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Prova de Direito Processual Civil II – AV I

Assuntos: Teoria Geral dos Recursos, Recursos e sucedâneos recursais, classificação dos recursos,
princípios recursais, efeitos dos recursos e apelação.

Teoria Geral dos Recursos


Conceito: Meio ou instrumento destinado a provocação o reexame da decisão judicial, no mesmo
processo em que foi proferida, com a finalidade de obter-lhe a invalidação, a reforma, o
esclarecimento ou a integração.
Sucedâneos Recursais: É todo meio de impugnação de decisão judicial que não é um recurso.
Sucedâneos Recursais Internos:
É aquele que se desenvolve no próprio processo em que a decisão foi proferida.
• Remessa necessária (Art. 496, CPC). Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo
efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença.
• A remessa necessária é considerada um sucedâneo recursal porque:
a) Há ausência de voluntariedade;
b) Não é dialética, já que não existem razões e nem contrarrazões;
c) Não há contraditório;
d) Não há prazo;
e) Apesar de prevista em lei, não está no rol de recursos (princípio da taxatividade);
f) A legitimação é do juízo, que determina a remessa para o Tribunal.
Pedido de reconsideração
• O pedido de reconsideração, apesar de amplamente utilizado na prática forense, não possui
previsão legal. Trata-se de um pedido de reforma ou anulação dirigido ao próprio juízo prolator da
decisão.
Correição parcial
• é cabível quando há a inversão na prática dos atos procedimentais, gerando como consequência
uma confusão procedimental. O objetivo da correição parcial é restabelecer a ordem normal do
procedimento
Desenvolvem-se em um processo distinto daquele em que a decisão impugnada foi proferida; São
chamados de ação autônoma de impugnação.
• Ação rescisória: é um recurso legal para anular uma decisão judicial final em casos de vícios
graves, como fraude, violação da lei ou erro de fato. Busca rescindir uma decisão (art. 966 do CPC).
• Ação anulatória: É um meio de impugnação que poderá ocorrer após o trânsito em julgado, nos
casos de decisão meramente homologatória (art. 966, §4º, CPC).
• Ação de querela nullitatis: Ação meramente declaratória, para impugnar um vício transrescisório
que atinge o plano da validade. É ocaso, por exemplo, da citação viciada.
Sucedâneo Recursal
É todo meio de impugnação de decisão judicial que nem é recurso nem é ação de impugnação. São
exemplos: pedido de reconsideração, pedido de suspensão da segurança.
Sucedâneo Recursal Externo
Embargos de terceiro: Se Voltam contra uma constrição judicial.
• Reclamação: busca garantir a autoridade do entendimento do Tribunal Superior.
• Mandado de segurança contra decisão judicial: Deve ser interposto antes do trânsito em
julgado (Lei 12.016/09); a decisão impugnada por MS seja teratológica ou de flagrante ilegalidade,
além de ser uma decisão irrecorrível.

CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS

QUANTO AO OBJETO IMEDIATO TUTELADO PELO RECURSO


• Recursos ordinários: servem para tutelar o direito das partes. Em outras palavras, por meio dos
recursos ordinários as partes buscam a tutela do seu interesse no caso concreto.
• Recursos extraordinários: serve para a proteção e preservação da boa aplicação do direito. Seu
intuito é a conservação do próprio ordenamento jurídico. São a exceção, só passam a ser cabíveis
quando esgotadas as vias ordinárias de impugnação
- Recurso extraordinário, Recurso especial e Embargos de divergência.
QUANTO À FUNDAMENTAÇÃO RECURSAL
• Fundamentação livre: É aquele em que o recorrente está livre para, nas razões do seu recurso,
deduzir qualquer tipo de crítica em relação à decisão;
• Fundamentação vinculada: As matérias passíveis de alegação já estão previamente previstas em
lei; rol taxativo. A fundamentação vinculada é excepcional, ocorrendo apenas nos casos de recurso
extraordinário (art. 102, III, da CF), recurso especial (art. 105, III, da CF)e embargos de declaração
(art. 1.022 do CPC).
QUANTO À ABRANGÊNCIA DA MATÉRIA IMPUGNADA
• Recurso total: É aquele que tem por objeto a integralidade da parcela da decisão que gera
sucumbência à parte.
• Recurso parcial: É aquele que impugna apenas uma parcela ou um capítulo da decisão.
QUANTO À INDEPENDÊNCIA OU SUBORDINAÇÃO
• Recurso principal: É aquele interposto dentro do prazo recursal, sendo irrelevante a postura
adotada pela parte contrária.
• Recurso adesivo: É aquele interposto no momento das contrarrazões, em razão do recurso da
parte contrária; caso o recurso principal seja inadmitido a parte não terá o direito de recorrer
adesivamente. Art. 997 do CPC

