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RECURSOS E EXECUÇÃO DA 1.

Recurso em Sentido Estrito: É


SENTENÇA PENAL utilizado para impugnar decisões
interlocutórias, como indeferimento de
Professora Mari provas, prisões provisórias, rejeição de
queixa-crime ou denúncia, entre outros.
P1: objetivas e dissertativas – 6 pts –
27/03/2024 2. Apelação: Recurso utilizado para
Estudo de caso – remissão da pena – 2 impugnar as sentenças definitivas,
pts – 13/03/2024 visando a sua reforma ou anulação. A
Estudo de caso – execução penal: faltas apelação é interposta perante o Tribunal
graves e regime disciplinar diferenciado competente.
(RDD) – 2 pts – 13/03/2024
P2: objetivas e dissertativas – 6 pts – 3. Recurso Especial e Extraordinário:
22/05/2024 Recursos utilizados para impugnar
Estudo de caso – livramento decisões proferidas em segunda
condicional – 2 pts – 15/05/2024 instância (Recurso Especial) ou última
Sala de aula invertida: apresentação de instância (Recurso Extraordinário). São
um caso de fake News na execução recursos de natureza extraordinária,
penal – 2 pts – 29/05/2024 devendo ser demonstrada a relevância
da questão jurídica discutida.
*Gustavo Badaró
4. Agravo de Execução: Recurso
utilizado para impugnar decisões
proferidas na fase de execução da pena,
1 TEORIA GERAL DOS como por exemplo, decisões que negam
RECURSOS E RECURSOS EM progressão de regime, concessão de
SENTIDO ESTRITO benefícios, entre outros.

Teoria Geral dos Recursos é o conjunto


de regras que deve ser aplicado a todos 1.1 DUPLO GRAU DE
os recursos no processo penal. JURISDIÇÃO
A lógica recursal no processo penal se
Dentro da Teoria Geral dos Recursos, pauta na ideia do duplo grau de
encontramos os recursos em sentido jurisdição. Não está prevista na CF, é
estrito, que são aqueles utilizados pelas implícito, é encontrado no Pacto de São
partes para impugnar decisões José da Costa Rica.
interlocutórias e certas decisões finais
do juiz proferidas ao longo do processo Na prática, isso significa que qualquer
penal. Esses recursos têm a finalidade pessoa que seja condenada por um
de permitir a revisão das decisões crime tem o direito de recorrer da
judiciais por instâncias superiores, decisão, levando o caso a uma instância
visando garantir a correção dos atos judicial superior para uma revisão da
processuais e a observância dos direitos sentença. Isso permite que erros
das partes. judiciais sejam corrigidos, garantindo a
justiça e evitando possíveis injustiças.
Alguns dos recursos em sentido estrito
mais comuns no processo penal Natureza:
incluem: Súmula 704- STF “Não viola as
garantias do juiz natural, da ampla
defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do Em termos práticos, isso significa que,
processo do co-réu ao foro por mesmo que alguns dos acusados não
prerrogativa de função de um dos tenham direito ao foro especial, o
denunciados.” – em caso de concurso de processo pode ser reunido e julgado no
pessoas em que apenas um dos mesmo tribunal que detém a jurisdição
concorrentes possui foro por sobre o acusado com foro por
prerrogativa de função, o STF diz que, prerrogativa de função. Assim, o
pode ser julgado junto no foro por julgamento é realizado de forma
prerrogativas e quem toma a decisão é o unificada, garantindo a celeridade e a
tribunal mais graduado. eficiência do processo, sem violar as
garantias constitucionais do juiz natural,
- ou seja, a Súmula 704 do Supremo da ampla defesa e do devido processo
Tribunal Federal (STF) estabelece um legal.
entendimento específico em relação ao
foro por prerrogativa de função,  Prerrogativa de função, também
também conhecido como foro conhecida como foro privilegiado, é um
privilegiado. Essa súmula trata da privilégio concedido a determinadas
situação em que há um concurso de autoridades públicas que ocupam cargos
pessoas em um processo criminal, ou ou funções específicas na hierarquia do
seja, quando várias pessoas são Estado. Essa prerrogativa consiste no
acusadas de cometer um crime em direito de serem julgadas por tribunais
conjunto, mas apenas uma delas possui superiores ou instâncias especiais em
o foro por prerrogativa de função, o que caso de cometimento de crimes, em vez
significa que seu julgamento deve de serem julgadas pela justiça comum
ocorrer em instância especial, como o como a maioria dos cidadãos.
STF ou um tribunal de justiça estadual.

