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1 - INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por escopo a análise prévia dos recursos em geral e mais
especificamente acerca do recurso de apelação.
O reexame pedido através do recurso pode ser para: reformar, modificar, ou até
mesmo invalidar a sentença proferida pelo juízo "a quo".
O recurso para ter o alcance almejado, ou para que seja procedente o pedido ,
necessita de previsão legal. O rol de recursos e suas hipóteses de cabimento encontram-
se elencadas na legislação competente para o tipo de recurso que se quer interpor.
O órgão competente para julgar recursos pode ser: o que proferiu a primeira
decisão, denominado também de juízo "a quo", como nos casos de embargos de
declaração e o protesto por novo júri. Ou outro órgão de instância superior , tendo a
denominação de juízo "ad quem" julgando portanto, a apelação, os recursos em sentido
estrito, os embargos infrigentes, o recurso especial, o recurso extraordinário e o recurso
ordinário. Em regra, o recurso e reexaminado por órgão hierarquicamente superior, pois
estão de um modo geral intrinsecamente ligados ao princípio do duplo grau de
jurisdição.
2.2 - FUNDAMENTO
Um outro fator preponderante e que serve de fundamentação para o recurso, que é
um remédio jurídico, é a falibilidade humana, pois o ser humano é passível de erro, de
falha.
A falta de conhecimento mais aprofundado em certas questões, por parte dos
julgadores, ou mesmo erros, pois o ser humano não é infalível, pode causar prejuízos
tamanhos à parte. E confiar-se a decisão de um julgamento a uma única pessoa, sem
possibilidade de ser reavaliado por um outro juízo, possibilita o arbítrio.
Existem razões históricas que ajudam a justificar a admissão dos recursos entre
todos os povos e em todas as épocas, logicamente de maneira rudimentar no princípio,
mas evoluindo com o tempo e de conformidade com a necessidade e grau de civilização
de cada povo de cada época.
No Direito Romano primeiro surgiram as ações, pois inexistia uma estrutura
judiciária hierarquizada, que dividisse o judiciário em órgãos de primeiro e de segundo
grau. Todavia, em virtude da necessidade psicológica de não aceitação da decisão com
passividade, ou guando de erro, decisão ilegal ou injusta, O Direito Romano criou uma
ação para declarar a nulidade de decisões nos casos em que coubesse. Foi o primeiro
passo para o surgimento dos recursos.
Porém, não é uma faculdade, ou seja, um poder que se tem de fazer ou agir em
defesa ou aquisição de direitos. Mas sim, um ônus processual - quer isso dizer que a
parte que se sentir prejudicada tem o encargo, o dever ou obrigação de exercê-lo de
interpô-lo, sob pena de não o exercendo, ser prejudicado e conseqüentemente ter que
arcar com os prejuízos , simplesmente por não ter se valido do remédio jurídico hábil a
desfazer o erro.
No que respeita aos pressupostos objetivos, existem divergências quanto a sua
enumeração por parte dos doutrinadores. Todavia, seguiremos o entendimento de
Vicente Greco Filho, por considerá-lo o mais completo. Assim, são considerados
pressupostos objetivos do recurso:
E.1) São fatos impeditivos: a renúncia e o não recolhimento à prisão nos casos
exigidos em lei.
A exigência de recolhimento a prisão prevista no art. 594 do CPP, dentre outros
dispositivos legais, data venia, não tem cabimento, entendendo grande parte da doutrina
que tal exigência é inconstitucional, por afrontar o princípio da presunção de inocência,
que impede que se imponha ao réu, antes do trânsito em julgado da sentença penal
condenatória, medida privativa de liberdade, que represente uma antecipação da pena,
salvo nas hipóteses de decretação de prisão preventiva, justificada pela real necessidade
do recolhimento à prisão; Além de ir de encontro, outrossim, aos princípios da
isonomia, já que não se faz a mesma exigência à parte adversa( Ministério Público e
ofendido), da ampla defesa e do duplo grau de jurisdição.
