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DIREITO PENAL AULA 04

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CONCURSO DE PESSOAS
Conceito, Natureza e Características.

- Concurso de pessoas: Colaboração de dois ou mais agentes


para a prática de um delito ou Contravenção penal.
- Concurso de pessoas é regulado pelos artigos 29 a 31 do Código
Penal.
- Mas como compreender a natureza jurídico-penal de uma conduta
criminosa praticada por diversas pessoas? Três teorias surgiram:
 PLURALISTA (OU PLURALÍSTICA): Para esta, cada pessoa
responderia por um crime próprio, existindo tantos crimes
quantos forem os participantes da conduta.
 DUALISTA (OU DUALÍSTICA): Segundo esta, há um crime
para os autores, e outro crime para os partícipes.
 MONISTA (MONÍSTICA OU UNITÁRIA: Para esta, o
concurso de agentes deve ser entendido como CRIME
ÚNICO, devendo todos responderem pelo mesmo crime. No
entanto a pena de cada um irá corresponder a valoração de
cada uma das condutas. Está é a adotada pelo código penal.

- O Concursos de pessoas pode ser basicamente, de duas


espécies:
 EVENTUAL: Tipo penal não exige que seja praticado por
mais de uma pessoa, no entanto isso pode ocorrer. (Ex: furto,
roubo).
 NECESSÁRIO: Aqui o tipo penal exige que a conduta seja
praticada por mais de uma pessoa. Divide-se em:
- Condutas paralelas: Agentes praticam condutas dirigidas a
obtenção da mesma finalidade criminosa. (Associação
Criminosa).
- Condutas convergentes: Agentes praticam condutas que
convergem e se encontram para produzir o resultado.
(Bigamia).
- Condutas contrapostas: Agentes praticam condutas uns
contra os outros. (Crime de rixa).

REQUISITOS

- Cinco são os requisitos para que seja caracterizado o


concurso de pessoas:
 Pluralidade de agentes:
- É necessário que tenhamos mais de uma pessoa a colaborar
para o ato criminoso.
- Prevalece o entendimento de que todos os comparsas
devem ter discernimento, de maneira que ausência de
culpabilidade por doença mental, por exemplo, afasta o
concurso de agentes, devendo ser reconhecido autoria
mediata.
- Na hipótese de um agente culpável e um não culpável
(menor de 18 anos) praticarem a conduta juntos, haverá
concurso aparente de pessoas.
Autoria mediata
- Ocorre quando o agente (autor mediato) se vale de uma
pessoa como instrumento (autor imediato) para a prática do
delito.
- A melhor Doutrina divide a autoria mediata em três
hipóteses, basicamente:
1 – Autoria mediata por erro do executor;
2 – Autoria mediata por coação do executor;
3 – Autoria mediata por inimputabilidade do agente – Nesta
hipótese o infrator se vale de uma pessoa inimputável para a
prática do delito. A inimputabilidade, aqui, pressupõe que o
executor (inimputável) não tenha discernimento necessário.
- É cabível autoria mediata nos crimes próprios e de mão
própria, desde que o auto MEDIATO reúna as condições
especiais exigidas pelo tipo penal.
 Relevância Causal da Colaboração:
- A participação do agente deve ser relevante para a produção
do resultado, de forma que a colaboração que em nada
contribui para o resultado é um indiferente penal.
- Além disso, a colaboração deve ser prévia ou concomitante
à execução, ou seja, anterior à consumação do delito. Se a
Colaboração for posterior, poderá haver outro crime. Porém
se a colaboração for posterior ou combinada previamente há
concurso de pessoas.

 Vínculo Subjetivo (ou liame subjetivo):


- Também conhecido como concurso de vontades.
- Assim, para que haja concurso de pessoas, é necessário
que a colaboração dos agentes tenha sido ajustada entre
eles, ou pelo menos tenha havido adesão de um à conduta do
outro.

 Identidade de Infração Penal:


- Também conhecido como unidade de infração penal para
todos os agentes, está fundamentado no art. 29 do CP:
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua
culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984).

 Existência de Fato Punível:


- Assim, é necessário que o fato praticado pelos agentes seja
punível, o que de um modo geral exige pelo menos que este
fato represente uma tentativa de crime, ou crime tentado.
- Se o fato ficar meramente no plano abstrato, no plano da
cogitação, não há fato punível.

