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All content following this page was uploaded by Leandro Sarai on 13 May 2022.
Leandro Sarai
Doutor e Mestre em Direito Político e Econômico e Especialista em Direito Empresarial pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie. Professor convidado do Curso de Extensão da PUC/SP e do curso de Pós-Graduação Lato Sensu da
Unianchieta. Professor credenciado da Escola da AGU. Ex-Técnico Judiciário do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Ex-Procurador Municipal. Procurador do Banco Central. Membro da Câmara Nacional de Modelos de Licitações e
Contratos da AGU. Organizador e autor do “Tratado da Nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos: Lei 14.133/21
comentada por advogados públicos” (Juspodivm); autor de “Fiscalização de obrigações trabalhistas e gestão contratual:
o lado social das contratações sustentáveis” (Thoth), de “Contratações Públicas sustentáveis: crítica da norma pura
e caminho da transformação” (Thoth), de “Crédito Direcionado à luz do Direito Econômico” (Mackenzie) e de “Crise
Financeira e Medidas Prudenciais: a experiência brasileira” (NEA) entre outras obras acadêmicas.
Manual de Direito Administrativo
© Flávio Garcia Cabral, Leandro Sarai
EDITORA MIZUNO 2022
Revisão: José Silva Sobrinho
Catalogação na publicação
Elaborada por Bibliotecária Janaina Ramos – CRB-8/9166
1004 p.; 16 X 23 cm
ISBN 978-65-5526-463-0
1. Direito administrativo. I. Cabral, Flávio Garcia. II. Sarai, Leandro. III. Título.
CDD 342.8106
Nos termos da lei que resguarda os direitos autorais, é expressamente proibida a repro-
dução total ou parcial destes textos, inclusive a produção de apostilas, de qualquer forma ou por
qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, reprográficos,
de fotocópia ou gravação.
Qualquer reprodução, mesmo que não idêntica a este material, mas que caracterize similari-
dade confirmada judicialmente, também sujeitará seu responsável às sanções da legislação em vigor.
A violação dos direitos autorais caracteriza-se como crime incurso no art. 184 do Código
Penal, assim como na Lei n. 9.610, de 19.02.1998.
O conteúdo da obra é de responsabilidade dos autores. Desta forma, quaisquer medidas judi-
ciais ou extrajudiciais concernentes ao conteúdo serão de inteira responsabilidade dos autores.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Dedicatória
Aos nossos mestres, que nos trouxeram até aqui.
Aos nossos alunos, que nos levarão adiante.
“A degeneração das escolas filosóficas é por sua vez a con-
sequência da crença equivocada de que se pode filosofar sem que
se tenha sido compelido por problemas fora da filosofia [...] Pro-
blemas filosóficos genuínos são sempre enraizados fora da filosofia,
e eles morrem se essas raízes apodrecem [...]”
(Karl Popper)
APRESENTAÇÃO DA OBRA
As primeiras cadeiras de Direito Administrativo no Brasil datam da década
de 1850, nas cidades de Olinda (posteriormente transferida para o Recife) e de São
Paulo. Na perspectiva internacional, na França já havia essa disciplina desde 1819.
Desde então muito já se passou em relação ao estudo do Direito Administrativo.
Construímos, felizmente, um transição de uma concepção de Administração Pública
imperativa, com viés autoritário, para uma Administração Pública que busca as so-
luções das controvérsias por meio da consensualidade. Evoluímos de estudos quase
que exclusivamente alinhados a uma vertente realista da jurisdição administrativa, no
sentido de que o Direito Administrativo e o exercício da função administrativa eram
concebidos como meramente o produto do entendimento dos Tribunais Adminis-
trativos Franceses (em especial o Conselho de Estado) para uma construção mais
refinada, na qual, sem se esquecer da importância do contencioso administrativo,
erguem-se institutos jurídicos embasados teórica e sistematicamente pela doutrina
(fruto, em parte, da grande contribuição do Direito Alemão). Saímos de uma visão do
Direito Administrativo como disciplina subalterna e de somenos importância (o foco
de estudo jurídico sempre repousou entre o Direito Civil e o Direito Penal), para a
sua configuração como uma das mais importantes matérias jurídicas, com complexas
elaborações doutrinárias e conexa com a atividade cotidiana da Administração Pública.
