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“trata-se de uma conduta típica, antijurídica e culpável, vale dizer, uma ação ou
omissão ajustada a um modelo legal de conduta proibida (tipicidade), contrária
ao direito (antijuridicidade) e sujeita a um juízo de reprovação social incidente
sobre o fato e seu autor, desde que existam imputabilidade, consciência
potencial de ilicitude e exigibilidade e possibilidade de agir conforme o direito.”
Adiante responde:
Luiz Flávio Gomes, contudo, adota posição intermediária entre as duas teorias,
sustentando que a culpabilidade não faz parte do conceito de crime, nem
tampouco é “só” pressuposto da pena, pois pressuposto da pena é tudo,
incluindo-se a tipicidade, a antijuridicidade e a culpabilidade. Desse modo, para
ele:
“mais que um pressuposto, a culpabilidade é um dos fundamentos da pena.
Para nós, em síntese, a culpabilidade é juízo de valor (de reprovação) que
recai sobre o agente do crime que podia se motivar de acordo com a norma e
agir de modo diverso (conforme o Direito). Como juízo de valor ou de
reprovação (que recai sobre o agente do crime) não pode evidentemente
pertencer nem à teoria do delito nem à teoria da pena. Ela cumpre exatamente
o papel de ligação ou de união entre o crime e a pena, justamente porque sua
primeira e distinguida função é a de constituir um dos fundamentos
indeclináveis da pena.”
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Prosseguindo, afirmam:
A primeira teoria foi criada por Claus Roxin, preconizando que a culpabilidade
se encontra inserida em um contexto mais amplo, chamado responsabilidade,
formado por esta e pela necessidade preventiva da pena.
A última teoria preconiza que o dolo e a culpa têm dupla função no Direito
Penal, pois, apesar de situados na tipicidade, são valorados também no âmbito
da culpabilidade, para majorá-la ou minorá-la, com reflexos na aplicação da
pena.
AS FUNÇÕES DA CULPABILIDADE
Além disso, serve ela também como limite da pena, nos termos do artigo 29, do
Código Penal, segundo o qual “quem, de qualquer modo, concorre para o crime
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”. Tal
dispositivo reflete o princípio da individualização da pena, permitindo a
mensuração da reprovabilidade que recai sobre o agente.
Vale registrar, por fim, que atualmente muitos autores vêm mencionando a
chamada coculpabilidade, consubstanciada na reprovação conjunta que deve
ser exercida sobre o Estado tanto quanto se faz em relação ao autor de
infração penal, quando se verifica não ter sido proporcionada a todos iguais
oportunidades na vida.
CONCLUSÃO:
A culpabilidade é um dos conceitos mais tormentosos em matéria de Direito
Penal. É certo que o instituto, que já passou por transformações significativas,
continuará evoluindo concomitantemente à evolução da vida em sociedade.
REFERÊNCIAS:
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