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Direito penal

Concurso de pessoas

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o


crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
CULPABILIDADE.
§1º - Se a PARTICIPAÇÃO for de menor importância, a
pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

PARTICIPAÇÃO de Menor importância diminui de 1/6 a 1/3.

• Cooperação Dolosamente Distinta


§2º- Se algum dos concorrentes quis participar de crime
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.
Quis participar do crime menos grave? aplica a pena do
menos grave.

Era previsível resultado mais GRAVE? a pena será


AUMENTADA ATÉ A METADE.

• Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as
condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do
crime.
• Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o
auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são
puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado.

Para que o PARTÍCIPE seja PUNIDO, deve ter ocorrido


PELO MENOS A TENTATIVA DO CRIME!
Direito penal

Concurso de pessoas
É a reunião de dois ou mais agentes concorrendo, de forma relevante, para a realização
de um mesmo evento (crime ou contravenção penal), agindo com identidades de propósitos,
podendo se dá na forma de coautoria ou participação.
Espécies de crime quanto ao concurso de pessoas
Via de regra os tipos penais necessitam apenas de um indivíduo para a sua prática.
Eventualmente, quando tais delitos são praticados por mais de um indivíduo, dizemos que
ocorreu o chamado concurso eventual – que nada mais é do que um concurso de pessoas
realizado de forma opcional.
Excepcionalmente, entretanto, o Código Penal e outras leis especiais apresentam figuras
típicas que exigem a pluralidade de agentes para sua configuração. São os chamados delitos
de concurso necessário.
Requisito do concurso de pessoas
• Pluralidade de agentes
Requer ao menos duas pessoas praticando cada um uma conduta relevante para a
prática da infração penal.
Atenção:
- Maior de idade em conjunto com um menor de idade:
Haverá concurso de pessoas. O menor será responsabilizado pelo ato infracional
praticado, e o adulto, pelo crime, considerado o concurso de pessoas regularmente.

- Agente imputável valendo-se de doente mental:


Não há concurso de pessoas.
Configura-se autoria mediata.

• Relevância das condutas


A contribuição para a prática do delito há de ser relevante e, em regra, anterior à
consumação.
A contribuição pode ser posterior à consumação, desde que ajustada previamente.
A participação inócua ou negativa NÃO se insere no concurso de pessoas, sendo
considerada um irrelevante penal.

• Identidade da infração penal


Para configurar o concurso de pessoas, todos os envolvidos devem contribuir para o
mesmo evento criminoso.
O Código Penal adota como regra a teoria monista no que tange ao concurso de
pessoas, ainda que de forma matizada (ou temperada), pois estabeleceu determinados graus
de participação e prestigiou o princípio constitucional da individualização da pena e a
reprovação social de cada conduta.

• Vínculo subjetivo entre os agentes


Os indivíduos envolvidos devem possuir a vontade de agir em conjunto.
Não há necessidade de acordo prévio (pactum sceleris) para que exista o concurso de
pessoas. Basta que um adira à vontade do outro.
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Dúvida: O que é coautoria sucessiva?


A coautoria sucessiva ocorre quando um agente adere a uma conduta já iniciada por
terceiro.
Ex.: "A", segurança de um estabelecimento comercial, agride um suposto ladrão que tentava
subtrair produtos da loja. Ao ver a situação, "b", também segurança, ajuda seu colega na
agressão.

Teorias sobre o concurso de pessoas


Existem basicamente três teorias sobre o concurso de agentes: teoria monista, pluralista
e dualista.
• Teoria monista (monística ou unitária)
Segundo a teoria monista, todos os autores, coautores e partícipes respondem pelo
mesmo crime, na medida de sua culpabilidade (Art. 29 CP).
É a teoria adotada pelo código penal.
Apesar de responder pelo mesmo crime, não necessariamente serão todos submetidos
a mesma pena, pois cada um responde na medida de sua culpabilidade.
Ex.: Homicídio (Art. 121 CP).