Além desse aspecto constitucional, comparando-se a art. 594 do CPP com a lei
dos crimes hediondos (8.072/90), deve-se entender que a permissão contida nessa
última, qual seja, a de, em caso de sentença condenatória, poder o juiz em decisão
fundamentada, permitir o apelo em liberdade, independentemente de ser o réu primário
ou de ter bons antecedentes ,estende-se àquela.
A extinção do recurso pela deserção não é possível se o mesmo tiver sido
interposto pelo Ministério Público, sendo aplicável apenas aos processos instaurados
por ação de iniciativa privada. Suas hipóteses se restringem à fuga do réu da prisão
depois de interposto o recurso e à falta de pagamento das custas processuais pelo
mesmo.
A sucumbência pode ser entendida como o prejuízo ou gravame advindo à parte
em razão da decisão proferida, ou ainda, a relação desfavorável entre o que foi pedido e
o que foi concedido. Da sucumbência decorre o interesse da parte em recorrer, em
virtude de ter tido seu direito lesado. Assim, falta interesse, por exemplo, ao defensor de
um dos co-réus para apelar de sentença absolutória de outro; ou quando a decisão não
causa prejuízo ao recorrente, dentre outras hipóteses.
O acusado e seu defensor constituído ou dativo. Nada impede que o acusado
interponha ele mesmo o recurso, mas caberá ao seu defensor arrazoá-lo. Não se exige
poderes especiais para que o defensor possa recorrer. Todavia, não poderá recorrer o
advogado que não esteja legalmente constituído ou nomeado para o réu;
As hipótese de cabimento dos recursos estão enumeradas em lei, e a cada tipo de
decisão deve-se interpor um tipo de recurso adequado.
É reconhecido que a lei limita o princípio da fungibilidade, não será admitido o
recurso inadequado ao tipo de decisão, gerando a parte que interpôs agir de má fé.
Ao que tudo indica o recurso de Apelação teve suas origens no direito romano,
onde era conhecido como appellatio, que significa dirigir a palavra e era um recurso
hierárquico dirigido ao Imperador que se destinava à impugnação de sentença.
O conceito atual de apelação é segundo Tourinho Filho: " O pedido que se faz à
instância superior, no sentido de reexaminar a decisão proferida pelos órgãos inferiores"
.
Nesse aspecto, a apelação poderá ser interposta apenas pela parte sucumbente,
pois, "só tem legítimo interesse aquele que teve seu direito lesado pela decisão."
(Mirabete, 1996, p. 626)
O pressuposto do interesse é bastante importante que "a apelação interposta pelo
próprio réu sem ser arrazoada pelo defensor produz efeito de recurso." (Nogueira, 1995,
p. 391)
Conforme Paulo Lúcio Nogueira, "o promotor de justiça pode recorrer em favor
do réu pleiteando absolvição ou pedindo redução da pena. Há também acórdão em
sentido contrário, ou seja, de que não lhe cabe recorrer de decisão condenatória em
favor do réu." (Nogueira, 1995, p. 392)
"HABEAS CORPUS.
LEGITIMIDADE DO ASSISTENTE PARA RECORRER DA
SENTENÇA ABSOLUTÓRIA, DESDE QUE NÃO FAÇA O ÓRGÃO DO MINISTÉRIO
PÚBLICO. CÓDIGO PENAL, ART. 598. Recurso do assistente provido para
condenar-se o paciente a um ano e seis meses de detenção pelos crimes
de homicídio culposo e lesões corporais culposas, decretando-se,
entretanto, desde logo, a extinção da punibilidade pela prescrição, em
fase da pena concretizada do acórdão e diante da orientação do STF,
anteriormente a lei 6416/1977, quando o evento aconteceu. Alegação de
ilegitimidade do assistente, apenas de vítimas de lesões corporais,
para pleitear condenação, também, pelo delito de homicídio culposo.
