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DIREITO PROCESSUAL CIVIL V: RECURSOS

TEORIA GERAL DOS RECURSOS

Docente: Aldrin Pontes


Palmas
2023
TEORIA GERAL DOS
RECURSOS
PRINCÍPIOS GERAIS
Recursos são meios adequados pelos quais uma parte que
se sentir prejudicada com alguma decisão judicial pode
recorrer para tentar modificar a decisão ou sentença.

Os recursos são guiados por alguns princípios.

Alguns desses princípios têm aplicabilidade em todos os


momentos do processo, enquanto outros são aplicáveis
em algumas circunstâncias específicas, que nem sempre
se verificam.

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PRINCÍPIOS GERAIS

PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE (ou SINGULARIDADE)

PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE

PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE

PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE:

PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN PEJUS

PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE (ou CONVERSIBILIDADE):

PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO:

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PRINCÍPIOS GERAIS
PRINCÍPIO DA UNIRRECORRIBILIDADE (ou
SINGULARIDADE):

contra uma decisão judicial específica, se couber recurso,


haverá um único recurso cabível.

Não será possível a interposição de dois ou mais recursos


contra a mesma decisão ao mesmo tempo.

Cada recurso tem uma função específica, uma natureza.

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PRINCÍPIOS GERAIS
Exemplo:

Contra uma sentença de primeira instância eivada de


omissão, é cabível a oposição de Embargos de
Declaração.

Este recurso não pode ser interposto juntamente com uma


apelação, por exemplo, pois este tem por finalidade a
reanálise da matéria pelo tribunal, e aquele, a reanálise da
matéria pelo próprio juiz.

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PRINCÍPIOS GERAIS
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE: o recurso deve ser
discursivo e dialético, indicando quais são os segmentos
da decisão que deseja impugnar e as razões que justificam
tal impugnação. A construção do recurso (indicação das
partes impugnadas e das razões recursais) é fundamental
para viabilizar uma boa análise de validade e justiça da
decisão recorrida pelo juízo recursal.

PRINCÍPIO DA VOLUNTARIEDADE: em regra, os


recursos são interpostos somente em razão da vontade
das partes. Logo, a matéria decidida não será reanalisada
a menos que alguma das partes apresente o recurso
cabível.
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PRINCÍPIOS GERAIS
Uma exceção a esse princípio é a remessa necessária (art.
496 do CPC), que consiste em enviar ao Tribunal, para
reanálise obrigatória, decisões que condenem pessoas
jurídicas de direito público a pagarem obrigações de
determinado valor:
União, autarquias federais e fundações públicas federais: a partir de
1.000 salários mínimos;

Estados, Municípios que sejam Capitais de Estados e suas


autarquias e fundações públicas: a partir de 500 salários mínimos;

Municípios em geral e suas autarquias e fundações públicas: a partir


de 100 salários mínimos.

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PRINCÍPIOS GERAIS
O § 4º do art. 496 do CPC ainda estabelece casos em que,
independentemente do valor da condenação em desfavor do ente
público, a remessa não será necessária quando a sentença estiver
fundada em:

I – súmula de tribunal superior;


II – acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo
Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos;
III – entendimento firmado em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou de assunção de competência;
IV – entendimento coincidente com orientação vinculante firmada
no âmbito administrativo do próprio ente público, consolidada em
manifestação, parecer ou súmula administrativa.
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PRINCÍPIOS GERAIS
PRINCÍPIO DA TAXATIVIDADE:

Todas as espécies de recursos que podem ser interpostos


devem estar expressamente previstos em lei.

Não é possível a criação de recursos para casos concretos


específicos, nem a conjugação de elementos de vários
recursos para formar um só.

Cada recurso deve ser regrado por disposições legais


específicas e ser devidamente previsto na legislação
processual.
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PRINCÍPIOS GERAIS
CPC - Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:

• I - apelação;
• II - agravo de instrumento;
• III - agravo interno;
• IV - embargos de declaração;
• V - recurso ordinário;
• VI - recurso especial;
• VII - recurso extraordinário;
• VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário;
• IX - embargos de divergência.

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PRINCÍPIOS GERAIS
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DA REFORMATIO IN
PEJUS:

Em regra, a parte que recorrer não poderá ter o mérito da


decisão PREJUDICADO contra ela própria, a menos que a
parte contrária também recorra com relação ao mesmo
objeto da ação.

