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Escola de Ciências Sociais Aplicadas

TEORIA GERAL DO PROCESSO

Profa. Eneisa Bittencourt


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Fontes Normativas do Direito


• Normas de Direito Material
Regulam e tutelam a vida em sociedade prevendo direitos e obrigações (C.Civil);

• Normas de Direito Processual


Fazem valer o direito material! É o instrumento.

• Normas Heterotópicas ou Hibridas


São aquelas que tratam tanto do direito material, quanto do direito processual
(Art. 202 C.Civil - Prescrição – Art. 240 § 1º CPC - Prescrição)

(CDC - lei 8078/90 – Direito Material, Direito Processual, Processo Coletivo, Direito Penal,
Administrativo)
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Fontes Normativas do Direito


• Fontes Primárias: A Lei
Constituição Federal (Poder Legislativo: Somente lei federal cria norma de processo civil – Art. 22
(Art. 62, §1º, I impede Medida Provisória tratar de direito processual civil);
Leis Ordinárias (CPC – Lei 13.150/15);
Leis Complementares;

Quando a Lei não é Clara o juiz acaba se valendo:


• Fontes Secundárias: Analogia – Quando a Lei é omissa, mas existe regra parecida;
Art. 4º da LINDB Costumes – Praticas reiteradas;
Princípios Gerais do Direito – Não se confunde com os princípios constitucionais,
esse se presta a complementar a regra quando omissa. Explo.: Princípio de
Eventualidade na Contestação X Princípio do Contraditório.
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Súmulas, Precedentes e Jurisprudências


• Súmulas: É uma síntese de uma orientação, não se verifica linha argumentativa,
o que se tem é a conclusão e nesse caso o juiz deve fundamentar (Explo.: Prisão
civil – súmula 25 STF);
• Jurisprudência: É o conjunto reiterado de decisões, exatamente, no mesmo
sentido. (não há um critério objetivo - 10 ou 100? - para se afirmar se estamos
diante de uma jurisprudência.)
• Precedente: Pode não ser vinculante quando emitido por um juiz de 1ª instância,
porém quando de instância superior em situação de IRDR, deve-se observar a
repercussão geral.
Por isso se dizer que houve uma grande aproximação do sistema da Common Law,
mas nesse o vinculo das decisões está no fundamento.
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Interpretação das Normas Jurídicas


Temos como método de Interpretação:
• Literal: É a simples leitura e aplicação da norma (subsunção do fato a norma). Não da margem a
interpretação. Gera segurança jurídica. (Explo.: Art 1.003, §5º CPC);

• Autentica: Essa é mais específica e ocorre quando o legislador traz um conceito na norma.
(Explo.: Art.238 CPC – Citação);

• Histórica: É saber em qual contesto histórico se regulou a norma jurídica (Explo.: Lei de Crimes
Hediondos X Caso Daniella Perez);

• Interpretação Teleológica: Essa analisa a finalidade social da norma. (Explo.: Lei 8009/90 -
Impenhorabilidade do bem de Família – Se o devedor mora sozinho, seu bem pode ser
penhorado? Súmula 364 STJ. Explo.: Art. 835 – Ordem preferencial da penhora – 1º dinheiro, mas
a lei inclui semoventes – Obs.: Cão Guia)
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Aplicabilidade da Lei no TEMPO e no ESPAÇO


Também se faz necessário observar a Validade e Vigência da norma,
essa ultima ligada a aplicabilidade da Lei no Tempo e no Espaço -
Arts. 13 e 16 CPC
Quando a lei processual é publicada, entra em vigor em todo o
território nacional, e, a partir da sua vigência, aplica-se a todos
os processos que se encontrem em andamento.
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No Espaço: Efetividade X Soberania - Art 13 e 16 CPC


A regra de aplicação da lei processual no espaço é a lei do lugar. A norma jurídica em vigor tem
aplicação em todo o território nacional e extensões territoriais (que por ficção jurídica são Embaixadas,
Consulados, aeronaves e embarcações). Só se aplica a Norma onde se exerce Soberania. É a efetividade
ligada também ao principio da territorialidade. A regra é a de que a Norma processual brasileira seja aplicada
em todo território nacional.

Mas é possível afastar a Norma processual brasileira e aplicar em território brasileiro uma Norma
Internacional?

Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições
específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.

Vejamos alguns exemplos: Art. 83 e Art. 192 CPC X Protocolo de Las Leñas (DL 6.891/09)
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No Tempo: Vigora a Teoria do Tempus regit actum


A regra geral é que a lei tenha efeito imediato e geral, entrando em vigor 45 dias da sua publicação no órgão oficial. (regra
da Vacatio Legis. Nada impede que o legislador estabeleça outro prazo para entrada em vigor da lei, como ocorreu com o
CPC – 01 ano de Vacatio) Todavia, como o processo é diferido no tempo, algumas teorias justificam a aplicação
imediata da norma aos processos que se encontram em andamento (pendentes):

• Teoria do Isolamento dos Atos Processuais: essa considera o processo como uma sequência ordenada de atos
processuais, de forma que, entrando em vigor uma lei nova, ela se aplica prontamente ao ato processual seguinte,
respeitando-se a validade dos atos processuais já praticados sob o escudo da lei processual anterior. Esta teoria é
a aplicada em respeito a LINDB – Art. 6º e CPC – Art. 14.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa
julgada.
e
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Mas temos exceções.....
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• Teoria da Unidade Processual: considera o processo como uma unidade e, por isso, sujeito ao mesmo regramento
legal do princípio ao fim. Entretanto, como o processo é diferido no tempo, essa teoria não se aplica, pois não se
concebe que um processo iniciado sob a vigência da lei velha tenha que prosseguir por uma norma já revogada,
quando outra já se encontra e m vigor , disciplinando, de forma diversa.

Art. 1.052. Até a edição de lei específica, as execuções contra devedor insolvente, em curso ou que venham a ser
propostas, permanecem reguladas pelo Livro II, Título IV, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 .

Art. 1.054. O disposto no art. 503, § 1º , somente se aplica aos processos iniciados após a vigência deste Código, aplicando-
se aos anteriores o disposto nos arts. 5º , 325 e 470 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 .

Art. 1.056. Considerar-se-á como termo inicial do prazo da prescrição prevista no art. 924, inciso V , inclusive para as
execuções em curso, a data de vigência deste Código.

Art. 1.063. Até a edição de lei específica, os juizados especiais cíveis previstos na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 ,
continuam competentes para o processamento e julgamento das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei nº 5.869, de
11 de janeiro de 1973 .
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• Teoria das Fases Processuais: essa subdivide o processo em fases distintas fase
postulatória, probatória, decisória e recursal e concebe a aplicação da mesma lei para
cada fase. Inaplicável, já que na prática as fases processuais identificadas na teoria não
são estanques, tal como se propõe.

Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos
processos pendentes, ficando revogada a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
§ 1º As disposições da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 , relativas ao procedimento
sumário e aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão às ações
propostas e não sentenciadas até o início da vigência deste Código.
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• acessar o Podcast:

https://open.spotify.com/episode/3UlhCs8JrCedw42Vtg3mUE
Façam suas anotações! O conteúdo será objeto do TA
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Teoria Geral do Processo


Os estudos sobre direito processual tem como
estrutura básica, comum a todos os ramos do
processo, os institutos jurídicos da Trilogia:

Jurisdição, Ação e Processo!


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Porém, antes de entrarmos nos temas Jurisdição, Ação e Processo, vamos estabelecer
alguns conceitos para fins meramente didáticos, já que a doutrina classifica o Direito,
inicialmente, em grandes ramos: Direito Público, Direito Privado, Direito Material, Direito
Processual...
• Direito Público: Nesse prevalece a supremacia estatal em face dos demais sujeitos.
Seguindo essa linha de raciocínio temos, o direito constitucional, o administrativo, o penal, o
tributário, o processual, visto que suas normas, ditadas pelo Estado, são de ordem pública e
de observação *cogente (forçosa, imperativa, obrigatória).
• Direito Privado: Aqui existiria uma relação de coordenação entre os sujeitos integrantes
da relação jurídica: direito civil, direito empresarial, direito do trabalho, etc.

*(Art. 190 CPC: Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento
para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de
nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.)
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Todavia essa divisão entre público e privado se entende superada visto que ambos os
ramos tendem a se fundir em prol da função social perseguida pelo Direito.
Fala-se hoje em CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO

• Direito Material: Já o direito material se entende por normas legais fixadas


no código civil, código penal, código tributário, etc. que regulam uma série de
atos e/ou fatos jurídicos (poderes, deveres e obrigações), estabelecendo
limites (faculdades e ônus).

Na verdade determinam até onde o sujeito pode ou não fazer ou deixar de fazer algo de
acordo com o ordenamento jurídico.
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• Direito Processual:
É o conjunto de normas e princípios jurídicos que ditam regras aplicáveis aos
procedimentos judiciais ou extrajudiciais de resolução de conflitos. Sejam esses de
natureza civil, penal, trabalhista etc.
É o INSTRUMENTO utilizado pelo judiciário para fazer valer um direito material
preterido. São regras que visam restabelecer o statu quo ante a uma ação ou
omissão que feriu, lesionou ou está na iminência de afetar direito de alguém,
caminhando em discordância com o ordenamento jurídico.
Quando isso ocorre, diz-se estarmos diante de um

Conflito de interesses
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O interesse é inerente ao humano, que pode entrar em rota de colisão com o


interesse de outro humano.

O conflito de interesses se dá quando essa colisão não se resolve


amigavelmente gerando uma
Lide!
Lide na concepção clássica de Francesco Carnelutti significa: “Conflito de interesses
qualificado por uma pretensão resistida”.

Em regra essa disputa será solucionada judicialmente ou extrajudicialmente.


