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Conceito, método, objeto e finalidade da Criminologia

1. Qual a diferença entre DP e criminologia


O DP é ciência jurídico-normativa. Versa sobre o crime do ponto de vista
positivado, na lei. É ciência do dever-ser, a partir do momento que se
preocupar em positivar, normatizar condutas. Ele cria modelos de
comportamento. Ocupa-se do crime enquanto norma. A criminologia é ciência
empírica, indutiva e interdisciplinar. É uma ciência do “ser” e a partir do
empirismo, ela vai trazer o diagnóstico da comunidade. Ocupa-se do crime
enquanto fato.

2. Como a escola clássica e a escola positiva enxergam o criminoso?


Para a escola clássica, o criminoso era equiparado à figura bíblica do pecador,
pois utilizava de seu livre-arbítrio para praticar o mal. Já para a escola
positivista, o delinquente era visto como um ser atávico, consequências de
suas anomalias patológicas, que de modo geral, já nascia criminoso.
Para a escola clássica, o criminoso era considerado uma pessoa normal,
dotada de livre-arbítrio. Para a escola positivista, o delinquente é um selvagem,
um doente, que já nasce criminoso.

3. O que significa livre-arbítrio? Faz parte de alguma escola?


Livre-arbítrio é poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações. A escola
clássica defendia que o criminoso era um ser dotado de livre-arbítrio.

4. O que é controle social? Como se divide?


O controle social é um dos objetos da criminologia. Toda convivência mínima
em sociedade precisa de mecanismos e de instrumentos que assegurem a
harmonia de seus membros. A sociedade possui dois sistemas de controle:
informal (são grupos de pessoas capazes de impactar a criminalidade de forma
negativa ou positiva, sem vínculo com o Estado, como a família, a escola, a
igreja, a profissão, o circulo de amizades, a opinião pública) e controle formal
que são grupos ou pessoas capazes de impactarem a criminalidade com
vínculo estatal, como a polícia, o poder judiciário, o MP, a Adm. Pública, o
sistema de justiça ou justiça criminal.

5. Por que após a segunda guerra mundial a vítima voltou a ter um


papel importante?
A partir do Séc. XX, especialmente com o fim da Segunda Guerra Mundial,
devido ao enorme sofrimento dos judeus e de outros grupos vulneráveis, houve
o redescobrimento da vítima, que passou a receber importante atenção, sob
uma ótica humanitária por parte do Estado.

6. Lombroso era de qual escola?


Escola Positivista. O criminoso nato, predestinado ao crime, possui forte
componente atávico que o direciona para a delinquência. Produto da não-
evolução.

7. É correto afirmar que a criminologia é uma ciência normativa?


Não. A criminologia não é ciência normativa. Ela é uma ciência empírica,
indutiva e interdisciplinar.

8. A criminologia é empírica? O que é empírica.


Sim. Empirismo é o conhecimento obtido pelos sentidos humanos. Uma ciência
empírica se baseia na experiência, na observação de um fenômeno. É a
observação da realidade para tentar diagnosticar as causas do crime.

9. Qual é a diferença do método e do objeto da criminologia.


Os métodos são os meios utilizados pela criminologia para o estudo de seus
objetos. Os métodos utilizados pela criminologia são: empirismo, indutivo,
interdisciplinar, biológico e sociológico. Os objetos da criminologia são: o delito,
o delinquente, a vítima e o controle social.

10. Qual a finalidade da criminologia?


Compreender e prevenir o delito, intervir na pessoa do delinquente e valorar os
diferentes modelos de respostas à criminalidade.

Teorias Sociológicas
1. Cite duas teorias do consenso.
Anomia, Escola de Chicago, Subcultura Delinquente, Aprendizado (Associação
Diferencial; Identificação Diferencial e Neutralização), Controle (Enraizamento
Social, Conformidade Diferencial e Contenção).

2. Quando surgiu a T. da Anomia e o que ela defende?


Fim do séc. XIX, na França. É a ausência ou a desintegração de normas
sociais, produzindo uma situação de transgressão ou de pouca coesão.
Anomia se configura quando o crime abala o desenvolvimento da estrutura
social.

3. Quando surgiu a E. de Chicago?


Em 1920, nos EUA. É também conhecida como Teoria Ecológica Criminal ou T.
da Desorganização Social, voltou sua atenção para os estudos dos meios
urbanos. O crescimento dos centros urbanos contribuía com o crescimento da
criminalidade.

4. O que é a teoria ecológica?


Uma das principais teorias da E. de Chicago, explica o efeito criminógeno da
grande cidade, valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio
inerentes aos modernos núcleos urbanos.

5. O que é a teoria espacial?


Uma das principais teorias da E. de Chicago, trata da reestruturação
arquitetônica e urbanística das grandes cidades como medida preventiva da
criminalidade.

6. O que pregava a Teoria Subcultura Delinquente?


1950, EUA. Pressupõe uma cultura inferior a outra. Essa teoria vincula o
aumento da criminalidade com o crescimento da população menos favorecida,
sem acesso a mecanismos ou cultura de qualidade.
A subcultura delinquente fornece outros critérios de status que são possíveis
de serem alcançados, sem acesso a mecanismos ou cultura de qualidade.

7. Quais são as características da subcultura delinquente?


Não utilitarismo, malícia, negativismo, versatilidade, hedonismo de curto prazo
e autonomia do grupo.

8. Qual é a crítica sobre a T. da Subcultura delinquente?


Recai sobre a sua incapacidade de explicar a criminalidade como um todo, de
forma genérica, restringindo-se as manifestações da delinquência juvenil e em
classes menos favorecidas.

9. O que é a Teoria do Aprendizado?


Uma teoria do consenso, que se subdivide: Teoria da Associação Diferencial;
Teoria da Identificação Social e Teoria da Neutralização.

10. Explique a Teoria da Associação Diferencial.


Cunhada por Edwin Sutherland, surgiu em 1930, é uma teoria do consenso e
faz parte da Teoria do Aprendizado. A conduta criminosa é aprendida, como
qualquer outra atividade. O aprendizado se produz por interação com outras
pessoas. Processo de comunicação.

11. Quando surgiu a Teoria da Identificação Social?


Em 1956, nos EUA, por Daniel Glaser. Defendia que o crime é questão de
aprendizado, mas não é necessário a interação direta. O indivíduo se identifica
com pessoas, grupos, pautas, condutas, para as quais o delito é aceitável.
Identificação com criminosos, independentemente do convívio.

12. Explique a Teoria da Neutralização.


Cunhada por David Matza e Gresham Sykes, em 1957, nos EUA. Analisaram a
delinquência infanto-juvenil e notaram a utilização de técnicas para neutralizar
seus atos, buscando justificar a conduta criminosa.
Negação da própria responsabilidade, negação da lesão praticada, negação da
vítima, condenação dos condenadores e apelo à lealdade.

13. Quais são as Teorias do Controle?


Teoria do Enraizamento Social, Teoria da Conformidade Diferencial e Teoria da
Contenção.

14. O que é a Teoria do Enraizamento Social?


Cravis Hirsc, Michael Gottfredson, em 1990, nos EUA.
Substituíram a pergunta “por que alguns cometem crimes?” pela “por que nem
todos cometem crimes?”.
Todo indivíduo é um infrator potencial, ocorre que algumas pessoas adquirem,
em função da socialização familiar, autocontrole.
A delinquência depende de enraizamento.
Os freios aos impulsos vêm do apego, do comprometimento, do envolvimento e
das crenças.

