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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Penal Geral


Professor: Gustavo Junqueira
Aulas: 07 e 08

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TEORIA GERAL DO CRIME (2ª parte ou parte final)

TEORIA DA SANÇÃO PENAL


1. Aplicação da Pena
2. Sistema Trifásico de Nelson Hungria

TEORIA GERAL DO CRIME (2ªparte ou parte final)

TEORIA DA SANÇÃO PENAL

1. Aplicação da pena:

1.1. Individualização da pena: (aulas 05 e 06)

1.2. Dosimetria da pena e classificação das circunstâncias:

As circunstâncias podem ser classificadas como:

a. Circunstâncias Judiciais: previstas no art. 59/CP.

1. Culpabilidade: foi afastada a tradicional compreensão de grau do dolo ou da culpa. A culpabilidade


é o juízo de censura em face do caso concreto.

 O STJ já entendeu que se o autor do crime for promotor de justiça é especialmente acentuada a
culpabilidade.

 É consolidado o entendimento do STJ que a culpabilidade como circunstância judicial não tem os
mesmos elementos da culpabilidade como estrutura na Teoria do Crime.

 É consolidado entendimento no STJ que a premeditação incrementa a culpabilidade.

 O STJ entendeu que especial vulnerabilidade emocional da vítima também incrementa a


culpabilidade.

2. Antecedentes criminais: prevalece que apenas o passado criminoso deve ser considerado. Outras
referências ao passado do autor serão valoradas na conduta social.

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 Súmula 444/STJ esclarece que é vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso, como maus antecedentes.

Súmula 444/STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações


penais em curso para agravar a pena-base.

 Os maus antecedentes são eternos? Prevalece no STJ que os maus antecedentes não depuram
no mesmo prazo da reincidência. Art. 64/CP - HC 272899 - RESP 1160240. O STJ decidiu que não
podem ser eternos.

Ementa: HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO.


TRÁFICO DE DROGAS. NEGATIVA DE AUTORIA. NECESSIDADE DE
REVOLVIMENTO DO CONTEÚDO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA DA PENA. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL
DESFAVORÁVEL. MAUS ANTECEDENTES. AUSÊNCIA DE FLAGRANTE
ILEGALIDADE. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,
acompanhando a orientação da Primeira Turma do Supremo Tribunal
Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus não pode ser
utilizado como substituto de recurso ordinário, recurso especial ou
de revisão criminal ressalvando, entretanto, a possibilidade de
concessão da ordem de ofício nos casos de evidente
constrangimento ilegal. 2. Não se mostra possível o exame do pedido
de absolvição por insuficiência de provas, por se tratar de matéria
cujo exame extrapola os limites estreitos do habeas corpus,
notadamente por demandar o revolvimento de todos elementos de
cognição produzidos no curso do processo de conhecimento. 3. De
outro lado, a pena-base foi corretamente estabelecida acima do
mínimo legal, pois o paciente apresenta diversas condenações
definitivas com trânsito em julgado, ostentando maus antecedentes
criminais, a justificar elevação em 1/6 na primeira etapa da
dosimetria. 4. Habeas corpus não conhecido. Acordão: Vistos,
relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de
Justiça, por unanimidade, não conhecer do pedido. Os Srs. Ministros
Newton Trisotto (Desembargador convocado do TJ/SC), Walter de
Almeida Guilherme (Desembargador convocado do TJ/SP), Felix
Fischer e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

Diferentemente, no STF é pacífica a orientação que os maus antecedentes são depurados junto
com a reincidência (HC 126315 e HC 110191).