É nesse cenário de valorização e consolidação do Direito Administrativo,
aliado com diversas e constantes alterações legislativas no que concerne a seus
institutos, que enxergamos a possibilidade de trazer uma contribuição acadêmica
para uma melhor compreensão desse ramo jurídico.
Este livro se propõe a ser um Manual capaz de abordar os mais variados
aspectos do Direito Administrativo, de maneira aprofundada, mas sem perder
a objetividade e dinamismo exigidos para a compreensão dessa disciplina. De
temas clássicos, como o estudo dos atos administrativos ou o regime jurídico dos
bens públicos, passando por institutos tradicionais que ressurgiram com novos
contornos em razão da pandemia de COVID-19, como o poder de polícia e a
requisição administrativa, e também por inovações legislativas, como o Marco
Legal do Saneamento Básico (Lei nº 14.026/2020) ou a Lei Geral de Proteção de
Dados Pessoais (Lei nº 13.709/2018), até assuntos não trabalhados normalmente
pela doutrina administrativista, como a relação entre Direito Administrativo e lin-
guagem ou a Análise Econômica do Direito Administrativo e mesmo a abordagem
transdisciplinar do tema: este livro se propõe a abordar todos estes aspectos.
O Direito Administrativo é uma disciplina em constante evolução e aprimo-
ramento. Hoje são discutidas questões como o Machine Learning na Administração
Pública, por meio do uso da Inteligência Artificial; investigam-se os limites de atuação
dos órgãos de controle, que têm ocasionado o chamado “Direito Administrativo
do Medo”; fala-se de um Direito Administrativo Global, ultrapassando as fronteiras
territoriais clássicas do conceito de Estado Soberano; coloca-se em xeque a princi-
piologia e a aplicação da consagrada supremacia do interesse público sobre o privado;
evolui-se de um mera compreensão de legalidade como vinculada às leis em sentido
formal para uma concepção mais ampla de juridicidade; a responsabilidade estatal,
antes pensada quase que exclusivamente sob a ótica da função administrativa, passa
a ser também compreendida como cabível nos exercícios da função jurisdicional e
legislativa; o desenvolvimento da atividade punitiva do Estado confere espaço para
a autonomia do Direito Administrativo Sancionador, que traz um regime jurídico
próprio, devendo ser aplicado no bojo das ações de improbidade e de processos ad-
ministrativos disciplinares, por exemplo. Essas mudanças não passam despercebidas
neste Manual, que se propõe a abordá-las à luz do regime jurídico administrativo.
Essa exposição revela um grande paradoxo que qualquer obra científica
enfrenta independentemente do tempo em que nasce. Por um lado, quanto mais
atual for a obra, maior produção acadêmica terá surgido antes dela, o que faci-
litará sobremaneira o tratamento das grandes questões ligadas à disciplina, uma
vez que, pelo volume de conhecimento já acumulado até então, praticamente
muitos problemas já terão soluções prontas. Por outro lado, quanto mais atual
for a obra, maior será o desafio para compilar todo o conhecimento consolidado
até então, filtrando aquilo que não tem mais aplicação ou que foi superado, bem
como para ao mesmo tempo lidar com os novos problemas colocados pela rea-
lidade. Muitas vezes, nesse processo, pode ser bem difícil reconhecer que velhos
paradigmas não servem mais para solucionar as novas questões.
De qualquer modo, a estruturação desse livro busca juntar o “novo” e
o “antigo”. Assim, o desenvolvimento dos capítulos ocorre tanto com base em
administrativistas já consagrados e essenciais para qualquer estudo minimamente
sério, como também se valendo da doutrina mais moderna, que produz com os
olhos voltados aos problemas atuais. Da mesma forma, nossas argumentações
envolvem análises doutrinárias, da legislação, das decisões dos Tribunais Supe-
riores e do Tribunal de Contas da União, sem desprezar nossas interpretações
próprias, fruto da bagagem acadêmica e profissional que carregamos.
Espera-se que este livro sirva de auxílio teórico e prático aos que lidam nas
relações que envolvam o uso da função administrativa, servindo igualmente como
guia dos estudantes de graduação e pós-graduação que queiram se aventurar
pelo Direito Administrativo. Tendo em vista o grau de aprofundamento exigido
em concursos públicos atualmente, a obra de igual modo será companheira fun-
damental para os que almejam ocupar cargos públicos.