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Existe a possibilidade do conflito ser solucionado amigavelmente, mas não sendo, a opção
será por uma solução judicial, adjudicada. Àquela que se dá pela entrega do direito por meio
do Estado-juiz (prestação jurisdicional), e nesse sentido será necessário manejar o
instrumento processual.
Síntese da evolução histórica do direito processual civil.
• A 1ª codificação data de 1939;

• A 2ª codificação data de 1973 (apelidada de código Buzaid, em homenagem ao jurista Alfredo Buzaid) que
passa por várias reformas, mas permanece vigendo até 2016;

• A 3ª codificação, Lei 13.105/15 (CPC 2015), entra em vigor em 18 de março de 2016 e vem para ajustar o
direito processual às regras constitucionais democráticas. (trazendo no Capitulo I – Art’s 1º a 12º – as Normas
Fundamentais do Processo civil).
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Assim, quando diante de uma Lide podemos traçar alguns caminhos, porque hoje o
Judiciário tem como meta adaptar nosso sistema judicial a um modelo de JUSTIÇA
MULTIPORTAS (Multi-door ou Courthouse americano) que vigora sob modelo de
autocomposição que se associa a denominação de, Equivalentes Jurisdicionais, Métodos
Adequados de Solução de Conflitos (MASC) ou ainda Resolução Adequada de Disputas
(RAD).
Os equivalentes jurisdicionais não são jurisdição, sequer estatais, são métodos que
atendem a um dos escopos da jurisdição que é o da pacificação social.
A Resolução nº 125 do CNJ tratou de incentivar meios adequados de solução de
conflitos no sentido de abrandar essa excessiva e desproporcional litigiosidade (justiça em
números – CNJ) que abarrota o Poder Judiciário
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Vamos estabelecer algumas diferenças. Temos então:


Autodefesa: Prevalência da força! (Art. 345 CP ou Abuso de Direito). É medida
excepcional, sendo admitida apenas nos casos previstos em Lei.

Explo. : Art. 188,I C.Civil – Legítima Defesa;


Art. 188,II C.Civil – Estado de Necessidade;
Art. 1.210 C.Civil – Desforço Imediato;
Art. 1.219 C.Civil – Direito de Retenção
Art. 1.467,I C.Civil – Direito de Retenção de Bagagem;
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AUTOCOMPOSIÇÃO: que se da pela:


Negociação Direta - Nesse caso os próprios interessados no objeto em questão tratam
entre si para que cheguem a um comum acordo. Para resolver interesses divergentes ou
convergentes, não há interlocução de terceiros, apenas das principais partes interessadas na
negociação, sem nenhuma influência mediadora.

Transação - Concessões Recíprocas (mutuas) - As partes chegam a uma composição sem


oposição de vontades (Art. 3º, §2º e §3º, Art. 139, V do e Art 485, CPC),

Submissão - Não há concessões. O Réu se submete às pretensões do autor (Renuncia da


Resistência)

Renuncia - O Autor abre mão de sua pretensão (487, III, a CPC (não confundir com a
desistência, porque aqui é necessário a concordância do réu 485, III CPC)
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HETEROCOMPOSIÇÃO:
Aqui a solução se dará pela Jurisdição, que pode ser JUDICIAL ou
EXTRAJUDICIAL sendo essas, formas de solução de conflitos. Quais sejam:

• Mediação e Conciliação - Art. 166 CPC e Lei 13.140/15

• Arbitragem - Lei 9.307/96 (jurisdição estatal ou privada?) Cláusula


compromissória.
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Então, se a opção for por uma SOLUÇÃO ADJUDICADA, como provocar à jurisdição
estatal? Como ter

Acesso à Justiça!

“ Cada vez mais pergunta-se, como, a que preço e em benefício de quem estes sistemas de
fato funcionam.” (Cappelletti, Mauro e Garth, Bryant - Acesso à Justiça. Tradução de Ellen Gracie, Porto Alegre, Fabris, 1988, pg. 7).

Esse movimento de acesso à justiça, no Brasil se inicia com a CF/88 e aponta três
pontos de estrangulamento que impedem o exercício da jurisdição, daí a expressão “ondas
renovatórias do acesso à justiça” trazida por Mauro Cappelletti.
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Inicialmente são três as ondas renovatórias de acesso à justiça, indicadas por Mauro Cappelletti.

1ª – Acesso dos Necessitados ao Poder Judiciário; (o acesso deve ser uniforme, com a mesma qualidade do serviço para todos);
2ª – Melhora do acesso as Tutelas Coletivas; (Não há efetividade nas demandas coletivas);
3ª – Necessidade de novos Instrumentos jurídicos; (necessidade de se criar instrumentos e mecanismos para cada situação – JEC, JEF).
Significativa posição doutrinária já entendendo a existência da 4ª e 5ª ondas (Movimentos de saída - (Bacellar, Roberto
Portugal. Mediação e arbitragem .São Paulo: Saraiva, 2012. – (Coleção saberes do direito; 53, pg 27 )
“a quarta: pretende expor as dimensões éticas dos profissionais que se empenham em viabilizar o acesso à justiça (é voltada
aos operadores do direito) e também à própria concepção de justiça; ela indica importantes e novos desafios tanto para a
responsabilidade profissional como para o ensino jurídico;
surge o que qualificamos como uma quinta onda (nossa posição) voltada ao desenvolvimento de ações em dois aspectos:
a) de saída da justiça (em relação aos conflitos judicializados);
b) de oferta de métodos ou meios adequados à resolução de conflitos, dentro ou fora do Estado, no contexto do que
denominamos (nossa posição) acesso à justiça como acesso à resolução adequada do conflito” (grifo nosso).
Por todo esse movimento já se reconhece a necessidade de Ressignificar ou Redimensionar (dar um novo significado) o
Acesso à justiça!
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Apesar do exposto, ainda cabe ao Estado o monopólio da jurisdição, exatamente para


limitar o poder do mais forte. Cabe ao Poder Judiciário compor os conflitos, para manter a
convivência pacífica entre as pessoas. Nesse sentido vamos entender

A Jurisdição

O conceito de jurisdição tem como base alguns elementos:

1º) Atuação estatal que se desenvolve por meio de um processo com o objetivo de solucionar
conflitos, de interesse jurídicos, que são levados à sua apreciação .
Daí a chamada Lide! Que em sua concepção clássica significa o “conflito de interesses
qualificados por uma pretensão resistida” (Francesco Carnelutti). Porém, hoje, não é tarefa
exclusiva do Estado a solução de conflitos. Não podemos esquecer dos – Equivalentes
Jurisdicionais.
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2º) Aplicação do direito objetivo ao caso concreto. O que não significa aplicar a Lei ao caso
concreto, mas aplicar a cada caso um sistema de legalidade interpretado e aplicado com base
nos direitos fundamentais e princípios constitucionais de justiça!

3º) Uma jurisdição voltada a solução de conflitos com DEFINITIVIDADE. Essa originária de um
fenômeno chamado “coisa julgada (material ou formal), privativa da jurisdição. Observa-se
que nem sempre a jurisdição gera coisa julgada material, essa exige trânsito em julgado (ou
seja, resolução de mérito; cognição exauriente, juízo de certeza). Também pode haver
atividade jurisdicional sem coisa julgada que são os casos de tutela antecipada onde a
cognição é sumária.
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4º) Jurisdição com participação social, que engloba os ESCOPOS DA JURISDIÇÃO, que são 04
(quatro).
 Escopo Jurídico: É a tradicional aplicação do direito objetivo ao caso concreto. Sempre que
o juiz aplica o direito objetivo ao caso concreto está cumprindo o escopo jurídico;
 Escopo Social: É aquele que busca uma solução sociológica, o apaziguamento dos ânimos
pela vontade das partes ou quando através de uma demanda judicial, que essa permita a
participação em um processo rápido, barato e justo;
 Escopo Educacional: Busca ensinar a seus jurisdicionados seus direitos e deveres, o que
eles podem ou não podem, através de julgamentos públicos levados a mídia com linguagem
acessível, clara e objetiva.
 Escopo Político: Esse se manifesta: pelo respeito ao exercício de poder do Estado quando
se tem a jurisdição como ultimo recurso na proteção das liberdades públicas e pela
participação democrática por meio de um processo no qual o cidadão é autor (ação popular,
ação coletiva, ação de improbidade administrativa).
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Assim já podemos ter um Conceito de Jurisdição:

“Jurisdição é uma atuação estatal por


meio de um processo que aplica o direito
objetivo ao caso concreto para solucionar
o conflito com definitividade gerando
pacificação social” (Daniel Amorim Assumpção Neves)
A Jurisdição se exerce com base em fundamentos (princípios), hoje postos no
Código de Processo Civil. Então vamos a eles:
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A Jurisdição se exerce com base em Normas Fundamentais, hoje postas no Código de Processo Civil.
Então vamos a eles:

Art. 1º - Adoção da Teoria do Direito Processual Constitucional, com uma preocupação em


distinguir Normas que podem assumir uma feição de Regras interpretadas de acordo com Princípios
que regram Valores.

Art. 2º - Princípio da Inércia, também conhecido como, Principio da Demanda ou Princípio


Dispositivo e ainda Princípio do Impulso Oficial.

A jurisdição não opera de oficio, o Juiz não pode conhecer de matéria que a Lei exija iniciativa
da parte. Uma vez provocada a jurisdição o impulso é oficial. Nesse sentido o juiz deve julgar a causa
de acordo e com base nos fatos provocados e alegados pelas partes, que vincula o juiz, impedindo-o
de decidir com base em fatos não afirmados pelas partes. Assim não pode o juiz decidir: Fora do
pedido (coisa diversa) Extra Petita; Além do pedido (Concessão de algo a mais) Ultra Petita ou
Aquém do pedido (a decisão deixa de apreciar pedido formulado) Citra Petita.
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O Principio do Impulso Oficial nos remete a outro Principio processual Constitucional: O


Princípio da Razoável Duração do Processo – Art 5º, LXXVIII – CF/88. Esse nos faz observar
as Metas instituídas pelo CNJ. http://www.cnj.jus.br/gestao-e-planejamento/metas/sobre-
as-metas.
• Tempo razoável para solução do mérito - o que faz demorar?
a) Complexidade da matéria;
b) Comportamento dos litigantes;
c) Estrutura do Judiciário X Quantidade de Processos X Numero de Funcionários.