O entendimento expresso na Súmula - Quem tem foro por prerrogativa de


704 do STF é o seguinte: mesmo que função, não usufrui do duplo grau de
apenas um dos acusados tenha direito ao jurisdição. – Ou seja há exceções ao
foro por prerrogativa de função, o princípio do duplo grau de jurisdição.
processo pode ser julgado Por exemplo, algumas autoridades ou
conjuntamente nesse foro especial, e figuras públicas com prerrogativa de
quem decide sobre isso é o tribunal função, como parlamentares e
mais graduado, ou seja, aquele que autoridades governamentais, podem ter
detém a jurisdição sobre o foro especial. seu julgamento realizado diretamente
em instâncias superiores, sem a
Essa súmula visa evitar que processos necessidade de recorrer a uma instância
relacionados a um mesmo crime, com inferior. Isso ocorre devido à natureza
diferentes acusados, tenham que ser específica de suas funções e ao foro
fragmentados e julgados em locais privilegiado que possuem.
diferentes, o que poderia gerar
complexidades procedimentais e até
mesmo decisões conflitantes. Dessa 1.2 FUNGIBILIDADE
forma, a súmula permite que o processo
seja concentrado em um único tribunal,  Art. 579 – CPP
respeitando o foro por prerrogativa de
função do acusado que o possui, mas A ideia de fungibilidade, é quando o
sem prejuízo aos demais envolvidos. recorrente interpuser o recurso errado, o
tribunal “ad quem” poderá considerá-lo liberdade. Quando um habeas corpus é
e julgá-lo como se fosse correto.  Em concedido pelo juiz, significa que uma
outras palavras, se uma parte recorre de medida foi tomada para proteger ou
uma decisão judicial utilizando um restabelecer a liberdade do indivíduo,
recurso que não é o correto, o tribunal seja revogando uma prisão ilegal,
pode aceitar esse recurso e avaliá-lo corrigindo irregularidades processuais
como se fosse o recurso apropriado, ou garantindo o cumprimento dos
desde que preenchidos certos requisitos. direitos fundamentais.