• Teoria pluralista
Atribui um tipo penal autônomo para a conduta de cada agente.
É adotada excepcionalmente pelo código penal.
Ex.: Corrupção ativa & passiva

• Teoria dualista
Apresenta uma tipificação diferente para o autor e outra para quem participa do
delito.
O código penal não adota essa teoria.
Descrição detalhada sobre autoria, coautoria e participação
A concepção majoritária aceita vem da teoria objetiva-formal. Segundo tal teoria,
temos o seguinte:
Autor:
É aquele que realiza o núcleo do tipo.
Outras classificações de autoria

• Autoria Imediata (também chamada de autor executor):

É a regra: é aquela que ocorre quando o próprio indivíduo executa a conduta delituosa
diretamente, sem utilizar terceiro para tal.
O autor que manda seu animal atacar a vítima ainda pratica a autoria Imediata, visto
que o animal é Irracional - é apenas instrumento da conduta delituosa do autor.
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• Autoria Mediata (também chamada de autor indireto ou homem por trás):


É aquela praticada por um indivíduo que se utiliza de um terceiro como instrumento
para executar seu intento criminoso.
São hipótese de Autoria Mediata:
Executor inimputável
O autor mediato utiliza de um inimputável (totalmente incapaz de entender a ilicitude
do fato) para executar o núcleo do tipo penal.
Obediência hierárquica
O subordinado recebe uma ordem não manifestamente legal.
Coação moral irresistível
Uso de grave ameaça contra um indivíduo ou terceiro de modo a coagi-los a praticar
um delito
Erro de proibição inevitável
Ocorre quando o autor induz um terceiro a praticar um fato delituoso lhe dizendo que
este fato é perfeitamente lícito, quando na verdade o fato é criminoso.
Erro de tipo inevitável provocado por terceiro
Ocorre quando a Autor Mediato utiliza um terceiro para praticar uma conduta
criminosa sem que esse saiba o que está fazendo.

• Autoria colateral (também chamada de autoria paralela):


É aquela que ocorre quando dois ou mais indivíduos concorrem para uma conduta
visando o mesmo resultado, porém desconhece a intenção uns dos outros.
Como não há liame subjetivo, na autoria colateral não há concurso de pessoas.

• Autoria de reserva
É aquela autoria perpetrada pelo indivíduo que “fica esperando para ver se vai tudo
dar tudo certo”.

Coautor:
É um indivíduo que, em conjunto com o autor, pratica o núcleo do tipo.
Partícipe:
Em regra, é aquele que contribui para o crime sem realizar os elementos do tipo.
Entretanto, mesmo sem realizar o núcleo do tipo, um indivíduo pode não ser considerado
partícipe. É o caso da teoria do domínio do fato.
Por força da teoria do domínio do fato, uma participação importante (como a de
quem dá ordens para realização de condutas criminosas) poderá ser considerado como
autoria, e não como participação, mesmo que o autor não pratique o núcleo do tipo penal.
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Assim, a doutrina denomina de autor intelectual aquele que planeja a empreitada


criminosa para ser executada por outra pessoa.
Por fim, ressaltamos que a teoria adotada pelo nosso Código Penal (art. 29) é a objetivo-
formal. Contudo, destaca-se que a doutrina tem adotado cada vez mais a teoria do domínio
do fato (seguida pelos Tribunais Superiores).

O partícipe atua induzindo, instigando ou auxiliando os autores principais do delito.


Vejamos as espécies de participação:
• Participação Moral: caracteriza-se no induzimento ou na instigação dos outros envolvidos
na prática do delito.
Induzimento: o indivíduo faz surgir a vontade e praticar o delito em um terceiro.
Instigação: o terceiro já possui a intenção de agir de forma criminosa, e o partícipe
reforça essa vontade.
• Participação Material: é o auxílio na preparação ou execução de uma conduta delituosa.

Comunicabilidade de circunstâncias pessoais


Regra geral: Não se comunicam às circunstâncias e as condições de caráter pessoal.
Exceção: comunicam quando elementares do crime.

Primeiramente, vamos entender o que é uma elementar:


Elementares são os dados que integram o tipo penal.
Exemplo: CP, art. 121. Matar alguém.
Em segundo lugar, precisamos entender o que são as circunstâncias:
Circunstâncias são outros dados relacionados ao crime, que não afetam o tipo penal
básico, mas que podem influenciar a pena cominada.
Um bom exemplo está no parágrafo 1º do crime de furto:
CP, art. 155, § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o
repouso noturno.
Tanto as elementares quanto as circunstâncias podem ou não ter caráter pessoal. Veja
só:
Direito penal

Excelente. Já sabemos diferenciar circunstâncias, elementares, e também como


entender se as mesmas possuem caráter pessoal ou não. Podemos enfim tratar da chamada
comuni-cabilidade das elementares e circunstâncias.
A regra é a seguinte:

Concurso de pessoas em crimes próprio, culposo, de mão própria e omissivos


Coautoria Participação Autoria mediata
Crime culposo Admite Impossível Impossível
Crime de mão própria Impossível Admite Impossível
Crimes omissivos Admite Admite Impossível
(Próprio e impróprio)
Crime próprio Admite Admite Admite

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