Bibliografia: Tempo e Processo - José Rogério Cruz e Tucci


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Art. 3º - Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição ou da Inafastabilidade da Tutela Jurisdicional, ou Principio do Acesso


à Justiça. – Art. 5º, XXXV – CF/88Não se excluirá do poder judiciário lesão ou ameaça a direitos!
Se a parte entender que existe lesão ou ameaça a seu direito, pode desde logo requerer a jurisdição. Não sendo necessário
outro meio de busca.
Observação: Equivalentes Jurisdicionais; Arbitragem. Bibliografia: Acesso à Justiça - Mauro Cappelletti e Bryant Garth;
•https://www.consumidormoderno.com.br/2019/02/05/juiza-extingue-processo-consumidor/.
•https://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-content-1558383812.3
•https://vitorgug.jusbrasil.com.br/noticias/299419104/juiz-suspende-acao-bancaria-em-nome-do-dialogo-entre-
consumidor-e-financeira-consumidorgovbr

Art. 4º - Princípio da Primazia da Decisão de Mérito – O mérito é prioridade! Busca-se o instrumentalismo do processo,
desde que não gere uma aceleração que cause prejuízo ou inviabilize direitos legítimos. O que nos remete a
impossibilidade de surpresas nas decisões judiciais. Permite suprir as falhas para se chegar ao mérito.

Art. 5º - Princípio da Cooperação, da Lealdade e Boa-fé – Impõe deveres de conduta as partes que participam do processo.
A parte que não coopera age em desacordo com o princípio da boa-fé e caminha para uma litigância de má-fé e abuso de
direito. Essa cooperação esta direcionada ao dever de esclarecimento, prevenção e auxílio entre outros.
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Nesse sentido os tribunais vem adotando em seus julgados, institutos trazidos do direito civil para
adequar determinados comportamentos quando da atuação nas demandas processuais. Assim temos o:

a) Venire contra factum proprio – Agir contra seus próprios atos – É vedado no processo ter
comportamento diferente do adotado anteriormente em surpresa a outra parte – Temos aqui a chamada
Preclusão lógica (incompatibilidade de atos);

b) Duty to Mitigate the Loss – Refere-se a aferir ganhos decorrentes de sua desídia. O credor tem o dever
de evitar o agravamento do próprio prejuízo; (Astreintes)

c) Supressio/Surrectio – O primeiro diz respeito a perda de um direito em decorrência do seu não


exercício no tempo, gerando na outra parte a expectativa de não exercê-lo. O ato omissivo fez com que a
outra parte já não contasse com o seu exercício. Já o segundo diz respeito ao surgimento de um direito
em decorrência da não ação da outra parte. São lados opostos da mesma moeda!

d) Tu quoque – É o comportamento que rompe com o valor de confiança, surpreendendo uma das partes
na relação jurídica, colocando a outra em situação de desvantagem.
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Art. 6º - Princípio da Razoabilidade ou Improbidade Processual – Esse artigo contempla uma gama de princípios
para que todos aqueles que de qualquer forma atuam no processo tenham em vista que, para ser um
instrumento que se dirige as exigências do processo, depende da administração judiciária e da gestão judiciária,
posto que o juiz é responsável pela gestão do processo. Utiliza-se desses princípios levando em conta que o poder
judiciário, também deve ser encarado como administração pública no sentido de corroborar com a eficiência da
atividade administrativa. O processo não é um campo de batalha, a ideia e premiar àquele que coopera. (Explo.:
Redução ou até Isenção de Custas).

Art. 7º - Princípio da Isonimia ou Igualdade Processual – Significa paridade de tratamento na realização do


contraditório e ampla defesa, permitindo ao juiz analisar o conteúdo probatório considerando se há
hipossuficiência (prerrogativas processuais- Idoso, Consumidor, Incapaz) no sentido de proteger a isonomia dos
desiguais. É a ideia das mesmas condições de disputa. (deve-se observar os privilégios legais – Fazenda Pública
p.ex.).

Art. 8º - Princípio da Colaboração – Diz-se ter esse artigo uma adequação aos princípios da Administração
Pública, posto que se deve associar aos artigos 5º e 6º.
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Art. 9º - Princípio do Contraditório e Ampla Defesa - Esse principio faz parte do conceito de processo, diz-se ser
um dos elementos do conceito de processo.

“Processo é o procedimento animado por uma relação jurídica em contraditório”(Candido Rangel


Dinamarco). Art. 5º, LV – CF/88

Tradicionalmente o princípio do Contraditório é composto de três elementos:

I - Informação: Essa informação é um dever do juízo, por isso as partes tem o direito de serem
informadas/comunicadas de todos os atos processuais, e se dá por meio da Citação ou Intimação. (por vezes
aparece como notificação, porém discutível pela doutrina).
II – Possibilidade de reação: A reação não é um dever, é ônus da parte. Se a parte vai reagir ou não é escolha. A
reação é facultativa, a repercussão da não ação é de sua responsabilidade, por isso mera possibilidade.
III – Poder de influência: Essa reação deve ser considerada pelo juiz. É a aptidão concreta para convencer o juiz de
sua reação. O que não significa dizer que a reação será acolhida, mas que no mínimo considerada.
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Características do contraditório.

a) Contraditório Inútil: Significa a possível dispensa do contraditório, quando se percebe que a parte beneficiaria
do contraditório já logrou êxito, já se sagrou vitoriosa e se faz desnecessário a realização do contraditório;
(Explo.: Julgamento Liminar - Art. 332 CPC; Questões de Ordem Pública;)
b) Contraditório Diferido ou Postecipado ou Postergado: Nesse caso há uma inversão da ordem natural do
contraditório tradicional. No caso do contraditório diferido, imediatamente após o pedido vem a decisão de
entrega da prestação jurisdicional e só depois a parte contraria é informada possibilitando a reação. Esse
exercício do contraditório é excepcional e por isso depende de previsão legal - Art. 9º § único – Decisão
liminar (inaudita altera pars – sem ouvir a parte contrária).

Ver Enunciados ENFAM - Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados – nº 03, 04, 06.
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Art. 10º - Princípio da Decisão não Surpresa ou da Proibição de Julgamentos Surpresa: Esse princípio determina
que deve-se intimar as partes de algo relevante para a decisão, mas que não fora debatido no processo pelas
partes, mesmo sobre matérias das quais o juiz possa decidir (se pronunciar) de oficio.

Art. 11º - Principio da Publicidade dos Atos Processuais: Os atos processuais são públicos e a forma mais eficaz
de controle da atuação dos sujeitos processuais está na ideia de que a publicidade seja ampla e irrestrita. Uma
publicidade para todos! Por isso devemos cumular a esse principio os da motivação das decisões judiciais – Art
93, IX e X da CF.

Art. 12º - Princípio da Ordem Cronológica de Julgamento: Significa que a lista de processos prontos para
julgamento deve estar disponível (na internet). Cria um mecanismo de controle de autos já conclusos ao
magistrado e assegura a transparência dos trabalhos evitando condutas omissivas. (ler art. 12)

Em regras gerais, esses são os princípios postos no Código de Processo Civil (Art. 1º a 12º), porém temos ainda
um elenco de princípios voltados ao exercício da Jurisdição:
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Princípios da Jurisdição
Princípio da Investidura da Jurisdição: Esse se dá pela Investidura no cargo. Quando tratamos de jurisdição é
possível distinguir: Poder (é do Estado); Função (é do judiciário) e Atividade Jurisdicional (é o exercício da
atividade jurisdicional pelo juiz quando investido no cargo). Então, Investidura e a transmissão do Poder Estatal
para legitimar o Juiz dizer o direito. A Investidura se dá por concurso público ou por Indicação na Lista Tríplice –
5º Constitucional. A ausência de investidura gera nulidade, inexistência jurídica do processo. (Obs: Juiz Leigo. O
Projeto de Sentença só surte efeitos se homologado por juiz togado).

Princípio da Territorialidade ou Aderência ao Território: Quando tratamos de jurisdição, necessário se faz dizer
que essa se exerce nacionalmente. O juiz quando investido no cargo o exerce nacionalmente, mas limitada a uma
circunscrição territorial que estabelece competências. É através da competência que o juiz exerce legitimamente
a jurisdição. (Exceções: Citação por Carta-AR X Carta Precatória - Obs: Comarcas Contíguas. Os atos eletrônicos
em geral não tem limite territorial, ocorrem abstratamente).
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Princípio da Indelegabilidade: Esse é analisado sob duas óticas: a Indelegabilidade Interna - É vedado ao órgão
jurisdicional delegar sua função de julgar a outro órgão. É função Típica – Obs: Carta de Ordem na execução de
julgados, essa delega funções para as instâncias de 1º grau); e Indelegabilidade Externa (É função Atípica –
Explo.: Atribuição delegada pela CF/88 ao Congresso Nacional para processar e julgar impeachment)

Princípio da Inevitabilidade: É inevitável e obrigatória a vinculação as decisões judiciais. Iniciada a demanda, se


esta vinculado inevitavelmente aos efeitos da jurisdição. É a ideia de sujeição ao Estado juiz.

Princípio do juiz Natural ou Juízo Natural: É regra de prevenção do juízo que cria uma competência absoluta no
caso concreto. Esse principio tem previsão constitucional em dois incisos da CF/88 – Art. 5º, XXXVII - “não
haverá juízo ou tribunal de exceção” ; e LIII - “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente”.
• Como se dá essa escolha? Por distribuição ou Regra de Competência - Art. 284 e ss do CPC;
• O que é um órgão ou juízo de exceção? É aquele formado após os fatos que irá decidir. Criado com o objetivo
exclusivo de decidir determinadas questões. É temporário. Depois de decididas tais questões o órgão acaba.
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Também é necessário que exista, a época dos fatos a serem decididos, um órgão competente para julgar a
questão. Isso traz a ideia de Substituição de órgão competente.

são três os requisitos para se identificar a existência de um tribunal de


Então
exceção :
1. Formação após os fatos ( Não pode haver escolha do juiz que vai julgar à causa – Obs.: Vara única, plantão
judicial);

2. Substituição do órgão competente (A competência é pré-fixada, o juízo é pré-constituído para à causa – se


houver mais de um a escolha é feita por livre distribuição);

3. Ser temporário...
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Processo e Procedimento
CONCEITO:
Para exercer a função jurisdicional, o Estado cria órgãos especializados. Mas estes órgãos encarregados da jurisdição
não podem atuar discricionária ou livremente, dada a própria natureza da atividade que lhes compete. Subordinam-se, por
isso mesmo, a um método ou sistema de atuação, que vem a ser o processo. O processo é o instrumento da jurisdição, o meio
de que se vale o juiz para aplicar a lei ao caso concreto. Não é um fim em si, já que ninguém deseja a instauração do processo
por si só, mas meio de conseguir determinado resultado: é a prestação jurisdicional que tutelará determinado direito,
solucionando o conflito. O processo goza de autonomia em relação ao direito material que nele se discute. Mas isso não é
absoluto: ele não existe dissociado de uma situação material concreta, posta em juízo. Só será efetivo se funcionar como
instrumento adequado para a solução do conflito.

