o pleito.
Conforme art. 77, é vedado que candidato participe de inauguração de obra pública
nos três meses que antecedem o pleito, sob pena de cassação do registro ou do diploma.

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Gabaritos das questões:

1–D 2–B 3–C 4–D

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