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Eduardo Roma

ESTUDO DIRIGIDO
PRÁTICA CÍVEL II
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TEMA: INTRODUÇÃO ÀS IMPUGNAÇÕES JUDICIAIS

II. EFEITOS RECURSAIS

A doutrina aponta a existência de oito efeitos


recursais:

- Obstativo
- Devolutivo
- Suspensivo
- Translativo
- Expansivo
- Substitutivo
- Regressivo
- Diferido

a) EFEITO OBSTATIVO

- Diz respeito à preclusão temporal e sua relação


com a interposição do recurso.

- impede o trânsito em julgado;

- Impede a execução definitiva.


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b) EFEITO DEVOLUTIVO

É a transferência ao órgão ad quem do


conhecimento de matérias que já tenham sido
objeto de decisão no juízo a quo.

- crítica ao nome do efeito.

- todo recurso gera efeito devolutivo, variando-se


somente sua extensão e profundidade.

b1) - quanto à extensão – dimensão horizontal

É a matéria impugnada pelo recorrente, podendo o


recurso ser total ou parcial.

Ex: Art. 1.013. A apelação devolverá ao


tribunal o conhecimento da matéria
impugnada.

Na prática: condenação por danos materiais


(emergentes e cessantes) e danos morais. Ação
procedente em parte!
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b2) quanto à profundida – dimensão vertical

Uma vez fixada a extensão do efeito devolutivo, a


profundidade será uma consequência de tal efeito,
de forma que independe de qualquer manifestação
pelo recorrente.

Contudo, é adstrita ao capítulo impugnado


(dimensão horizontal).

Art. 1.013. A apelação devolverá ao


tribunal o conhecimento da matéria
impugnada.

§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação


e julgamento pelo tribunal todas as
questões suscitadas e discutidas no
processo, ainda que não tenham sido
solucionadas, desde que relativas ao
capítulo impugnado.

§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver


mais de um fundamento e o juiz acolher
apenas um deles, a apelação devolverá
ao tribunal o conhecimento dos demais.

Ex. defesa de mérito alegando prescrição e


subsidiariamente compensação.
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c) EFEITO SUSPENSIVO

O efeito suspensivo diz respeito à impossibilidade de


a decisão impugnada gerar efeitos enquanto não for
julgado o recurso interposto.

Tipos de efeitos suspensivo:

I. Próprio ou ope legis

A própria lei se encarrega da previsão de tal efeito.

Possui natureza declaratória ex tunc

II. Impróprio ou ope judicis

Cabe ao juiz no caso concreto, desde que


preenchidos os requisitos legais, a concessão do
efeito suspensivo.

Depende de expresso pedido do requerente

Possui natureza constitutiva, ex nunc.


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Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da


decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial
em sentido diverso.

Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida


poderá ser suspensa por decisão do relator, se da
imediata produção de seus efeitos houver risco de
dano grave, de difícil ou impossível reparação, e
ficar demonstrada a probabilidade de provimento do
recurso.

d)EFEITO TRANSLATIVO

Caracterizado na possibilidade de o tribunal


conhecer determinadas matérias de ofício no
julgamento do recurso.

Em regra é aplicado para os casos de matéria de


ordem pública, embora, também seja aplicado nas
hipóteses que não são de ordem pública, mas são
possíveis de análise pelo juiz ex officio.

- questão do pre questionamento:

Art. 1.034. Admitido o recurso extraordinário ou


o recurso especial, o Supremo Tribunal Federal ou o
Superior Tribunal de Justiça julgará o processo,
aplicando o direito.
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Parágrafo único. Admitido o recurso


extraordinário ou o recurso especial por um
fundamento, devolve-se ao tribunal superior o
conhecimento dos demais fundamentos para a
solução do capítulo impugnado.

e) EFEITO EXPANSIVO

Será gerado o efeito expansivo sempre que o


julgamento do recurso ensejar decisão mais
abrangente do que a matéria impugnada – ou ainda
quando atingir sujeitos que não participaram como
partes no recurso, apesar de serem partes na
demanda.

Ex. honorários.

f) EFEITO SUBSTITUTIVO

Significa que o julgamento do recurso substituirá a


decisão recorrida.

A substituição da decisão recorrida pelo julgamento


do recurso somente ocorre na hipótese de
julgamento do mérito recursal, dependendo do
julgamento.

g)EFEITO REGRESSIVO
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Permite que por via do recurso a causa volte ao


conhecimento do juízo prolator da decisão, que
poderá rever sua própria decisão.

Ocorrerá sempre nas espécies de agravo.

Na apelação ocorrerá em três casos:

1 - na sentença de indeferimento da petição inicial


(art. 331);

2 - na sentença de improcedência liminar (art. 332,)

3 – Nos casos em que o juiz não resolver o mérito


(art. 485)

h)EFEITO DIFERIDO

Ocorre quando o conhecimento do recurso depende


de recurso a ser interposto contra outra ou a
mesma decisão.

Ex. recurso adesivo.

Princípios recursais:

1. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO


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Possibilidade de que a parte possa ter uma segunda


opinião concernente à decisão da causa.

- discussão acerca da necessidade de análise por


um órgão hierarquicamente superior ou não.

- é possível a existência do duplo grau, mesmo que


não haja um recurso.