15. O que é a Teoria da Conformidade Diferencial?


Scott Briar, 1965. A criminalidade juvenil não é determinada por motivos
duradouros. Existe um grau variável de compromisso que se estende desde o
mero medo de castigo até a representação das consequências do delito. Uma
pessoa com elevado grau de compromisso ou conformidade com os valores
convencionais é menos provável que assuma comportamentos delitivos, em
comparação com outra de inferior nível de conformidade.

16. Explique a Teoria da Contenção.


Impulsos e pressões direcionam o indivíduo ao desvio, mas dispositivos de
contenção atuam para isolar esses fatores. Quando os mecanismos de
contenção falham ou são inexistentes, o comportamento criminal ganha
espaço.

17. Quais são os postulados das teorias do conflito?


As sociedades são sujeitas a mudanças contínuas; sendo ubíquas, de modo
que todo elemento coopera para sua solução; haverá sempre uma luta de
classes ou de ideologias a informar a sociedade moderna.

Teoria do Consenso
1. O que é a teoria da Anomia?
A teoria da anomia é uma das teorias do consenso. Também chamada de
Teoria Estrutural – Funcionalista, aborda a ausência ou a desintegração de
normas sociais, o que produz uma situação de transgressão ou de pouca
coesão. A anomia se configura quando o crime abala o desenvolvimento da
estrutura social. Existem objetivos (metas, propósitos) e os meios institucionais
para que esses objetivos sejam alcançados. Há 05 modos de adaptação:
Conformidade  aceita os objetivos e os meios;
Inovação  quer os objetivos, as metas, mas não aceita os meios
institucionalizados;
Ritualismo  não quer as metas, mas aceita os meios institucionalizados;
Retração  não quer as metas e não aceita os meios;
Rebelião  quer metas e meios, mas outros.

2. O que é a teoria ecológica criminal?


Também conhecida como Teoria da Desorganização Social, a Escola de
Chicago é teoria do consenso, voltou sua atenção para os estudos dos meios
urbanos. O crescimento dos centros urbanos contribuía com o crescimento da
criminalidade, devido o enfraquecimento do controle social informal.

3. Qual teoria diz respeito ao crescimento desordenado?


A escola de Chicago (teoria do consenso). Com o crescimento dos centros
urbanos, há o enfraquecimento do controle social informal, aumentando a
criminalidade.

4. A Escola de Chicago é uma teoria?


Sim, do consenso.

5. Qual teoria explicava o crime de colarinho branco?


A teoria da associação diferencial, cunhada por Sutherland, referindo-se ao
crime cometido no âmbito da profissão por pessoa de respeitabilidade e
elevado status social.

6. Quais são os postulados da associação diferencial?


A associação diferencial postula que o comportamento criminal é aprendido em
interação com outras pessoas em um processo de comunicação; a parte
principal da aprendizagem do comportamento ocorre dentro de grupos
pessoais íntimos; uma pessoa se torna delinquente devido ao excesso de
definições favoráveis à violação da lei sobre definições desfavoráveis acercado
respeito da lei.

7. Qual a diferença da teoria do consenso e da teoria do conflito?


A T. do Consenso é uma teoria conservadora, de cunho funcionalista, que
defende que a convivência harmoniosa é alcançada quando suas instituições
funcionam perfeitamente quando as pessoas buscam objetivos comuns e
aceitam respeitar as normas vigentes. A T. do Conflito defende que a ordem e
coesão sociais são impositivas, caracterizando meios de coerção e dominação
de uns e sujeição e opressão de outros. Isso se dá porque as pessoas não
compartilham interesses comuns e o controle social se presta a assegurar a
prevalência de uns sobre os demais. É uma teoria progressista, de cunho
argumentativo.

8. O que é a teoria das Janelas Quebradas?


Toda vez que você mostra para a sociedade que não há intolerância com
infrações pequenas você vai estimular infrações grandes. É a famosa cultura
da impunidade. A ausência do Estado em reprimir determinados crimes vai
estimular o criminoso a praticar crimes maiores. A sensação de impunidade, de
ausência do Estado vai estimular o delito.

9. Relacione o movimento da Lei e da Ordem a alguma teoria


criminológica.
A teoria das janelas quebradas está vinculada ao movimento de lei e ordem na
medida em que ambos postulam que o menor dos crimes quando não coibido,
acaba por estimular o maior dos crimes, propiciando a criminalidade. O
movimento Lei e Ordem apresenta a ideia de Direito Penal Máximo, segundo a
qual deve haver um aumento da criação das normas incriminadoras e a
intensificação do rigor das penas, como meio de combater eficientemente a
criminalidade. Chegando à conclusão de que a tolerância de pequenas
infrações pode ensejar a prática de crimes cada vez mais graves, diante da
certeza da impunidade e da recompensa percebida pela criminalidade, o que
influenciou, posteriormente, a criação da política da tolerância zero.

10. Fale sobre a teoria da tolerância zero.


É uma espécie de teoria criminológica oriunda da Escola de Chicago, um
desdobramento da teoria das janelas quebradas e consiste na ação policial
discricionária e intransigente com delitos menores de modo a reprimi-los e
penalizá-los com severidade, coibindo, assim, a prática de crimes mais graves.
Reprimir todo e qualquer ato criminoso.

Teorias do Conflito
1. Quais são as teorias do conflito?
Teoria do Labelling Approach e a Teoria Crítica (radical).

2. Explique o que é a teoria do labelling approach.


Também conhecida como teoria da rotulação / etiquetamento / interacionismo
simbólico e reação social, tem como autores: Erving Goffman, Edwin Lemert e
Howard Becker.
É uma teoria do conflito, enxerga o sistema de justiça criminal como um
instrumento nas mãos da elite dominante, que por sua vez, utiliza o esse
sistema para subjugar os menos favorecidos. A pena é geradora de
desigualdades. Tal teoria sustenta que a criminalização primária produz a
“etiqueta” ou o “rótulo” (folha de antecedentes criminais, divulgação em jornais
sensacionalistas) que por sua vez, produz a criminalização secundária
(reincidência).

3. Explique a teoria crítica ou radical.


Autodeterminada como Nova Criminologia ou Criminologia Moderna, tem suas
bases alicerçadas no marxismo, enxergando o crime como fenômeno
proveniente do sistema capitalista. Origem no início do século XX, com o
trabalho do holandês Willam Bonger. Entende ser o capitalismo a base da
criminalidade, na medida em que promove o egoísmo, que por sua vez, levaria
as pessoas a delinquirem. Nega o livre-arbítrio do criminoso, pois o enxerga
como uma vítima do capitalismo que está numa máquina de produção,
sendo predestinado à delinquência.

4. A teoria do Labelling Approach causou algum impacto no BR?


Devida a ideia de que o cárcere é prejudicial, inspirou no BR a Lei dos Juizados
Especiais Criminais, com a criação de institutos que evitam o cárcere, como a
composição civil dos danos, a transação penal e a suspensão condicional do
processo.

5. O que é a teoria Abolicionista?


Inspirada pela teoria crítica ou radical, é a liberdade individual máxima.
Defende a abolição do Direito Penal, excluindo, consequentemente, a prisão
juntamente com todo o sistema de justiça criminal. Parte da ideia de que o DP
não soluciona conflitos, mas cria novos crimes por meio de processos de
estigmatizações seletivas.
Para essa teoria, a solução viria de instrumentos informais, como o diálogo,
tratamento médico ou psicológico, solidariedade, ou de outras instâncias de
controle menos repressivas como o Direito Civil e o Direito Administrativo.