TUTELA JURISDICIONAL: Para José Roberto dos Santos Bedaque: “Assim, tutela jurisdicional tem o significado de
proteção de um direito ou de uma situação jurídica, pela via jurisdicional[...] caracterizando a atuação do Direito em casos
concretos trazidos à apreciação do Poder Judiciário.”

INSTRUMENTALISMO SUBSTANCIAL DO PROCESSO: O processo nunca é um fim em si mesmo. Ninguém ingressa em


juízo tão somente para obtê-lo. Constitui apenas o instrumento utilizado pela jurisdição para aplicar a lei ao caso concreto. Daí
que deve atender, da melhor maneira possível, a sua finalidade, qual seja, fazer valer o direito da parte, que o entende
violado. O processo deve amoldar-se à pretensão de direito material que se busca satisfazer.
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DIFERENÇA ENTRE PROCESSO E PROCEDIMENTO


Processo é o método pelo qual se opera a jurisdição, com vistas à composição dos litígios. É instrumento de
realização da justiça; é relação jurídica, portanto, é abstrato e finalístico.
O processo exterioriza-se de várias maneiras diferentes, conforme as particularidades da pretensão do autor e da
defesa do réu. Uma ação de cobrança não se desenvolve, obviamente, como uma possessória e muito menos como um
inventário.
O modo próprio de desenvolver-se o processo, conforme as exigências de cada caso, é exatamente o
procedimento do feito, isto é, o seu rito. Procedimento: Sucessão de atos processuais É o modus faciendi, o rito, o caminho
trilhado pelos sujeitos do processo. Enquanto o processo constitui o instrumento para a realização da justiça, o
procedimento constitui o instrumento do processo, a sua exteriorização.
O procedimento é entendido como uma sucessão de atos interligados de maneira lógica e consequencial visando
a obtenção de um objetivo final. Costuma-se dizer que o procedimento é a exteriorização do processo que COMEÇA COM A
PETIÇÃO INICIAL, FASE DE CONHECIMENTO – SENTENÇA (485 OU 487) FASE DE EXECUÇÃO – SENTENÇA.
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AS VÁRIAS VISÕES DO PROCESSO - Teorias ou Natureza Jurídica


a) Teoria procedimentalista: o processo foi confundido com a simples sucessão de atos
processuais (procedimento). Concepção esta que predominou durante a fase imanentista do
Direito Processual, na qual a ação era vista como o próprio direito material em estado de
reação.
b) Processo como contrato: Século XVIII: As partes se submeteriam voluntariamente ao processo
e a seus resultados por meio de um verdadeiro negócio jurídico de direito privado. As pessoas
não seriam obrigadas a comparecer em juízo, mas, se o fizessem, comprometiam-se a cumprir
a decisão prolatada pelo juiz. Haveria, então, um pacto, uma convenção para o processo (litis
contestatio).
c) Processo como quase contrato: Século XIX, o francês Arnault de Guényvau: necessitando
descobrir uma natureza jurídica de direito privado ao processo e não se aceitando tratar-se de
um contrato, nem de um delito, a única saída viável seria entendê-lo como um quase contrato.
A fragilidade do raciocínio fez com que a teoria fosse logo abandonada.
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d) Processo como relação jurídica: a relação de direito material é o objeto de discussão no processo,
enquanto a relação de direito processual é a estrutura por meio da qual essa discussão ocorrerá. Segundo
forte entendimento da doutrinária nacional essa corrente é até os dias atuais a mais aceita, entendendo-
se o processo como a relação jurídica de direito processual, exteriorizada por meio do procedimento. A
relação processual tem seus próprios sujeitos (configuração tríplice: autor, réu e Estado juiz), objeto
(prestação jurisdicional) e requisitos (aos quais Bülow deu o nome de pressupostos processuais), que lhe
dão autonomia.
e) Processo como situação jurídica: Criada pelo alemão James Goldschimit, o processo seria não uma
relação jurídica (consideração “estática” do Direito), mas várias situações jurídicas ativas (consideração
“dinâmica” do Direito), criadoras de deveres, poderes, faculdades e ônus para os sujeitos que dele
participam. O processo criaria, ainda, uma expectativa de prolação de provimento jurisdicional favorável.
O que, antes, era um direito subjetivo, com o processo passa a constituir mera expectativa, possibilidade,
a ser auferida quando do pronunciamento final (sentença). Ainda que o entendimento de Goldschmidt
não tenha sido recepcionado pela doutrina, algumas de suas observações são válidas até os dias atuais,
ainda que aplicáveis à teoria do processo como relação jurídica processual. Por ex. ônus, sujeição e
relação funcional do juiz com o processo.
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f) Processo como instituição jurídica: O processo seria uma instituição jurídica, submetida ao regime da
lei e que regula a condição dos sujeitos, coisas e atos, tendentes à obtenção dos fins da jurisdição.
Chegou a contar com a adesão de Eduardo Juan Couture, já está superada na doutrina.
g) Processo como procedimento em contraditório: Elio Fazzalari: o procedimento contém atos
interligados de maneira lógica e regidos por determinadas normas, sendo que o posterior, também
regido por normas, dependerá do anterior, e entre eles se formará um conjunto lógico com um
objetivo final. A prática de cada ato deve-se permitir a participação das partes em contraditório,
sendo justamente essa paridade simétrica de oportunidades de participação a cada etapa do
procedimento que o torna um processo.
h) Procedimento animado por uma relação jurídica em contraditório: Para os defensores desse
entendimento, a relação jurídica processual representa a projeção e a concretização da exigência
constitucional do contraditório. As faculdades, poderes, deveres, ônus e estado de sujeição das partes
no processo significam que esses sujeitos estão envolvidos numa relação jurídica, que se desenvolverá
em contraditório. São duas facetas de uma mesma realidade, não havendo razão para descartar a
relação jurídica ou o contraditório na conceituação de processo. Poder-se-á concluir que essa
corrente doutrinária trabalha com as duas teorias: relação jurídica (Büllow) e contraditório
(Fazzalari).
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i) Processo como entidade complexa: Segundo Cândido Rangel Dinamarco, o processo é integrado por dois
elementos distintos que, por si sós, não explicariam o processo: o procedimento (série de atos
interligados e coordenados ao objetivo de produzir a tutela jurisdicional justa, a serem realizados no
exercício dos poderes e faculdades ou em cumprimento a deveres e ônus) e a relação jurídica processual
(conjunto de situações jurídicas ativas e passivas que autorizam ou exigem a realização dos atos.)
j) Processo como categoria autônoma.

O QUE DE FATO IMPORTA PARA NÓS? É que o processo é um meio, um método, um instrumento, um sistema
(ou coisa que o valha) para definição de direitos materiais, método este imposto de forma cogente pela lei
(exceto quando houver acordo procedimental, nas hipóteses previstas no Art. 190) e que vincula, na
composição do litígio, partes, juiz e demais participantes da relação processual. Mediante o processo, o
Estado prestará a tutela jurisdicional, quando para tanto for provocado em razão do exercício do direito de
ação.
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Natureza e Classificação das Tutelas Jurisdicionais


Quanto a Natureza essa se subdivide em Substitutiva e Declaratória.

A Natureza Substitutiva significa dizer que cabe ao Estado prestar a jurisdição, substituindo a atividade das partes e
realizando em concreto a vontade (da Lei para Chiovenda) do ordenamento jurídico (na busca da justa composição da Lide
para Carnelutti), e se classificam pela natureza da pretensão submetida a apreciação do judiciário. Essa é a chamada
Jurisdição Contenciosa
que tem como objetivo a composição e a solução de uma Lide, estabelecendo uma solução para o caso e impedindo
qualquer ameaça ou violação a princípios norteadores da sociedade. A jurisdição contenciosa pode ser de cunho cognitivo,
executivo ou cautelar e não se exerce de ofício (Inventário -1973 X Restauração de Autos - 2015)

Tutela de Conhecimento (Cognitivo). Essa trabalha com três crises jurídicas, por isso mais ampla. São elas:
A Declaratória: resolve crise de certeza (Explo.: Investigação de Paternidade);
A Constitutiva: resolve crise de situação jurídica (Explo.: Divórcio);
A Condenatória: resolve crise de inadimplemento.
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• Tutela Executiva. Essa resolve crise de satisfação do direito (Explo.: Cumprimento de sentença, Processo
Autônomo de Execução e a chamada Tutela Provisória). Todas formas procedimentais de tutela executiva.
Aqui não se dá muita importância ao nome do instituto. O que realmente importa é a crise de satisfação do
direito que se está resolvendo.