Os requisitos para que a fungibilidade Nesse contexto, a interposição de


seja aplicada geralmente estão recurso de forma voluntária pelas partes
estabelecidos na legislação processual. pode ser inadequada, uma vez que o
No caso do Direito Processual Penal habeas corpus é uma medida urgente e
brasileiro, o artigo 579 do Código de essencial para proteger a liberdade
Processo Penal (CPP) estabelece esses individual. Portanto, para assegurar a
requisitos. eficácia desse instrumento legal e
garantir a proteção imediata dos direitos
 Requisitos: fundamentais, o CPP determina que a
 Desde que o erro não seja sentença que concede habeas corpus
grosseiro; seja sujeita a recurso de ofício pelo juiz,
 o prazo do recurso errado (de ou seja, o próprio juiz é obrigado a
interposição) não pode ser interpor o recurso, mesmo que nenhuma
maior; das partes tenha manifestado interesse
em recorrer.
2 VOLUNTARIEDADE DOS
Essa obrigatoriedade de recurso de
RECURSOS: artigo 574 –
ofício visa garantir a revisão da decisão
exceções
pelo tribunal superior, possibilitando
uma análise mais ampla e assegurando
REGRA GERAL - Ninguém é obrigado que a proteção dos direitos
a recorrer no processo penal. fundamentais seja efetivamente
realizada. Dessa forma, mesmo na
ausência de manifestação das partes, a
2.1 INCISO I decisão que concede habeas corpus é
submetida a uma instância superior para
O inciso I do artigo 574 do Código de garantir sua legalidade e adequação à
Processo Penal (CPP) estabelece uma legislação vigente.
exceção à regra da voluntariedade dos 2.2 INCISO II
recursos, indicando que em
determinados casos o recurso deve ser
interposto de ofício pelo juiz. - FOI REVOGADO
Especificamente, essa exceção se aplica
às sentenças que concedem habeas 2.3 ARTIGO 746 CPP
corpus.
Art. 746. Da decisão que conceder a
O habeas corpus é uma garantia
reabilitação haverá recurso de ofício.
constitucional que visa proteger a
liberdade individual das pessoas contra
O artigo 746 do Código de Processo
atos ilegais ou abusivos que possam
Penal (CPP) estabelece que da decisão
resultar em sua prisão ou restrição de
que conceder a reabilitação haverá
recurso de ofício. Esse dispositivo legal Da decisão que conceder a ordem no
determina que, independentemente da mandado de segurança.
manifestação das partes envolvidas no
processo, o recurso deve ser interposto O parágrafo primeiro do artigo 14 da
automaticamente pelo juiz que proferiu Lei 12.016/2009 trata da possibilidade
a decisão concedendo a reabilitação. de interposição de recurso em relação à
decisão que concede a ordem em um
A reabilitação é um instituto jurídico mandado de segurança.
que visa restabelecer os direitos civis de
uma pessoa que foi condenada O mandado de segurança é uma ação
criminalmente e cumpriu sua pena, judicial destinada a proteger direitos
permitindo que ela volte a exercer líquidos e certos, violados ou
plenamente seus direitos e deveres na ameaçados por ato ilegal ou abuso de
sociedade. A concessão da reabilitação é poder de autoridade pública ou agente
uma medida importante para a de pessoa jurídica no exercício de suas
ressocialização do indivíduo e para atribuições. Quando o juiz decide
garantir sua reintegração na comunidade favoravelmente ao impetrante do
após o cumprimento da pena. mandado de segurança, ou seja, quando
concede a ordem, reconhecendo a
Ao determinar que da decisão que ilegalidade ou abuso de poder que
concede a reabilitação haverá recurso de motivou a impetração, a decisão é
ofício, o CPP estabelece que essa passível de recurso, conforme previsto
decisão será automaticamente no parágrafo primeiro do artigo 14 da
submetida a uma instância superior para Lei 12.016/2009.
revisão, mesmo que nenhuma das partes
envolvidas no processo manifeste Portanto, da decisão que concede a
interesse em recorrer. Isso significa que ordem em um mandado de segurança,
o próprio juiz que concedeu a cabe recurso. Esse recurso é destinado à
reabilitação é responsável por interpor o instância superior, permitindo que a
recurso, encaminhando o caso para uma parte contrária ou terceiros interessados
análise mais detalhada por parte do possam contestar a decisão judicial,
tribunal superior. buscando sua reforma ou anulação.

