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Marcelo Soldi 1

7º SEMESTRE
RECURSOS E EXECUÇÃO DE SENTENÇA PENAL
Universidade Presbiteriana Mackenzie – 1/2016
Prof: Lia Felberg

PONTO 1: RECURSOS

TEORIA GERAL DOS RECURSOS

O recurso é uma ferramenta jurídico-processual que tem por finalidade submeter um caso
concreto já decidido judicialmente a um novo exame, no âmbito da mesma relação processual, pois em
virtude do inconformismo da parte com a decisão exarada, aquele que sucumbiu deseja sua modificação
ou anulação.

A fundamentação dos recursos é o fato do ser humano ser passível de erros e possibilitar que tal
erro venha a ser corrigido sem causar maiores prejuízos. Ele é normalmente dirigido à uma turma
colegiada que não participaram do julgamento em primeira instância.

O duplo grau de jurisdição é o princípio essencial afeto à matéria dos recursos, decorrendo desse
princípio toda sistemática processual. Possibilita um reexame daquilo que já foi julgado por uma turma
colegiada. Assim, assegura que as decisões proferidas pelos órgãos de primeiro grau do Poder Judiciário
não sejam únicas, mas submetidas a um juízo de reavaliação por instância superior. Cabe a ressalva de
que nas ações originárias no STF esse princípio não vigora.

Revisão criminal e habeas corpus eram recursos (estão no Código de Processo Penal), mas hoje em
dia são tidos como ações autônomas.

Características dos recursos

• Ato da parte, portanto não é ato de ofício;


• Sempre é interposto em prejuízo de uma das partes, ou ambas;
• É um direito que deve ser exercido nos mesmos autos do processo;
• A decisão deve ser recorrível, logo ela não pode ter transitado em julgado;
• Trata-se de um “julgamento sobre julgamento”(Carnelutti)
• Permite que outro órgão jurisdicional modifique a decisão

Natureza jurídica

Trata-se de continuidade da pretensão acusatória ou da resistência defensiva, conforme a parte


que recorrer. Não se trata o recurso, portanto, de uma espécie autônoma de ação, mas apenas o poder
de rever decisões proferidas dentro do mesmo processo.
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Princípios

• Duplo grau de jurisdição: trata-se de princípio vetor. É a possibilidade um colegiado decidir o que
o juiz monocrático já havia anteriormente decidido. Processos originários do STJ e STF não
possuem duplo grau de jurisdição. É um princípio que não é previsto explicitamente na
Constituição Federal – é previsto no Pacto de Sáo José da Costa Rica (art. 8.2, h).

Pacto de São José da Costa Rica. Artigo 8 – Garantias judiciais. (...)


2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência enquanto não se
comprove legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade,
às seguintes garantias mínimas: (...)
h. direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal superior.

Todos com pena de


• Unirrecorribilidade: em nossa sistemática processual temos como
reclusão vão para o foro
regra que para cada decisão é cabível um único recurso, de forma
central e os crimes de
a evitar que uma única decisão enseje a interposição de vários
detenção dessa
recursos. São exceções: (a) recurso especial e recurso
circunscrição. Os demais
extraordinário; (b) embargos infringentes e recurso especial ou
apenados com detenção
extraordinário (há divergência doutrinária – há quem entenda que
são encaminhados para
não há violação ao princípio porque a matéria é vinculada).
os foros regionais.
• Fungibilidade; é o único princípio que vem inserido no Código de A sentença é definitiva
Processo Penal. A parte não será prejudicada se interpuser um quando ela define o grau
recurso no lugar do outro, desde que não haja má-fé. Assim, tal de jurisdição.
princípio permite que mesmo quando a parte apresentar um
recurso errado, o juiz poderá conhece-lo como se fosse o correto, permitindo a substituição de
um pelo outro. Isso visa privilegiar a ampla defesa ou mesmo o exercício pleno do direito de ação
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das partes, e justifica-se pelo fato de que em algumas situações não é Impronúncia se dá
possível que se saiba exatamente qual o recurso mais adequado, quando não há indícios
permitindo que a mera escolha errada pela parte não impeça que a de autoria e de
decisão seja revista. materialidade. Ela não
transita, pois surgindo
A jurisprudência majoritária tem entendido que se o recurso errado uma prova nova, o
for interposto fora do prazo previsto para o recurso correto, estaria a acusado pode ser levado
parte agindo de má-fé. a julgamento do Tribunal
do Juri, durante o tempo
O princípio não incide também se houver intempestividade ou erro da prescrição do crime.
grosseiro. A única exceção – o Tribunal não pode receber como
apelação o recurso em sentido estrito, pois isso supriria um grau de jurisdição, afinal no recurso
em sentido escrito o juiz de primeira instância pode reconsiderar a sua decisão (efeito regressivo).