6. O que é a teoria minimalista?


Inspirada pela teoria crítica ou radical, ideia de direito penal mínimo.
É uma espécie de “abolicionismo moderado”, apregoando que o DP deve
subsistir de forma mínima, sendo aplicado apenas sobre casos extremamente
graves. A pena privativa de liberdade, por exemplo, seria medida
excepcionalíssima, sendo que o Estado deveria aplicar medidas alternativas de
repressão, como o pagamento em cestas básicas, prestação de serviço à
comunidade etc.

7. O que é a teoria neorrealista de esquerda?


Essa teoria foi inspirada pela teoria crítica ou radical, e apesar das influências
marxistas, defende um Direito Penal rigoroso e maximalista.
Não enxerga somente a pobreza como fator determinante para a prática de
crimes, mas a competitividade, ganância, individualismo. Com isso, defende
um DP máximo, devendo ser afastada a discricionariedade do P. Judiciário na
aplicação da lei penal, limitando-se a aplicar a legislação de forma fria e
objetiva, sem margens de interpretações ou juízos de valor.

8. O que é a criminologia cultural e mídia?


Vertente da criminologia crítica, entende ser necessário analisar cada contexto
social para chegar às causas a criminalidade.
Para a criminologia cultural, tanto o crime quanto os mecanismos de controle
social são frutos da cultura de cada região, apenas entendendo as bases
culturais da sociedade será possível traçar um diagnóstico sobre o crime.
Nesse sentido, a teoria cultural contemporânea passa a analisar o grande
papel da mídia na criminalidade. Por meio de novelas, filmes, dentre outros
produtos, a mídia é capaz de interferir diretamente na criação e modificação de
pensamentos em grande escala, alcançando um número indeterminado de
pessoas em fração de segundos.

9. Explique o que é a Teoria Queer.


Surgiu no final dos anos 80, por meio de ativistas e movimentos cujas pautas
são “identidade de gênero e heronormatividade”. Visa analisar os crimes
praticados com cunho homofóbico. Essa teoria acusa o sistema criminal,
gerado pelo capitalismo, defendendo que o sistema, além dos estigmas
gerados, é também homofóbico.

10. Segundo a Teoria Queer, quais são as violências heterosexistas?


Violência simbólica – que parte de questões culturais homofóbicas de
menosprezo e inferiorização sobre homossexuais.
Violência das instituições – que é a homofobia praticada pelo próprio Estado,
criminalizando ou rotulando como patológicas as identidades homossexuais.
Violência interpessoal – que consiste na violência individual propriamente dita
de cunho homofóbico, como agressões e insultos contra homossexuais.

11. O que é a Teoria Feminista?


Vem da teoria crítica, ideia do capitalista que impõe valores sociais que serão
dominantes. Para essa teoria, os valores impostos pelo capitalismo são
machistas, viabilizando violência contra as mulheres, em várias camadas da
sociedade, desde a camada trabalhista – os melhores cargos sendo destinados
aos homens, fazendo-os acreditar que podem subjugar as mulheres.
Parte do pressuposto de que a sociedade é machista e impõe papéis opostos
entre homens e mulheres.
Sustentam que, além da objetificação da mulher – tornando-a vulnerável em
contextos privados a exemplo do próprio lar – há uma espécie de sexismo
institucionalizado, desde a criação das leis, gerando desigualdades entre
homens e mulheres.
12. O que é a Teoria do Mimetismo?
Criada por René Girard, a violência tem como uma de suas principais raízes –
embora não a única – o processo de imitação, que torna todo desejo ou paixão
algo que provem do “outro” de forma eminentemente social. O meu desejo e
paixão passa a ser construído do que os outros também gostam, ex.: sujeitos
que idealizam, inspiram-se e passam a imitar criminoso. Se eu enxergo o
criminoso como um ídolo, vou tentar imitá-lo.

13. O que é a Teoria da Bomba Relógio?


É basicamente uma teoria que possibilita exceções quanto a aplicação da
tortura pelo próprio Estado. Não existe exceção no BR que admita tortura.
Inspirada pelo romance publicado por Jean Larteguy (Les centurions) em 1960,
busca demonstrar que há hipóteses em que a aplicação da tortura seria
admitida – flexibilização de direitos e garantias fundamentais de suspeitos – em
caso de terrorismo.

14. Quais seriam os requisitos a serem preenchidos para a aplicação


da teoria da bomba relógio?
Casos específicos, ataque iminente, potencialidade do ataque, envolvimento
direto, utilitarismo, ausência de opções, subsidiariedade, motivação específica,
excepcionalidade.

Etapas da Criminologia e Escolas Criminológicas

1. Quais foram as pseudociências?


Desprovidas de qualquer cunho científico, buscavam explicar o fenômeno
criminológico por meio de crenças religiosas ou por meio de diversas deduções
baseadas na aparência física ou malformação do crânio e desenvolvimento
insuficiente da mente.
frenologia: é o estudo da mente (má formação craniana, ali está localizado a
criminalidade); demonologia: o problema da criminalidade são os demônios
possuindo as pessoas; e fisionomia: o crime está ligado a aparência, quanto
mais feio, mais propenso a delinquir.

2. Quando surgiu a criminologia no BR?


Século XIX, João Vieira de Araújo é considerado pela doutrina o respnsável por
trazer as ideias de Lombroso para o BR, todavia o nome mais destacado é de
Raimundo Nina Rodrigues, que foi fundador da Antropologia Criminal no BR.
Nina defendia a existência de diferenças intelectuais e cognitivas entre raças,
aduzindo que negros, mestiços brasileiros e índios formavam um bloco de
seres inferiores mental e fisicamente.

3. O que é a Escola Clássica?


Escola Clássica/Retribucionista. Início do século XVIII. Influenciada pelo
Iluminismo, contrapôs-se ao regime absolutista que vigorava a época.
Centralizou os estudos sobre o crime por meio de método dedutivo (ou lógico
abstrato).
Parte de duas premissas:
Jusnaturalismo: direitos que decorrem da natureza humana, que independem
de reconhecimento do Estado;
Contratualismo: Jean-Jacques Rousseaou, ideia de que o Estado tem origem a
partir de um grande pacto firmado entre os cidadãos.

Principais nomes que defendiam a EC: Cesare Bonesana (Marquês de


Beccaria – obra: Dos Delitos e Das Penas, de 1764), Francesco Carrara,
Giovanni Carmignani.

Pena retributiva com base na culpa moral do indivíduo, visando a restauração


da ordem social.
Crime é ente jurídico. Método é lógico dedutivo. Base da punição penal é o
livre-arbítrio.

4. Explique o que foi a Escola Positivista.


Século XIX, no continente Europeu. Principais expoentes: Cesare Lombroso (O
Homem Deliqnuente - 1876), Enrico Ferri (Sociologia Criminal - 1914) e
Rafaelle Garofalo (Criminologia - 1885). Método empírico e indutivo. O crime é
visto como um fato natural, decorrente da vida em sociedade. Defendiam o
determinismo, e com isso, enxergavam o criminoso como um ser anormal,
desprovido de livre-arbítrio, sob os prismas biológico e psicológico. Pena tem
função preventiva, sendo instrumento de defesa social.
Nessa fase a criminologia começou a ser considerada como ciência.
Lombroso foi o responsável por estruturar e organizar diversos estudos
criminológicos.

Criminoso nato. O delinquente já nascia delinquente diante de algumas


malformações diagnosticáveis por meio de exames externos.
p/ Lombroso, o criminoso tinha fronte fugida, crânio assimétrico, cara larga e
chata, grandes maçãs no rosto, lábios finos, canhotismo, barba rala, olhar
errante ou duro.