• Tutela Provisória. Essa se subdivide em Tutela de Urgência (Antecipada ou Cautelar) e de Evidencia. E está
para uma crise de PERIGO!
Nelas se trabalham a ideia do TEMPO como inimigo. Há casos em que o tempo funciona como inimigo da
efetividade da tutela jurisdicional. Quando tratamos de PERIGO e TEMPO, estamos diante da possibilidade
de ineficácia do processo.
Nesse sentido, quando o juiz age a partir de um conflito de interesses, julgando um processo e
determinando o que deve ser feito, estamos em um procedimento de. Jurisdição contenciosa, que
difere do procedimento de Jurisdição Voluntária.
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Jurisdição Voluntária
Essa, em regra não apresenta conflito de interesses. Tem como características:

• A Obrigatoriedade: A maioria das demandas de jurisdição voluntária são constitutivas necessárias. A


intervenção jurisdicional é a única forma da parte obter o bem da vida pretendido, pois o que se pretende é
criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica. Na jurisdição voluntária temos uma relação jurídica de direito
privado, que em regra dispensa intervenção estatal, contudo por algum motivo o Estado entendeu de intervir.
(Explo.: alienação de bem de incapaz);

•Princípio Inquisitivo ou Impulso Oficial X Princípio Dispositivo


Na Jurisdição voluntária o sistema é misto (Art. 720 CPC), valora a vontade das partes, mas preponderância
do inquisitivo, quando por exemplo, no que refere aos poderes instrutórios, o juiz pode atuar de oficio e ainda
decidir contra a vontade das partes – Juízo de Equidade (Art. 723, §ú CPC).
No que refere a participação do MP , essa não é obrigatória. Esse será intimado! Art. 721 c/c 178 do CPC .
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DOS PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS:


• O processo é composto por uma sequência de atos que se desenvolverá de acordos com procedimentos.

De acordo com o CPC temos o procedimento comum e o especial. Em uma visão macro o que é necessário no
mínimo para o processo existir e ser válido?

Começando a análise desses pressupostos processuais precisamente de existência, o mínimo para que
haja um processo é necessário que tenhamos um órgão jurisdicional, parte e demanda. Por exemplo: o delegado
conduz o inquérito, mas é importante destacar que o delegado não presta jurisdição, são funções diferentes. Ele
tem um instrumento que é similar ao processo que é o inquérito policial, mas não é. O inquérito é um
procedimento que o delegado conduz, mas não é processo.

• Processo precisar ter ÓRGÃO JURISDICIONAL, a presença é fundamental.


Vamos relembrar: na aula em que foi trabalhada a arbitragem, equivalente jurisdicionais, tratamos de uma corrente teórica
que defende que a arbitragem é uma jurisdição por isso seria estaria adequado falar em processo, mas para aqueles que
entendem que arbitragem não é jurisdição, e sim um equivalente jurisdicional, não será utilizado o termo processo, mas sim o
termo procedimento arbitral.
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Para existir processo tem que existir parte, basta a parte autora para existir processo. Claro que em um processo,
se tudo estiver bem, o réu é citado e isso fará a angularização da relação processual, além de ter a participação do
magistrado dentro dessa relação jurídica. Então, para que haja efetivamente a existência do processo, é necessário ter a
presença de partes, normalmente autor e réu.

Às vezes, o juiz indefere a inicial e nem mesmo o réu foi citado, mas existiu processo. Atenção: Tem alguns
pouquíssimos processos que são unipessoais em que não se tem réu. Exemplo.: Art.1052, CPC, a ação de insolvência civil.
Por esse instituto o próprio devedor ele propõe a ação por ter vários credores e não ter como pagar os credores, mas
também não quer ficar respondendo a vários processos em momentos diferentes, então o devedor requer a sua auto
insolvência, informando quem são os seus credores, mas não tem réu.

Vimos que a ação depende da provocação ao Estado juiz que é feita pela parte que é chamado de DEMANDA, ou
seja, demandar é provocar o Estado juiz, é exercer o direito de Ação e o instrumento da demanda é a petição inicial, sendo
assim, é por meio da petição inicial que se vincula o direito de Ação.

Parte da doutrina utiliza a expressão pressuposto processuais de existência e de validade, mas o professor Fredie
Didier expõe que os pressupostos vem antes da existência, ou seja, os pressupostos de existência estariam corretos, mas diz
que quanto a validade, se já existe um processo o adequado seria a denominação requisitos de validade e não pressupostos
de validade.
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• PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DE VALIDADE:


1) ÓRGÃO JURISDICIONAL: Em relação ao órgão jurisdicional, tem dois critérios de validade:

OBJETIVO E SUBJETIVO.
OBJETIVO: Em relação ao fator objetivo, o órgão jurisdicional precisa ser competente. Em relação a competência,
pode-se dizer que é um pressuposto processual, uma vez que reconhecida a incompetência o juiz declina o
processo para o órgão competente.
Quando o processo estiver no órgão competente, caberá ao novo magistrado no novo órgão jurisdicional revogar
ou não todas as decisões proferidas pelo outro. Dentro da visão macro do processo, o declínio da competência
gera a possibilidade de várias decisões serem atingidas pelo novo juiz, porém, é importante destacar que a
competência é um vício sanável, sendo assim não é recomendado que o novo juiz encerre o processo na forma do
art. 485, IV, CPC.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
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SUBJETIVA: Ocorre de maneira diferente em relação ao órgão jurisdicional e seu critério subjetivo. Quem prestará a
jurisdição, é o juiz, no entanto, esse juiz precisa ser IMPARCIAL.
Como preleciona Luís Roberto Barroso, a neutralidade do magistrado é impossível. O magistrado é um ser humano
e o ser humano nunca é neutro, ou seja, exigir uma pessoa neutra, é exigir alguém que não tenha passado, sofrido, refletido.
Exemplo de imparcialidade: pode ocorrer de um magistrado que acabou de ter filho e se torna juiz de um processo
envolvendo violência contra criança. Pode acontecer de exacerbar a pena porque, naquele momento, ele vive a questão
maternidade ou paternidade.
O mesmo caso pode acontecer com um magistrado que adora animais e pega uma ação de violência contra
animais. Nenhum ser humano é neutro, no entanto, para um processo se desenvolver validamente o magistrado deverá ser
imparcial. Imparcial no nosso Código de Processo Civil é não ser impedido, art. 144, CPC e não ser suspeito, art. 145, CPC.
O IMPEDIMENTO ocorre quando o juiz não pode participar do processo atendendo a critérios objetivos.
Exemplo: Um juiz de 1º grau e proferiu uma sentença e a parte recorreu. No entanto, esse juiz de primeiro grau foi
promovido a desembargador e o processo chega para ele novamente. Não é possível que o magistrado que proferiu a
sentença em primeiro grau de jurisdição, profira em segundo grau também, ou seja, se o juiz proferiu a sentença de 1º grau,
ele não poderá, eventualmente como desembargador julgar o recurso.
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O tema referente a imparcialidade do juiz é muito importante e o Código de Processo Civil reconhece tamanha
importância viabilizando a arguição da parcialidade do juiz, visto que a ausência de imparcialidade pode macular em vários
atos suspeitos. Atenção: A arguição do impedimento NÃO PRECLUI, porém, a SUSPEIÇÃO só poderá ser alegada na hora, se
não for, não poderá alegar mais. O impedimento poderá ser alegado a qualquer momento, inclusive na ação rescisória,
como consta no art. 966, II, CPC.
Atenção, se houver suspeição ou impedimento todos os atos que aquele juiz praticou, poderá ser desconsiderado
e o processo será reiniciado.

Pressuposto Processual de Validade em Relação a Parte


A capacidade processual, se subdivide da seguinte forma:
A)CAPACIDADE PARA SER PARTE;

B)CAPACIDADE DE ESTAR EM JUIZO;

C)CAPACIDADE POSTULATÓRIA
A ausência de cada uma dessas opções faz com que a parte não tenha capacidade processual e corre o risco de
o processo ser extinto por falta de pressuposto processual.
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A) CAPACIDADE PARA SER PARTE: A capacidade de ser parte é até mais ampla do que a capacidade de direito do Direito Civil. Essa
modalidade de capacidade se refere ao fato de ter capacidade jurídica, ou seja, ter a possibilidade de contrair direitos e exercer
obrigações. No Código de Processo Civil teremos a possibilidade de demandantes ou demandados que não possuem personalidade
jurídica, mas possuem a chamada personalidade judiciária. São chamados de pessoas formais, como pode se observar no Art. 75,
CPC, sendo estes: a legitimidade da massa falida, do espólio, da sociedade de fato, condomínios e até comunidades indígenas e as
comunidades tribais. Esses dois últimos não encontrados no CPC, mas em outra lei (art. 37 da lei 6.001/73).
B) CAPACIDADE DE ESTAR EM JUIZO: A capacidade de estar em juízo se assemelha a capacidade de fato do direito civil. No Direito
Civil existe a figura do absolutamente incapaz, as vezes é necessário, dependendo da situação concreta que haja um negócio jurídico
envolvendo o patrimônio de alguém que não tem capacidade para estar em juízo, como por exemplo o órfão de pais que é riquíssimo.
Como outro exemplo, como na já menciona a Ação de Alimentos em que o direito aos alimentos não é da mãe, mas sim do menor, no
entanto, a mãe supre a capacidade do menor para que ele possa estar em juízo. Atenção: Nesse caso, o menor tem a capacidade de ser
parte, mas não para estar em juízo. Para que isso ocorra ele precisa estar devidamente representado ou assistido.