Essa previsão de recurso de ofício visa


garantir a segurança jurídica e a 3 NON REFORMATIO IN PEJUS
correção das decisões judiciais
relacionadas à reabilitação, permitindo
que eventuais erros ou irregularidades - Art. 617 CPP
sejam corrigidos e que a aplicação da lei
seja uniforme e justa. Dessa forma, a - "Non reformatio in pejus" é uma
concessão da reabilitação é submetida a expressão latina que significa "não
uma revisão obrigatória, assegurando a reforma para pior".
legalidade e a adequação da decisão
perante o ordenamento jurídico. - Quando somente o acusado recorrer 
O princípio da non reformatio in pejus
estabelece que, ao julgar um recurso
2.4 ART. 14 PARAGRAFO interposto pela parte que se sentiu
PRIMEIRO LEI 12.016/2009 prejudicada por uma decisão judicial, o
tribunal não pode reformar essa decisão
para prejudicar ainda mais a situação do
recorrente, mesmo que a parte
adversária não tenha interposto recurso. judicial. Essa súmula visa proteger o
Em outras palavras, se a parte recorrente réu, especialmente nos casos em que ele
busca uma modificação em seu favor, o é considerado inimputável, ou seja,
tribunal pode acatar esse pedido, mas incapaz de entender o caráter ilícito do
não pode, em hipótese alguma, piorar a ato ou de se comportar de acordo com
situação dela em relação à decisão esse entendimento, conforme
impugnada. estabelecido pelo artigo 26 do Código
Penal brasileiro.
- A acusação/MP pode interpor recurso,
mas passando o prazo NÃO poderá Quando somente o réu recorre da
pedir para modificar a sentença  O decisão condenatória, sem que haja
artigo 617 do Código de Processo Penal recurso por parte do Ministério Público
brasileiro estabelece que o tribunal não ou da acusação, a aplicação da medida
pode agravar a situação do réu quando de segurança em segunda instância é
este recorre da sentença condenatória. vedada pela Súmula 525. Isso significa
Ou seja, quando o réu interpõe recurso que o tribunal de segunda instância não
de apelação, por exemplo, o tribunal pode impor uma medida de segurança
não pode alterar a decisão para ao réu nessas circunstâncias.
prejudicar ainda mais o réu, salvo nos
casos em que haja recurso da acusação, Essa súmula é relevante porque busca
que é chamado de recurso adesivo. evitar que o réu seja prejudicado pelo
próprio recurso, uma situação conhecida
A relação entre "emendatio libelli" e o como "reformatio in pejus". Em outras
artigo 617 do CPP está relacionada à palavras, a ideia é impedir que o réu, ao
interpretação desse princípio de não recorrer da decisão, acabe recebendo
reformatio in pejus. Se durante o uma punição mais severa do que a
julgamento do recurso, a acusação ou o inicialmente imposta pelo juiz de
Ministério Público desejar modificar a primeira instância.
acusação para incluir fatos ou
circunstâncias que possam agravar a Assim, a Súmula 525 protege os direitos
situação do réu, isso só será possível fundamentais do réu, garantindo que ele
mediante expressa solicitação e não seja prejudicado pelo seu próprio
interposição de recurso próprio por recurso e assegurando que a aplicação
parte da acusação da medida de segurança seja realizada
de forma justa e proporcional, conforme
*mais gravosa significa qualquer os princípios do direito penal e
tratamento pior, não só o aumento da processual penal.
pena. Exemplo: podendo ser regime,
acrescentar qualquer coisa que não
havia antes. 3.2 NULIDADE CONTRA O RÉU
SÚMULA 160 DO STF:

3.1 MEDIDA DE SEGURANÇA: - Quando somente a defesa recorrer não


SUMULA 525 STF pode o tribunal AD QUEM reconhecer
nulidade que prejudique o acusado. 
A Súmula 525 do Supremo Tribunal Em outras palavras, se o Ministério
Federal (STF) estabelece uma regra Público ou a parte acusadora não
específica relacionada à medida de apresentou a nulidade em sua apelação
segurança em segunda instância quando ou recurso, o tribunal não pode,
apenas o réu tenha recorrido da decisão
posteriormente, acolher essa nulidade 3.4 INTERPOSIÇÃO: ART. 577
contra o réu. CPP

