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CRIMINAL COMPLIANCE

MÉDICA
Comitê Científico

Ary Baddini Tavares


Andrés Falcone
Alessandro Octaviani
Daniel Arruda Nascimento
Eduardo Saad-Diniz
Isabel Lousada
Jorge Miranda de Almeida
Marcia Tiburi
Marcelo Martins Bueno
Miguel Polaino-Orts
Maurício Cardoso
Maria J. Binetti
Michelle Vasconcelos de Oliveira Nascimento
Paulo Roberto Monteiro Araújo
Patricio Sabadini
Rodrigo Santos de Oliveira
Sandra Caponi
Sandro Luiz Bazzanella
Tiago Almeida
Saly Wellausen

Organizadores “Coleção Carolina”

Gustavo Carvalho Marin


José Roberto Macri Júnior
Eduardo Saad-Diniz

VI
THAIS FIORUCI D’ANTONIO

CRIMINAL COMPLIANCE
MÉDICA

1ª edição

LiberArs
São Paulo – 2017
CRIMINAL COMPLIANCE MÉDICA
© 2017, Editora LiberArs Ltda.

Direitos de edição reservados à


Editora LiberArs Ltda

ISBN 978-85-9459-070-1

Editores
Fransmar Costa Lima
Lauro Fabiano de Souza Carvalho

Impressão e acabamento
Gráfica Rotermund

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – CIP

D’Antonio, Thais Fioruci

D219c Criminal compliance médica / Thais Fioruci D’Antonio - São Paulo: LiberArs,
2017. – (Coleção Carolina VI)

ISBN 978-85-9459-070-1

1. Direito 2. Responsabilidade Penal Médica 3. Compliance


Médica 4. Empresas Médicas I. Título

CDD 340
CDU 34

Bibliotecária responsável Neuza Marcelino da Silva – CRB 8/8722

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Aos meus pais,
pelo amor maior do mundo...
SUMÁRIO

PREFÁCIO
Por Beatriz Corrêa Camargo ............................................................................... 10

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 13

2. CRIMINAL COMPLIANCE ................................................................................. 17

3. NORMATIVA APLICÁVEL ................................................................................. 39

4. POSSIBILIDADES DE APLICAÇÃO DA
COMPLIANCE MÉDICA NO BRASIL ................................................................... 69

5. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 89

BIBLIOGRAFIA........................................................................................................... 92
Apresentação

A Coleção Carolina surge a partir da percepção de que muitas pes-


quisas realizadas durante a graduação não podem, simplesmente, encerrar
com a entrega de um relatório. Há um “déficit de continuidade”. Acreditamos
que a principal razão deste déficit seja a falta de divulgação – e, consequen-
temente, de repercussão – das pesquisas dos jovens pesquisadores.
A Coleção Carolina pretende que a publicação das pesquisas venha
para estimular a continuidade do trabalho científico por parte dos jovens
pesquisadores e fomentar o debate científico honesto e objetivo, tarefas es-
senciais à construção social de conhecimento no Brasil. Os textos serão
acompanhados de comentários de pesquisadores experientes, com a finalida-
de de introduzir a crítica e situar as principais divergências dos temas trazi-
dos à reflexão pública.
Assim, não poderíamos deixar de agradecer a nossos colaboradores,
em especial à Editora LiberArs, na pessoa de seu Editor, Fransmar Costa
Lima.

Ribeirão Preto, 21 de dezembro de 2016.

Os organizadores

Gustavo de Carvalho Marin


Mestre e Doutorando em Direito Penal pela FDUSP

José Roberto Macri Jr.


Doutorando em Direito Penal pela FDUSP

Eduardo Saad-Diniz
Prof. Dr. Faculdade de Direito de Ribeirão Preto e
Programa de Integração da América Latina da USP (FDRP/PROLAM/USP)
PREFÁCIO

Por Beatriz Corrêa Camargo

O trabalho de Thais Fioruci D'Antonio versa sobre um tema que até pouco
tempo era praticamente desconhecido na doutrina penal brasileira. Apesar de
haver sido estudada de maneira esparsa em alguns trabalhos científicos 1, po-
de-se afirmar que a discussão sobre a criminal compliance no Brasil somente se
estabelece com o advento da Lei 12.846/2013, que estabelece a punição admi-
nistrativa da pessoa jurídica por atos de corrupção.
Nesse momento em que a problemática começava a ser apresentada para
o púbico brasileiro, Thomas Rotsch falava na Alemanha de uma mudança de
paradigma na dogmática jurídico-penal impulsionada pela ideia de criminal
compliance2.
O fenômeno fora antecipado por Ulrich Sieber em 2008, cuja acuidade
vale a pena ser transcrita:

A problemática fundamental lançada pelos programas de compliance fica clara


quando estes são vistos como medidas para a prevenção da criminalidade em-
presarial, que não são determinadas legalmente apenas na forma de medidas
especiais de prevenção, como também devem ser desenvolvidas pela própria
empresa em razão das novas formas de regulação própria e compartilhada. A
essa concepção da “regulated self-regulation” está vinculada uma nova aborda-
gem prática e teórica para o controle da criminalidade empresarial, que irá in-
fluenciar o direito penal empresarial de forma muito relevante, inclusive por-
que não se conhecem até o momento alternativas melhores nesse sentido. A
integração dos programas de compliance e da regulação privada dos sistemas