Assim temos a Legitimidade ad causam e a Legitimidade ad processum


A legitimidade para a causa não se confunde com a legitimidade para o processo, pois aquela é condição da ação, enquanto
esta é pressuposto processual que se relaciona com a capacidade para estar em juízo...Ou seja, o menor de 16 anos
tem legitimidade ad causam para propor ação contra seu suposto pai, mas não tem legitimidade ad processum , por não ter
capacidade para estar em juízo, devendo ser representado
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CAPACIDADE POSTULATÓRIA: É a aptidão de se dirigir ao Estado-juiz para fazer requerimentos e apresentar peças. Essa capacidade é
própria do advogado privado, público, defensor, membro do Ministério Público.
A parte não poderá ir ao judiciário sem advogado, uma vez que a parte não tem capacidade postulatória. É
necessário contratar um advogado, procurar um defensor, ou seja, como as vezes é necessário o representante, também é
necessário o detentor de capacidade postulatória. Existem casos que a legislação permite que quem não é advogado ou
defensor, exerça a capacidade postulatória, mas são raríssimas as exceções, como por exemplo: Habeas Corpus e nos juizados
especiais.
Nos Juizados Especiais Estaduais, em seu art. 9 prevê que até 20 salários mínimos não há necessidade de advogado,
é opcional. Depois que houver a sentença e caso a parte resolva recorrer, nesse caso, já há necessidade de um advogado para
o recurso ou as contrarrazões, essa regra é encontrada no art. 41, §2º, da L. 9.099/95.
Atenção: A ausência de capacidade postulatória pode gerar as mais diversas consequências processuais. Vamos supor que o
Autor promoveu a demanda e no meio do processo o advogado do Autor renuncia ao mandato e após o advogado cumpri o
tempo expresso em lei até que seja nomeado outro, o autor não nomeia outro advogado. Se ele não nomeia outro
advogado, significa dizer que ele não tem mais capacidade postulatória e a consequência disso é não ter mais o pressuposto
processual de validade ou desenvolvimento. O juiz dará um novo prazo para que seja regularizado e caso não seja o processo
será extinto sem resolução de mérito, na forma do art. 485, IV, CPC. 3 Agora, imagine que o réu foi citado, nomeou advogado,
mas depois o advogado do réu renunciou. Ele cumprirá as formalidades, o juiz intimará o réu para regularizar e caso não
regularize o processo continuará. O art. 313, CPC, e parágrafos, menciona que o juiz deixará o réu revel, ou seja, a
contestação será lida, mas ele sendo réu sem advogado não será intimado para os atos posteriores, art. 346, CPC.
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• AÇÃO
CONCEITO: A doutrina conceitua ação como o poder de dar início a um processo e
dele participar, com o intuito de obter do Poder Judiciário uma resposta ao pleito formulado.
A ação pode ser compreendida como o direito subjetivo público ou, mais que isso, o direito
fundamental de pedir tutela jurisdicional ao Estado juiz, rompendo a inércia do Poder
Judiciário, e de atuar, ao longo do processo, para a obtenção daquele fim. SUBJETIVO: direito
facultado ao sujeito (indivíduo) que possui um direito ameaçado ou violado.

Assim temos um Direito de Ação:

SUBJETIVO: direito facultado ao sujeito (indivíduo) que possui um direito ameaçado ou violado.
PÚBLICO: direito é público porque se dirige contra o Estado, exercitável pela parte para exigir a obrigação da
prestação jurisdicional.
AUTÔNOMO: é desvinculado do direito material.
ABSTRATO: por não se tratar de um direito à uma sentença favorável, mas direito de expor pretensão.
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Historicamente o Direito de Ação se desenvolve a partir das seguintes teorias:


• TEORIA IMANENTISTA OU CIVILISTA: O direito de ação é considerado o próprio direito material em
movimento, reagindo a uma agressão ou a uma ameaça de agressão. Não consegue entender o direito de
ação como direito autônomo. Quando há respeito ao direito material, ele remanesce estático, colocando-se
em movimento somente no caso de agressão ou ameaça, hipótese na qual passa a ser considerado direito
de ação. POLÊMICA WINDSCHEID × MUTHER: superação da confusão realizada pela teoria imanentista.

• TEORIA DA AÇÃO COMO DIREITO AUTÔNOMO E CONCRETO: A ação é autônoma, mas só existe quando a
sentença for favorável (ação consiste no direito à sentença favorável). Em outras palavras, o direito à ação só
é possível quando existir o direito material. Principais defensores da teoria: Wach, Bulow, Hellwig.

• TEORIA DA AÇÃO COMO DIREITO AUTÔNOMO E ABSTRATO: Para essa teoria, a ação não tem qualquer
relação de dependência com o direito material controvertido. Segundo essa concepção, além de autônomo,
o direito de agir é independente do reconhecimento do direito material. Ação, então, passou a ser entendida
como o direito público subjetivo a um pronunciamento judicial, seja favorável ou desfavorável. Basta que o
autor invoque um hipotético direito que mereça proteção para que o Estado fique obrigado a pronunciar-se.
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• TEORIA ECLÉTICA: Segundo Liebman, precursor da teoria eclética, o direito de ação não está vinculado a uma
sentença favorável (teoria concreta), mas também não é completamente independente do direito material
(teoria abstrata). Ação é o direito a uma sentença de mérito, seja qual for o seu conteúdo, isto é, de
procedência ou improcedência. Para surgir tal direito, deveriam estar presentes as chamadas “condições da
ação”. O CPC adotou a teoria eclética, ao prever expressamente que a sentença fundada em ausência das
condições da ação é meramente terminativa, não produzindo coisa julgada material (art. 485, VI, do CPC),
ainda que não conste mais expressamente do texto legal a expressão “condições da ação”.
• TEORIA DA ASSERÇÃO: A presença das condições da ação deve ser analisada pelo juiz com os elementos
fornecidos pelo próprio autor em sua petição inicial, sem nenhum desenvolvimento cognitivo. Existe até
mesmo parcela doutrinária que entende que tal análise possa ser feita depois da petição inicial, desde que
ainda com uma cognição superficial das alegações feitas pelo autor. Ou seja, o que interessa para fins da
existência das condições da ação para a teoria da asserção é a mera alegação do autor, admitindo-se
provisoriamente que o autor está dizendo a verdade. Se o autor alega ser o possuidor numa ação
possessória, já basta para considerá-lo parte legítima, sendo a análise da veracidade ou não dessa alegação
relegada ao juízo de mérito. No STJ, recentemente, prevalece a TEORIA DA ASSERÇÃO, como podemos ver no
Tema n° 939 - Repetitivo; REsp n° 818/603/RS; REsp n° 1.395/PE, segunda Turma, DJe 07/03/2014.
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CODIÇÕES DA AÇÃO
• Requisitos (CPC 1973): Legitimidade da parte; Interesse de agir e Possibilidade Jurídica do pedido.
O CPC vigente (2015) não tem mais a nomenclatura “condições da ação”. Além de excluir o requisito da possibilidade jurídica
do pedido.
“Art. 17, do CPC: Para postular em juízo é necessário ter interesse e legitimidade.”
Enrico Tullio Liebman sustenta que poderiam, afinal, ser reduzidas a duas: a legitimidade e o interesse, pois que este
último absorveria a possibilidade jurídica do pedido. Para aquele grande jurista, sempre que alguém formulasse um pedido
impossível, faltaria interesse de agir. NOMENCLATURA CONDIÇÕES DA AÇÃO (Humberto Theodoro Júnior): O novo Código de
Processo Civil fugiu do nomen iuris “condições da ação”, consignando, porém, que “para postular em juízo é necessário ter
interesse e legitimidade” (art. 17). Com essa postura, aparentemente ter-se-ia acolhido a tese de que ditas condições
perderam a qualidade de preliminares processuais, passando a integrar o próprio mérito do processo, mais propriamente,
como “preliminares de mérito”. Assim, legitimidade e interesse figurariam no objeto litigioso na mesma categoria de, por
exemplo, a prescrição e a decadência. Todavia, não chegou a tanto a estrutura processual renovada, visto que, ao distinguir os
provimentos que resolvem ou não o mérito, o acolhimento da falta de legitimidade ou interesse foi arrolado entre as
hipóteses de extinção do processo, sem resolução de mérito (NCPC, art. 485, VI). Logo, malgrado o combate feito por
numerosa corrente doutrinária à figura das condições da ação, a pretexto de serem elas indissociáveis da matéria de mérito
discutida no processo, o certo é que a lei continua a tratá-las como categoria processual distinta, intermediária entre os
pressupostos de validade do processo e o mérito da causa. Continua, portanto, o Código atual fiel à doutrina de Liebman.
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• LEGITIMIDADE Art. 18, do CPC. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome próprio, salvo quando autorizado
pelo ordenamento jurídico. Segundo Humberto Theodoro Junior: A legitimidade (legitimatio ad causam), é a titularidade
ativa e passiva da ação, na linguagem de Liebman. “É a pertinência subjetiva da ação”. É preciso que os sujeitos sejam, de
acordo com a lei, partes legítimas, pois se tal não ocorrer o processo se extinguirá sem resolução do mérito (art. 485, VI).

Legitimidade Ordinária: O titular do Direito Processual é o mesmo do Direito Material (são aqueles que
participam da relação jurídica de direito material). As pessoas só podem ir a juízo, na condição de partes, para postular e
defender direitos que alegam ser próprios, e não alheios.
Legitimidade Extraordinária: Excepcionalmente admite-se que alguém em nome próprio litigue em defesa do
interesse de terceiro, hipótese em que haverá uma legitimação extraordinária. Essa só acontece quando o
ordenamento/lei autorizar. Também se admite a legitimação extraordinária quando decorrer logicamente do sistema -
maneira implícita (Causas de Sucessão ou Substituição Processual).

É preciso fazer uma diferenciação entre legitimidade ad causam e legitimidade ad processum: Segundo
Donizetti: A legitimidade ad causam é condição da ação, um dos requisitos para a concretização da tutela de mérito. Ao passo
que a legitimidade ad processum é requisito (ou pressuposto) processual de validade que se relaciona com a capacidade para
estar em juízo, quer dizer, de praticar atos processuais independentemente de assistência ou representação. Assim, o menor
de 16 anos, por exemplo, goza de capacidade de ser parte e de legitimidade ad causam para propor ação de alimentos contra
seu pai, mas não tem legitimidade ad processum, devendo ser representado (art. 71).
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• INTERESSE DE AGIR: Existem duas correstes doutrinárias que discutem o tema.