EFEITOS RECURSAIS

EFEITO SUSPENSIVO: suspensão dos efeitos da decisão recorrida; em regra, os recursos não
possuem efeito suspensivo. Excepcionalmente, haverá concessão de efeito suspensivo aos recursos,
que segue dois critérios:
• 1º Efeito suspensivo próprio (ope legis) – está previsto expressamente na lei, a exemplo da
apelação (art. 1.012 do CPC).
• 2º Efeito suspensivo impróprio (ope judicis – Art. 995, CPC) – é concedido pelo juiz, na análise
do caso concreto, desde que haja risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, causado
pela geração imediata de efeitos da decisão, bem como nos casos em que ficar demonstrada a
probabilidade de provimento do recurso.
EFEITO OBSTATIVO: cria um obstáculo à preclusão da decisão recorrida;
EFEITO TRANSLATIVO: permite que o tribunal reconheça determinadas matérias de ofício no
julgamento do recurso;
EFEITO EXPANSIVO
• Efeito expansivo objetivo: sempre que o julgamento do recurso ensejar decisão mais abrangente
do que a matéria impugnada;
• Efeito expansivo subjetivo: quando atingir sujeitos que não participaram como partes dos
recursos, embora fossem partes na demanda;
EFEITO DEVOLUTIVO: transfere ao órgão ad quem as matérias que foram julgadas pelo juízo a
quo.; todo recurso possui efeito devolutivo;
EFEITO SUBSTITUTIVO: Art. 1.008 do CPC
EFEITO REGRESSIVO: juízo de retratação. Exemplos: Art. 331, Art.332, § 3º, Art. 485, § 7º,
todos do CPC.
EFEITO DIFERIDO: ocorre quando o conhecimento do recurso depende de recurso a ser
interposto contra outra ou a mesma decisão. É o caso, por exemplo, do recurso adesivo.