Pena como instrumento de defesa social. Crime como fenômeno natural e


social. Método indutivo experimental. Base da punição penal é o determinismo.

A Escola Positivista passou por três grandes fases: antropológica, com os


estudos de Cesare Lombroso, Sociológica, com os trabalhos de Enrico Ferri e
Jurídica com Rafaelle Garofalo.
5. Do que trata a Teoria das Leis Térmicas?
Cunhada por Adolphe Quetelet (1835), que pesquisava dados estatísticos. Que
as estações climáticas eram fatores determinantes para a prática de
determinados crimes.
Inverno: crimes patrimoniais; verão: crimes contra a pessoa; primavera: crimes
contra a dignidade sexual; no outono não se detectou categoria específica.

Sobre as Escolas Ecléticas...


6. Explique a Escola de Lyon.
Também chamada de Escola Antropossocial ou Criminologia-sociológica, tem
força por meio dos estudos de seu maior expoente, Alexandre Lacassagne,
influenciado pela Escola do químico Pasteur.
O delinquente já apresenta predisposição ao crime (patologia, estado mórbido),
mas se torna criminoso por influência da sociedade, sendo transformado em
criminoso após o contato e convívio com o ambiente propício.

7. O que pregava a Terza Scuola Italiana?


A Terceira Escola Italiana, originada no século XX tentou conciliar os
ensinamentos das extremadas Escolas Clássicas e Positivistas. Um de seus
expoentes foi Bernadino Alimena. Como fundamento da pena, apresenta a
responsabilidade moral do criminoso (livre-arbítrio, dos Clássicos) baseada no
determinismo (dos Positivistas).

8. A Escola Correcionalista defendia o que?


O correcionalismo defendia o desenvolvimento da piedade e do altruísmo na
aplicação do DP. Enxergava o delinquente como um ser portador de patologia
de desvio social; pena deveria ser um remédio social. (Cárlos Davis Augusto
Röder, 1839/Alemanha; mas foi mais aceita na Espanha, com a tradução da
obra por Francisco Giner de los Ríos).
O criminoso era um ser inferior.

9. Explique o movimento Lei e Ordem.


Liderada pelo alemão Ralf Dahrendorf (1929-2002), apresentava a ideia de
Direito Penal Máximo, segundo a qual deve haver um aumento da criação das
normas incriminadoras e a intensificação do rigor das penas, como meio de
combater eficientemente a criminalidade. A tolerância de pequenas infrações
pode ensejar a prática de crimes cada vez mais graves, diante da certeza da
impunidade e da recompensa percebida pela criminalidade. Esse movimento
teve enorme aceitação nos EUA (em especial, na década de 7)e influenciou a
criação da Política de Tolerância Zero (posteriormente na Teoria das Janelas
Quebradas). No BR influenciou a criação da Lei dos Crimes Hediondos, que
visa ofertar tratamento mais rigoroso aos chamados crimes mais graves.

10. Quando surgiu a criminologia?


Não há um consenso quanto à origem da Criminologia, mas é possível apontar
marcos históricos relacionados ao estudo da Criminologia:
Termo Criminologia: foi utilizado pela primeira vez pelo antropólogo francês,
Paul Topinard, em 1879, mas o termo só foi difundido internacionalmente por
meio da publicação da obra Criminologia, de 1885, por Rafaelle Garofalo.
Marco científico da Criminologia: para maioria, surgiu a partir dos estudos de
Cesare Lombroso; para alguns, surgiu antes, com os estudos estatísticos de
Adolphe Quetelet.
Criminologia como estudo de fenômenos sociais: para os adeptos de uma
criminologia resumida nos estudos de fenômenos sociais, sua origem se dá
com os trabalhos de Adolphe Quetelet.
Criminologia abrangendo a política criminal: para os que entendem que a
Criminologia absorve a política criminal, sua origem ocorre com Cesare
Bonesana (Marquês de Beccaria).
Criminologia no BR: teve origem com os estudos de João Vieira de Araújo, no
final do Séc. XIX, ganhando relevância posteriormente com os estudos de
Raimundo Nina Rodrigues.

Vitimologia

1. Quais foram as etapas evolutivas do papel da vítima?


Vingança privada – denominado protagonismo da vítima ou idade de ouro,
marcada pela Lei de Talião, de conotação puramente individualista em que a
própria vítima ostentava o direito de punir (direito de autotutela).
Vingança pública – com o surgimento do Estado, em especial na Justiça
Criminal, o poder de punir foi deslocado da vítima para o Estado. A vítima
passou a ser renegada. Esse período também é conhecido por neutralização
ou neutralização do poder da vítima.
Período humanista – a partir do século XX com o fim da Segunda Guerra
Mundial (com o enorme sofrimento dos judeus e de outros grupos vulneráveis),
a vítima passou a receber importante atenção, sob uma ótica humanitária por
parte do Estado. Esse período é também chamado de redescobrimento da
vítima ou revalorização do papel da vítima.
Marcos deste período: criação das Nações Unidas (1945); advento da DUDH
(1948).

2. Quando surgiu a vitimologia?


Logo após a Segunda Guerra Mundial, os estudos sobre a vítima ganharam
contornos relevantes no estudo da criminalidade. A origem da vitimologia é
atribuída a Benjamim Mendelsohn1, considerado o pai da Vitimologia.
1
Advogado em Jerusalém, proferiu a famosa conferência na Universidade de Bucareste (1947) “Um
Horizonte novo na ciência biopsicossocial: a vitimologia”, e, publicou a obra “La Victimologie, Science
Actuaelle” (1957).
Atenção: os trabalhos de Hans Von Henting também causaram enorme
impacto para a vitimologia, em especial com a publicação do livro The Criminal
na his Victim (1948), nos Estados Unidos.

3. O que é vitimologia?
Estudo científico responsável por diagnosticar a natureza, extensão e causas
da vitimização em um conflito criminal.
Vitimologia se ocupa em analisar: o papel da vítima no episódio criminoso;
como (modo) a vítima participa do crime; qual a contribuição da vítima para a
ocorrência do crime (se houver); quais os dados suportados pela vítima
(patrimonial, psicológico, moral).
Conceito de Mendelsohn: vitimologia é a ciência que se ocupa da vítima e da
vitimização, cujo objeto é a existência de menos vítimas na sociedade, quando
esta tiver real interesse nisso.

4. O que é vitimodgmática?
Estudo da contribuição da vítima para a caracterização do delito, servindo
como dosimetria da pena.

5. O que é o processo de vitimização?


São as etapas em que a vítima de uma infração penal sofre direta e
indiretamente do evento delituoso, alcançando, inclusive, o sofrimento de
terceiros vinculados à vítima.

6. O que é a vitimização direta? E a indireta?


Vitimização direta consiste no sofrimento suportado pela vítima diretamente
atingida por uma conduta criminosa/ilegal ou de seus desdobramentos. É
gênero, e tem como espécies: primária, secundária e terciária.
Vitimização indireta recai sobre as demais pessoas relacionadas por meio de
algum vínculo de afeto com a vítima do crime.

7. O que é a vitimização primária?


Decorre de um delito violador de direitos da vítima, podendo causar danos de
ordem patrimonial, psicológico, físico, moral etc. Trata-se do momento/etapa
em que a vítima sofre diretamente os impactos da conduta do delinquente.
Ex.: mulher que é vítima do estupro.