Art. 579. Salvo a hipótese de má-fé, a parte não será prejudicada pela interposição de um recurso
por outro.
Parágrafo único. Se o juiz, desde logo, reconhecer a impropriedade do recurso interposto pela
parte, mandará processá-lo de acordo com o rito do recurso cabível.

• Disponibilidade: os recursos são voluntários, pois representam a vontade das partes, logo pode-se
desistir do mesmo após a sua interposição. No entanto, o Ministério Público não possui essa
possibilidade – ele não poderá desistir de um recurso já interposto.

Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.

• Princípio da “non reformatio in pejus”: é o princípio da vedação da reforma para pior. O recurso,
quando interposto apenas pela defesa, não pode prejudicar a situação do réu, pois ninguém pode
ser prejudicado só porque se mostrou inconformado com a decisão. Em outras palavras, não se
admite a reforma do julgado impugnado para piorar a situação do réu, quer do ponto de vista
quantitativo, quer sob o ângulo qualitativo, nem mesmo para corrigir eventual erro material.

Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e
387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver
apelado da sentença.

• Princípio da “non reformatio in pejus” indireta: se dá quando uma sentença impugnada é anulada.
Ex: condenado a 6 anos de reclusão, o Tribunal anula a sentença, e aí o juiz de primeira instância
condenada o Réu a 8 anos de reclusão – isso é vedado por conta desse princípio. Há uma discussão
no STJ sobre os casos de nulidade por incompetência absoluta do juízo.

No entanto, no caso dos crimes de competência do júri, difere. O art. 5º, XXXVIII, traz a soberania
dos vereditos, logo não haverá a incidência da reformatio in pejus, podendo os jurados do novo
júri acolherem qualificadoras que o primeiro júri afastou – trata-se de entendimento do STJ. No
entanto, se o voto do conselho de sentença for igual ao do primeiro, o juiz não poderá exasperar
a pena.

“Com o entendimento de que não há reformatio in pejus indireta pela imposição de pena mais
grave, após a decretação de nulidade da primeira sentença, em apelo da defesa, quando do novo
julgamento realizado pelo Tribunal do Juri, reconhece-se a incidência de qualificadora afastada no
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primeiro julgamento, eis que, em face da soberania dos vereditos, de caráter constitucional, pode
o Conselho de sentença proferir decisão que agrave a situação do réu.” (STJ, 5. Turma, HC
78.366/SP); (STJ, 6. Turma, HC 48.035/RJ)

• Princípio da “reformatio in mellius”: quando o recurso é exclusivo da acusação (interposto pelo


Ministério Público, querelante ou assistente de acusão), o tribunal poderá reformar a decisão de
primeiro grau para melhor, melhorando, assim, a situação do réu. Há exceção nos casos de
apelação contra decisão do júri.

Juízo de admissibilidade dos recursos (ou juízo de prelibação)

Todo recurso sempre estará sujeito a uma análise sob dois aspectos: admissibilidade e mérito. O
primeiro, chamado de juízo de admissibilidade (prelibação), verificará se o recurso preenche todos os
pressupostos necessários para a análise de seu conteúdo, ou seja, vai verificar se o recurso tem condições
de ser analisado. Ele sempre antecede o juízo de mérito. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade,
o recurso será conhecido pelo tribunal. Difere de provimento ou improvimento, que se dá após análise
do mérito.

O juízo a quo é o juízo de primeiro grau, que fará o juízo de admissibilidade junto com o juízo ad
quem, juízo de segundo grau, que também fará o juízo do mérito. O órgão a quo jamais poderá subtrair
do órgão ad quem o juízo de admissibilidade, de modo que se não houver recurso à disposição das partes
para atacar a decisão do órgão a quo que não conhece do recurso, este não poderá exercer o juízo de
admissibilidade, que ficará limitado ao órgão ad quem.