Essa súmula se baseia no princípio do - Princípio do interesse: paragrafo único


contraditório e da ampla defesa,
garantias fundamentais no processo - A parte que interpor um recurso, tem
penal. O contraditório assegura que que ter interesse de sua reforma
ambas as partes tenham oportunidade de
se manifestar e apresentar argumentos  O parágrafo único do artigo 577 do
sobre todas as questões relevantes do Código de Processo Penal (CPP)
processo. Assim, se a acusação não estabelece o princípio do interesse na
levantou a nulidade em seu recurso, o interposição de recursos. Esse princípio
réu não teve a chance de se defender ou determina que a parte que interpõe um
contestar essa questão perante o recurso deve ter interesse na reforma da
tribunal. decisão. Em outras palavras, a parte
recorrente deve buscar efetivamente
No entanto, a Súmula 160 faz uma uma mudança favorável em relação à
exceção para os casos de recurso de decisão anteriormente proferida.
ofício, nos quais o próprio juiz ou
tribunal, de forma obrigatória, Isso significa que não é permitido
encaminha o processo para uma interpor um recurso apenas por
instância superior para revisão, mesmo formalidade ou por mero interesse
na ausência de recurso das partes. processual, sem que haja um objetivo
Nesses casos, o tribunal pode sim claro de obter uma decisão mais
acolher nulidades não mencionadas pela favorável para a parte que recorre.
acusação, uma vez que está revisando o
processo de forma obrigatória. O princípio do interesse na interposição
de recursos visa garantir a eficácia do
Portanto, a Súmula 160 busca proteger sistema recursal, evitando recursos
o direito do réu ao contraditório e à desnecessários que possam
ampla defesa, evitando que ele seja sobrecarregar o judiciário sem trazer
prejudicado por nulidades não efetivas mudanças ou benefícios para as
levantadas pela acusação em seus partes envolvidas no processo judicial.
recursos, ao mesmo tempo em que
respeita as exceções estabelecidas para Suponha um caso em que um réu é
os casos de recurso de ofício. condenado em primeira instância por
um crime de furto simples. A defesa do
réu decide recorrer da decisão, alegando
3.3 INDIRETA que houve erro na análise das provas
apresentadas durante o julgamento.
Caso somente a defesa recorra e o Nesse contexto, a defesa está
tribunal “ad quem” anular a decisão não claramente interessada na reforma da
pode a nova decisão do juízo a quo, ser decisão, pois busca obter uma mudança
mais gravosa  Quando apenas a favorável para o réu, como a absolvição
defesa recorre e o tribunal de instância ou a redução da pena. Esse interesse é
superior anula a decisão, não é legítimo e está alinhado com o princípio
permitido que a nova decisão do juízo do interesse na interposição de recursos.
inferior seja mais severa para o réu.
Por outro lado, imagine uma situação
em que a defesa do réu decide interpor
um recurso apenas para atrasar o 3.6 EFEITO EXTENSIVO- art. 580
andamento do processo, sem apresentar CPP
argumentos sólidos ou fundamentados
para contestar a decisão. Nesse caso, Quando em concurso de pessoas,
não há um interesse genuíno na reforma somente um dos concorrentes recorreu,
da decisão, mas sim uma estratégia para se o recurso for procedente, seus efeitos
prolongar o processo sem uma serão estendidos desde que, envolvam
finalidade concreta de buscar uma questões objetivas (meio, modo etc.).
decisão mais favorável para o réu. Porém, não se estende se forem
questões de caráter pessoal.  Isso
significa que se o recurso interposto por
3.5 DESISTÊNCIA um dos concorrentes for considerado
procedente em relação a questões
- Art. 576  todos os recorrentes objetivas, como o meio utilizado para a
podem desistir de um recurso prática do crime, o modo de execução,
interposto, EXCETO o MP ou outras questões de ordem técnica e
não pessoal, os efeitos desse recurso
Isso significa que todas as partes que também beneficiarão os demais
tenham interposto um recurso, como a concorrentes. Por exemplo, se o recurso
defesa do réu, por exemplo, têm o questionar a legalidade de uma busca e
direito de desistir desse recurso, desde apreensão realizada durante a
que manifestem expressamente sua investigação e esse ponto for acolhido, a
vontade nesse sentido. A desistência do anulação dessa prova ilegal pode
recurso implica na renúncia à pretensão beneficiar todos os envolvidos no crime.
de reformar ou anular a decisão judicial
objeto do recurso. No entanto, é importante destacar que o
efeito extensivo não se aplica a questões
No entanto, é importante ressaltar que o de caráter pessoal, ou seja, questões que
Ministério Público não possui essa digam respeito diretamente à