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Ementa: Habeas corpus. 2. Homicídio qualificado-privilegiado.
Condenação. 3. Aumento da pena em sede de recurso especial.
Entendimento no sentido de que o período depurador de 5 anos
estabelecido pelo art. 64, I, do CP, refere-se à reincidência, mas, com
relação ao registro de antecedentes, esses prolongam-se no tempo,
devendo ser considerados como circunstâncias judiciais em desfavor
do réu. 4. Registro de uma condenação anterior, por contravenção
(dirigir sem habilitação), transitada em julgado em 28.6.1979.
Decorridos mais de 5 anos desde a extinção da pena da condenação
anterior (CP, art. 64, I), não é possível alargar a interpretação de
modo a permitir o reconhecimento dos maus antecedentes.
Aplicação do princípio da razoabilidade. 5. Ordem concedida para
restabelecer a decisão proferida pelo TJ/RJ nos autos da Apelação n.
2006.050.02054, que manteve a pena-base fixada pelo Juiz-
Presidente do Tribunal do Júri e, assim, reconheceu a prescrição da
pretensão executória. Decisão: A Turma, por unanimidade, concedeu
a ordem para restabelecer a decisão proferida pelo TJ/RJ nos autos
da Apelação n. 2006.050.02054, que manteve a pena-base fixada
pelo Juiz-Presidente do Tribunal do Júri e, assim, reconheceu a
prescrição da pretensão executória, nos termos do voto do Relator.
2ª Turma, 23.04.2013. Prevalece ainda que não configura mau
antecedente a condenação por crime praticado após o fato que é
objeto de julgamento- RE 591054.

Consolidado entendimento do STJ que atos infracionais não configuram maus antessentes. RHC
43350.

Ementa: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ROUBO


TRIPLAMENTE MAJORADO. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM
PREVENTIVA. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
JUSTIFICADORES DA CUSTÓDIA CAUTELAR. INOCORRÊNCIA.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA VISANDO A GARANTIA DA ORDEM
PÚBLICA. PERICULOSIDADE DO ACUSADO DEMONSTRADA PELA
PERSONALIDADE VOLTADA A PRÁTICA DE CRIMES CONTRA O
PATRIMÔNIO. ROUBO PERPETRADO EM ESTABELECIMENTO
COMERCIAL, COM ARROMBAMENTO E ENVOLVIMENTO DE UM
MENOR DE IDADE. RISCO CONCRETO DA PRÁTICA DE NOVOS
DELITOS. RECURSO DESPROVIDO. - A jurisprudência desta Corte tem
proclamado que a prisão cautelar, como medida de caráter
excepcional, deve ser imposta, ou mantida, apenas quando
atendidas, mediante decisão judicial fundamentada (art. 93, IX, da
CF), as exigências do art. 312 do CPP. Isso porque a liberdade, antes

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de sentença penal condenatória definitiva, é a regra, e o
enclausuramento provisório, a exceção, como têm insistido esta
Corte e o Supremo Tribunal Federal em inúmeros julgados, por força
do princípio da presunção de inocência, ou da não culpabilidade. - A
decisão que determinou a segregação provisória foi devidamente
fundamentada para garantia da ordem pública, como forma de
acautelamento do meio social, em razão das circunstâncias do caso
concreto que retratam a periculosidade do recorrente, considerando
o modus operandi do delito, praticado com arrombamento de
estabelecimento comercial e envolvimento de um menor de idade. -
A prisão cautelar justifica-se também para evitar a reiteração delitiva,
pois o recorrente respondeu a três procedimentos de apuração de
ato infracional equiparado a crimes patrimoniais, circunstâncias que
revelam a real possibilidade de que, se solto, volte a delinquir -
Conquanto os atos infracionais equiparados a crimes contra o
patrimônio praticados pelo recorrente não possam ser considerados
para fins de reincidência, ou mesmo como maus antecedentes,
servem para evidenciar o risco concreto da prática de novos delitos,
uma vez que demonstram ser rotina na vida do agente o
cometimento de ilícitos. Precedentes. Recurso ordinário a que se
nega provimento. Acordão. Vistos, relatados e discutidos os autos em
que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta
Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e
das notas taquigráficas a seguir, por maioria, negar provimento ao
recurso, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora, vencidos os
Srs. Ministros Maria Thereza de Assis Moura e Nefi Cordeiro, que
davam provimento ao recurso. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior
(Presidente) e Rogerio Schietti Cruz votaram com a Sra. Ministra
Relatora.