Que esta primeira edição seja um pontapé inicial para uma constante con-
tribuição no aprimoramento do estudo do Direito Administrativo. Boa Leitura!
Janeiro de 2022
Os Autores
SUMÁRIO
CAPÍTULO I
ORIGEM DO DIREITO ADMINISTRATIVO.......................................................... 35
CAPÍTULO II
CONCEITO, FINALIDADES E OBJETO DO DIREITO ADMINISTRATIVO. 49
CAPÍTULO III
FUNÇÕES ESTATAIS................................................................................................. 73
CAPÍTULO IV
REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO............................................................... 99
CAPÍTULO V
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.................................................. 111
CAPÍTULO VI
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA...................................................................... 165
CAPÍTULO VII
TERCEIRO SETOR...................................................................................................... 219
CAPÍTULO VIII
ATOS ADMINISTRATIVOS....................................................................................... 241
CAPÍTULO IX
PROCESSO ADMINISTRATIVO.............................................................................. 287
CAPÍTULO X
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA....................................................... 313
CAPÍTULO XI
PODER DE POLÍCIA................................................................................................... 339
CAPÍTULO XII
LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS.......................................... 355
CAPÍTULO XIII
SERVIÇOS PÚBLICOS.............................................................................................. 455
CAPÍTULO XIV
PRESTAÇÃO INDIRETA DE SERVIÇOS PÚBLICOS - CONCESSÕES,
PERMISSÕES E PPP’S....................................................................................... 481
CAPÍTULO XV
INTERVENÇÃO DO ESTADO DA PROPRIEDADE PRIVADA........................ 525
CAPÍTULO XVI
DESAPROPRIAÇÃO................................................................................................... 547
CAPÍTULO XVII
Bens Públicos............................................................................................................. 581
17.1 Domínio Eminente, Domínio Público, Patrimônio Público, Bens Estatais........... 582
17.2 Conceito.............................................................................................................. 583
17.3 Classificação dos Bens Públicos......................................................................... 585
17.3.1 Quanto à Finalidade do Bem.................................................................... 585
17.3.2 Quanto à Titularidade................................................................................ 587
17.3.3 Quanto à Disponibilidade.......................................................................... 588
17.4 Afetação e Desafetação...................................................................................... 588
17.5 Características dos Bens Públicos...................................................................... 589
17.5.1 Alienabilidade Condicionada..................................................................... 589
17.5.2 Impenhorabilidade.................................................................................... 590
17.5.3 Imprescritibilidade..................................................................................... 591
17.5.4 Não Onerosidade...................................................................................... 594
17.6 Uso de Bens Públicos......................................................................................... 594
17.6.1 Uso Comum, Normal ou Ordinário de Bens Públicos............................... 595
17.6.2 Uso Privativo, Especial ou Extraordinário de Bens Públicos por
Particulares........................................................................................... 595
17.6.2.1 Autorização de uso de Bem Público................................................ 596
17.6.2.2 Permissão de uso de Bem Público.................................................. 597
17.6.2.3 Concessão de uso de Bem Público................................................. 599
17.6.2.4 Autorização de uso para Fins Urbanísticos..................................... 600
17.6.2.5 Concessão de Direito Real de uso de Bem Público........................ 601
17.6.2.6 Concessão de uso para Fins de Moradia........................................ 602
17.6.2.7 Concessão Coletiva de uso para Fins de Moradia.......................... 603
17.7 Aquisição de bem Público................................................................................... 603
17.7.1 Necessidade de Autorização Legislativa.................................................. 603
17.7.2 Necessidade de Licitação......................................................................... 605
17.7.3 Meios Comuns de Aquisição..................................................................... 606
17.7.4 Meios Peculiares de Aquisição................................................................. 606