Isso quer dizer que, dentre as alegações em grau de


recurso, o RECORRENTE não pode ter sua situação
piorada com base nas próprias argumentações.

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PRINCÍPIOS GERAIS
PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE (ou
CONVERSIBILIDADE):

Em alguns casos, o equívoco da interposição de um


recurso inaplicável ao caso pode ser sanado pelo
recebimento desse recurso errado como se ele fosse o
recurso certo. Trata-se de receber um recurso errado como
se fosse outro: o recurso correto.

O órgão julgador percebe que a matéria alegada pelo


recorrente geralmente é abordada em recurso diferente
daquele que ela interpôs/opôs.
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PRINCÍPIOS GERAIS
O Princípio da Fungibilidade não se aplica em casos de
erros grosseiros, que são erros injustificáveis e
impossíveis diante do bom-senso e da mínima lógica
processual.

Exemplo de erro grosseiro seria a interposição de recurso


especial quando, na verdade, o recurso cabível seria a
apelação.

Estas duas espécies de recursos têm requisitos muito


diferentes, inconfundíveis, especialmente no que tange ao
tribunal competente para apreciar cada um.
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PRINCÍPIOS GERAIS

A jurisprudência nunca aceita a


aplicação do princípio da
fungibilidade entre um recurso de
natureza ordinária (como apelação
e recurso ordinário) e outro de
natureza extraordinária (como
recurso especial ou
extraordinário).
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PRINCÍPIOS GERAIS
Recurso Ordinário e Recurso Extraordinário

Os recursos de natureza ordinária são aqueles que


permitem a discussão sobre qualquer questão do
processo: seja matéria de fato (fatos narrados), seja
matéria de direito (texto de lei, Constituição, ato normativo
etc.).

Os recursos de natureza ordinária devolvem ao tribunal


julgador (2º grau) todas as questões de fato e de direito
para reanálise.

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PRINCÍPIOS GERAIS
Já os recursos de natureza extraordinária são os que não
cabem em qualquer situação.

Para serem cabíveis, deve haver o preenchimento de


requisitos especiais.

Ademais, a matéria suscetível de apreciação em grau de


recurso de natureza extraordinária não é livre: é aquela
delineada na lei ou na Constituição.

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PRINCÍPIOS GERAIS
Exemplo:

O recurso extraordinário somente é cabível nas hipóteses


do art. 102, inciso III da Constituição Federal:
causas decididas em única ou última instância, quando a
decisão recorrida contrariar dispositivo desta Constituição;
declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face
da Constituição ou julgar válida lei local contestada em
face de lei federal.
Não é possível, em sede de recurso extraordinário (RExt),
rediscutir fatos e provas, como numa apelação.
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PRINCÍPIOS GERAIS
PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO:

implica a possibilidade ou o direito ao reexame de uma


decisão judicial, da forma mais plena e ampla possível,
presumindo-se que a partir da sua revisão reduz-se a
probabilidade de erro judiciário.

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EFEITOS DOS RECURSOS

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EFEITOS DOS RECURSOS
São as consequências que o processo sofre com a sua
interposição. Não decorrem da vontade das partes ou do
juiz, mas de determinação legal.

É a lei que estabelece quais os efeitos de que um recurso


é dotado. Constituem matéria de ordem pública, não
sujeita a preclusão.

O julgador que tenha, por equívoco, atribuído a


determinado recurso efeitos de que ele seja desprovido
deverá voltar atrás, afastando-os. Os principais efeitos são:
devolutivo, suspensivo, translativo, expansivo e
regressivo.

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EFEITO DEVOLUTIVO

Consiste na aptidão que todo recurso tem de devolver ao


conhecimento do órgão ad quem (2º grau) o conhecimento
da matéria impugnada.

Todos os recursos são dotados de efeito devolutivo, uma


vez que é de sua essência que o Judiciário possa
reapreciar aquilo que foi impugnado, seja para modificar ou
desconstituir a decisão, seja para complementá-la ou
torná-la mais clara.

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EFEITO DEVOLUTIVO
O órgão ad quem deverá observar os limites do recurso,
conhecendo apenas aquilo que foi contestado. Se o
recurso é parcial, o tribunal não pode, por força do efeito
devolutivo, ir além daquilo que é objeto da pretensão
recursal.