8. O que é vitimização secundária?


Também conhecida como sobrevitimização e revitimização 2, decorre do
Sistema Criminal de Justiça, tratando-se do constrangimento suportado pela
vítima diante dos procedimentos regulares (ou irregulares) das instâncias
formais de controle social (polícias, MP, PJ etc.).

2
Esse termo trazido por meio da Lei nº 13.505/2017, inserida na LMP.
9. O que é vitimização terciária?
Decorre da omissão, de toda falta de amparo ou humilhação por parte de
órgãos estatais e até de pessoas e grupos próximos da vítima, como a família,
amigos, colegas de trabalho. É a falta de amparo ou insinuações descabidas
contra a vítima.

10. O que é a vitimização quaternária?


Decorre do medo e da insegurança psicológica que alguém pode ter de se
tornar vítima de crime. Mais do que um mero temor individual, destaca-se por
conta do medo generalizado na sociedade diante dos alardes – especialmente
midiáticos – da ocorrência desenfreada de crimes.
Pode ocorrer de duas formas: pessoa que já foi vítima de crime é ou é próxima
de alguma vítima, e por conta do episódio traumática passa a apresentar
sentimento de insegurança, medo ou temor de se tornar vítima; insegurança
gerada em parte da sociedade diante de notícias da mídia.

11. O que é a heterovitimização?


Consiste no sentimento de culpa, de autorrecriminação, suportado pela vítima
de um crime, por acreditar que com algum comportamento acabou por dar
causa a ocorrência do crime.

12. O que é a vitimização difusa?


Espécie comum em crimes que não apresentam vítimas certas e determinadas.
Crimes que destacam entes coletivos como sujeitos passivos. Ex.: Crimes
ambientais, prática de propaganda enganosa, crime de prevaricação.

13. Fale sobre a tendência de “criminalização da vítima”.


Trata-se de verdadeiro e vexatório artifício utilizado pelo acusado durante o
processo penal, visando sugerir a ideia de que a vítima teria contribuído ou
seria a responsável pelo crime.

14. Como Benjamin Mendelsohn classificava as vítimas?


Vítima ideal/complemente inocente; vítima menos culpada do que o
delinquente/vítima por ignorância; vítima tão culpada quanto o delinquente;
vítima mais culpada que o delinquente/vítima provocadora; vítima como única
culpada;pseudovítima3.
Toda essa classificação era separada em três grandes grupos:
Vítima inocente: aquela que não concorre de nenhuma forma para o crime;
Vítima provocadora: aquela que provoca o crime, seja voluntariamente, seja
negligentemente ou imprudentemente;
Vítima agressora: é a vítima simuladora, pseudovítima, imaginária ou suposta
vítima, em casos de vítima como única culpada.

3
Simuladora, agressora, imaginária.
15. Quem é a vítima ideal?
É a vítima sem nenhuma participação no evento criminoso. Ex.: Vítima de bala
perdida.

16. Quem é a vítima mais culpada do que o delinquente?


Também chamada de vítima por ignorância, são pessoas vitimadas que
praticaram algum comportamento negligente (sem qualquer intenção em se
expor ao criminoso, mas com descuido) de modo a estimular, ainda que
indiretamente, o crime. Ex.: Vítima que expõe objetos de valor; vítimas que
frequentam lugares sabidamente perigosos.

17. Quem é a vítima tão culpada quanto o delinquente?


A participação da vítima é imprescindível para o crime. Atos bilaterais
criminalmente. Ex.: A vítima de estelionato. É preciso, para a consumação
deste crime, que a vítima enganada entregue o bem ao criminoso.

18. Quem é a vítima mais culpada que o delinquente?


Também chamada de vítima provocadora, é aquela que fomenta, provoca ou
incentiva a prática do crime. O melhor exemplo recai sobre o homicídio
privilegiado, em que o criminoso pratica o delito sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida injusta provocação da vítima – por expressa previsão
leal, estaremos diante de uma causa de diminuição de pena.

19. Fale sobre a vítima como única culpada.


Hipótese de culpa exclusiva da vítima, portanto, não há crime, daí vem a
expressão de pseudovítima. Ex.: vítima por culpa exclusivamente própria
(suicídio); vítima de uma justa agressão.

20. Como Hans von Henting classificava as vítimas?


Criminoso-vítima: compreendendo, por sua vez, três grupos distintos de
criminosos-vítimas, pois levava em consideração o criminoso como vítima, seja
do sistema, seja da sociedade.
Vítima: compreendendo dois grupos de vítimas não criminosas.

21. Como eram classificadas as vítimas do grupo de Criminosos


Vítimas de Hans von Henting?
Indivíduo sucessivamente criminoso-vítima-criminoso: delinquente que,
diante da hostilização que pode vir a sofrer no cárcere, somado com a repulsa
e rejeição que sofre da sociedade, volta a delinquir.
Indivíduo simultaneamente criminoso-vítima-criminoso: compreende o
indivíduo que é vítima, e ao mesmo tempo, criminoso. Ex.: Usuário de drogas
que acaba por assumir o papel de traficante.
Criminoso-vítima imprevisível: de forma imprevisível, sujeito passa de vítima
para criminoso. Ex.: Marido que é hostilizado no trabalho e ao chegar em casa
– com raiva – bate em sua esposa.

22. Quais são os grupos de vítimas não criminosas classificadas por


Hans von Henting?
Vítima resistente: que se vale de legítima defesa, ou seja, vítima reativa, com
postura ativa no sentido de não se conformar com a agressão de seu algoz.
Vítima coadjuvante ou cooperadora: concorre para a produção do resultado,
seja devida sua imprudência, negligência ou imperícia, seja por ter agido com
má-fé.

23. O que é a Teoria da Periculosidade Vitimal?


Sugere pessoas que são predispostas à condição de vítima, diante de
alguns fatores: pessoas briguentas; pessoas que provocam outras entendidas
como passivas acreditando que não haverá reações; pessoas descuidadas
com os próprios pertences, ostentando objetos de valor cem locais
sabidamente perigosos. Segundo essa teoria, a vítima é responsável por
desencadear o crime, fundindo sua conduta com a conduta do criminoso.

24. Quem são as Vítimas Latentes?


(Potencial de receptividade vitimal). Ideia da existência de vítimas potenciais
surge por meio de alguns resultados estatísticos que apontam que há certos
grupos de indivíduos em situação de fragilidade, por características pessoais,
de profissão ou de personalidade, propensas a se tornarem vítimas de crimes.
Ex.: Crianças, adolescentes, pessoas marginalizadas, idosos, imigrantes,
indígenas.
Para evitar a prática de crimes contra tais personagens, resultados de
pesquisas sugerem a implementação por parte do Estado de programas de
prevenção vitimaria, de caráter informativo visando conscientizar tais indivíduos
como estímulo a se defenderem ou buscarem ajuda.

25. O que é a Síndrome da Mulher de Potifar?


Estado psicológico carregado de sentimento de vingança e ódio, cuja finalidade
é imputar a alguém falsamente um fato definido como crime, desencadeado por
algum ato de rejeição ou desafeto.

26. O que é a Síndrome de Estocolmo?


Estado psicológico de autopreservação desenvolvido por algumas pessoas
vitimadas em sequestros ou em qualquer outro crime limitador do direito de ir e
vir capaz de gerar um ambiente de extremo estresse, passando a criar até
mesmo laços de afeto e apreço com seu algoz.
Caso real – Estocolmo, Suécia (1973).
27. O que é a Síndrome de Londres?
A vítima passa a desenvolver sentimento de ódio, repulsa, extremo
desconforto, com a presença do criminoso.