1ª Corrente: Interesse de agir significa - Necessidade + Adequação
2ª Corrente: Interesse de agir significa - Necessidade + Utilidade + Adequação
Não pode buscar a via judiciária sem necessidade e sem adequação processual. É preciso que a
pretensão só possa ser alcançada por meio do ajuizamento da demanda e que esta seja adequada para a
pretensão formulada. Haverá necessidade sempre que o autor não puder obter o bem da vida
pretendido sem a devida intervenção do Poder Judiciário.
Por adequação se entende que o pedido formulado pelo autor deve ser apto a resolver o conflito
de interesses apresentado na petição inicial. "A condição da ação consistente no interesse processual (ou
interesse de agir) compõe-se de dois aspectos, ligados entre si, que se podem traduzir no binômio
NECESSIDADE-UTILIDADE, embora haja setores na doutrina que prefiram traduzir esse binômio por
NECESSIDADE-ADEQUAÇÃO ou mesmo aludir ao trinômio NECESSIDADE-UTILIDADE-ADEQUAÇÃO.
Configura-se o interesse com a necessidade de proteção jurisdicional e a utilidade e adequação das
providências pleiteadas para suprir tal necessidade"
(WAMBIER, Luiz Rodrigues; e TALAMINI, Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, v. 1. 16 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016, p. 219).
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• LITISCONSÓRCIO
CONCEITO: Dá-se o nome de litisconsórcio quando duas ou mais pessoas litigam, no mesmo processo, em
conjunto, ativa ou passivamente (art. 113).
É hipótese, portanto, de cumulação subjetiva (de partes/de sujeitos) no processo. O litisconsórcio pode ser:

Em Relação ao Polo Processual:


ATIVO: quando a pluralidade for de autores;
PASSIVO: quando a pluralidade for de réus; e
MISTO: quando a pluralidade for de autores e réus.
Em Relação ao Momento de Formação:

LITISCONSÓRCIO ORIGINÁRIO/INICIAL: É formado desde o início da ação, quando sua formação é pleiteada na
petição inicial, sendo essa a regra geral;

LITISCONSÓRCIO SUPERVENIENTE: Tem sua formação em momento posterior ao início da ação. O litisconsórcio
superveniente, para aqueles que não o admitem, essa espécie de litisconsórcio fere o princípio do juiz natural, pois,
em função do instituto, a parte teria a possibilidade de optar por ingressar naquela relação processual ou por
propor uma ação autônoma, perante outro juízo.
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LITISCONSÓRCIO INCIDENTAL: Ocorre quando o litisconsorte não é indicado na petição inicial, e poderá se
formar das seguintes maneiras:

• Em razão de uma intervenção de terceiro, como ocorre no chamamento ao processo e na denunciação da


lide;
• Pela sucessão processual, quando os herdeiros ingressam no feito sucedendo a parte falecida;
• Pela conexão, se determinar a reunião das demandas para processamento conjunto;
• Por determinação do juiz, na denominada intervenção iussu iudicis, nas hipóteses de litisconsórcio passivo
necessário não indicado na inicial.

Dispõe o art. 115, parágrafo único, que “o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam
ser litisconsortes, no prazo que assinar, sob pena de extinção do processo”.
Do Chamamento ao Processo: Trata-se de direito do réu de chamar, para ingressar no polo passivo da demanda,
os corresponsáveis por determinada obrigação. Estando, portanto, ligado a ideia de solidariedade. Não é uma
modalidade de intervenção obrigatória, podendo ser feito apenas pelo Réu, tendo por fim a economia
processual, visto que não seria necessário um novo processo de cognição exauriente para regular a
corresponsabilidade.
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A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e
deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento.
Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será
de 2 (dois) meses. Tem cabimento nas seguintes hipóteses:
• Do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
• Dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
• Dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.

LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO: Decorre de uma faculdade da parte por formá-lo ou não, pois não existe norma
que obrigue a sua formação. A formação fica, a princípio, a critério do autor, desde que preenchidos os requisitos
legais, isto é, quando entre os litisconsortes (ativos ou passivos) houver comunhão de direitos ou de obrigações
relativamente à lide; quando entre as causas houver conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; ou quando
ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
FONTES:
São fontes do litisconsórcio a comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide, a conexão pelo pedido
ou pela causa de pedir e a afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito. Essas são as hipóteses
em que a lei processual admite a formação de litisconsórcio, senão vejamos:
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Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
§ 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na fase de conhecimento, na
liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o
cumprimento da sentença.
§ 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou resposta, que recomeçará da intimação da
decisão que o solucionar.

LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO: O litisconsórcio necessário decorre de imposição legal ou da natureza da relação


jurídica, hipóteses em que ao autor não resta alternativa senão a formação do litisconsórcio.
Explo.: a) Ações que versem sobre direito real imobiliário devem ser propostas contra marido e mulher;
b) Na ação de usucapião, a lei exige não só a citação daquele em nome de quem estiver registrado o
imóvel usucapiendo, mas também a citação dos confinantes (art. 246, § 3º), exceto quando a demanda tiver por
objeto unidade autônoma de prédio em condomínio, caso em que a citação será dispensada;
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Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica
controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
Determinação de lei:
• Art. 73, §1º Quando pela natureza da relação controvertida a eficácia da decisão depender da citação de
todos os litisconsortes (relação incindível) ▪ Ex.: MP anular casamento (anula para os dois, não tem como
anular só para um) ▪ Ex.: ação de despejo – em face de todos os envolvidos
ou seja: o litisconsórcio necessário decorre de lei expressa ou do direito material e a sua formação é obrigatória
para a eficácia da sentença.

ademais:
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será:
I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo;
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO UNITÁRIO
II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados;
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO SIMPLES
Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de
todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo.
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• REGRA:
O Juiz não pode incluir de ofício litisconsorte necessário. TODAVIA: há o caso da Intervenção Iussu Iudicis:
Trata-se de instituto que permite a atuação oficiosa de chamar terceiro ao processo, desde que se
acredite na conveniência dessa medida.
Em que pese não haja previsão EXPRESSA no CPC , PODE HAVER a Integração do litisconsórcio necessário
não citado (art. 115, § único, CPC), por determinação do juiz, na denominada intervenção iussu iudicis, nas
hipóteses de litisconsórcio passivo necessário não indicado na inicial.
Art. 115, parágrafo único, que “o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos
que devam ser litisconsortes, no prazo que assinar, sob pena de extinção do processo”.

Explo.: A entra com um pedido de pensão por morte no INSS, o qual nega e alega que já estava pagando a pensão
daquele de cujus a outra pessoa. ▪ Se o autor não colocar na Petição Inicial, o Juiz mandará que o autor corrija-a
para incluir a intimação do outro, formando assim o litisconsórcio necessário. Se não regularizar vai ser extinto sem
resolução de mérito
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Litisconsórcio ATIVO FACULTATIVO e SUPERVENIENTE:


É POSSÍVEL um Litisconsórcio ativo facultativo e superveniente?
Exemplo: um advogado tem 10 procurações para representar 10 pessoas (ABCDEFGHIJ), posto ocorrer afinidade de questões
por ponto comum de fato ou de direito e não é caso de litisconsórcio necessário.
Na comarca do referido advogado existem 2 juízes. Por processos anteriores ele sabe que se o processo cair no juiz
1, ele ganhará a ação. Todavia, se cair no juiz 2, ele perderá. O advogado entra com a ação de A, que cai no juiz 2, que rejeita
seu pedido
• Seguindo o Art. 286 – II, ele não poderá mais entrar com essa ação novamente.
O advogado entra com a ação de B, que cai no juiz 1. Ele poderá emendar a ação, visando fazer um litisconsórcio
ativo facultativo e superveniente. O litisconsórcio facultativo ulterior, em regra, não é admissível, já que implica na alteração
subjetiva da relação jurídica processual já definida e estabilizada, podendo, inclusive, ser argumentada contrariedade ao
princípio do juiz natural.
Assim, o juiz 1, que se tornou prevento de B, mandará extrair copias de CDEFGHIJ para que o órgão distribuidor faça
o sorteio de forma individualizada. TODAVIA, alguns fazem uma interpretação do art. 286, II, visando burlar o litisconsórcio
facultativo ulterior,
Art. 286. Serão distribuídas por dependência as causas de qualquer natureza:
II - quando, tendo sido extinto o processo sem resolução de mérito, for reiterado o pedido, ainda que em
litisconsórcio com outros autores ou que sejam parcialmente alterados os réus da demanda;

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Litisconsórcio UNITÁRIO e Litisconsórcio SIMPLES ou COMUM


Quanto à uniformidade da decisão, podemos classificar o litisconsórcio em SIMPLES e UNITÁRIO.
LITISCONSÓRCIO SIMPLES (Divisível) Quando a relação jurídica dos litisconsortes puder ser resolvida de maneira
diferente. Será simples o litisconsórcio quando a decisão, embora proferida no mesmo processo, puder ser
diferente para cada um dos litisconsortes. A mera possibilidade de decisões diferentes já tornará simples o
litisconsórcio, como nos casos em que vários correntistas de um banco ajuízam, em conjunto, ação de cobrança
de expurgos inflacionários.
EXEMPLO: Em um processo teve Astreinte (multa diária acatada em um processo judicial de obrigação
específica de entregar, de fazer ou não fazer). Autor precisa de um medicamento, coloca como réu a União, o
Estado e o Município. Pergunta, se ocorrer astreinte, quem pagará? A União, o Estado ou o Município?
É um litisconsórcio simples, os três se omitiram, então cada um é responsável individualmente por sua
omissão, logo, também é responsável pela Astreinte. No litisconsórcio simples, apesar da autonomia, é preciso
verificar qual o teor do ato praticado, para verificar que tipo de alegação foi feita pelo litisconsorte, pois, se for
comum, do interesse geral, acabará beneficiando também os demais, já que não se pode acolher matérias
comuns em relação a uns e não a outros, sob pena de a sentença ficar incoerente.
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EXEMPLO: Revelia: Efeito Material e Efeito Secundário da Revelia – Art. 344, 345 e 346.
A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se: I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a
ação;
tal norma é aplicada se for LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO Essa norma pode ser aplicada ao litisconsórcio simples.
Exemplo: o autor diz que houve um acidente de trânsito e entra com uma ação contra a Empresa e contra o
Motorista. A empresa contesta (alegando com provas que não houve o acidente) e o motorista se mantém inerte
e não contesta. Nesse caso, o ato da empresa acabará beneficiando o motorista, já que não se pode acolher
matérias comuns em relação a uns e não a outros, sob pena de a sentença ficar incoerente.

LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO: Será unitário quando, ao contrário, a demanda tiver de ser decidida de
forma idêntica para todos os que figuram no mesmo polo da relação processual. A caracterização do
litisconsórcio unitário pressupõe a discussão de uma única relação jurídica indivisível, por exemplo, quando dois
condôminos atuam em juízo na defesa da coisa comum.