MODALIDADES

 Coautoria:
- Primeiro precisamos definir o conceito de AUTOR. Para
tanto surgiram diversas teorias:
1. Conceito extensivo de autor: Esta não diferencia autor e
partícipe, considerando que todos aqueles que concorrem
para o crime são autores do delito. Com esta teoria surgiram
diversos problemas, foi então que criaram a Teoria Subjetiva
da Participação: que considerava como autor aquele que
pratica o fato como próprio, que quer o crime “como próprio”,
como seu, e partícipe aquele que quer o fato como alheio,
pratica uma conduta acessória ao “crime de outra pessoa”.
2. Conceito Restritivo de Autor: Para esta teoria restritiva,
autor e partícipe não se confundem. Autor será 12 13 aquele
que praticar a conduta descrita no núcleo do tipo penal
(subtrair, matar, roubar etc.). Todos os demais, que de alguma
forma prestarem colaboração (material ou moral), serão
considerados partícipes. Esta foi a teoria adotada pelo CP.

- Para diferenciar autor de partícipe o Código penal adotou a


teoria Objetivo-formal: considerando autor aquele que realiza
a conduta descrita no núcleo do tipo, já que denota sua
“vontade de autor” (animus auctoris), em contraposição à
“vontade de colaboração” do partícipe (animus socii).
- Com relação aos crimes de autoria mediata, adotou se a
teoria do domínio do fato: que estabelece a diferença entre
autor e partícipe a partir da noção de “Controle da situação”

- Entendendo a definição de autoria, podemos definir agora a


coautoria: a espécie de concurso de pessoas na qual duas ou
mais pessoas praticam a conduta descrita no núcleo do tipo
penal.

- Não podemos confundir Coautoria com Autoria Colateral:


Coautoria – Existe vínculo Subjetivo
Autoria Colateral – Ambos praticam a mesma conduta, no
entanto um não age de acordo com as vontades do outro.

- A Coautoria pode ser:


1. Funcional: que é aquela na qual a conduta dos agentes são
diversas e se somam, de forma a produzir o resultado.
2. Material: que é a hipótese em que ambos os coautores
realizam a mesma conduta.

Hipóteses polêmicas da aplicação do instituto da


coautoria:
- Admite se a coautoria nos crimes próprios: Todos os
agentes devem possuir a qualidade exigida ou saber que um
deles possui.
- Não se admite a coautoria nos crimes de mão própria.
- A doutrina ligeiramente majoritária entende que é
possível PARTICIPAÇÃO, mas não coautoria nos crimes
omissivos
- Nunca haverá concurso de pessoas entre autor mediato
e autor imediato.

PARTICIPAÇÃO

- A Participação pode ser:


1. Moral: Agente Instiga ou Induz alguém a praticar o crime.
2. Material: A participação material é aquela na qual o
partícipe presta auxílio ao autor, seja fornecendo objeto para a
prática do crime, seja fornecendo auxílio para a fuga, etc.
Deve ser previamente combinado.

- Com relação a Punibilidade do Partícipe, não existe uma


adequação típica imediata. Contudo existem normas de
extensão (artigo 29) que permitem a extensão da aplicação do
tipo penal para aqueles que de algum forma tenham
contribuído para o delito. Trata-se da Adequação Típica
Mediata.

- O partícipe é punido em razão da Teoria da Acessoriedade.


Porém existem 4 teorias:
 Teoria da acessoriedade mínima – Entende que a conduta
principal deva ser um fato típico, não importando se é ou não
um fato ilícito.
 Teoria da acessoriedade limitada – Exige que o fato praticado
(conduta principal) seja pelo menos uma conduta típica e
ilícita.
 Teoria da acessoriedade máxima – Para esta teoria, o
partícipe só será punido se o fato for típico, ilícito e praticado
por agente culpável.
 Teoria da hiperacessoriedade – Exige que, além de o fato ser
típico e ilícito e o agente culpável, o autor tenha sido
efetivamente punido para que o partícipe responda pelo crime.
- A Doutrina entende que a teoria que mais se amolda ao
nosso sistema é a teoria da Acessoriedade Limitada.

Questões interessantes acerca da participação:


- A lei admite a redução da pena de 1/6 a 1/3 se a
participação é de menor importância (art. 29, § 1° do CP). Isto
não se aplica às hipóteses de coautoria, mas apenas à
participação;
- A Doutrina admite a participação nos crimes comissivos por
omissão, quando o partícipe devia e podia evitar o resultado
(art. 13, § 2° do CP).
- A participação inócua não se pune.
- Participação em cadeia é possível.
- A participação em ação alheia ocorre quando o partícipe,
sem qualquer liame subjetivo com o autor, contribui de
maneira culposa para a prática do delito.

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