3. Conduta social e personalidade: conduta social é a forma com que o sujeito se relaciona com sua
comunidade.

RESP 1301226 - Firmado entendimento no sentido de que, para a valoração da personalidade, é


dispensável laudo técnico.

Ementa: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL.


DOSIMETRIA. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DA PERSONALIDADE DOS
AGENTES. LAUDO TÉCNICO. DESNECESSIDADE. AFERIÇÃO A PARTIR
DE ELEMENTOS CONCRETOS DOS AUTOS. RECURSO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. A valoração negativa da personalidade do agente
exige a existência de elementos concretos e suficientes nos autos que

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demonstrem, efetivamente, a maior periculosidade do réu aferível a
partir de sua índole, atitudes, história pessoal e familiar, etapas de
seu ciclo vital e social, etc., sendo prescindível a existência de laudo
técnico confeccionado por especialistas nos ramos da psiquiatria e
psicologia para análise quanto a personalidade do agente. 2. Agravo
regimental improvido. Acordão: Vistos, relatados e discutidos os
autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da
SEXTA Turma do Superior Tribunal de Justiça: A Sexta Turma, por
unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos
do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Sebastião Reis
Júnior (Presidente) e Marilza Maynard (Desembargadora Convocada
do TJ/SE) votaram com a Sra. Ministra Relatora. Ausente,
justificadamente, o Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz.

4. Motivos do crime: são as razões que levam o sujeito à pratica criminosa. Apenas motivos exógenos
podem interferir na dosagem da pena.

As 05 circunstâncias acima estudadas são subjetivas, pois se referem ao sujeito. Serão analisadas
adiante 03 circunstâncias judiciais objetivas:

5. Circunstancias do crime: tratam-se de dados ou fatos que ganham relevância no caso concreto.
Apenas circunstâncias exógenas podem interferir na pena.

STJ sustenta que elevada complexidade em organização criminosa será considerada para
incremento da pena - RESP 1536956

6. Consequências do crime: é consolidado entendimento do STJ que expressivo prejuízo justifica o


incremento da pena.

7. Comportamento da vítima: é consolidado entendimento do STJ que o comportamento da vítima


não pode acarretar o aumento da pena base. HC 297988/STJ.

EMENTA. PENAL. HABEAS CORPUS. ART. 157, § 2.°, I E II, C.C., ART.
71, DO CÓDIGO PENAL. (1) WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO
ESPECIAL. INVIABILIDADE. VIA INADEQUADA. (2) PENA-BASE ACIMA
DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIA JUDICIAL DESFAVORÁVEL.
COMPORTAMENTO NEUTRO DA VÍTIMA. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. FLAGRANTE ILEGALIDADE. (3) NÃO
CONHECIMENTO. ORDEM DE OFÍCIO. 1. É imperiosa a necessidade de
racionalização do emprego do habeas corpus, em prestígio ao âmbito
de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à lógica do
sistema recursal. In casu, foi impetrada indevidamente a ordem