17.8 Bibliografia Complementar.................................................................................. 609
CAPÍTULO XVIII
DA INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO PARA A AÇÃO ECOS-
SOCIECONÔMICA.............................................................................................. 611
CAPÍTULO XIX
LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO................. 663
CAPÍTULO XX
AGENTES PÚBLICOS................................................................................................ 683
CAPÍTULO XXI
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.......................................................... 777
CAPÍTULO XXII
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA................................................... 817
CAPÍTULO XXIV
DIREITO ADMINISTRATIVO E AS NOVAS TECNOLOGIAS.......................... 905
24.1 Novas Tecnologias no Controle da Administração Pública................................. 906
24.2 Inteligência Artificial, Algoritmos e seu uso Pela Administração.......................... 910
24.2.1 Ato Administrativo Praticado por Inteligência Artificial?..................................... 913
24.2.2 Responsabilidade pelo uso da Inteligência Artificial................................. 914
24.3 Regulação Estatal das Novas Tecnologias......................................................... 915
24.4 Lei do Governo Digital (Lei Nº 14.129/2021)....................................................... 918
24.4.1 Princípios e Diretrizes............................................................................... 920
24.4.2 Digitalização.............................................................................................. 920
24.4.3 Identificação do Usuário........................................................................... 921
24.4.4 Governo como Plataforma........................................................................ 921
24.4.5 Domicílio Eletrônico.................................................................................. 921
24.4.6 Laboratórios de Inovação......................................................................... 921
24.4.7 Controle.................................................................................................... 922
24.5 Bibliografia Complementar.................................................................................. 922
CAPÍTULO XXV
DIREITO ADMINISTRATIVO E LINGUAGEM..................................................... 923
1 ARAÚJO, Edmir Netto de. O direito administrativo e sua história. Revista da Faculdade
de Direito – Universidade de São Paulo, v. 95, 2000, p.148.
2 ARAÚJO, Edmir Netto de. O direito administrativo e sua história. Revista da Faculdade
de Direito – Universidade de São Paulo, v. 95, 2000, p.149.
36
CAPÍTULO I
ORIGEM DO DIREITO ADMINISTRATIVO
3 “Ao final do século XVIII, sob a influência decisiva de Pombal, Dom José I estatui que o
poder monárquico é uma ‘alta e independente soberania, que o rei recebe imediata-
mente de Deus; pelo qual manda, quer e decreta aos seus vassalos, de ciência certa e
poder absoluto” (COMPARATO, Fábio Konder. A oligarquia brasileira: visão histórica.
São Paulo: Editora Contracorrente, 2017, p.36).
37
Manual de Direito Administrativo
Flávio Garcia Cabral | Leandro Sarai
38
CAPÍTULO I
ORIGEM DO DIREITO ADMINISTRATIVO
8 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 30.ed. Rio de Janeiro: Foren-
se, 2017, p.9.
9 ARAÚJO, Edmir Netto de. O direito administrativo e sua história. Revista da Faculdade
de Direito - Universidade de São Paulo, v. 95, 2000, p.152.
10 Deve-se destacar que apesar de esse ser o modelo paradigma da formação do Direito
Administrativo, esse ramo se desenvolve em outras localidades de forma diferente, sem
a necessidade de uma forte ruptura estatal, como ocorrida na França. Mencione-se o
modelo Inglês e o Alemão, por exemplo, onde a consolidação de limitações estatais se
deu de maneira gradual.
11 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. 500 anos de direito administrativo brasileiro. Revista
Eletrônica de Direito do Estado. Salvador, Instituto de Direito Público da Bahia, n.5,
jan./fev./mar/ 2006, p.4.
39
Manual de Direito Administrativo
Flávio Garcia Cabral | Leandro Sarai
40
CAPÍTULO I
ORIGEM DO DIREITO ADMINISTRATIVO
41
Manual de Direito Administrativo
Flávio Garcia Cabral | Leandro Sarai
42
CAPÍTULO I
ORIGEM DO DIREITO ADMINISTRATIVO
24 JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito Administrativo. 8.ed. Belo Horizonte: Fó-
rum, 2012, p.79.
25 De acordo com Juarez Freitas, “toda interpretação jurídica há de ser, de algum modo,
interpretação constitucional, dado que é na Lei maior que se encontram hierarquizados
os princípios que servem de fundamento à racionalidade mesma do ordenamento jurídi-
co” (FREITAS, Juarez. A interpretação sistemática do direito. São Paulo: Malheiros,
1995, p.150).
26 BARROSO, Luís Roberto. A constitucionalização do direito e suas repercussões no âm-
bito administrativo. In: ARAGÃO, Alexandre Santos de; MARQUES NETO, Floriano de
43
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