A decisão que analisa a admissibilidade dos recursos é interlocutória e deverá ser fundamentada.

Pressupostos objetivos

• Cabimento: é verificar se de determinada decisão cabe recurso, pressupondo-se a inexistência de


trânsito em julgado.
• Tempestividade: o recurso deve ser interposto dentro do prazo estabelecido em lei.
• Fato impeditivo: são sempre anteriores à interposição do recurso. São os casos de desistência de
recurso, a deserção por falta de pagamento das custas, ou de preclusão.
• Fato extintivo: são sempre posteriores à interposição do recurso. São os casos de renúncia.
• Preparo: apenas na Ação Penal Privada.

Pressupostos subjetivos

• Legitimidade: pode recorrer o réu, o Ministério Público, querelante/querelado, assistente de


acusação1.
• Sucumbência: ela pode ser paralela (ambos os réus são condenados – geralmente quem recorre é
quem sucumbiu) ou recíproca (ambas as partes “perdem”)
• Interesse de recorrer: somente poderá ser aceito o recurso daqueles que tiverem interesse na
alteração da decisão de que se recorre, pois se a decisão lhe for inteiramente favorável, não por
que querer modifica-la.

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Pode ser a própria vítima, ou, na morte desta, o cônjuge, asdencente, descendente e irmão (CADI).
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Efeito dos recursos

• Obstativo: impede o trânsito em julgado.


• Devolutivo: é a regra geral, que visa a análise da extensão e profundidade do recurso, ou seja,
permite que o tribunal superior reveja integralmente a matéria controversa, sobre a qual houve
inconformismo.

Alguns efeitos, no entanto, são atribuídos em casos específicos:

• Suspensivo: trata-se de efeito excepcional, que impede que a decisão impugnada produza efeitos
enquanto o recurso não for apreciado pelo Tribunal.
• Regressivo, diferido ou iterativo: é o efeito que permite ao próprio juiz prolator da decisão
impugnada rever a sua decisão. Isso se dá geralmente em embargos declaratórios e pedidos de
reconsideração. É a regra, no entanto, no agravo.

Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto
por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal,
aproveitará aos outros.

• Extensivo: no caso de concurso de agentes, a decisão do recurso interposto por um dos réus, se
fundado em motivos de caráter não pessoal exclusivamente, aproveitará os demais. Não abrange
nos casos de decisões que envolvam menoridade, antecedentes criminais, reincidência, etc. Tal
recurso é aplicável à apelação, revisão criminal, habeas corpus, recurso em sentido estrito e aos
recursos em geral.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

Trata-se de um recurso vinculado ou restrito, ou seja, as suas hipóteses de cabimento são previstas
na lei processual penal de forma taxativa, não sendo admitida a analogia. O rol de hipóteses está presente
no artigo 583 do Código de Processo Penal.

O recurso em sentido estrito é interposto contra decisão interlocutória de primeiro grau (decisão,
despacho ou sentença)2, e será decidido pela segunda instância. A grosso modo, equivale ao recurso de
agravo do Código de Processo Civil. O prazo para interposição do recurso é de 5 dias, contados a partir da
publicação da decisão, e o Código prevê dois dias para oferecimento das razões do recurso, mas na
prática3 as razões são oferecidas no prazo de 5 dias.

Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de
dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados
que Ihe parecerem necessários.

2
A sentença, mencionada no caput do art. 581, diz respeito à decisão interlocutória mista, e não à
sentença definitive de mérito.
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Utiliza-se o prazo de 2 dias, contados da publicação que intima o recorrente para tanto, apenas quando
não se tem pressa no processo, ou seja, quando o réu está solto.
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Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição,
poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste
caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em
traslado.

Deve-se requerer no rosto do recurso que o juiz reconsidere a decisão (efeito regressivo), e que,
caso assim não entenda, os autos subam ao Tribunal. Há ainda a aplicação do efeito extensivo, bem como
de efeito suspensivo.

Em regra, os autos sobem na integra ao Tribunal. No entanto, em alguns casos, quando há


divergência de recursos, poderá haver o desmembramento do processo – será tirado xerox das peças
principais e instruído o recurso, pelo próprio cartório.

Hipóteses de cabimento

O artigo 581, que traz as hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito, apresenta incisos
pro et contra, ou seja, que podem ser utilizados como fundamento para ambas as partes recorrer.