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como substitutiva de recurso especial. 2. A dosimetria é uma
operação lógica, formalmente estruturada, de acordo com o princípio
da individualização da pena. Tal procedimento envolve profundo
exame das condicionantes fáticas, sendo, em regra, vedado revê-lo
em sede de habeas corpus (STF: HC 97677/PR, 1.ª Turma, rel. Min.
Cármen Lúcia, 29.9.2009 - Informativo 561, 7 de outubro de 2009). O
fato de a vítima não ter contribuído para o delito é circunstância
judicial neutra e não deve levar ao aumento da reprimenda.
(Precedentes). 3. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida,
de ofício, a fim de reduzir a pena da paciente Adrielly da Silva para 7
(sete) anos, 9 (nove) meses e 10 (dez) dias de reclusão, mais 18
(dezoito) dias-multa , e a reprimenda do paciente Mirosmar da Silva
Salustiano para 6 (seis) anos, 2 (dois) meses e 20 (vinte) dias de
reclusão, mais 15 (quinze) dias-multa , mantidos os demais termos da
sentença e do acórdão. ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos os
autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da
SEXTA Turma do Superior Tribunal de Justiça: A Sexta Turma, por
unanimidade, não conheceu do pedido, expedindo, contudo, ordem
de ofício, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs.
Ministros Sebastião Reis Júnior (Presidente), Rogerio Schietti Cruz e
Nefi Cordeiro votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília, 18 de
setembro de 2014(Data do Julgamento).

b. Circunstâncias Legais:

Circunstâncias agravantes

Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não


constituem ou qualificam o crime:(Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
I - a reincidência; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - ter o agente cometido o crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade
ou vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro
recurso que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

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f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações
domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência
contra a mulher na forma da lei específica; (Redação dada pela Lei nº
11.340, de 2006)
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício,
ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher
grávida; (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.

Agravantes no caso de concurso de pessoas

Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:


(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade
dos demais agentes; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - coage ou induz outrem à execução material do crime; (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua
autoridade ou não-punível em virtude de condição ou qualidade
pessoal; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa
de recompensa.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Reincidência

Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo


crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no
estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 64 - Para efeito de reincidência: (Redação dada pela Lei nº 7.209,


de 11.7.1984)
I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do
cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver
decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o
período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não
ocorrer revogação; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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II - não se consideram os crimes militares próprios e
políticos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Circunstâncias atenuantes

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação


dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior
de 70 (setenta) anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo
após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüências, ou ter,
antes do julgamento, reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em
cumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob a influência
de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do
crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não
o provocou.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância


relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista
expressamente em lei. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)

Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes

Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve


aproximar-se do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes,
entendendo-se como tais as que resultam dos motivos
determinantes do crime, da personalidade do agente e da
reincidência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

1. Qualificadoras: são as circunstancias que impõem novos limites expressos para a pena base;

2. Agravantes e atenuantes: art. 61, 62, 63 e 66;

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Sobre as agravantes, merece destaque a REINCIDÊNCIA. Nos termos do art. 63/CP ocorre quando o
sujeito pratica novo crime após o transito em julgado de sentença condenatória por crime anterior.

Tabela crime-contravenção

Condenação transitada em
Pratica novo: Consequência:
julgado por:

CRIME CRIME REINCIDÊNCIA

Contravenção Contravenção REINCIDÊNCIA

CRIME Contravenção REINCIDÊNCIA

Contravenção CRIME PRIMÁRIO

 Mesmo a condenação por crime no exterior é apta a gerar reincidência.

 Apenas a contravenção praticada no Brasil é apta a gerar reincidência.

 A reincidência é constitucional. Foi pacífico entendimento do STF no RE 453000. Há critica no


sentido de que a incidência seria bis in idem – direito penal do autor (Defensoria Pública).

Ementa. AGRAVANTE – REINCIDÊNCIA – CONSTITUCIONALIDADE –


Surge harmônico com a Constituição Federal o inciso I do artigo 61 do
Código Penal, no que prevê, como agravante, a reincidência. Decisão:
O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, negou
provimento ao recurso extraordinário. Determinou, ainda, aplicar o
regime da repercussão geral reconhecida no RE 591.563. Votou o
Presidente, Ministro Joaquim Barbosa. Falaram, pelo recorrente, o
Dr. Afonso Carlos Roberto do Prado, Subdefensor Público-Geral
Federal e, pelo Ministério Público Federal, a Dra. Deborah Macedo
Duprat de Britto Pereira, Vice-Procuradora-Geral da República.
Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Celso de Mello e
Teori Zavascki. Plenário, 04.04.2013.