Extinta a punibilidade pela prescrição da ação penal, matéria não
impugnada, força e reconhece que nenhum interesse remanesce, para o
paciente, que não impugna sua condenação, ao menos, pelo crime de
lesões corporais. Habeas Corpus que não se conhece."
(Votação unânime, tendo resultado não conhecido. Relator: Ministro Neri da Silveira.
Julgamento da primeira turma. Processo: HC-62664; Habeas Corpus. Publicação:
Diário da Justiça de 10-05-85, pg. 06851. Data do julgamento: 22/03/1985. Fonte:
Home Page do Supremo Tribunal Federal.)
"O
assistente do Ministério Público não pode recorrer,
extraordinariamente, de decisão concessiva de Habeas Corpus."
(Fonte: Código de Processo Penal da Editora Saraiva)
3.3 - FACULDADE
A regra que impera nos recursos em geral é que trata-se de uma faculdade a
interposição dos mesmos, regendo-se assim pelo princípio da voluntariedade. Dessa
forma, a apelação também é uma faculdade, sendo sua interposição desobrigatória,
mesmo em si tratando de defesa dativa.
A Constituição da República Federativa do Brasil no seu artigo 5º, inciso LV,
tutela a garante a ampla defesa do acusado, obrigando o juiz a zelar pela efetividade.
Entretanto, "Não se pode constranger o acusado ou seu patrono a que use todos os
meios que a lei coloque a sua disposição do desdobramento de sua defesa. Tem assim o
acusado certa disponibilidade que a lei marca por prazo que estabelece. Por isso, não é
possível obrigar-se o defensor dativo a apelar." (MIRABETE, 1996, p. 629)
O Código de Processo Penal Brasileiro estatui no seu artigo 593, incisos I e II, as
hipóteses pelas quais pode-se impetrar o recurso de apelação da sentença do juiz
singular
A hipótese terceira é a das chamadas interlocutórias mistas, ou, como o próprio
legislador expõe, das decisões com força de definitivas, onde não há decisão de mérito,
encerrando a relação processual, operando-se terminativamente, ou pondo termo a uma
fase processual, nesse caso, não tendo efeito de decisões terminativas.
No que concerne às apelações das decisões do tribunal do júri, temos a sua base
regulada pelo art. 593, III, "a" a "d", do CPP.
Devemos, de pronto, verificarmos que nulidades são essas. Constatamos que são
aquelas nulidades estabelecidas pelo art. 564, III, "f" a "k", do CPP, como por exemplo:
falta de quesitos e respostas, falta de intimação das testemunhas arroladas no libelo e na
contrariedade ao libelo, falta de intimação do réu para a sessão de julgamento, entre
outros. Deve-se observar, no entanto a diferença para o caso de ser uma nulidade
absoluta ou relativa, visto que esta é passível de preclusão se não impugnada após as
formalidades para o julgamento, enquanto que aquelas não sofrem esse tipo de restrição.
No art. 593, III, "b", do CPP, temos a admissibilidade de recurso da decisão do
tribunal do júri para casos em que a sentença for contrária à lei expressa ou à decisão
dos jurados.
Verificamos ser esse um caso em o que se dispõe em apreço não é o veredicto dos
jurados - estando eles fora de apreciação - e sim a sentença que é proferida pelo juiz-
presidente da sessão de julgamento, quando se observa ter sido a sua decisão diversa
daquela que deveria ter sido proferida caso fossem observadas as alegações do tribunal
do júri ou ainda no caso da própria lei. Respeita-se o regular pronunciamento dos
jurados que não pode ser atacado. Nesse caso o tribunal de apelação fará as retificações
necessárias, posto que profere uma nova decisão em substituição àquela prolatada pelo
juiz-presidente da sessão.
Para o caso desse último item, a nova apreciação deve ser feita por novo
julgamento, através de conselho de jurados. É o que dispõe o art. 593, § 4º, do CPP.