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:


I - que não receber a denúncia ou a queixa;
II - que concluir pela incompetência do juízo;
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição;
IV – que pronunciar o réu;
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de
prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante;
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor;
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade;
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da
punibilidade;
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena;
XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional;
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte;
XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir;
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta;
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial;
XVII - que decidir sobre a unificação de penas;
XVIII - que decidir o incidente de falsidade;
XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado;
XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra;
XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774;
XXII - que revogar a medida de segurança;
XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação;
XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.

I – quando o juiz não receber a denúncia ou a queixa. Não se admite a analogia – caso a outra parte
queira recorrer de decisão que recebeu a denúncia ou a queixa, deverá ela se utilizar do habeas corpus.
Se a rejeição da denúncia se der no procedimento sumaríssimo, o recurso cabível será o de apelação.

II – que concluir pela incompetência do juiz. III – que julgar procedentes as exceções, salvo a de
suspeição. Quando o juiz declarar de ofício por sua incompetência, o recurso é fundamentado pelo inciso
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II, ao passo que, quando a incompetência for determinada após oposição de uma exceção de
incompetência por qualquer uma das partes, a fundamentação se dará pelo inciso III.

IV – que pronunciar o réu. A decisão do Tribunal tem efeito extensivo ao co-réu que não recorreu,
desde que não tenha caráter pessoal. Contra a impronuncia4 e absolvição sumária, caberá apelação, pois
estas possuem o cunho de uma sentença definitiva.

V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de
prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante. Ele não
serve para a defesa – contra a concessão ou arbitragem de fiança, é o Ministério Público quem recorre.
Agora, contra decisão que negou, cassou, ou julgou inidônea a fiança, é mais vantajoso interpor habeas
corpus ante a sua celeridade. O Ministério Público também recorre contra decisões que indeferiram ou
revogaram prisão preventiva, bem como que concederam liberdade provisória ou relaxaram a prisão em
flagrante.

VII – que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade. É cabível como
fundamentação apenas para o Ministério Público. A prescrição é causa de extinção de punibilidade mais
importante de todas, razão pela qual o legislador quis dar ênfase à mesma.

CTB. Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação penal, havendo necessidade para a
garantia da ordem pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, ou a requerimento do
Ministério Público ou ainda mediante representação da autoridade policial, decretar, em decisão
motivada, a suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir veículo automotor, ou a
proibição de sua obtenção.
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão ou a medida cautelar, ou da que indeferir o
requerimento do Ministério Público, caberá recurso em sentido estrito, sem efeito suspensivo.

Decreto-Lei nº 201/67. Art. 2º O processo dos crimes definidos no artigo anterior é o comum do
juízo singular, estabelecido pelo Código de Processo Penal, com as seguintes modificações:
(...0
III - Do despacho, concessivo ou denegatório, de prisão preventiva, ou de afastamento do cargo do
acusado, caberá recurso, em sentido estrito, para o Tribunal competente, no prazo de cinco dias,
em autos apartados. O recurso do despacho que decreta a prisão preventiva ou o afastamento do
cargo terá efeito suspensivo.

Cabe também na Lei de Trânsito (casos de suspensão da permissão ou da habilitação para dirigir
veículo automotor) e Decreto-Lei de Responsabilidade Civil dos Prefeitos e Vereadores (quando prefeito
é afastado do cargo por suspeita de ter praticado algum crime).

Existem incisos previstos que trazem hipóteses não aplicáveis e que dizem respeito à execução de
pena. Nesses casos, deverá ser interposto o agravo5, nos termos da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

4
A decisão de impronúncia não transita em julgado. O réu poderá ser levado a julgamento novamente
por fato novo, ou novas provas, a qualquer momento, até a prescrição do crime.
5
O agravo surgiu com a Lei de Execução Penal e muito se discutia quanto ao procedimento do mesmo.
Hoje consagrou-se que o agravo segue o mesmo rito do recurso em sentido escrito. Contém o mesmo
prazo.
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APELAÇÃO

Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:


I - das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular;
III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:
a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.

Apelação é recurso no qual pode-se abordar qualquer matéria, sendo o seu cabimento destinado
às sentenças de primeiro grau (sentença como um todo, ou parte dela). As preliminares só admitem
questões de direito, como nulidades e prescrição. No mérito, discute-se autoria, materialidade, etc.