28. O que é a Síndrome da Gaiola de Ouro?


Também chamada de Síndrome da Gaiola Dourada. Inspirada na obra escrita
por Clarissa Pínkola “Mulheres que correm com os lobos”.
Trata-se de condição psicológica em que a vítima reclama do relacionamento
que possui com alguém, sabe que tem a possibilidade de rompimento,
mesmo assim decide pela manutenção do estado atual. Funciona como uma
prisão em que a vítima é a carcereira de si mesma. Pode estar ligado ao status
social, opinião pública, questões de vaidade, questões patrimoniais,
comodidade.
A longo prazo, a decisão de romper com o relacionamento vai se tornando
cada vez mais improvável, pois durante o convívio será natural que a vítima
passe a acreditar não possuir condições de buscar sozinha os “benefícios” que
a fazem decidir pela manutenção do relacionamento. Logo, são características
psicológicas e emocionais da vítima a baixo autoestima, medo, insegurança e
preguiça.

29. O que é a Síndrome do Desamparo Aprendido?


Teve origem por meio de estudos de Martin Seligman, nascido em 1942 nos
EUA, um dos mais importantes autores na Psicologia Positiva. Em 1965, na
Universidade da Pensilvânia, realizou testes com cachorros:
Fase 1: grupo 1 – os cães neste grupo foram presos por uma coleira e depois
liberados / grupo 2 – os cães neste grupo recebiam choques, mas tinham a
capacidade de parar o choque ao baixar uma alavanca / grupo 3 – cada cão
neste grupo estava relacionado a um cão no grupo 2. Sofria os choques, mas
nada podia fazer por si mesmo para pará-lo.
Resultado: grupo 1 – os cães continuaram saudáveis / grupo 2 – ficaram mais
espertos / grupo 3 – os cães ficaram depressivos.
Deduziu que esses animais – e até pessoas que vivem em ambientes de
sofrimento intenso e contínuo – chegavam a um estado de depressão por conta
da impotência de reagir.
Conclui que o “desamparo aprendido” é semelhante à depressão em humanos,
ou seja, repetidas punições inevitáveis e sem a possibilidade de resistência
causaria a depressão nas vítimas.
Violência doméstica e familiar: parte da ciência reconhece que a repetição da
violência faz com que a vítima não consiga reagir. Tal síndrome pode explicar o
motivo pelo qual muitas vítimas não procuram as autoridades ao sofrerem
violência.

30. O que é a Síndrome da Mulher Maltratada?


Também chamada de Síndrome da Mulher Espancada, surgiu nos Estados
Unidos e trata-se de condição psicológica traumática sobre a mulher
decorrente do convívio com cônjuge abusador (psicológica, física e
sexualmente).
Chega no ápice, na explosão, no revide da mulher contra seu agressor.
Surgiu por um caso concreto de Jude Norman, que por mais de 20 anos foi
espancada pelo marido e forçada e se prostituir. Chegando ao seu limite,
comprou uma arma e executou o marido enquanto este dormia. Ela foi
condenada.

31. Sendo admitida a aplicação da Síndrome da Mulher Maltratada, qual


seria o fundamento jurídico da absolvição da mulher maltratada?
Inexigibilidade de conduta diversa.
Crime é composto de fato típico, ilicitude e culpabilidade. Tem ilicitude, mas
não há culpabilidade, pois o Estado não poderia exigir um comportamento
diverso do que foi executado.

32. O que é a Síndrome de Lima?


Denominação dada para o estado psicológico em que criminosos (geralmente
sequestradores) desenvolvem sentimentos positivos em relação as suas
vítimas (admiração, simpatia, afeto, cumplicidade etc.).
A origem da denominação da Síndrome de Lima reside em um episódio de
sequestro ocorrido no ano de 1996, na embaixada japonesa, na cidade de
Lima, capital do Peru pelo sequestrador realizado pelo grupo criminoso
Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA).
Na prática e raro acontecer, mas alguns sinais característicos da síndrome
sobre os criminosos são: criminosos evitando machucar as vítimas; gestos que
demonstram amabilidade em relação às vítimas; preocupação com o bem-estar
dos sequestrados; concessão por parte dos criminosos de algumas regalias e
liberdades às vítimas.

33. O que é a Síndrome de Barbie?


A mulher é “coisificada” desde a infância pela sociedade, sofrendo influência de
todos os lados, como da família, amigos, TV, mídia. A ideia é de passar para
essa mulher que ela não é um sujeito de direitos e sim um objeto de direitos.
Ela tem que servir alguém. Desde cedo ela recebe bonecas, panelinhas etc.
Ela é coisificada com um papel específico de cuidar de alguém.
Muitas crianças meninas são influenciadas por meio de brinquedos (bonecas,
cozinhas, panelas, vassouras) e brincadeiras (cuidar de bebês de brinquedo,
brincar de lavar louças) a estarem sempre servindo alguém ou cuidando de
algo, em muitos não desenvolvendo a noção de que possui direitos e
liberdades de escolhas.
34. Qual é o impacto da Síndrome de Barbie no DP, na criminologia, na
vitimologia?
A noção de coisificação da mulher estudada por esta síndrome, na prática pode
funcionar com um verdadeiro obstáculo na apuração de crimes sexuais e
abusos. Por vezes, muitas mulheres que sofrem abusos acabam deixando de
pedir socorro às autoridades por não se sentirem verdadeiras vítimas. Estão
condicionadas a acreditarem que merecem determinadas violências diante do
seu papel de objeto de alguém, o que acaba, por conseguinte, gerando crimes
de cifra negra.
A síndrome de Barbie também visa identificar e combater possíveis práticas
geradoras de vitimização secundária, notadamente nos casos em que
autoridades que deveriam aparar vítimas (delegados, promotores de justiça,
juízes etc.) acabam por humilhá-las ainda mais.

35. O que é a Síndrome de Oslo?


Nesta síndrome, a vítima acredita ser responsável pelos maus tratos que
recebe, às vezes até merecedora dos “castigos” que lhe são impostos.
Geralmente é uma defesa que a vítima desenvolve, ou seja, diante de uma
situação de agressão ou de ameaça severa, sobre a qual o indivíduo sente-se
absolutamente impotente, ele passa a fantasiar, como mecanismo de defesa,
que tem o controle da situação e a depender das suas reações, dos seus
gestos, do seu comportamento, ele poderá controlar o agressor, isto é, a vítima
acredita que se mudar, o agressor também mudará.

36. O que é a Síndrome de Peter Pan?


Marcada por uma pessoa que apresenta resistência ao desenvolvimento de
maturidade. Ou não quer ou por algum transtorno cognitivo não cresce
mentalmente, portanto essa pessoa apresenta características de adolescentes:
egocêntrica (pessoa que se preocupa consigo mesma), narcisista (valoriza
aspectos de si só), imatura.
Essas pessoas muitas vezes podem funcionar como vítimas de crimes, como
vítimas provocadoras, ou tão culpada quanto o delinquente. Não tem bom
senso a respeito das coisas.