Também no que concerne aos recursos, o Judiciário só


age mediante provocação, limitando-se a examinar o
objeto do recurso (ressalvadas as matérias de ordem
pública). O efeito devolutivo precisa ser examinado em
seus dois aspectos fundamentais: o da extensão e o
da profundidade.

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EFEITO DEVOLUTIVO - EXTENSÃO
Aquele que vai a juízo formula pretensões e expõe os
fundamentos pelos quais pretende que elas sejam
acolhidas.

O juiz, nas decisões que profere, examina-as, acolhendo-


as ou rejeitando-as. A parte a quem a decisão prejudicar
pode recorrer.

Ao fazê-lo, indicará qual das pretensões rejeitadas pelo


juiz pretende que seja reexaminada. Quando o autor, na
petição inicial, formula dois ou mais pedidos, o juiz, no
dispositivo da sentença, terá de examiná-los todos.
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EFEITO DEVOLUTIVO - EXTENSÃO
A parte sucumbente pode ficar inconformada com a
rejeição de todas as suas pretensões, ou de apenas
algumas delas.

Isso será indicado quando ela interpuser o recurso: nele,


dirá qual a extensão das matérias que pretende sejam
reexaminadas pelo tribunal, se todas as pretensões em
que sucumbiu, ou se apenas algumas delas.

Se o recurso for parcial, o tribunal só reexaminará a parte


recorrida.

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EFEITO DEVOLUTIVO - EXTENSÃO
O recurso devolve ao conhecimento do tribunal tão
somente a reapreciação daquilo que foi impugnado:
tantum devolutum quantum appellatum, princípio que
vem expressamente consagrado no art. 1.013, caput, do
CPC:

“A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da


matéria impugnada”.

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EFEITO DEVOLUTIVO - PROFUNDIDADE
Prevista no art. 1.013, § 1º, do CPC: “Serão, porém, objeto
de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as
questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que
não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao
capítulo impugnado”.

E no art. 1.013, § 2º: “Quando o pedido ou a defesa tiver


mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles,
a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento das
demais”.

Conquanto esse dispositivo esteja no capítulo da apelação,


a regra vale para os recursos em geral.

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EFEITO DEVOLUTIVO - PROFUNDIDADE
O aspecto profundidade do efeito devolutivo não diz
respeito às pretensões formuladas, mas aos fundamentos
que a embasam.

Para que seja possível compreendê-lo, é indispensável


lembrar que, em suas decisões, o juiz precisa apreciar
todas as pretensões formuladas, mas não
necessariamente todos os fundamentos trazidos pelas
partes, mas apenas os suficientes para o acolhimento ou
rejeição da pretensão.

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EFEITO DEVOLUTIVO - PROFUNDIDADE
Se o autor formula dois pedidos na inicial, o juiz terá de
apreciar todos na sentença. Mas se ele formula um só
pedido, com dois fundamentos, não haverá sempre a
necessidade de examinar todos.

Por exemplo: se postula a anulação de um contrato, com


fundamento na participação de um relativamente incapaz
não assistido e na coação a que foi submetido, cada um
desses fundamentos, por si só, é suficiente para o
acolhimento da pretensão.

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EFEITO DEVOLUTIVO - PROFUNDIDADE
Se, no curso do processo, o juiz entender que um deles já está
comprovado, acolherá o pedido, sem necessidade de produzir
provas do outro fundamento, ou de examiná-lo. O processo
deve chegar ao resultado adequado, da forma mais econômica
possível: se o juiz já tem condições de acolher o pedido, com
base num dos fundamentos, não se justifica que determine o
seu prosseguimento apenas para colher provas em relação ao
outro.

O mesmo vale em relação aos fundamentos da defesa: se o réu,


em ação de cobrança, alega que pagou e que houve uma
transação da qual resultou extinta a obrigação, a comprovação
de qualquer desses fundamentos é suficiente para a
improcedência do pedido.

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EFEITO DEVOLUTIVO - PROFUNDIDADE
Por isso, se o juiz verificar que um está comprovado, terá
elementos suficientes para julgar, rejeitando o pedido
inicial, sem a necessidade de colher provas a respeito do
outro fundamento.

