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CONCEITO E TEORIAS
O concurso de pessoas ocorre quando duas ou mais pessoas concorrem para sua
efetivação de um crime. É necessário, entretanto, que estejamos diante de um delito
unissubjetivo/monossubjetivo ou de concurso eventual. Ou seja, aquele que, em regra, é
praticado por apenas um sujeito, mas que admite o concurso de agentes, como a coautoria e
a participação.
Existem três teorias principais que tratam do concurso de pessoas: a teoria monista,
dualista e pluralista. Uma dessas teorias é adotada como regra, enquanto as demais são tidas
como exceção.
Portanto, todos aqueles que concorrem para um delito, seja como executor, coautor
ou partícipe, são autores dele e responderão pelo mesmo crime.
Logo, embora os agentes respondam pelo mesmo crime, poderão ter pena fixada em
quantia diferenciada.
A exemplo, três agentes que concorrem para um homicídio. O primeiro empresta uma
faca para que o segundo a utilize na execução do crime, enquanto o terceiro dá carona ao
segundo para fugir do local.
Neste caso, conforme a teoria monista, todos responderão pelo homicídio, na medida
de sua culpabilidade, uma vez que o segundo agente que consumou o delito tem culpabilidade
maior que os demais agentes, devendo receber uma pena maior.
A exceção à regra geral adotada pelo Código Penal são a teoria dualista e a teoria
pluralista. Para a teoria dualista, há dois delitos: um para os autores que realizam a atividade
principal e outro para os participes que realizaram atividades secundárias da atividade
principal.
Portanto, existe uma tipificação diferente para o autor e outra para quem participa do
delito. Utilizando do exemplo acima exposto, o executor responderia pelo crime de homicídio
e os outros agentes por um crime de participação no homicídio. Em nosso ordenamento
jurídico, adotamos a teoria dualista, o que refere aos parágrafos § 1º e § 2º do
artigo 29 do Código Penal.
Por fim, para a teoria pluralista a participação é tratada como autoria, onde cada
agente pratica um crime autônomo, com uma tipificação para cada agente que atuou no
concurso de pessoas.
O nosso ordenamento jurídico adotou, por vezes, a teoria pluralista na Parte Especial
do Código Penal e em leis especiais, a exemplo os crimes de aborto, com uma tipificação para
gestante que autoriza o aborto, conforme dispõe artigo 124 do Código Penal e outra
tipificação para o executor, segundo o artigo 126 do Código Penal.
Conclui-se que nosso ordenamento jurídico penal adotou, como regra, a teoria
unitária/monista e, como exceção, a teoria dualista e a teoria pluralista.
REQUISITOS CARACTERIZADORES
É possível extrair, pelo menos quatro requisitos básicos para o concurso de pessoas na
prática criminosa, os quais se algum desses inexistentes, não há de se falar em concurso de
pessoas. São eles:
3) Vínculo Subjetivo
Portanto, deve haver uma participação consciente e voluntária no fato, mas não é
indispensável o acordo prévio de vontade para a existência do concurso de pessoas. A adesão
tem que ser antes ou durante a execução do crime, nunca posterior. No caso de acordo posterior
a execução do crime, esse caracteriza o favorecimento pessoal ou real previsto nos art. 348 e
349 do Código Penal, e não o concurso de pessoas.
Nos crimes dolosos, basta apenas que o agente adira à vontade do outro, em que os
participantes deverão atuar com vontade homogênea, no sentido todos visarem a realização do
mesmo tipo penal. A existência de vínculo subjetivo não significa a necessidade de ajuste prévio
(pactum sceleris) entre os delinquentes. Rogério Greco afirma que se não se conseguir
vislumbrar o liame subjetivo entre os agentes do crime doloso, cada um responderá
isoladamente por sua conduta.
4) Identidade de fato
Deve-se existir, portanto, uma unidade da infração penal, requisito básico para
concurso de pessoas e produto lógico-necessário em face do concurso de agentes. Essa infração
penal deverá ser ao menos tentada, bem como dispõe o art. 31 do Código Penal, em casos de
impunibilidade de ajuste, determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em
contrário.
Autor é quem pratica o crime, por exemplo, no caso do homicídio, quem apertou o
gatilho. Co-autoria, ocorre quando mais de uma pessoa comete o mesmo crime, no entanto,
podem ter penas distintas, de acordo com o grau de participação e gravidade de seus atos para
o crime. O partícipe é quem ajuda. Por exemplo, quem, sabendo das intenções do autor, o leva
ao local onde a vítima para que ele possa matá-lo, ou quem ajuda o autor a fugir.
BIBLIOGRAFIA
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