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MATERIAL DE APOIO

Disciplina: Direito Penal Geral


Professor: Gustavo Junqueira
Aulas: 03 e 04

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

TEORIA GERAL DO CRIME (2ª parte ou parte final)

I. CONCURSO DE PESSOAS
1. Participação (continuação)
2. Concurso de pessoas em crime culposo
3. Comunicabilidade de dados típicos
4. Autoria mediata
5. Autoria colateral

II. TEORIA DA SANÇÃO PENAL


1. Teoria da Pena

TEORIA GERAL DO CRIME (2ªparte ou parte final)

I. CONCURSO DE PESSOAS

1. Participação: (continuação) Partícipe será aquele que colabora sem ter o domínio do fato. Vide HC 127397.

1.1. Classificações:

a. Participação em sentido estrito: a participação pode ser classificada como moral ou material:

b. Participação moral: induzimento ou instigação.


 Induzir é suscitar a ideia;
 Instigar é fomentar um propósito pré-existente;

c. Participação material: trata-se de auxílio material secundário, ou seja, é o que se reflete em atos
exteriores, mas não chega a ser autoria;

d. Participação sucessiva: se o sujeito participa de mais de uma maneira;

e. Participação em cadeia ou participação da participação: se o sujeito participa da participação de


terceiro em crime de outrem.

1.2. Cumplicidade na prática de ações neutras: não há relevância penal sob o prisma objetivo se a conduta
do autor não gera risco proibido, pois inserida dentre aquelas esperadas e aceitas dentro de seu papel
social.

1.3. Punição da participação: nos termos do art. 29, §1º, se a participação for considerada de menor
importância, a pena poderá ser reduzida de 1/6 a 1/3.

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No Brasil prevalece a premissa que nem toda a participação é de menor importância. Prevalece que,
reconhecida a menor importância, a diminuição é obrigatória (Bitencourt). Para Mirabete, hoje
minoritário, a diminuição será facultativa.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser
diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos
grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até
metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

1.4. Acessoriedade da participação: Quais as características necessárias na conduta do autor para que a
participação tenha relevância penal? Há quatro teorias:

a. Hiperacessoriedade: a conduta do autor deve ser típica, antijurídica, culpável e punível. Não é
adotada no Brasil (vide art. 182/CP);

b. Acessoriedade máxima/extrema: a conduta do autor deve ser típica, antijurídica e culpável. Não é
adotada no Brasil (apenas Capez defende);

c. Acessoriedade limitada: basta que a conduta do autor seja típica e antijurídica. Adotada no Brasil;

d. Acessoriedade mínima: basta que a conduta seja típica. Não prevalece no Brasil (Regis Prado);

2. Concurso de pessoas em crime culposo:

a. Doutrina alemã: prevalece que o crime culposo é um crime de infração a um dever pessoal e, por isso,
não é possível concurso de pessoas culposo;

b. Doutrina espanhola: é admitido concurso de pessoas, tanto na coautoria como na participação;

c. Doutrina brasileira: é possível coautoria, mas não participação. (Capez adota a doutrina espanhola);

3. Comunicabilidade de dados típicos: art. 30/CP – não se comunicam as circunstância e condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime.

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Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de
caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação dada
pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

3.1. Da péssima redação do art. 30/CP é possível concluir que:


a. As elementares se comunicam;
b. As circunstâncias só se comunicam se objetivas (as subjetivas, ou seja, de caráter pessoal, não se
comunicam);

3.2. O que é uma circunstancia objetiva? São objetivas as circunstâncias que não se referem ao sujeito, mas
sim ao injusto e sua magnitude como, por exemplo, meios, modo, tempo, qualidade da vitima, etc.;

3.3. O que é uma circunstancia subjetiva? São aquelas que se referem ao sujeito, ou seja, tratam da medida
da culpabilidade como, por exemplo, os motivos (porque fez/passado), finalidades (para o que
fez/futuro), estado anímico (violenta emoção, depressão, etc.), relação de parentesco, etc.

4. Autoria mediata: no Brasil prevalece que autor mediato é aquele que se serve de um inculpável ou de
alguém determinado em erro para a prática criminosa.

Observação: em Roxin, o domínio do fato pelo domínio da vontade induz autoria mediata.

5. Autoria colateral: é a prática coincidente da mesma infração penal, por 02 ou mais sujeitos, sem o liame
subjetivo.

5.1. Consequência: como não há concurso de pessoas pela falta de liame subjetivo, cada um só responderá
pelo que efetivamente fez.

5.2. Autoria incerta na autoria colateral: trata de hipótese de autoria colateral na qual não se sabe quem foi
o responsável pelo resultado. Cada um só poderá responder pelo que se tem certeza que fez, ou seja,
todos responderão, no máximo, pela tentativa (in dubio pro reu).

Observação: não confundir autoria incerta com autoria ignorada: a autoria incerta parte de uma autoria
colateral. Na autoria ignorada não se sabe sequer a identificação do autor da conduta criminosa.

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II. TEORIA DA SANÇÃO PENAL

No Brasil são duas as espécies de sanção penal: a pena e a medida de segurança.

1. Teoria da pena:

1.1. Características da pena:


a. A pena é um sofrimento;
b. A pena tem referência ao passado;
c. Pressupõe devido processo legal/penal;

1.2. Finalidades da pena: Tradicionalmente a doutrina brasileira classifica três vértices/teorias sobre as
finalidades da pena:

1.2.1. Teorias Absolutas/retributivas: pura referência ao passado. A pena não tem nenhum objetivo de
influenciar o futuro, ou de alterar comportamentos vindouros.

a. Pena vingança: possui algumas características:


 O juiz absorve a vontade social de vingança;
 Desproporcionalidade da pena;
 Responsabilidade flutuante: mais importante que punir o autor do crime é punir alguém;
 Responsabilidade objetiva: independe de dolo/culpa;

b. Pena expiação: vingança divina, purificação do condenado perante a sociedade e a divindade. A


pena expiação tem orientação humanista, a princípio, pois não quer destruir o condenado e sim
salvá-lo. Possui grande influência na arquitetura da pena privativa de liberdade.

c. Justiça Kantiana: próxima aula.

1.2.2. Teorias Relativas/preventivas:

1.2.3. Teorias Mistas/ecléticas:

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