Por força da profundidade do efeito devolutivo do recurso,


será dado ao tribunal, dentro dos limites do julgamento,
reexaminar todos os fundamentos invocados, ainda que
não tenham sido apreciados na decisão ou sentença de
primeiro grau.

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EFEITO DEVOLUTIVO - PROFUNDIDADE
Nos exemplos mencionados: se o juiz anulou o contrato,
com fundamento na incapacidade relativa de um dos
contratantes, e houve apelação do réu, caso o tribunal
verifique o equívoco desse fundamento (por exemplo, por
ter havido emancipação), cumprir-lhe-á antes de reformar
a sentença, examinar o segundo, a coação.

Afastado o primeiro fundamento, o tribunal não poderá


modificar o julgamento sem examinar o segundo. Este só
não havia sido examinado, porque o primeiro fora acolhido
no juízo a quo.

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EFEITO DEVOLUTIVO - PROFUNDIDADE
Se o órgão ad quem tiver elementos para examinar esse
segundo fundamento, poderá fazê-lo desde logo, ainda
que a primeira instância não o tenha feito (CPC, art. 1.013,
§ 2º).

Mas, se não os tiver, poderá ou anular a sentença,


devolvendo o processo ao primeiro grau, para que as
provas sejam produzidas; ou, se for o caso, valer-se do art.
938, § 1º, mandando produzir a prova faltante para, em
seguida, prosseguir no julgamento.

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EFEITO DEVOLUTIVO - PROFUNDIDADE
No segundo exemplo, rejeitada a pretensão inicial com fulcro em
pagamento, caso haja apelação do autor, e o tribunal afaste tal
fundamento, antes de reformar a sentença precisará examinar o
segundo, a transação. Se os elementos necessários já
estiverem nos autos, poderá fazê-lo desde logo.

Do contrário, procederá na forma mencionada: poderá fazê-lo


desde logo, ainda que a primeira instância não o tenha feito
(CPC, art. 1.013, § 2º). Mas, se não os tiver, poderá ou anular a
sentença, devolvendo o processo ao primeiro grau, para que as
provas sejam produzidas; ou, se for o caso, valer-se do art. 938,
§ 1º, mandando produzir a prova faltante para, em seguida,
prosseguir no julgamento.

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EFEITO DEVOLUTIVO - PROFUNDIDADE
Portanto, do ponto de vista da profundidade, o efeito
devolutivo devolve ao conhecimento do tribunal não apenas
aquilo que foi decidido pelo juiz e impugnado pelo
recorrente, mas todas as questões discutidas nos autos,
relativas ao capítulo impugnado.

É como se, em relação aos fundamentos e às questões


discutidas, o órgão ad quem se colocasse na posição do
órgão a quo, devendo examinar todos aqueles que foram
suscitados.

As mesmas regras aplicam-se ao recurso especial e


extraordinário, nos termos do art. 1.034, parágrafo único, do
CPC.
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EFEITO DEVOLUTIVO – art. 1.013, § 3º
O efeito devolutivo adquire maior amplitude com as regras
trazidas pelo art. 1.013, § 3º, que permitem ao tribunal, em
determinadas situações, julgar os pedidos, mesmo que a
primeira instância não o tenha feito.

Com esse dispositivo, o órgão ad quem fica autorizado a, se


o processo estiver em condições de julgamento, decidir
desde logo o mérito, quando: I – reformar sentença fundada
no art. 485, isto é, que julga o processo extinto sem
resolução de mérito; II – decretar a nulidade da sentença
por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da
causa de pedir, o que ocorre quando a sentença for ultra ou
extra petita.
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EFEITO DEVOLUTIVO – art. 1.013, § 3º
No caso da sentença extra petita, o juízo terá julgado ação
diferente da que foi proposta, por ter apreciado pedido ou
causa de pedir diferente daquele formulado na inicial. Mas
o tribunal, estando em condições de julgamento, deverá
julgar a pretensão formulada;

III – constatar a omissão no exame de um dos pedidos,


hipótese em que poderá julgá-lo;

IV – decretar a nulidade de sentença por falta de


fundamentação.

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EFEITO DEVOLUTIVO – art. 1.013, § 3º
Para proceder ao julgamento do mérito desde logo é
necessário, porém, que ele já esteja em condições de
julgamento, o que ocorrerá quando a questão controvertida
versar exclusivamente sobre matéria de direito ou quando,
mesmo versando sobre questões de fato controvertidas
pela parte, o Tribunal encontre nos autos todos os
elementos de prova necessários para fazê-lo. Isto é, desde
que a causa esteja madura para o julgamento.