Entendemos desnecessária essa afirmação em razão da garantia constitucional, já
mencionada, da soberania das decisões do tribunal do júri. Com isso não poderia o
tribunal "ad quem" fazer uma apreciação do mérito da causa e tão-somente das
condições de admissibilidade da apelação.
Para fazermos uma melhor análise de quando devemos começar a contar o prazo
não podemos esquecer, o que deve ser mais importante é a data da interposição do
recurso. Não importa a data em que o juiz teve conhecimento ou a data em que proferiu
o despacho de recebimento, sequer pela demora de protocolo em cartório. É a boa-fé do
apelante que deve nortear o transcurso da apelação. Nesse sentido são as súmulas n.ºs.
428 e 320 do STF.
Ainda com relação ao prazo de 5(cinco) dias, a maior parte da doutrina ainda
entende que para o caso de intimação por carta precatória o prazo começaria a ser
contado da juntada da mencionada carta aos autos. O Código de Processo Penal é
omisso no tocante a esse ponto, por isso a jurisprudência entende que deve ser aplicada
subsidiariamente a legislação civil.
Em relação ao segundo prazo previsto para a apelação, que é de 15(quinze) dias,
está ele previsto para o caso de recurso subsidiário em razão da inércia do Ministério
Público para a apelação. A primeira hipótese é o caso de o ofendido não ficar satisfeito
com a não interposição do recurso por parte do Ministério Público, caso em que disporá
do mencionado prazo, contado imediatamente após aquele dispensado ao Ministério
Público, fazendo assim jus ao prazo dilatado em razão da menor condição e necessidade
de busca de advogado, no afã de viabilizar o recurso. Assim dispõe decisão prolatada
em Presidente Prudente, assim publicada:
Porém, ainda nesse ponto restou dúvida para o caso em que o ofendido já
estivesse habilitado nos autos como assistente, se deveria gozar desse privilégio sem
uma justificativa plausível, vez que obteve conhecimento da decisão em momento
idêntico ao Ministério Público. A súmula 448 do STF resolve a questão quanto ao
marco inicial, dispondo que " o prazo para o assistente recorrer supletivamente começa
a correr imediatamente após o transcurso do prazo do Ministério Público". Note-se,
porém, que o prazo é de 5(cinco) dias, visto que o assistente habilitado anteriormente
não pode ter prazo mais dilatado que o Ministério Público. Decisão nesse sentido foi
publicada em Minas Gerais, dispondo que:
O prazo de quinze dias permanece para os casos de habilitação tardia, merecendo
assim maior prazo.
Por fim, um outro ponto que gera polêmica na jurisprudência é com relação ao
advento da audiência admonitória ou de advertência do "sursis". Essa audiência, feita
após o trânsito em julgado da sentença, portanto com intimação das partes no que tange
ao decisório, não reabre o prazo recursal. Nesse sentido é o decisório proferido em
Minas Gerais, assim publicado:
"Recurso Crime - Apelação - Prazo - Pretendida incidência a
partir da audiência admonitória - Inadmissibilidade - Hipótese em que
o defensor do réu já foi intimado da sentença condenatória - Recurso
não conhecido - Inteligência da Lei 7.210/84. Com o advento da Lei n.º
7.210/84, a audiência admonitória sobrevem ao trânsito em julgado da
sentença condenatória, pelo que se prematuramente realizada, não se
pode pretender que dela tenha início o prazo recursal quando intimado
da sentença condenatória já tenha sido o réu ou seu defensor
constituído."
TAMG - Ap. 12.934 - Cássia - 2ª C. - j. 19.8.85 - rel. Juiz Edelberto Santiago - v.u. (RT
612/390)
O parágrafo 1º, do art. 600, do CPP, estabelece que "se houver assistente, este
arrazoará, no prazo de 3 (três) dias, após o Ministério Público". De início poderíamos
imaginar que haveria um cerceamento no tocante ao prazo do assistente, o que não
condiz com a realidade em razão de que dispôs, além daquele prazo oferecido ao
Ministério Público, de mais de 3(três) dias para formular as suas razões, caso sejam
necessárias.