37. O que é o Efeito Lúcifer?


O meio que uma pessoa se insere, influencia demais em seu comportamento,
ainda que essa pessoa seja dotada de idoneidade moral.
Surgiu de um experimento do psicólogo Philip Zimbardo, com a intenção de
analisar as consequências psicológicas do ambiente prisional, na Universidade
de Stanford, Estados Unidos, em 1971. Que saiu do controle e desencadeou
diversos estudos de como diversos fatores externos podem favorecer o
comportamento violento de qualquer pessoa. A partir desse experimento, o
poder e a obediência passaram a exemplificar algumas das formas de facilitar
esse tipo de comportamento.
Foram pegos 24 homens sem antecedentes criminais, uso de drogas e
histórico de comportamento violento. Metade fizeram papel de guardas e a
outra metade de prisioneiros. No decorrer do tempo, foi possível notar o
comportamento de cada um mudando drasticamente.

38. O que é a Síndrome de Capgras?


Raro transtorno no qual uma pessoa sofre de uma crença ilusória de que um
conhecido, normalmente um cônjuge ou outro membro familiar próximo, foi
substituído por um impostor idêntico.

39. O que é a Síndrome da Mão Alheia /Mão Alienígena?


Distúrbio que acomete o centro nervoso motor. Nesse caso, é uma síndrome
em que a pessoa não consegue controlar sua mão.

40. O que é a Síndrome de Alice no País das Maravilhas?


Atinge prioritariamente crianças, que apresentam certa quantidade de
neurotransmissores centrais ou receptores desregulados. Essa desregulação
faz com que as crianças detectem por meio de sua visão e audição, percepção
errônea da realidade (tamanho, forma, cores).

41. O que é Síndrome de Jerusalém?


Estado psíquico alterado, com surtos religiosos. Apresenta ideias obsessivas, e
em alguns casos acredita que recebe milagre ou que é algum profeta. Delírios.

42. O que é a Síndrome de Cotard?


Também chamada de delírio de Cotard, síndrome do cadáver ambulante,
delírio niilista ou delírio de negação, é uma rara doença mental em que a
pessoa afetada detém a crença delirante de que ela já está morta, não existe,
está em putrefação ou que perdeu seu sangue ou órgãos internos.

Peguei do YT do canal do Diego Pureza:


43. O que é a Teoria da Graxa sobre Rodas?
Vislumbra um lado positivo nos crimes praticados pelos corruptos, crimes de
colarinho branco, que é justamente o giro da máquina pública. “Pelo menos o
Estado funciona”. Vem da ideia de que o corrupto, apesar de sujar as mãos, faz
a roda girar.

44. O que é a teoria do Vampiro?


Parte da psicologia para explicar algumas das causas de crimes sexuais, como
o estupro, pedofilia. Segundo essa teoria, crianças que já foram vítimas, são
pessoas propensas a se tornarem agressivas no futuro, e praticantes dos
mesmos crimes. Não é determinante, mas há uma tendência de praticar os
mesmos crimes.
Criminologia no Estado Democrático de Direito

1. O que é o Sistema de Prevenção do Delito?


A prevenção criminal consiste no conjunto de ações (públicas ou privadas),
destinadas a impedir a prática de crimes, afetando direta ou indiretamente o
delito, seja por meio de políticas sociais (indiretamente), seja por meio de
políticas criminais (diretamente) responsabilizando o criminoso com sanções
penais adequadas.
Na vigência de um Estado Democrático de Direito, a criminologia e a política
criminal possuem como norte a orientação prevencionista, vez que o interesse
se volta a prevenir o crime e não propriamente em puni-lo.

2. Quais são os sistemas de prevenção do delito?


Prevenção primária, secundária e terciária.

3. O que é a prevenção primária?


A prevenção primária incide sobre as causas do delito, pois sua finalidade é a
concretização de direitos fundamentais a todos. Quanto menor for a
desigualdade social, mais eficiente será a prevenção da criminalidade.

4. Quais são as características da prevenção primária?


Tem como destinatário toda população; os responsáveis pela concretização
são os administradores públicos, como o PR, Governadores e Prefeitos; visa
garantir a concretização de direitos fundamentais; exige o protagonismo do
Estado, com exceção do Sistema Criminal de Justiça; trata-se de instrumento
preventivo de médio a longo prazo.

5. Cite um exemplo de prevenção primária.


Concretização de ensino público de qualidade; garantia de vagas no mercado
de trabalho.
Tais medidas podem reduzir drasticamente que a possibilidade de que o
cidadão seja cooptado pela criminalidade, especialmente por ter alcançado
conhecimento e ter acesso ao mercado de trabalho.

6. Como funciona a prevenção secundária?


É a prevenção mais presente nas ações estatais, especialmente pelas forças
de segurança pública. Incidência na iminência do crime ou em momento logo
posterior. Conduz atenção e forças para o momento e local em que o crime e
praticado. Essa prevenção recai sobre setores sociais que mais podem sofrer
com a criminalidade, e não com o criminoso propriamente dito.

7. Quais são as características da prevenção secundária?


Foco em regiões ou grupos sociais considerados vulneráveis e com maior
probabilidade para a criminalidade; prevenção e combate à criminalidade; visa
prevenir a prática de crimes em sua iminência ou diante de sua prática; exige
protagonismo do Estado, especialmente com enfoque nas forças de segurança
pública e sistema de Justiça Criminal; é instrumento de curto a médio prazo.

8. Cite um exemplo de prevenção secundária.


Circulação de viaturas policiais em bairros considerados perigosos; utilização
de meios de comunicação para informar a população sobre regiões e horários
com forte incidência de crimes violentos.
Relaciona-se com ações policiais, programas de apoio e controle das
comunicações.

9. Como ocorre a prevenção terciária?


Ela se instrumentaliza na fase de execução da pena sobre o condenado.
Ostenta caráter punitivo e ressocializador. Finalidade é evitar a prática de
novos crimes. Trabalha diretamente com mecanismos de DP e Política
Criminal.
Pressupõe o fracasso do Estado, tratando-se de mera prevenção de
reincidências.

10. Quais são as características da prevenção terciária?


Incide sobre os detentos e condenados a penas alternativas; visa evitar a
reincidência, já que pressupõe a condenação definitiva de crime.

11. Diferencia a prevenção primária, secundária e terciária.


Primária – incide sobre as causas do problema (desigualdade social e
concretização de direitos fundamentais); destinatária é toda população;
protagonista é todo aparelho estatal, com exceção da Justiça Penal; é
prevenção de médio a longo prazo.

Secundária – incide sobre setores mais vulneráveis à criminalidade;


protagonista é o Estado, com ênfase em órgãos de segurança pública
(policiamento) e meios de comunicação; prevenção de curto a médio prazo.

Terciária – incide sobre os detentos e condenados a penas alternativas; visa


evitar a reincidência, já que pressupõe a condenação definitiva de crime.

12. Quais são os modelos de reação ao delito? Para que servem?


Os modelos de reação ao delito são: dissuasório, ressocializador e restaurador.
São as formas de reação ao crime, as respostas que podem visar punição,
prevenção ou restauração do conflito.

13. Como funciona o modelo dissuasório?


Também chamado de clássico e de retributivo, é fruto da E. Clássica. Possui
base a punição do delinquente, que deve ser intimidatória e proporcional ao
dano causado. Paga-se o mal causado pelo criminoso, com o mal da punição
estatal (retribuição).

14. Qual é a ideia trazida pelo modelo dissuasório?


Ideia de que com a retribuição a pena passa a ostentar caráter dissuasório,
intimidando psicologicamente os demais membros da sociedade a não
delinquirem.

15. Quem são os protagonistas no modelo dissuasório de reação ao


delito?
Estado e o delinquente.
Esse modelo não busca a ressocialização ou reparação dos danos suportados
pela vítima, limita-se ao caráter punitivo.

** As sanções penais são aplicáveis apenas aos imputáveis e semi-imputáveis.


Os inimputáveis são submetidos a tratamento psiquiátrico.