1
Vide o relatório da pesquisa desenvolvida por MACHADO, Marta, et all. Responsabilização por ilícitos
praticados no âmbito de pessoas jurídicas: uma contribuição para o debate público brasileiro. In: Revista
Jurídica, v. 11, pp. 1-74, 2009, que inspirou o projeto da Lei 12.846/2013. Nesse sentido,
HATHAWAY, Gisela Santos de Alencar, Responsabilidade de pessoas jurídicas por atos contra a
administração pública: PL 6826/10. Brasília: Câmara dos Deputados, Consultoria Legislativa, p. 5.
Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/8888. Acesso: 11.01.2017. A versão inte-
gral de 651 páginas encontra-se do relatório publicada na Série Pensando o Direito, disponível online
em: <http: //participacao.mj.gov.br/pensandoodireito/publicacoes/>. Acesso em: 10.01.2017.
2
ROTSCH, Thomas. Compliance und Strafrecht – Fragen, Bedeutung, Perspektiven Vorbemerkungen
zu einer Theorie der sog. „Criminal Compliance“. In: Zeitschrift für die gesamte Strafrechtswissenschaft,
2013, p. 481.

10
jurídicos estatais são, por essa razão, a forma mais interessante de abordagem
para a prevenção da criminalidade empresarial atualmente3.

Conforme explicita D'Antonio em sua obra, a criminal compliance constitui


mecanismo de controle e prevenção de crimes praticados no contexto da cri-
minalidade empresarial.
No âmbito da criminalidade praticada por indivíduos, a importância dos
programas de compliance exsurge naquele aspecto da definição do dever que
normalmente não está detalhada na legislação penal, e sim pertence à esfera
extrapenal de regulação do comportamento (juridicamente) adequado. São as
regras de dever de cuidado, que estabelecem o fundamento objetivo para a
lesão de deveres secundários no âmbito da culpa, ou, ainda, o que geralmente é
menos enfatizado, regras que na esfera da omissão definem os critérios de
distribuição e transferência de responsabilidade pela salvaguarda de bens
jurídicos.
No lado oposto da mesma moeda, teremos a conclusão de que os progra-
mas de compliance fornecem subsídios para a averiguação da lesão subjetiva
do dever no caso concreto, já que, ao estabelecerem parâmetros de cuidado e
garantia, permitem uma análise mais detalhada sobre os conhecimentos reais
do agente acerca dos riscos oriundos de sua atuação.
Deve-se frisar, todavia, que foi no campo da responsabilidade penal dos
entes coletivos que os programas de compliance atingiram a popularidade de
que gozam atualmente. Conforme já apontava Sieber4, a adoção de tais pro-
gramas pela empresa pode constituir tanto critério de delimitação da pena na
ponderação da reprovabilidade e das necessidades de prevenção especial,
como critério de imputação de culpabilidade nos modelos de responsabilidade
por defeito de organização da empresa. Neste caso, os programas adotados são
avaliados enquanto elemento de constituição do dever jurídico-penal da em-
presa, em moldes semelhantes aos critérios de imputação individual mencio-
nados acima.
No Brasil, a Lei 12.846/2013 segue o princípio da responsabilidade vicária
norte-americana5 ao estabelecer que “as pessoas jurídicas serão responsabili-
zadas objetivamente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos
previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não”

3
SIEBER, Ulrich. Compliance-Programme im Unternehmensstrafrecht. In: SIEBER, Ulrich (Hrsg.),
Festschrift für Klaus Tiedemann zum 70. Geburtstag. Köln: Heymanns, 2008, p. 483 e s.
4
SIEBER, ob. cit., p. 471 e s.
5
O princípio para a responsabilização da empresa remonta à consideração de que o dano simplesmente
não teria ocorrido caso o empregador tivesse agido com a devida cautela ao escolher e fiscalizar as
atividades de seus empregados. A respeito, KREMNITZER, Mordechai/ GHANAYIM, Khalid. “Die
Strafbarkeit von Unternehmen”. In: Zeitschrift für die gesamte Strafrechtswissenschaft, vol. 113, 2001,
p. 542.

11
(art. 2°). A lei em apreço introduz a análise de programas de compliance como
um dos critérios de determinação da quantia de pena aplicável à pessoa jurídi-
ca (art. 7°, VIII). Segundo aponta D'Antonio, outros marcos normativos assu-
mem ponderação semelhante, como, por exemplo, o guia de compliance em
matéria antitruste emitido pelo CADE em 2016.
Seu trabalho tem o mérito de expandir a análise para um campo ainda
inexplorado, que é o cumprimento dos deveres na área médica. Mais importan-
te que lançar uma novidade, contudo, sua pesquisa realiza a difícil tarefa de
concretizar o problema, investigando a matéria de regulação ao apresentar as
normativas extrapenais que orientam a atuação médica no Brasil. Encontra-se
no caminho de uma nova geração, que certamente será capaz de enxergar os
obstáculos reais a serem superados pela ciência em nosso país para a realiza-
ção de um diálogo global em matéria criminal.

Dra. Beatriz Corrêa Camargo, LL.M. (Bonn).


Professora de Direito Penal da Universidade Federal de Uberlândia.

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