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José Ricardo Simões Rodrigues

Questões e processos incidentes

Cacoal - RO
Março de 2008
José Ricardo Simões Rodrigues

Questões e processos incidentes

Trabalho apresentado em cumprimento


às exigências da Disciplina de Direito
Processual Penal II do curso de
Bacharelado em Ciências Jurídicas da
Universidade Federal de Rondônia,
Campus de Cacoal, ministrada pelo
Professor Antônio Paulo dos Santos, Esp.

Professor Antônio Paulo dos Santos, Esp.

Universidade Federal de Rondônia


Campus de Cacoal
Departamento de Direito
Curso de Bacharelado em Ciências Jurídicas
Disciplina de Direito Processual Penal II

Cacoal - RO
Março de 2008
Sumário
Questões e processos incidentes.......................................................................3

Bibliografia Consultada.....................................................................................7
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Questões e processos incidentes

1. Qual o seu entendimento sobre questões e processos incidentes?

Processos incidentes, em sentido estrito, dizem respeito ao processo penal


e podem ser resolvidos pelo próprio juiz criminal. Constituem-se em
exceções, incompatibilidade e impedimentos, conflito de jurisdição,
restituição de coisas apreendidas, medidas assecuratórias, incidente de
falsidade e insanidade mental do acusado.

As questões prejudiciais devem ser resolvidas previamente porque se


ligam ao mérito da questão principal, ou seja, há uma dependência lógica
entre as duas questões (Código de Processo Penal -- CPP, artigos 92 a
94).

Desse modo, questão prejudicial é um impedimento, um empecilho ao


desenvolvimento normal e regular do processo penal. É um obstáculo ao
exercício da ação penal. A prejudicial seria o que é decidido antes do
julgamento da questão principal de forma definitiva, no mesmo ou em
outro processo com ela relacionado.

Há questões que devem ser decididas antes da questão principal e que não
são prejudiciais no sentido jurídico. As questões prévias, que influem sobre
a resolução de outras e, por isso, devem ser decididas antes dessas, são:
a) As questões preliminares, que impedem as decisões sobre as questões
subordinadas. b) As questões prejudiciais, que condicionam o conteúdo
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das decisões acerca das questões prejudicadas.

2. O que são: questão prejudicial obrigatória e facultativa?

Obrigatória é a questão que, uma vez presente, obriga a suspensão do


processo até o julgamento da questão incidental. Sempre versa sobre
questão de estado civil das pessoas.

Já facultativa é aquela que não obriga a suspensão do processo principal,


mas há nela controvérsia de difícil solução. Exemplificando: acusado de
crime contra o patrimônio alega ser o legítimo possuidor. São
características da prejudicial facultativa que não estão presentes na
obrigatória: existência de ação civil em andamento; inexistência de
limitação à prova, na lei civil, acerca da questão prejudicial.

3. Quais os requisitos das questões prejudiciais devolutivas absolutas


e relativas?

Questões prejudiciais devolutivas são as que devem ser solucionadas pelos


órgãos jurisdicionais alheios à jurisdição penal, sendo que as absolutas
sempre devem ser solucionadas no juízo cível, enquanto as relativas
podem ser resolvidas no juízo extrapenal (civil, constitucional,
administrativo, processual civil, comercial, etc).

4. Em matéria penal, qual o efeito decorrente da suspensão do


processo criminal em virtude de questão prejudicial?

Se a prejudicial for obrigatória o processo penal ficará suspenso por


tempo indeterminado. Se facultativa, o juiz deverá estabelecer prazo para
suspensão que poderá ser prorrogado a seu critério. Fica, desse modo,
durante a suspensão do processo, suspenso o prazo prescricional.

Apesar da suspensão do processo, o juiz criminal poderá inquirir


testemunhas ou determinar produção de provas que considere urgente.

5. Como se defende o réu no processo?

O réu no processo criminal pode defender-se de dois modos, a saber,


diretamente (negando a existência do fato que lhe foi imputado, afirmando
a ausência de tipicidade, contestando a autoria, alegando a existência de
uma causa excludente de antijuridicidade, da culpabilidade, da
punibilidade, etc.) ou indiretamente, opondo à pretensão do autor um
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direito que pode elidir, extinguir, aniquilar essa pretensão ou prorrogar,


dilatar, retardar , transferir seu exercício.

6. Como se classificam as exceções?

Podemos classificar as exceções quanto aos seus efeitos:

Dilatórias, quando visam procrastinar, prorrogar o curso do processo ou


transferir o seu exercício: suspeição, incompetência, ilegitimidade de
parte;

Peremptórias quando põe fim ao processo: coisa julgada e litispendência.

7. Cabe exceção de suspeição contra autoridades policiais?

A parte não poderá opor suspeição às autoridades policiais nos autos do


inquérito policial, mas estas deverão declarar-se suspeitas quando ocorrer
motivo legal , a teor do art. 107, 2ª parte do CPP.

8. Existe recurso contra o reconhecimento espontâneo de suspeição?

Não, tal decisão é irrecorrível, cabendo à parte apenas apresentar um


pedido de reconsideração.

9. Quais os elementos que identificam a ação impedindo a


litispendência?

Os seguintes elementos identificam a ação, tornando-a única: a) o pedido,


que, na ação penal, em regra, é a aplicação da sanção; b) as partes, o
litigantes;c) a causa de pedir, que é o fato criminoso, ou seja, a razão pela
qual se postula a condenação do réu. Na falta de qualquer desses
elementos, não há que se falar em identidade de demanda, e, portanto,
não haverá litispendência.

10.O que é a ilegitimidade de parte e o que abrange?

A ilegitimidade de parte abrange não só a titularidade do direito de ação


como também a respectiva capacidade para o seu exercício, isto é, aquela
necessária para a prática dos atos no processo.

11.Em que consistem: coisa julgada formal e coisa julgada material?

Coisa julgada é definida como sendo a imutabilidade de uma decisão


judicial, que faz lei entre as partes e não poderá ser alterada. Assim, uma
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vez passada em julgado uma decisão, pelo mesmo fato não será possível
novo processo.

A coisa julgada pode ser: a) formal, que reflete a imutabilidade da


sentença no processo em que foi proferida, tendo um efeito preclusivo,
impedindo nova discussão sobre o fato na mesma ação; b) material,
quando há a imutabilidade da sentença que se projeta para fora do
processo, obrigando qualquer juízo a acatar a decisão anteriormente
proferida.

12.A imutabilidade da sentença condenatória é absoluta? Porque?

Não, pois há várias hipóteses em que se admite a revisão criminal (CPP,


art. 621). Processualmente, nos casos de anistia e unificação de penas,
entre outros, é possível a alteração da sentença condenatória
anteriormente imposta.
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Bibliografia Consultada

GOMES, Luiz Flávio (Org.) Código Penal, Código de Processo Penal e


Constituição Federal. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
FÜHRER, Maximiliano Cláudio Américo e FÜHRER, Maximiliano Roberto
Ernesto. Resumo de Processo Penal. 13. ed. São Paulo: Malheiros, 2001.
MIRABETE, Júlio Fabrini. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 1999.

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