Art. 601. Findos os prazos para razões, os autos serão remetidos à instância superior, com as
razões ou sem elas, no prazo de 5 (cinco) dias, salvo no caso do art. 603, segunda parte, em que o
prazo será de trinta dias.

O prazo para a interposição do recurso de apelação é de 5 dias, podendo ser por termo ou petição,
sendo 8 dias o prazo para oferecimento das razões no rito ordinário e 5 dias no rito sumário. Após o juízo
de admissibilidade, o juiz conhecerá do recurso e irá proferir despacho intimando a parte para
apresentação das razões. Decorrido o prazo, o recurso subirá ao Tribunal com ou sem as razões. No
entanto, caso suba sem as razões, o Tribunal, através de uma carta de ordem, devolverá o processo à 1ª
instância para que o juiz nomeie advogado dativo para apresentação das razões.

Não são todas as sentenças absolutórias que admitem recurso de apelação, como nos casos em
que foi extinta a punibilidade do agente (pela prescrição, por exemplo) – comporta recurso em sentido
estrito.

Quando o juiz garante o perdão judicial a alguém, ele reconhece que O perdão judicial tem a
o fato é típico e antijurídico, mas só deixou de aplicar a pena porque as natureza de causa
circunstâncias foram suficientes. No entanto, há sim o interesse de apelar da extintiva de punibilidade
decisão que concedeu o perdão judicial, para se provar a inocência e também – se dá apenas nas
vedar qualquer possibilidade de uma ação civil ex delicto. As sentenças de hipóteses previstas em
absolvição sumária também comportam apelação. lei (exemplo: homicídio
culposo).
Art. 593. II - das decisões definitivas, ou com força de definitivas,
proferidas por juiz singular nos casos não previstos no Capítulo anterior;

O recurso de apelação cabe também contra decisões definitivas que não estejam acobertadas
pelas hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito (ex: quando há o sequestro de bens imóveis
por disposição judicial – apesar de na prática caber mandado de segurança nesse caso).

Art. 593. III - das decisões do Tribunal do Júri, quando:


a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança;
d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos.
§ 1º Se a sentença do juiz-presidente for contrária à lei expressa ou divergir das respostas dos
jurados aos quesitos, o tribunal ad quem fará a devida retificação.
§ 2º Interposta a apelação com fundamento no no III, c, deste artigo, o tribunal ad quem, se Ihe
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der provimento, retificará a aplicação da pena ou da medida de segurança.


§ 3º Se a apelação se fundar no no III, d, deste artigo, e o tribunal ad quem se convencer de que a
decisão dos jurados é manifestamente contrária à prova dos autos, dar-lhe-á provimento para
sujeitar o réu a novo julgamento; não se admite, porém, pelo mesmo motivo, segunda apelação.

O inciso III traz as hipóteses específicas de competência do Tribunal do Júri, instituto soberano. O
Tribunal de Justiça não tem competência para modificar a decisão de competência do Tribunal do Júri,
exceto em casos específicos previstos na lei:

• quando ocorrer nulidade posterior à pronúncia6;


• se a sentença for contrária à lei ou à decisão dos jurados, ou haja erro quanto à aplicação da pena
ou da medida de segurança (nesses casos, o erro foi do juiz prolator da sentença, logo o juízo ad
quem pode fazer essa reparação, pois não estaria interferindo na soberania do Júri.); e
• se a decisão dos jurados foram manifestamente contrária à prova produzida nos autos (só se pode
apelar com esse fundamento uma única vez – nesse caso, o réu ficará sujeito a novo julgamento,
com um novo Júri). Nesse caso, ante a soberania do Júri, não se aplica a non reformatio in pejus
indireta, podendo o novo Júri piorar a situação do réu, como acolher qualificadoras que tenham
sido deixadas de lado no primeiro julgamento.

Desembargador corrige erro de juiz; novo júri corrige erro de júri

O principal efeito da apelação é a devolução da matéria à jurisdição, que pode ser parcial ou plena,
dependendo do que o apelante quer rediscutir (parte da sentença, ou sua totalidade). Em relação ao
efeito suspensivo, ele dependerá da natureza da sentença, se condenatória ou absolutória, bem como de
quem a interpõe.