Resumo Estruturado: - DESPROVIMENTO, RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. INSTITUTO JURÍDICO, REINCIDÊNCIA, AUSÊNCIA,
OFENSA, PRINCÍPIO, INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA, DECORRÊNCIA,
CARACTERIZAÇÃO, FORMA, DISTINÇÃO, RAZOABILIDADE,
CONDENADO, COMETIMENTO, MULTIPLICIDADE, CRIME, RÉU

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PRIMÁRIO. - FUNDAMENTAÇÃO COMPLEMENTAR, MIN. ROSA
WEBER: DESPROVIMENTO, RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
CONSIDERAÇÃO, REINCIDÊNCIA, CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE,
AUSÊNCIA, NOVIDADE, PENA, CORRELAÇÃO, CRIME, CONDENAÇÃO,
TRÂNSITO EM JULGADO, MOMENTO ANTERIOR, CARACTERIZAÇÃO,
AGRAVAMENTO DA PENA, CORRELAÇÃO, CRIME, CONDENAÇÃO,
ATUALIDADE, DECORRÊNCIA, ESCOLHA, RÉU, CONTINUIDADE,
ATIVIDADE CRIMINOSA, INDICAÇÃO, PENA, CONDENAÇÃO, TRÂNSITO
EM JULGADO, MOMENTO ANTERIOR, INSUFICIÊNCIA, FINALIDADE,
PREVENÇÃO DO CRIME, REPRESSÃO DO CRIME. PREVISÃO,
CONSTITUIÇÃO FEDERAL, PRINCÍPIO, INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA,
AUSÊNCIA, INDICAÇÃO, VEDAÇÃO, CONSIDERAÇÃO, REINCIDÊNCIA,
AGRAVAMENTO, PENA. INEXISTÊNCIA, OFENSA, GARANTIA DA COISA
JULGADA, AUSÊNCIA, OCORRÊNCIA, APLICAÇÃO RETROATIVA, LEI
PENAL MAIS RÍGIDA, DECORRÊNCIA, PREVISÃO, CÓDIGO PENAL,
REINCIDÊNCIA, CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE, MOMENTO ANTERIOR,
EXECUÇÃO, CRIME.

 Não geram reincidência os crimes políticos e os crimes militares próprios (lembrar que crime
militar próprio é aquele previsto no CP militar, sem correspondente no CP comum).

 Multireincidente: prevalece ser aquele que ostenta mais de 03 condenações aptas a gerar
reincidência (Damásio de Jesus).

 Súmula 241/STJ: esclarece que uma única condenação anterior não pode ser usada para
justificar um mau antecedente e a reincidência. Seria um proibido bis in idem. Prevalece, no
entanto, que se são duas ou mais as condenações anteriores, uma pode ser usada para
configurar a reincidência e outra como mau antecedente – HC 268659/STJ.

Súmula 241/STJ : A reincidência penal não pode ser considerada


como circunstância agravante e, simultaneamente, como
circunstância judicial.

Ementa: HABEAS CORPUS IMPETRADO EM SUBSTITUIÇÃO AO


RECURSO PREVISTO NO ORDENAMENTO JURÍDICO. 1. NÃO
CABIMENTO. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL.
RESTRIÇÃO DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. EXAME EXCEPCIONAL
QUE VISA PRIVILEGIAR A AMPLA DEFESA E O DEVIDO PROCESSO
LEGAL. 2. DOSIMETRIA. CRIME DE DESACATO. MAUS ANTECEDENTES
E REINCIDÊNCIA. BIS IN IDEM. NÃO OCORRÊNCIA. CONDENAÇÕES
DISTINTAS TRANSITADAS EM JULGADO. 3. EXASPERAÇÃO DA PENA-
BASE COM BASE NOS MAUS ANTECEDENTES E NA CULPABILIDADE.