- É possível afastar o duplo grau?

- Duplo grau é considerado principio constitucional


implícito.

O duplo grau de jurisdição é a regra do sistema,


mas pode por norma infraconstitucional ser afastado
em determinados casos, em respeito a outros
princípios constitucionais, em especial os princípios
da celeridade e economia processual.

2.LEGALIDADE

Também chamado Taxatividade

- Para ser recurso, o meio de impugnação deve


estar expressamente previsto em lei federal.

- previsão legal:

- É possível existir recurso fora do CPC?

- Não podem as partes criar espécies recursais.


(limitação ao art. 190)
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Art. 190. Versando o processo sobre direitos que


admitam autocomposição, é lícito às partes
plenamente capazes estipular mudanças no
procedimento para ajustá-lo às especificidades da
causa e convencionar sobre os seus ônus,
poderes, faculdades e deveres processuais, antes
ou durante o processo.

3.UNICIDADE

Só é possível um único recurso para impugnar cada


decisão judicial.

Também chamado de unirrecorribilidade ou


singularidade.

Cuidado: observar-se sempre a natureza da


decisão:

Ex. sentença, em que um capítulo impugnado


afastou uma questão incidental.

Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.


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§ 3o O disposto no caput deste artigo aplica-se


mesmo quando as questões mencionadas no art.
1.015 integrarem capítulo da sentença.

Exceções à unirrecorribilidade: RE e Resp. do


mesmo acordão.

4.VOLUNTARIEDADE

- O recurso depende exclusivamente à vontade da


parte.

Forma de expressar a vontade?

Veda-se a interposição de qualquer recurso de ofício


pelo juiz.

- a interposição do recurso já demonstra a vontade


em recorrer, independente se o recurso será ou não
recebido ou conhecido, ou ainda se é total ou
parcial.
- Com a interposição do recurso, ocorre a preclusão
consumativa.

5.DIALETICIDADE
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Trata-se de espécie de fundamento para permitir o


contraditório.

É a necessidade de haver fundamentação expressa


do recurso para que a parte recorrida possa se
manifestar.

- Argui-se assim error in judicando ou error in


procedendo.

Tal exposição, constitui-se em causa de pedir


recursal, tanto permitindo a elaboração das
contrarrazões, quanto fixando os limites do órgão
ad quem.

- Tem de haver também expresso pedido,pois limita


a atuação e decisão do Tribunal, tantum devolutum
quantum appelatum

Art. 1.013. A apelação devolverá ao


tribunal o conhecimento da matéria
impugnada.

- A fundamentação recursal deve impugnar


especificamente os fundamentos da decisão
recorrida, sob pena de inadmissão do recurso (STJ)

6.FUNGIBILIDADE

Trata-se de princípio implícito, pois não há previsão


legal no NCPC.
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- Trata-se de situação onde recebe-se um recurso


quando na verdade outro seria o cabível.

- A fungibilidade se funda no princípio da


instrumentalidade das formas, amparando-se na
ideia de que o desvio da forma legal sem a geração
do prejuízo não deve gerar a nulidade do ato
processual.

- eventualmente, para que haja o devido


procedimento, o juiz deve intimar a parte para
adaptar o recurso.

Ex. Apelação e AI

O Novo CPC consagra a fungibilidade entre o


recurso especial e o recurso extraordinário:

Art. 1.032. Se o relator, no Superior


Tribunal de Justiça, entender que o
recurso especial versa sobre questão
constitucional, deverá conceder prazo de
15 (quinze) dias para que o recorrente
demonstre a existência de repercussão
geral e se manifeste sobre a questão
constitucional.

Parágrafo único. Cumprida a diligência


de que trata o caput, o relator remeterá
o recurso ao Supremo Tribunal Federal,
que, em juízo de admissibilidade, poderá
devolvê-lo ao Superior Tribunal de
Justiça.

Art. 1.033. Se o Supremo Tribunal


Federal considerar como reflexa a ofensa
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à Constituição afirmada no recurso


extraordinário, por pressupor a revisão
da interpretação de lei federal ou de
tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal
de Justiça para julgamento como recurso
especial.

6.1 requisitos para aplicação da fungibildiade:

a) Dúvida fundada a respeito do recurso cabível

b) Inexistência de erro grosseiro da parte

c) Inexistência de má-fé *

7.NO REFORMATIO IN PEJUS

Havendo apenas recurso por umas das partes, na


pior das hipóteses para o recorrente a decisão
recorrida é mantida.

Exceção: efeito translativo onde o tribunal conhece


matéria de ofício.

- TEORIA DA CAUSA MADURA


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8.COMPLEMENTARIEDADE

- as razões do recurso, devem ser apresentadas no


momento da interposição do recurso.

- não se admite razões apresentadas


posteriormente, sob pena de inadmissibilidade do
recurso.

9.CONSUMAÇÃO

- Também tem como fundamento a preclusão


consumativa que se verifica no ato de interposição
do recurso.

- A diferença entre este a complementariedade, é


que este trata de complementação de um recurso já
interposto, enquanto o segundo proíbe que,
interposto um recurso, este seja substituído por
outro, ainda que dentro do prazo recursal.

- O recurso posterior é declarado inexistente pela


preclusão consumativa.
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