Apelação
Condenatória (pelo Réu) Absolutória (pelo MP)
Juiz deverá fundamentar se há Não possui efeito suspensivo.
cautelaridade suficiente para
decretação de prisão preventiva

Não há na apelação o chamado efeito regressivo. É possível, no entanto, o chamado efeito


extensivo.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Art. 619. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser
opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua publicação, quando
houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.

Art. 382. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a
sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambigüidade, contradição ou omissão.

Não possuem diferença dos embargos de declaração de Processo Cível: poderão ser opostos
quando há omissão, obscuridade e contradição em uma decisão judicial. Ele não possui a finalidade de

6
As nulidades relativas anteriores à deveriam ser alegadas nas alegações finais. Logo, não se pode apelar
dessas nulidades, pois já estaria precluso.
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modificar o mérito da decisão. Caso sejam opostos em face de sentença de primeiro grau, deverá ser
fundamentado com base no artigo 382. Caso a intenção seja de modificação do mérito, os embargos não
serão conhecidos. Eles serão dirigidos ao juiz prolator da decisão recorrida (no caso de acórdão, será o
relator ou ministro relator).

O prazo para oposição é de 2 dias7 da data da publicação do acórdão ou da decisão de primeiro


grau. Os embargos apenas poderão ser opostos por escrito, mediante petição, sendo vedada a forma oral.

Em primeiro grau, não há qualquer disposição legal que se refira à suspensão ou interrupção do
prazo para interposição de apelação se houver a oposição de embargos de declaração. A grande maioria
da doutrina e da jurisprudência entende que há a interrupção do prazo recursal, ou seja, o prazo começa
a contar da publicação da decisão que conhecer ou não os embargos. No entanto, na prática, se interpõe
apelação no prazo de cinco dias, mas aguarda-se o trâmite dos embargos de declaração para apresentar
as razões (prazo de 8 dias) ou desistir do recurso.

Conhecendo dos embargos de declaração, o relator leva à mesa e haverá a votação entre os três
desembargadores que votaram no acórdão embargado. Os embargos de declaração possuem também
efeito extensivo.

EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE

Art. 609. Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável
ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10
(dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os
embargos serão restritos à matéria objeto de divergência.

Caso a decisão de segunda instância não for unânime, ou seja, houver discordância entre os três
desembargadores que julgaram o recurso, poderá o réu, no prazo de 10 dias, caso o acórdão de apelação
ou recurso de sentido estrito o seja desfavorável, opor embargos infringentes e de nulidade. Assim sendo,
não poderá a acusação opor tal recurso – no entanto, no Código Militar é cabível tanto para a acusação
quanto para o réu.

Os embargos serão infringentes quando a divergência se fundamentar em uma questão de direito


material (mérito), enquanto que serão de nulidade quando tratar de questões de direito (preliminares).

A oposição dos embargos deverá ser por escrita e deve ser dirigida diretamente ao desembargador
relator, que fará o juízo de admissibilidade do recurso. Deverá apenas abordar a matéria do voto vencido.
Os embargos infringentes e de nulidade serão julgados por cinco desembargadores (os três do primeiro
julgamento, e mais dois que não participaram antes).

O recurso é cabível contra acórdãos de apelação e recurso em sentido estrito, apenas. Parte da
doutrina, minoritária, que entende ser cabível tal recurso no caso de agravo à execução por analogia, pois
ele substituiu o recurso em sentido estrito em determinadas hipóteses.

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No procedimento do Juizado Especial, o prazo é de 5 dias.
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Os embargos infringentes possuem efeito devolutivo limitado apenas à divergência, ou seja, pode
devolver apenas a matéria do voto vencido. Entende-se que os embargos infringentes ou de nulidade
suspendem o efeito do acórdão. Além disso, haverá efeito extensivo.

REVISÃO CRIMINAL

CF. Art. 5º. LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar
preso além do tempo fixado na sentença;

O erro judiciário sempre foi uma preocupação de todos porque os processos são julgados por seres
humanos e eles são passíveis de erro. A possibilidade de se rever uma sentença transitada em julgada, e
corrigir eventual erro do judiciário, é presente em todas as legislações, para evitar que tal erro se
perpetue.