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RAZOABILIDADE. INEXISTÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 4.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. 1. A jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça, buscando a racionalidade do ordenamento
jurídico e a funcionalidade do sistema recursal, vinha se firmando,
mais recentemente, no sentido de ser imperiosa a restrição do
cabimento do remédio constitucional às hipóteses previstas na
Constituição Federal e no Código de Processo Penal. Nessa linha de
evolução hermenêutica, o Supremo Tribunal Federal passou a não
mais admitir habeas corpus que tenha por objetivo substituir o
recurso ordinariamente cabível para a espécie. Precedentes.
Contudo, devem ser analisadas as questões suscitadas na inicial no
intuito de verificar a existência de constrangimento ilegal evidente - a
ser sanado mediante a concessão de habeas corpus de ofício -,
evitando-se prejuízos à ampla defesa e ao devido processo legal. 2.
Não configura bis in idem a utilização de condenações anteriores com
trânsito em julgado para caracterizar os maus antecedentes e a
reincidência do paciente, desde que uma delas seja utilizada para
exasperar a pena-base e a outra, na segunda fase da dosimetria. 3.
Mostra-se razoável o aumento da pena-base em 2/6 (dois sextos),
diante da valoração negativa dos maus antecedentes e da
culpabilidade. 4. Habeas corpus não conhecido. Acordão
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da
Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos
votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não
conhecer do pedido. Os Srs. Ministros Moura Ribeiro, Regina Helena
Costa, Laurita Vaz e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

 Período depurador da reincidência: nos termos do art. 64/CP, 05 anos após a extinção da pena,
contado o período de prova do sursis e do livramento condicional, o autor volta a ser primário.

As atenuantes estão no art. 65 e 66 do CP. Merecem destaque:

 Menoridade relativa (18 a 21 anos) – da data do fato;

 Maioridade senil (+ 70 anos) – data da sentença;

 Confissão espontânea: Súmula 545/STJ pacificou que se a confissão for utilizada no


convencimento do julgador deverá atenuar a pena.

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Súmula 545/STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do
convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no
art. 65, III, d, do CP.

Prevalece ser desnecessário o arrependimento sincero.

 Confissão qualificada: prevalece nas cortes superiores que a confissão qualificada atenua a
pena. Aquela em que o sujeito admite a pratica do crime, mas argumenta com excludente de
culpabilidade ou de antijuridicidade. HC 69479/STF e RESP 1416247/STJ;

Ementa: REINCIDENCIA x ANTECEDENTES CRIMINAIS. O Direito e


ciencia e como tal possui institutos, expressões e vocabulos com
sentido próprio. Descabe confundir agravante com circunstancia
judicial e, portanto, reincidencia - artigo 63 - com antecedentes
criminais - artigo 59 - ambos do Código Penal. A constatação de que o
Juízo não ultrapassou o campo da fixação da pena-base e conducente
ao afastamento do vício, concluindo-se que, na verdade, foram
considerados os antecedentes e não a reincidencia do acusado.
CIRCUNSTANCIA ATENUANTE - CONFISSAO ESPONTANEA - PRISÃO
EM FLAGRANTE. Sob a egide da disciplina anterior a reforma da parte
geral do Código, ocorrida mediante a edição da Lei n. 7.209/84, a
prisão em flagrante era de molde a excluir a configuração da
circunstancia atenuante revelada pela confissão espontanea, que
estava jungida as hipóteses em que a autoria do crime era ignorada
ou imputada a outrem - alinea d do artigo 48. Com o abandono da
irreal forma inicialmente adotada, pouco importa que o acusado
tenha sido preso em flagrante. A simples postura de reconhecimento
da pratica do delito e, portanto, da responsabilidade, atrai a
observancia, por sinal obrigatoria, da regra insculpida na alinea d do
inciso III do artigo 65 do Código Penal - "confessado
espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime". Tanto
vulnera a lei aquele que exclui do campo de aplicação hipótese
contemplada como o que inclui requisito nela não contido.
NULIDADE - VÍCIO DE PROCEDIMENTO x VÍCIO DE JULGAMENTO. Os
dois vícios tem efeitos diversos. O primeiro atrai a pecha de nulo para
o provimento judicial, enquanto o segundo autoriza a simples
reforma. O princípio processual da celeridade e economia conduz,
tanto quanto possivel, ao aproveita mento do ato judicial. Sendo
viavel expungir-se do título a parte reveladora da nulidade, esta não
deve ser declarada. Acordão
HC 78140 ANO-1999 UF-MS TURMA-01 N.PÁG-006 Min. MOREIRA
ALVES DJ 26-02-1999 PP-00003 EMENT VOL-01940-01 PP-00209 HC