Nesse sentido, decidiu a E. Corte Especial do Egrégio


Superior Tribunal de Justiça:

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EFEITO DEVOLUTIVO – art. 1.013, § 3º
“De fato, o art. 515, § 3º (atual art. 1.013, § 3º), do CPC
estabelece, como requisito indispensável para que o Tribunal
julgue diretamente a lide, que a causa verse questão
exclusivamente de direito. Entretanto, a regra do art. 515, § 3º,
deve ser interpretada em consonância com a preconizada pelo
art. 330, I (atual art. 355, I), cujo teor autoriza o julgamento
antecipado da lide „quando a questão de mérito for unicamente de
direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de
produzir prova em audiência‟. Desse modo, se não há
necessidade de produção de provas, ainda que a questão seja de
direito e de fato, poderá o Tribunal julgar a lide no exame da
apelação interposta contra a sentença que julgara extinto o
processo sem resolução de mérito...” (EREsp 874.507/SC, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 19/06/2013).

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EFEITO DEVOLUTIVO – art. 1.013, § 3º
Se a causa não estiver madura para julgamento, o tribunal
deve anular a sentença e devolver o processo à primeira
instância, determinando o seu prosseguimento, até que
nova sentença venha a ser proferida.

A apelação, nos casos do art. 1.013, § 3º, devolve ao


conhecimento do tribunal o mérito que podia ter sido
apreciado pelo juízo de origem, mas não foi. O órgão ad
quem estará livre para acolher ou rejeitar as pretensões
formuladas na inicial, julgando-as procedentes ou
improcedentes. Não há óbice à improcedência, pois não
há reformatio in pejus quando o órgão de origem não
apreciou o mérito.
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EFEITO DEVOLUTIVO – art. 1.013, § 3º
Questão de grande interesse é a de saber se, mesmo que
o apelante não requeira o julgamento do mérito, mas tão
somente a anulação da sentença extintiva, o tribunal
poderá fazê-lo.
Ainda que não haja pedido, o tribunal, desde que encontre
os elementos necessários, deve passar ao julgamento de
mérito, uma vez que esse é objetivo final do processo. É
consequência natural da reforma da sentença extintiva,
quando todos os elementos necessários já foram colhidos.
Para tanto, é preciso que as partes, e eventuais
terceiros intervenientes, já tenham tido oportunidade
de manifestar-se nos autos a respeito das questões de
mérito e que ou não haja necessidade de produção de
provas, ou estas já tenham sido produzidas.
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EFEITO DEVOLUTIVO E AS SENTENÇAS QUE
ACOLHEM PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Quando o juiz acolhe as alegações de prescrição e
decadência, extingue o processo com resolução de mérito,
sem acolher ou rejeitar as pretensões formuladas (art. 487,
II, do CPC). Daí elas serem denominadas preliminares de
mérito, já que, embora ligadas ao mérito, devem ser
apreciadas antes do acolhimento ou rejeição dos pedidos.
Se houver recurso, e o órgão ad quem afastar a prescrição
ou decadência, poderá passar ao exame das pretensões,
ainda que a primeira instância não o tenha feito, desde que
encontre nos autos todos os elementos necessários para
tanto (art. 1.013, § 4º). Se não, deverá anular a sentença e
determinar a restituição dos autos ao órgão de origem,
para a colheita dos elementos necessários.
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EFEITO SUSPENSIVO
É a qualidade – que tem, como regra, o recurso de
apelação – de impedir que a sentença proferida se torne
eficaz até que ele seja examinado.

O comando contido na sentença não será cumprido, até a


decisão do recurso.

A apelação é o único recurso dotado, como regra, desse


efeito, embora a lei permita que o relator, preenchidos
determinados requisitos, atribua efeito suspensivo a outros
recursos, que normalmente não possuem este efeito.

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EFEITO SUSPENSIVO
Esse efeito da apelação já existe antes da interposição,
desde que haja a expectativa de que ela venha a ser
apresentada.

Proferida e publicada a sentença, no prazo de quinze dias


para interposição de apelação que tenha efeito
suspensivo, não poderá haver execução, mesmo que o
recurso ainda não tenha sido interposto.