A revisão criminal tem a finalidade de corrigir eventual erro judiciária, interposta a partir do
trânsito em julgado da sentença, seja ela de primeiro ou segundo grau, ou dos Tribunais Superiores, não
havendo prazo para tanto, podendo ser interposta mesmo depois da morte do condenado, podendo o
cônjuge, o ascendente, o descendente ou o irmão propor a revisão criminal para que o parente tenha seu
“nome limpado” e receber uma justa indenização pelo erro praticado. Referida indenização é direito
fundamental, prevista na Constituição Federal.

Trata-se de uma ação autônoma e impugnativa, privativa do réu, embora prevista no capítulo de
recursos no Código de Processo Penal. Deverá ser apresentada uma petição inicial, qualificando as partes.
Além disso, a revisão criminal deverá ser instruída com a certidão do trânsito em julgado; caso contrário,
a ação não será conhecida.

Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:


I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou à evidência dos
autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou documentos
comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do condenado ou de
circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.

As causas de pedir que podem fundamentar uma revisão criminal são as seguintes:

• Quando a sentença condenatória for contrária ao texto da lei, ou às evidências dos autos;
• Quando a sentença se basear em provas (documentos, exames, depoimentos) falsos;
• Quando se descobrirem novas provas que atestem a inocência do condenado, ou que possibilitem
a diminuição da pena.

A revisão criminal passará por um juízo de admissibilidade. É bem difícil que o relator conheça da
revisão, pois as possibilidades são taxativas e não se admite analogia, e, além disso, é difícil de se
desconstituir o trânsito em julgado. A admissibilidade é difícil, principalmente, quando a sentença
contrariar texto legal, por se tratar da hipótese mais ampla e genérica de todas.

É vedada a produção de provas em segunda instância. Logo, para a produção de prova nova que
vise atestar a inocência do condenado, ou possibilitar a diminuição de sua pena, dever-se-á peticionar ao
juiz que julgou o crime, onde tramitou o processo de primeiro grau, pedindo que ouça testemunha ou
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encaminhe para a perícia para laudo, que serão posteriormente juntadas no processo. Não haverá
qualquer manifestação do juiz de primeiro grau a respeito das provas produzidas.

Essa ação tem a finalidade também de diminuir a pena (erro em relação ao quantum da pena, algo
muito comum no Processo Penal), não apenas para absolver o condenado. É cabível também em decisões
em que se absolve impropriamente o réu (casos de medida de segurança, por exemplo). Também pode-
se propor ação de revisão criminal em condenações pelo júri, podendo o Tribunal absolver o réu,
diferentemente do recurso de apelação (o réu não será submetido a um novo júri).

Art. 630. O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa
indenização pelos prejuízos sofridos.
§ 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a condenação
tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela
respectiva justiça.
§ 2o A indenização não será devida:
a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante,
como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
b) se a acusação houver sido meramente privada.

O erro judiciário tem que ter sido causado por alguém da administração pública – delegado, perito,
juiz, etc. –, pois assim será devida uma indenização ao condenado. Mas se o condenado tenha confessado
o crime, ou se não juntou prova da qual tinha conhecimento, e deu, portanto, ensejo ao erro judiciário,
não haverá indenização, por não se tratar de erro do Estado.

Há um dispositivo no Código de Processo Penal, referente à indenização, que não foi recepcionado
pela Constituição Federal – o artigo 630, §2º, alínea b, que não admite a indenização no caso de ação
penal privada. Afinal, o jus puniendi é exclusivo ao Estado, logo há a possibilidade de erro judiciário mesmo
nesse caso.

Além disso, a revisão criminal não tem contraditório. Abrirá vista ao procurador da justiça, que
verificará se a revisão apresenta os requisitos de admissibilidade – O Ministério Público não será parte no
processo, muito menos o querelante nos casos de ação penal privada. Ele poderá apresentar parecer.

A revisão criminal será julgada por cinco desembargadores, não cabendo embargos infringentes,
sendo cabível, no entanto, embargos de declaração. Se houver alguma violação à Constituição Federal,
caberá recurso extraordinário.

Art. 625. O requerimento será distribuído a um relator e a um revisor, devendo funcionar como
relator um desembargador que não tenha pronunciado decisão em qualquer fase do processo.

O relator da revisão criminal não pode ter atuado em nenhuma fase do processo (não pode ter
sido delegado, promotor, perito, juiz de primeiro grau, etc).

A revisão criminal terá efeito extensivo aos demais corréus, desde que não possua circunstâncias
de caráter pessoal.