Diz o art. 600, § 2º, do CPP, que se "a ação penal for movida pela parte
ofendida, o Ministério Público terá vista dos autos, no prazo do parágrafo anterior", ou
seja, três dias. Podemos afirmar que aqui temos a situação anterior de forma invertida,
tendo em mente que o Ministério Público é que terá o prazo de 11 (onze) dias para
apresentar as suas razões.
Estabelece o art. 600, § 3º, do CPP, que "sendo dois ou mais os apelantes ou
apelados, os prazos serão comuns" Desse dispositivo se extrai a idéia de que os prazos
devem correr em cartório caso as partes não acordem de forma diversa, visto que não se
poderia privilegiar uma parte com prazos maiores em razão de quantidade. A exceção
que se faz a isso é com relação ao Ministério Público, que deve ter vista dos autos fora
do Cartório. No tocante aos demais, são intimados da decisão através da Imprensa
Oficial, não dispondo do privilégio do órgão do"Parquet" (Lei n.º 9.271, de
17.04.1996).
Há casos porém que o apelante prefere apresentar as suas razões no próprio
tribunal. Situação essa prevista no art. 601, "caput", do CPP, já mencionado, e regulada
pelo art. 600, § 4º, do CPP, onde expõe que "Se o apelante declarar, na petição ou no
termo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar na superior instância, serão os
autos remetidos ao tribunal ‘ad quem’ onde será aberta vista às partes, observados os
prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial". Como se vê o que se
diferencia da situação anterior é que para esse caso aquilo que deveria ter sido feito no
juízo "a quo", no tocante às intimações necessárias e prazos para as razões e contra-
razões, será feita no juízo "ad quem", em razão de faculdade permitida por lei, o que
não deixa de ser um benefício ao apelante, que disporá de maior prazo para as suas
razões.
Por último não podemos deixar de mencionar uma situação diferenciada que é o
caso de dois ou mais réus, o que deverá ser feito caso não haja apelação de todos para
não tumultuar o processo. O art. 601, § 1º, do CPP, resolve o problema, impondo
que: "Se houver mais de um réu, e não houverem todos sido julgados, ou não tiverem
todos apelado, caberá ao apelante promover extração do traslado dos autos, o qual
deverá ser remetido à instância superior no prazo de 30(trinta) dias, contado da data
da entrega das últimas razões de apelação, ou do vencimento do prazo para a
apresentação das do apelado". Assim o dispositivo resolve a situação de tumulto
processual, evitando que a eficácia da decisão fique suspensa em relação àqueles que
não apelaram, contribuindo para a agilização processual no sentido de justiça.
O efeito da deserção se verifica somente quando a apelação for interposta pelo
réu, e não pelo Ministério Público, quando, em sua atuação como custos legis, recorrer
em favor do condenado. Para tanto, quando a interposição do recurso ocorre estando o
condenado em liberdade, não há que se falar em deserção, haja vista não ter sido ele
localizado; o que pode acontecer é o não conhecimento do recurso se na sentença não
foi concedida a liberdade provisória.
Não se identificará o caso de deserção quando, o réu solto sob fiança, ocorrer
hipóteses de sua cassação ou quebramento, onde deverá recolher-se à prisão para apelar
ou se prosseguir no processamento do recurso.
3. "H.C" indeferido.
A Lei de Execução Penal - LEP - em seu art. 105, considera que a interposição do
apelo procrastina a formação da coisa julgada, retardando de conseguinte, a execução da
sentença condenatória, causando outrossim o que Afrânio Silva Jardim denomina "de
efeito da dilação procedimental". Dessa mesma maneira, ocorre com a sentença
absolutória em que foi imposta medida de segurança, haja vista que tal medida só será
passível de execução após a expedição da guia pela autoridade judiciária, ou seja, após o
trânsito em julgado.