A suspensão ocorre desde que haja a possibilidade de


apelação dotada de efeito suspensivo. Este existe não só
pela interposição, mas durante o prazo em que ela pode
ser apresentada.

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EFEITO SUSPENSIVO
Recursos dotados de efeito suspensivo

É preciso distinguir duas categorias de recursos, em relação


ao efeito suspensivo: a daqueles que, em regra, são
dotados desse efeito, salvo expressa previsão legal;

e o daqueles que não o são, mas aos quais ele poderá ser
atribuído, excepcionalmente.

A apelação é a única que se enquadra entre os primeiros. A


regra é que tenha o efeito, mas há exceções, previstas no
art. 1.012 do CPC e em leis especiais.
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EFEITO SUSPENSIVO
Os demais recursos se enquadram na segunda categoria.

O agravo de instrumento, em regra, não tem efeito


suspensivo, mas é possível ao agravante postulá-lo ao
relator, conforme o art. 1.019, I, do CPC.

Os embargos de declaração não têm efeito suspensivo,


mas a eficácia da decisão também poderá ser suspensa,
na hipótese do art. 1.026, § 1º.

O recurso ordinário, o especial, o extraordinário e os


embargos de divergência não são dotados de efeito
suspensivo, mas o recorrente poderá requerê-lo, na forma
do art. 1.029, § 5º, do CPC.
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EFEITO TRANSLATIVO
É a aptidão que os recursos em geral têm de permitir ao
órgão ad quem examinar de ofício matérias de ordem
pública, conhecendo-as ainda que não integrem o objeto
do recurso. É decorrência natural de elas poderem ser
conhecidas pelo juízo independentemente de arguição.

Questões como prescrição, decadência, falta de condições


da ação ou de pressupostos processuais poderão ser
examinadas pelo órgão ad quem ainda que não
suscitadas.
Difere do efeito devolutivo, que consiste na devolução
ao tribunal do reexame daquilo que foi suscitado; o
translativo o autoriza a examinar o que não o foi, mas é
de ordem pública.
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EFEITO TRANSLATIVO
Todos os recursos ordinários são dotados de efeito
translativo, incluindo os embargos de declaração e os
agravos.

Se o tribunal, por exemplo, ao apreciar um agravo de


instrumento interposto pelo autor contra decisão que não
concedeu uma liminar por ele solicitada, constata a falta de
uma das condições da ação, julgará, de ofício, o processo
extinto sem resolução de mérito, não importando que a
questão não tenha sido levantada pelas partes.

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EFEITO TRANSLATIVO
Não há efeito translativo nos recursos especial e
extraordinário, pois o Superior Tribunal de Justiça e o
Supremo Tribunal Federal se limitarão a examinar aquilo
que tenha sido prequestionado e, portanto, aventado nas
instâncias inferiores, sem conhecer de ofício matérias que
não tenham sido suscitadas.

Os recursos extraordinário e especial não podem ter efeito


translativo, uma vez que, por força de dispositivo
constitucional expresso, eles estão limitados ao exame de
causas decididas, que contrariem a Constituição ou as leis
federais.

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EFEITO TRANSLATIVO
Se a matéria, ainda que de ordem pública, não foi
examinada no acórdão recorrido, não pode ser examinada
de ofício, no Recurso Extraordinário ou no Recurso
Especial, porque não terá sido prequestionada, sem o que,
não preencherá o requisito de “causa decidida”, exigida
pelos arts. 102, III, e 105, III, da CF.

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EFEITO REGRESSIVO
É a aptidão de que alguns recursos são dotados de
permitir ao órgão a quo reconsiderar a decisão proferida,
exercer juízo de retratação.

O recurso de agravo de instrumento e o de agravo interno


são dotados de efeito regressivo, pois sempre permitem ao
prolator da decisão reconsiderá-la.

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EFEITO REGRESSIVO
A apelação, em regra, não tem esse efeito. Mas há
atualmente duas hipóteses em que o juiz pode voltar atrás:

a da sentença de extinção sem resolução de mérito (art.


485), no prazo de cinco dias (art. 485, § 7º, do CPC);

e a sentença de improcedência liminar do pedido, também


no prazo de cinco dias (art. 332, § 3º).

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