STF. Súmula 611. Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das execuções
a aplicação de lei mais benigna.
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Se alguém estiver em cumprimento de pena, e surgiu lei nova mais benéfica, o juízo da execução
deverá aplicar a nova lei. O correto seria a interposição de agravo à execução, mas, ante a demora do seu
julgamento, pode-se impetrar habeas corpus, por se tratar de questão de direito, o que é feito na prática
por causa de sua celeridade. É vedada, no entanto, a análise e produção de provas no habeas corpus –
quando isso se faz necessário, costuma-se propor a revisão criminal.

Não cabe revisão criminal de sentença estrangeira, mesmo que ela tenha sido homologada pelo
STJ, pois isso violaria a soberania de outro país.

Uma vez negada a revisão criminal, não caberá interposição de nenhum recurso.

HABEAS CORPUS

Habeas corpus não é recurso, mas sim uma ação autônoma de impugnação contra a violação de
direito de locomoção (de ir, vir e ficar), direito esse que é relativizado. Teve origem em 1215, na Inglaterra,
com a Magna Carta. Sua previsão constitucional é o art. 5º, LXVIII: “conceder-se-á habeas corpus sempre
que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção,
por ilegalidade ou abuso de poder”.

Qualquer pessoa, inclusive analfabeto, que esteja sofrendo ameaça de ir e vir, ou o


constrangimento propriamente dito, poderá impetrar habeas corpus. Não há liminar nessa peça prevista
por lei, mas isso na prática ocorre – ela só é possível quando provado sem nenhuma duvida o periculum
in mora e o prejuízo irreparável caso ela não seja concedida. Na liminar, requer a sua concessão com
caráter de urgência.

O habeas corpus pode ser preventivo ou liberatório. No entanto, essa classificação é apenas
doutrinária.

Não conhecido o habeas corpus, ou denegada a ordem de habeas corpus, o recurso cabível é o
Recurso Ordinário Constitucional (Lei 8.038/90 – arts. 30, 31 e 32). O Recurso Ordinário é sempre
destinado ao Superior Tribunal de Justiça, independente se o habeas corpus foi denegado pelo Tribunal
de Justiça ou Tribunal Regional Federal.

PONTO 2: EXECUÇÃO DE SENTENÇA PENAL

A execução de sentença penal vem regulada pela Lei de Execução Penal (Lei 7.210/84), que
revogou as disposições sobre esse assunto no Código de Processo Penal.

Após o trânsito em julgado da ação penal, os autos retornaram para a primeira instância. O cartório
prosseguirá com a expedição de ofício, chamado de Guia de Recolhimento, para a Vara de Execução Penal,
que será acompanhado de sentença e eventual acórdão. Lá, ele será autuado e receberá um número
processual novo. Haverá um apenso chamado de Cálculo de Pena, que trará todas as datas referentes à
pena para facilitar eventual requerimento de alteração de regime, por exemplo.

Cabe ao juiz da Execução Penal a execução de medida de segurança e deferimento de progressão


de regime.
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O único recurso cabível nesse momento do processo é o agravo à execução.

A execução penal se encerra com uma decisão interlocutória mista proferida juiz da Execução
Penal, quando cumprida a pena, extinguindo a punibilidade do condenado. Uma vez extinta a punibilidade
do condenado, é vedado que as certidões tragam qualquer referência à essa condenação.

Toda decisão demanda parecer do Ministério Público: caso prejudique o réu, a defesa poderá
arguir a nulidade. Antes da soltura do réu, deve-se ouvir o Ministério Público; caso ele demore em
apresentar parecer, poderá o condenado impetrar habeas corpus.

Haverá um novo contraditório.

Caso a pena seja de multa, o réu será citado para efetuar o pagamento. Caso não pague, a
execução será convertida em execução fiscal, sendo sujeito a penhoras.

A saída temporária é concedida aos presos em regime semiaberto, em cinco períodos do ano (na
prática, se dá nos Dias dos Pais, das Mães, das Crianças, Natal e Ano Novo, mas a lei nada especifica), que
não podem ultrapassar o máximo de 7 dias. Trata-se de um voto de confiança que o Estado confere ao
condenado (visa a ressocialização do preso). A autorização de saída difere da saída temporária: é uma
saída emergencial, concedida pelo próprio diretor do cartório (geralmente quando morre alguém da
família, etc).

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