16. O que é o modelo ressocializador?


Apresenta a pena com caráter utilitário, visando a reinserção social do
condenado (prevenção especial positiva). Afasta o caráter retributivo-castigador
da pena.

17. Acerca dos modelos de reação ao delito, qual modelo é


considerado humanista?
O modelo ressocializador é considerado pela doutrina como o modelo
humanista de reação ao delito, uma vez que visa intervir na pessoa do
delinquente positivamente.

18. O que é modelo restaurador?


Também chamado de integrador, consensual de justiça penal, justiça
negociada, consensual de justiça penal ou de justiça restaurativa.
Visa restabelecer o status quo ante do conflito criminal, por meio de acordo,
assistência à vítima e reparação do dano.
A reparação do dano gera a sua restauração.

19. O que é necessário para falarmos de justiça restaurativa?


Reparação do dano à vítima, assunção da culpa pelo delinquente e presença
de um facilitador.

20. Qual é o alcance da justiça restaurativa?


A doutrina diverge. Para a corrente minoritária, é possível a conciliação e
mediação mesmo para os crimes mais graves e delinquentes
multirreincidentes. Para a segunda corrente, que é a majoritária, o alcance da
justiça restaurativa deve ser aos autores primários e as infrações penais de
menor gravidade.

21. O que são as teorias legitimadoras da pena?


A pena é um instrumento de resposta estatal contra a criminalidade – apesar
de não ser o único -. O que se busca ao penalizar um criminoso dependerá da
teoria adotada. As teorias são: absolutas, relativas e unificadoras.

22. O que é a teoria absoluta?


Também chamada de teoria retributiva, é fruto da E. Clássica 4. Buscam retribuir
o mal causado pelo delinquente com base em sua culpa moral. Parte do
pressuposto de que uma vez que o sujeito utilizou o livre-arbítrio para praticar o
mal, deverá receber também o mal como resposta estatal.
“Pune-se porque pecou”.

23. Explique a Teoria Relativa.


Também conhecida como preventiva ou utilitarista, abandona a ideia de
punição do delinquente e ostenta a finalidade puramente preventiva, por
questões de utilidade social.

** Considerando que os criminosos, mais cedo ou mais tarde, voltarão ao


convívio social, a pena deve funcionar como instrumento de prevenção de
novos delitos, passando um claro recado à sociedade para não cometerem
crimes, bem como para o próprio criminoso, para não reincidir.

A prevenção pode ser geral e especial, sendo que ambas se subdividem-se em


positivas e negativas.

24. O que é a prevenção geral?


Destinada a todos os membros da sociedade. A aplicação da pena sobre o
criminoso deve apresentar dois recados aos cidadãos: não pratiquem crimes; o
Estado está trabalhando pela manutenção da ordem.

25. Qual é a diferença da prevenção geral negativa e da positiva?


A negativa passa o recado para os demais membros da sociedade de não
delinquirem. Ostenta característica intimidatória. Busca desestimular os
cidadãos quanto a prática de crime.
A positiva serve para mostrar que o Estado, em regra, detém o monopólio do
poder de punir, sendo responsável por garantir a segurança e ordem social.
Sendo assim, a pena passa a servir também como o meio de manutenção
dessa ordem. Visa reestabelecer a credibilidade estatal. Já que o Estado

4
Fortemente influenciada pelas filosofias de Kant e Hege.
fracassou em prevenir o crime, deverá reconquistar a confiança do corpo social
ao aplicar a pena sobre o transgressor.

26. O que é a prevenção especial?


Destinada à pessoa delinquente condenada em definitivo. Mesmo servindo
como instrumento de defesa social, deverá ostentar caráter pedagógico sobre o
condenado buscando evitar futuros novos delitos.
Divide-se em negativa e positiva.

27. Qual é a diferença entre a prevenção especial negativa e a positiva?


A negativa passa o recado para o condenado para não reincidir. Visa evitar a
reincidência.
A positiva traz a ideia de ressocialização do condenado, visando torna-lo apto
ao convívio social.

28. O que é a teoria Mista?


Também chamada de eclética, unificadora ou unitária, trata-se da unificação
das duas teorias. Busca, a um só tempo, que a pena seja capaz de retribuir ao
condenado o mal que ele praticou, sem prejuízo de desestimular a prática de
novos ilícitos penais.
Tríplice finalidade: retribuição do mal causado, prevenção e ressocialização.

29. Qual teoria legitimadora da pena foi adotada no ordenamento


brasileiro?
A Teoria Mista, Eclética, Unificadora ou Unitária.
Art. 59 do CP: o juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstancias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecer,
conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

Busca-se a aplicação de pena justa, proporcional ao delito praticado, e, ao


mesmo tempo, o reestabelecimento da ordem social evitando novos crimes
pelos demais cidadãos e evitando a reincidência pelo condenado.

30. O que é a criminalidade real? O que é a criminalidade registrada?


Real – refere-se ao número de crimes efetivamente praticados, registrados ou
não, em tempo e espaço determinados.
Registrada (aparente ou revelada) – limita-se aos delitos que efetivamente
chegam ao conhecimento do Estado.

31. O que são as cifras negras?


Criminalidade oculta. Trata-se da diferença entre a criminalidade real e a
efetivamente registrada. São os crimes que não chegam ao conhecimento das
autoridades públicas.
32. O que são os crimes de cifra dourada?
Representa a criminalidade pela elite e os crimes de ‘colarinho branco’.
Práticas antissociais impunes do poder político e econômico em prejuízo da
coletividade e dos cidadãos.
Parte da doutrina diz que são crimes que não chegam ao conhecimento das
autoridades. Todavia, prevalece que essa espécie se refere a todos os crimes
praticados por membros de elite econômico-financeiras, ex.: Mensalão.

33. O que é a cifra cinza? E a branca?


Cifra cinza é fruto de ocorrências que até são registradas, porém não se chega
ao processo ou ação penal por serem solucionadas na própria Delegacia de
Polícia.
Cifra branca são os crimes efetivamente solucionados, abrangendo todas as
etapas regulares e necessárias da persecução penal. Ideia de solução
definitiva dos casos concretos.

34. O que é cifra amarela?


Crimes de abusos ou violências praticadas por funcionários públicos contra
particulares.
Parte da doutrina diz que são crimes que não chegam ao conhecimento das
autoridades públicas, por medo de represálias.
Mas a doutrina majoritária defende se tratar de crimes de abusos e violências
praticadas por qualquer funcionário público contra particulares, sendo
registrados ou não.

35. O que é cifra verde?


Crimes que não chegam ao conhecimento policial e que a vítima é o meio
ambiente. Ex.: maus tratos aos animais, pichações de paredes.

36. O que são os crimes de cifra azul?


São os crimes praticados pelos mais pobres, pertencentes às classes menos
favorecidas economicamente.
Teve origem a Rev. Industrial, nos EUA, em que os operários utilizavam
macacões com colarinho azul. Trabalhadores que pertenciam às classes
econômicas inferiores.

37. O que é cifra rosa?


Crimes de motivação/conteúdo homofóbico, que não chegam ao conhecimento
das autoridades.

38. O que é a cifra vermelha?


Relacionam-se aos homicídios praticados pelos chamados serial killers
(assassinos em série). Criminosos – geralmente psicopatas – que matam suas
vítimas cujo modus operandi funciona como uma verdadeira assinatura do
criminoso, sempre matando com as mesmas características, armas, modo de
execução, de modo a deixar a própria marca.

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