Para tanto, o efeito suspensivo da apelação apresenta várias exceções como enseja
o caputdo art. 596 "a apelação da sentença absolutória não impedirá que o réu seja
posto imediatamente em liberdade", e ainda, as exceções elencadas no art. 597 do CPP,
onde faz uma ressalva ao constante no art. 393, condizente a aplicação provisória de
interdição de direitos e de medidas de segurança, e ainda, o caso de suspensão
condicional da pena. Quanto a exceção prevista no art. 393, inc.I, a qual prevê que o réu
será preso ou conservado na prisão, assim nas infrações inafiançáveis, como nas
finaçáveis enquanto não prestar fiança; esse dispositivo não tem aplicabilidade quando a
ocorrência de uma das hipóteses em que o réu pode apelar em liberdade, dando desse
modo à sentença efeito suspensivo. Em relação ao inc.II do prefalado artigo, o
lançamento do nome do réu no rol dos culpados com a sentença condenatória infringe
frontalmente a Constituição Federal em seu art.5º, inc.LVII, que impede ser alguém
considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Norteado no princípio do "ne eat judex ultra petita partium" o qual, enseja que
não pode o juiz julgar além do pedido da parte; então, não pode o Tribunal ad quem, em
recurso exclusivo da acusação, em favor do réu reformar a decisão, quer seja
agravando-lhe a pena, quer seja abrandando-lhe. Sendo esse o entendimento do STF,
onde deixa a mostra a não possibilidade dareformatio in melius, tendo em vista que
existe coida julgada para o réu, incidindo dessa maneira no princípio "tantum devolutum
quantum appellatum" o qual não permite essa possibilidade.
Não se vislumbra a reformatio in pejus nas decisões que sejam mais severas para
o réu se o recurso de apelação foi interposto pelo Ministério Público, então, este recurso
ora interposto consagrar-se-á prejudicado, haja vista a plausibilidade do recurso de
apelação interposto pelo réu no Juízo de Primeira Instância.
4 - CONCLUSÃO
Concluímos ter estudado uma espécie de recurso que tem por objetivo o reexame
do mérito, total ou parcial, da decisão conforme seja plena ou limitada. Para efeitos de
economia processual, vimos quão é importante o juízo de admissibilidade pelos juízos
"a quo" e "ad quem", posto a impedir o desgaste da máquina judiciária em processos
viciados "ab initio". O princípio da voluntariedade impera nessa tipo de recurso das
decisões do tribunal do júri, verificamos ter o legislador como meta a preservação da
soberania dos veridictos, garantia constitucional prevista. Finalmente em relação à
"reformatio in pejus" e "reformatio in mellius" comparamos que o réu não pode ver a
sua situação piorada em razão de recurso interposto ele próprio, ou seja, não é admitido
o "reformation in pejus", já quanto ao "reformation in mellius" existe divergência entre
os doutrinadores e os tribunais, alguns já admitem em certos casos e outros em hipótese
alguma. Quanto ao STJ o pronunciamento é de que não cabe em função do princípio
"tantum devolutum quantum appellatum".
BIBLIOGRAFIA
MIRABETE, Júlio Fabbrini.Processo Penal. 5.ed. rev. atual. São Paulo: Atlas,
1996. p. 624 - 649.
REVISTAS ESPECIALIZADAS
Sobre o autor
Informações bibliográficas:
Conforme a NBR 6023:2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), este texto científico
publicado em periódico eletrônico deve ser citado da seguinte forma:
COSTA JÚNIOR, Dijosete Veríssimo da. A apelação no Processo Penal . Jus
Navigandi, Teresina, ano 3, n. 27, dez. 1998. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=1079>. Acesso em: 07 out. 2010.