faculdade de desistência, ou seja, uma culpabilidade ou à individualidade de
vez que o MP tenha interposto um cada concorrente no crime. Por
recurso, ele não pode simplesmente exemplo, se o recurso questionar a
desistir dele sem uma razão específica e participação específica de um dos
fundamentada. concorrentes no crime, essa questão não
será estendida aos demais envolvidos,
Essa diferenciação entre as partes e o pois é uma questão de natureza pessoal.
Ministério Público em relação à
desistência de recursos está relacionada Portanto, o efeito extensivo previsto no
à natureza das funções e artigo 580 do CPP visa garantir uma
responsabilidades de cada um no aplicação mais uniforme das decisões
processo penal. Enquanto as partes têm judiciais em casos de concurso de
a liberdade de tomar decisões pessoas, beneficiando todos os
estratégicas em relação aos recursos envolvidos quando as questões
interpostos, o Ministério Público, como abordadas no recurso são de natureza
órgão responsável pela acusação e pela objetiva e não pessoal.
defesa da ordem jurídica, está sujeito a
um maior controle e restrição nesse Suponha um caso em que três
aspecto. indivíduos foram condenados por roubo
qualificado. Durante o processo, apenas agravo em execução penal, é necessário
um dos réus, João, decide recorrer da verificar se é possível interpor o recurso
decisão condenatória. No recurso, a em sentido estrito.
defesa de João argumenta que houve
uma falha na identificação da arma
utilizada no crime, alegando que a - Três regras:
perícia não foi realizada de maneira
adequada. 1. Se a decisão que você recorrer
trata-se de uma SENTENÇA
Ao analisar o recurso de João, o tribunal (condenatória, absolutória, juiz
de segunda instância considera que, de singular, júri) SEMPRE será
fato, houve uma irregularidade na apelação.
perícia da arma e decide acolher o
recurso, anulando a condenação de 2. Se a decisão que você quer
João. recorrer envolve assunto de
execução penal (cumprimento
Nesse contexto, de acordo com o efeito de sanção penal) sempre será um
extensivo previsto no artigo 580 do agravo em execução  Se a
CPP, os efeitos favoráveis do recurso de decisão envolve questões
João também podem beneficiar os relacionadas à execução penal,
outros dois réus, Carlos e Maria, desde como o cumprimento de sanção
que a questão abordada no recurso de penal (prisão, pena restritiva de
João seja de natureza objetiva, como a direitos, etc.), o recurso
falha na perícia da arma. adequado será o agravo em
execução. Esse recurso é
Assim, os efeitos extensivos do recurso específico para impugnar
de João podem resultar na anulação da decisões relacionadas à
condenação de Carlos e Maria, caso a execução das penas.
prova relacionada à arma seja central
para a acusação contra todos os 3. Se a decisão que você quer
envolvidos no crime. No entanto, se recorrer não se enquadrar nas
houver outras questões de caráter hipóteses anteriores pode ser que
pessoal, como a participação específica seja RESE. É preciso conferir se
de cada réu no roubo, essas questões o assunto está previsto no rol do
não serão estendidas aos demais art. 581 do CPP.  Esse artigo
envolvidos e serão tratadas lista as hipóteses em que é
individualmente em relação a cada réu. cabível o recurso em sentido
estrito, como, por exemplo,
decisões que versem sobre
4 RECURSO EM SENTIDO admissibilidade de provas,
ESTRITO rejeição de queixa-crime, entre
outras.
- Como saber? Ele é residual  O
recurso em sentido estrito é considerado 4.1 HIPÓTESES VIGENTES DE
residual, o que significa que ele é RESE: art. 581 CPP
utilizado quando não se aplica a
apelação ou outro recurso específico - Natureza do rol:
previsto no CPP para a situação em
questão. Portanto, se a decisão não se A) Inciso I: art. 395 CPP
enquadra nas hipóteses de apelação ou
B) Inciso II: art. 108 CPP
C) Inciso III: art. 95 CPP
D) Inciso IV: art. 414 CPP

Desclassificação
E) Inciso V: arts. 310, 311, 316,
322 e 325 CPP
F) Inciso VII: arts. 328 e 341 CPP
G) Incisos VII e IX: arts. 107 a 120
CP
H) Inciso X: art. 647 CPP
I) Inciso XI: art. 160 Lei 7210/84
J) Inciso XIII: art. 564 CPP
K) Inciso XIV: art. 426 e parágrafo
primeiro CPP
L) Inciso XV: art. 639 I CPP
M) Inciso XVI: arts. 92 e 93 CPP
N) Inciso XVIII: art.145 CPP
O) Inciso XXV: art. 28-A e
parágrafo sétimo CPP

4.2 PRAZOS: ar.t 586 e 588 CPP

- Se o prazo inicia em sábado, domingo


ou feriado, pula para o próximo dia útil
seguinte.

- Se o prazo acaba em sábado e


domingo ou feriado, pula para o 1º dia
útil seguinte.

- Interposição, é prazo para informar


que quer recorrer: 5 dias

- Razoes, é prazo para informar os


motivos pelos quais quer recorrer: 2
dias

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