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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Administrativo


Professor: Roberto Baldacci
Aulas: 01 e 02

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

FUNÇÃO ADMINISTRATIVA
1. Conforme o modelo histórico de Administração
2. Conforme a separação de poderes
3. Conforme seus três elementos

REGIME JURÍDICO
1. Conceito
2. Regime jurídico da Administração vs. Regime jurídico Administrativo
3. Regime Jurídico da Administração

Sugestão de estudos:
 Anotações de aula;
 Leitura de manual acadêmico (José dos Santos Coelho Filho ou Maria Silvia Zanela Di Pietro);
 Leitura de lei;
 Confecção de resumo/fichamento pessoal (com data, em atenção a edição de novas normas);

FUNÇÃO ADMINISTRATIVA

1. Conforme o modelo histórico de Administração: (atenção para o concurso da Defensoria)

São três os modelos históricos mais importantes que definiram a função desempenhada pela estrutura
administrativa:

1.1. Modelo Patrimonialista:

a. Referência histórica: no mundo, o modelo patrimonialista vigorou até o inicio do século XVIII.
Coincide com o período da Europa medieval com regime absolutista.

Para corrente majoritária não houve período propriamente patrimonialista no Brasil. Há corrente
minoritária que sustenta ter existido período patrimonialista no Brasil, em 1888/República velha
(politica do café com leite).

b. Característica essencial: o soberano personifica o Estado (“O Estado sou eu”). Por este motivo, havia
confusão entre o “público” e o “particular”. A coisa pública e o interesse público pertenciam ao
soberano.

c. Qual a função da estrutura administrativa no patrimonialismo? Atender, exclusivamente, o


soberano. Não há compromisso com o Estado e com o povo.

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d. Há quatro referências/ características: um modelo patrimonialista de governo é, em regra, baseado
em:

i. Nepotismo: cargos e funções públicas mais importantes são privativos de familiares e parentes do
soberano. Portanto, não são acessíveis a mais ninguém.

Observação: no Brasil, o nepotismo é proibido até o 3º grau. Nepotismo cruzado é o ajustamento


entre dois agentes público de nomeações reciprocas para burlar a Súmula Vinculante nº 13. A
súmula não se aplica a cargos políticos.

Súmula Vinculante 13: A nomeação de cônjuge, companheiro ou


parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau,
inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de
função gratificada na administração pública direta e indireta em
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações
recíprocas, viola a Constituição Federal.

ii. Gerontocracia: trata-se da perpetuação no Poder.

iii. Clientelismo: compras e contratações feitas pelo Estado recaem sempre sobre os mesmos amigos
e familiares do soberano, independentemente de preço ou qualidade.

iv. Fisiologismo: trata-se do desvio no exercício da função pública. Manejo do cargo público apenas
para vantagens pessoais.

O Estado não responde pelos danos que der causa. O critério de soberania era exacerbado.

1.2. Modelo burocrático:

a. Referencia histórica: do século XVIII ao XX. Brasil: 1º governo Getúlio Vargas (1930).

b. Características: a coisa pública, o interesse público e, portanto, o poder público, passam a pertencer
ao Estado.

c. Função: atender a máquina pública. Ainda não há preocupação com as necessidades/carências do


povo.

O modelo burocrático veio combater o patrimonialismo. O exercício do poder fica vinculado à lei.
Trata-se da introdução no direito público do princípio da estrita legalidade (Administração só poderá
fazer o que estiver autorizado em lei). Toda forma de poder decorre da lei.

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1.3. Modelo gerencial: (gerencialismo ou nova gestão)

a. Referencia histórica: 1978 – governo britânico de Margaret Thatcher (new public management).

Trata-se de nova regra de gestão e administração da coisa pública e interesse público, promovendo a
convergência da administração privada mais eficiente e focada no resultado com a Administração
pública, até então presa à modelos, formulários e processos. A administração privada foi trazida para
Administração pública.

b. Característica essencial: coisa pública e interesse público passam a pertencer ao povo e o Estado e
sua estrutura administrativa são meros gestores da coisa pública.