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77653 ANO-1998 UF-MS TURMA-01 N.PÁG-009 Min. ILMAR GALVÃO
DJ 12-03-1999 PP-00003 EMENT VOL-01942-01 PP-00214.

Resumo Estruturado: PN0002, PENA, ATENUANTE, CONFISSAO


ESPONTANEA, PRISÃO EM FLAGRANTE PP2876, SENTENÇA CRIMINAL,
NULIDADE, AUSÊNCIA, VÍCIO DE PROCEDIMENTO, CORREÇÃO
PN0010, PENA, FIXAÇÃO, CIRCUNSTANCIA JUDICIAL, REINCIDENCIA,
DISTINÇÃO.

Ementa: PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVOS REGIMENTAIS NO


RECURSO ESPECIAL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL E VIOLAÇÃO AO ART.
65, III, D, DO CP. CONFISSÃO QUALIFICADA. ALEGAÇÃO DE
EXCLUDENTE DE ILICITUDE. RECONHECIMENTO DA ATENUANTE.
ACÓRDÃO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA
CORTE. SÚMULA 83/STJ. AGRAVOS REGIMENTAIS A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. 1. É firme o entendimento desta Corte Superior de
Justiça no sentido de que a confissão qualificada, isto é, aquela na
qual o agente agrega teses defensivas discriminantes ou exculpantes,
enseja a aplicação da atenuante prevista na alínea d do inciso III do
artigo 65 do Código Penal. Incidência do enunciado 83 da Súmula
deste STJ. 2. Agravos regimentais a que se nega provimento.
Acordão: Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as
acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA Turma do Superior
Tribunal de Justiça: A Sexta Turma, por unanimidade, negou
provimento aos agravos regimentais, nos termos do voto da Sra.
Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior
(Presidente), Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro e Marilza Maynard
(Desembargadora Convocada do TJ/SE) votaram com a Sra. Ministra
Relatora.

Para o STJ prevalece que a confissão parcial que nega elementar não atenua: HC 301/063

 Atenuante geral do art. 66/CP: a pena poderá ainda ser atenuada por circunstância relevante,
anterior ou posterior ao crime, ainda que não previsto em lei.

3. Causas de aumento e diminuição: causas de aumento são aquelas que incrementam a pena em
fração. Causas de diminuição são as que reduzem a pena, também em fração.

As causas de aumento também são chamadas de majorantes, e as de diminuição minorantes;

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Fórmulas como o dobro ou o triplo são majorantes.

2. Sistema trifásico de Nelson Hungria

2.1. Primeira fase: fixação da pena-base.

a. Julgador deverá fixar os limites da pena base. Terá como fonte a pena prevista no preceito
secundário do tipo incriminador ou na qualificadora, se houver;

b. Fixar pena base dentro dos limites estabelecidos. Prevalece no STF que o juiz partirá do mínimo e
então fara o cotejo das circunstâncias judiciais;

Próxima aula: professor irá explicar o segundo passo da fixação da pena base.

2.2. Segunda fase: próximas aulas;

2.3. Terceira fase: próximas aulas;

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