PRINCÍPIOS RECURSAIS
• PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE/LEGALIDADE: Para que o instrumento de impugnação
seja considerado um recurso, deve estar expressamente previsto em lei federal. Art. 994 do CPC e
legislação extravagante.
• PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
• Previsão: não é princípio constitucional expresso – a doutrina entende que se trata de princípio
implícito na Constituição Federal.
• Conceito: assegura à parte ao menos um recurso, qualquer que seja aposição hierárquica do órgão
jurisdicional no qual teve início o processo.
• PRINCÍPIO DA SINGULARIDADE, UNIRRECORRIBILIDADE OU UNICIDADE: Para
cada decisão judicial proferida, caberá apenas uma espécie recursal.
• PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE: A interposição de um recurso decorre do princípio
dispositivo;
• PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE: exige do recorrente a exposição da fundamentação
recursal e do pedido que poderá ser de anulação; permite-se que o recorrido elabore as suas
contrarrazões.
• PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE: permite receber um recurso pelo outro, ou seja, recebe-se
um recurso que não seria cabível no caso concreto por aquele que teria cabimento;
• Fungibilidade atípica: fungibilidade fora das hipóteses legais, desde que estejam preenchidos os
seguintes requisitos:
• 1º Dúvida fundada: A própria lei confunde a natureza da decisão – por exemplo, a lei prevê que é
uma decisão interlocutória quando é na realidade uma sentença; divergências doutrinária e
jurisprudencial sobre qual recurso cabível; juiz profere uma decisão no lugar de outra;
• 2º Inexistência de erro grosseiro: Recurso manifestamente incabível; Recurso contrariar a previsão
específica de cabimento recursal;
• 3º Inexistência de má-fé.
Fungibilidade
Pressupõe que, por erro justificado, a parte tenha se utilizado de recurso inadequado para impugnar
a decisão recorrida e que, apesar disso, seja possível extrair de seu recurso a satisfação das
suposições recursais do recurso de justiça.
• Fungibilidade típica: São hipóteses tipificadas no CPC.
• Embargos de declaração recebido como agravo interno: Art. 1.024, § 3º,CPC
• Recurso Extraordinário como Recurso Especial; Recurso Especial como Recurso
Extraordinário: Art. 1.032. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso
especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o
recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão
constitucional. e Art. 1.033, CPC. Se o Supremo Tribunal Federal considerar como reflexa a ofensa
à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei
federal ou de tratado, remetê-lo-á ao Superior Tribunal de Justiça para julgamento como recurso
especial.
• PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS: o julgamento do recurso não
pode agravar a situação do recorrente (quando apenas o recorrente recorre)
• PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE: As razões recursais são apresentadas no
momento da interposição do recurso, não sendo possível, em regra, complementar.
• PRINCÍPIO DA CONSUMAÇÃO: o recurso interposto não pode ser substituído por outro.
• PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DO MÉRITO RECURSAL: Como o CPC privilegia o
julgamento de mérito, antes de considerar o recurso inadmissível, deve-se dar a oportunidade de
saneamento de eventuais vícios. Exemplos: Art.1.007, § 2º; Art. 1.017, § 3º; Art. 932, Parágrafo
único.
Apelação

Cabimento

Cabe apelação contra sentença terminativa (não resolve o mérito) e definitiva (resolve o mérito);

Três hipóteses em que não caberá apelação contra a sentença:


• a) Contra a sentença nos juizados especiais, cabe recurso inominado (Art. 41, Lei 9.099/95);
• b) Contra a sentença de primeira instância proferidas em execução fiscal de pequeno valor, cabe
embargos infringentes (art. 34 da LEF);
• c) Contra a sentença em ações internacionais, cabe recurso ordinário constitucional (art. 1.027, II,
b, do CPC).

PROCEDIMENTO
• Procedimento bifásico: perante o juízo a quo (1º grau) e perante otribunal (2º grau)
• Procedimento da apelação perante o juízo a quo:
• petição escrita – órgão a quo - prazo de 15 dias (úteis) – contrarrazões (Art. 1.010, CPC)
• Requisitos: Art. 1010, CPC
• Procedimento da apelação perante o Tribunal: No tribunal, o relator fará o juízo de
admissibilidade da decisão (art. 932, III, do CPC). Em seguida, os autos serão apresentados ao
presidente, que designará dia para julgamento.
NOVAS QUESTÕES DE FATO
• Art. 1.014, CPC. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na
apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior.
EFEITOS
• EFEITO DEVOLUTIVO: são transferidas ao órgão adquem as questões suscitadas pelas partes
no processo, a fim de que sejam reexaminadas.
• EFEITO SUSPENSIVO: Art. 1.012 do CPC
• EXCEÇÕES: Art. 1.012, § 1º, CPC. § 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa
a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
TEORIA DA CAUSA MADURA
• Conceito: autoriza que o tribunal possa decidir diretamente o mérito da causa, após dar
provimento à apelação, nos casos previstos em lei.
• Hipóteses de cabimento: Art. 1.013, § 3º, CPC. § 3º Se o processo estiver em condições de
imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:
I - reformar sentença fundada no art. 485;
II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir;
III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;
IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação

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