A Administração deverá ser mais eficiente e será cobrada/controlada conforme os resultados que
alcança.

O interesse público não mais se esgota no Estado.

Surgem as parcerias público-privadas (Lei 11.079), organizações sociais que promovem a gestão
provada de órgãos públicos.

Há foco da eficiência e nos resultados.

Não há mais compromisso com o soberano. A prioridade também deixa de ser o Estado e passa a ser
o povo.

c. No Brasil: em 1995 foi criado o Ministério Administrativo da Reforma do Estado, que visava concluir o
Programa Nacional da Desburocratização. Deu origem à EC 19/1998 (emenda da reforma da
administração) que foi o marco de introdução oficial do gerencialismo, tanto que o art.37, caput da
CF, ganhou mais um princípio expresso, o princípio da eficiência administrativa). Inicio da criação da
Defensoria Pública.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (...)

2. Conforme a separação de poderes:

O Estado é um ente só, composto por um determinado povo, delimitado em seu território, gozando de
soberania.

O Estado vem constitucionalmente organizado em funções:

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Funções típicas de soberania: três poderes do Estado (Judiciário, Legislativo e Executivo), harmônicos e
independentes, separados e equilibrados pelo sistema de freios e contrapesos.

a. Funções típicas do Judiciário: aplicar concretamente a lei quando provocado para solucionar conflitos,
com definitividade na decisão. Exerce de forma atípica (de forma não preponderante) a função
administrativa para se auto-administrar;

b. Funções típicas do Legislativo: editar as leis e promover a fiscalização sobre o Executivo. Exerce de forma
atípica (de forma não preponderante) a função administrativa para se auto-administrar;

c. Funções típicas do Executivo: editar politicas através do governo e executar as políticas através da
administração. Exerce de forma preponderante a função administrativa (mas não é privativa);

3. Conforme seus três elementos:

3.1. Elemento objetivo: (o que a função faz) deve sempre atender necessidades e interesses do povo, de
forma direta pelo Executivo, e de forma indireta/reflexa pelo Judiciário e Legislativo;

3.2. Elemento subjetivo: (quem faz) exercida pelo conjunto de órgãos que integrarão a Administração direta,
e conjunto de pessoas jurídicas estatais que formam a administração indireta (autarquias, fundações,
etc.);

3.3. Elemento formal: (como faz) exercida por regime jurídico de direito público;

REGIME JURÍDICO

1. Conceito: determinado conjunto de normas e princípios jurídicos que irão reger, com exclusividade, uma
determinada relação jurídica.

2. Regime jurídico da Administração vs. Regime jurídico Administrativo:

a. Regime da Administração: refere-se ao regime jurídico a que o ente esta submetido;

b. Regime administrativo: refere-se a qual especial conjunto de normas e princípios jurídicos da


Administração;

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3. Regime jurídico da Administração:

3.1. Suma divisio: divisão essencial do ordenamento jurídico em dois grandes regimes:

a. Regime Jurídico de Direito Privado: conjunto de normas e princípios jurídicos comuns voltados para
o atendimento de interesses privados, que são, em regra, disponíveis, admitindo renúncia, transação
e omissão, e não decorrem/dependem de prévia lei. Prepondera a autonomia da vontade. Estão nele
inseridos todas as empresas públicas, tanto de atividade econômica como de serviços públicos,
quanto as sociedades de economia mista, independentemente do objeto;

b. Regime Jurídico de Direito Público: trata-se do conjunto de normas e princípios jurídicos


constitucionalizados (previstos ou decorrentes da CF), que vão reger relações jurídicas que envolvam
interesses públicos que são indisponíveis, ao contrário do regime privado, a qual sempre se exige
prévia lei e sempre está vinculado à lei. Obrigatoriedade do cumprimento da lei. Estão nele inseridos
todos os órgãos que integram a Administração direta e todas as autarquias (comuns e especiais).
Ficaram de fora as associações e fundações públicas, que podem ser tanto de regime púbico quanto
de regime privado.

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