EXEMPLO: Desfazer um Casamento – a sentença aproveitará ambas as partes, o juiz decidirá de uma única forma
para os litisconsortes – se um recorrer, aproveitará para o outro
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Como no litisconsórcio unitário discute-se no processo uma relação jurídica una e incindível, tendo o
resultado de ser o mesmo para todos, os atos praticados por um dos litisconsortes beneficiam a todos. É preciso
distinguir que tipo de ato foi realizado pelo litisconsorte unitário. Se foi vantajoso, perpetrado em defesa dos
próprios interessados, como a apresentação de resposta ou recurso, todos serão beneficiados. Mas se praticado
em detrimento dos próprios interesses, como a confissão, a renúncia ou o reconhecimento do pedido, o ato será
ineficaz, não prejudicando nem mesmo quem o praticou.
REGRA: Necessário Unitário / Facultativo Simples
EXCEÇÕES:
NECESSÁRIO SIMPLES
Exemplo: Usucapião e a participação dos proprietários limítrofes: Nas ações de divisão e demarcação, assim como
na ação de usucapião, por exemplo, o litisconsórcio é necessário (a lei exige a participação de todos os
confrontantes), mas as pretensões de cada um dos demandantes podem ser decididas de forma diferente
(litisconsórcio simples). Trata-se, portanto, de litisconsórcio necessário e simples.
FACULTATIVO UNITÁRIO
Exemplo: Assembleia de um condomínio aprova algo sem o quórum necessário, então condôminos entram na
justiça para anular tal ato. Esse litisconsórcio é facultativo, uma vez que cada condômino poderia entrar de forma
individualizada. Esse litisconsórcio é unitário – a decisão é uniforme, se for anular vai anular para todos.
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Litisconsórcio Multitudinário.
Exemplo.: 50 autores em um litisconsórcio: - Necessário: todos precisam estar - Facultativo: pode ser limitado
Art. 113, § 1º, estabelece que: “o juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes na
fase de conhecimento, na liquidação de sentença ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do
litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença”.
Trata-se do que Cândido Rangel Dinamarco denomina litisconsórcio multitudinário.
Dois entendimentos: CJF
Enunciado 10. Em caso de desmembramento do litisconsórcio multitudinário, a interrupção da prescrição
retroagirá à data da propositura da demanda original.
Enunciado 116. Quando a formação do litisconsórcio multitudinário for prejudicial à defesa, o juiz poderá
substituir a sua limitação pela ampliação de prazos, sem prejuízo da possibilidade de desmembramento
(fragmentação) na fase de cumprimento de sentença.
Se o litisconsórcio puder comprometer a rápida solução do litígio, entende-se que o desmembramento
dependerá de requerimento do réu, já que os eventuais prejuízos em razão do número excessivo de autores
serão suportados exclusivamente por ele.
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Na hipótese de o juiz acatar o pedido de limitação sob esse fundamento, o prazo para resposta será interrompido e
recomeçará a correr da intimação da decisão (art. 113, § 2º).
Por outro lado, tratando-se de litisconsórcio que dificulte o cumprimento da sentença, a limitação deverá
ser pleiteada por aquele que sair vitorioso no processo, ou seja, pela parte que quiser buscar a satisfação do
conteúdo decisório. Com relação à última hipótese, a providência poderá ser requerida pela parte interessada
(certamente o autor) ou determinada de ofício pelo juiz.
O problema é que, sendo o desmembramento de iniciativa do magistrado, este deverá oportunizar a
manifestação das partes, conforme determina o art. 10 do CPC. Nesse caso, dependendo do número de litigantes,
a intimação das partes poderá ter efeito reverso, comprometendo a celeridade do processo. Deve-se sopesar entre
o direito de ação conferido aos litigantes e o comprometimento da celeridade processual.

Competência
Conceito
Competência é a medida/limite da jurisdição. É o resultado da divisão das atividades jurisdicionais entre os órgãos
da estrutura judiciária, com a fixação dos limites de atuação para cada juiz ou tribunal. Se atua fora de tais limites,
o juízo ou tribunal não tem competência para tanto. Todo juiz tem jurisdição, mas nem todos tem competência.
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• INTRODUÇÃO ao estudo da COMPETÊNCIA


A jurisdição brasileira encontra óbice na soberania de outros países. O Brasil não pode usar meios de coerção para
impor o cumprimento de suas decisões fora do território nacional. Da mesma forma, a jurisdição de outros países encontra
óbice na soberania nacional.
Sendo assim, a jurisdição é manifestação de poder. As decisões estrangeiras são, portanto, emanações de um
poder soberano externo. Por isso, elas não podem ter força coativa entre nós, nem podem aqui produzir efeitos, senão
depois que houver manifestação da autoridade judiciária brasileira, permitindo o seu cumprimento. Trata-se de exigência
que diz respeito à soberania nacional.
Então temos a competência concorrente (prevista nos Arts. 21 e 22 CPC), a ação pode ser proposta tanto no
Brasil como em outro país, observadas as regras de competência deste, bem como as normas previstas em tratados e
convenções internacionais.

HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA. O mecanismo pelo qual a autoridade brasileira outorga eficácia
à decisão estrangeira, fazendo com que ela possa ser executada no Brasil, denomina-se homologação de decisão
estrangeira, que hoje é da competência do Superior Tribunal de Justiça. Sem a homologação, a decisão estrangeira é
absolutamente ineficaz, mesmo que tenha transitado em julgado no exterior. Não pode ser executada no Brasil, não induz
litispendência, nem coisa julgada. Em suma, não produz efeito nenhum. (Art. 24 CPC)
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COMPETÊNCIA CONCORRENTE
Os Arts. 21 e 22 do CPC enumeram as ações que a lei atribui à justiça brasileira, sem afastar eventual jurisdição
concorrente da justiça estrangeira. São ações que, se propostas no Brasil, serão conhecidas e julgadas. Mas em que se admite
pronunciamento da justiça estrangeira, que se tornará eficaz no Brasil desde o momento em que o Superior Tribunal de
Justiça homologar a decisão anteriormente proferida no exterior.
FORO DE ELEIÇÃO
No Brasil, embora já fosse permitida a escolha de foro nos contratos internos, ainda não havia previsão semelhante
para os contratos internacionais. Agora, com a disposição contida no Art. 25 CPC, concedeu-se caráter obrigatório à cláusula
de eleição de foro estrangeiro. Assim, se houver no contrato internacional uma cláusula excluindo a jurisdição brasileira e
elegendo o foro estrangeiro, a exclusão terá que ser respeitada pelo Poder Judiciário Brasileiro. A inclusão desta regra era
necessária para que as partes pudessem ter certeza sobre o local do futuro litígio, já que, na maioria das vezes, autor e réu
recorriam a jurisdições distintas para tentar solucionar uma mesma demanda. Prevalece, agora, a autonomia privada e a
liberdade de escolha, o que certamente assegura às partes maior segurança nas contratações internacionais.

Deve-se observar então que no que refere a HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRAGEIRA NO STJ
- Não pode homologar se for decisão contrária ao ordenamento jurídico brasileiro.
- LINDB, Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.
- LINDB, Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia no
Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
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COMPETÊNCIA EXCLUSIVA
O Art. 23 CPC elenca as hipóteses em que a competência da Justiça brasileira é
exclusiva. Nesses casos, a sentença estrangeira não pode ser homologada, pelo que não
produz efeito algum no Brasil. São hipóteses de competência da autoridade judiciária
brasileira, com exclusão de qualquer outra.

PRINCÍPIOS REITORES
1- Perpetuatio jurisdictionis:
Uma vez estabelecida a competência do juízo (no registro ou na distribuição da petição
inicial), este acompanhará até o fim do trabalho processual. (Art. 43, do CPC e Art. 109 §1º da
CF). E uma vez firmada, deve prevalecer durante todo o curso do processo. A inalterabilidade,
no entanto, é objetiva, diz respeito ao órgão judicial (juízo) e não à pessoa do juiz, pois este
pode ser substituído.
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Uma vez determinada a competência, em regra, não há possibilidade de alteração do juízo. Haveria
enorme dificuldade, por exemplo, em ter uma ação proposta na Comarca de Belo Horizonte, que fosse
encaminhada a Goiânia e depois a São Paulo. Se não houvesse a regra de fixação, os indivíduos estariam sujeitos
a tal instabilidade.
a) Órgão Judiciário Suprimido/Alterado: Art. 43, CPC Determina-se a competência no momento do registro ou
da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta.
b) Art. 109,I e §1º da - CF e Art. 45 -. Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a
União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e
à Justiça do Trabalho;
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver domicílio a outra
parte.
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que for
domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à demanda ou onde esteja
situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal.
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2. Princípio da competência sobre a competência (KompetenzKompetenz).


Todo juiz é competente para examinar sua competência para determinada causa. Nesse sentido, Cândido
Rangel Dinamarco destaca que “todo juiz é o primeiro juiz da sua própria competência”. É a fração mínima de
competência, para declarar que é incompetente.

De origem alemã, é o princípio segundo o qual todo juiz tem competência para apreciar pelo menos a
própria (in)competência do órgão jurisdicional o qual ele integra. Isto é, por mais incompetente que seja, terá
competência para se dizer incompetente. É o que ocorre, por exemplo, quando uma ação é ajuizada perante a
justiça estadual, mas quem teria competência para examinar a matéria seria a justiça do trabalho. Nessa hipótese,
o juiz vinculado à justiça estadual (absolutamente incompetente), perante o qual foi ajuizada originalmente a
demanda, terá competência ao menos para se dizer incompetente. Evidencie-se, contudo, que, via de regra, essa
decisão não tem caráter vinculativo, porquanto poderá ser revista pelo órgão julgador ao qual se remeteram os
autos. A exceção fica por conta da justiça federal, porquanto, uma vez decidido sobre a existência de interesse
jurídico a justificar a presença da União no processo, não haverá possibilidade de revisão.
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CRITÉRIOS DE COMPETÊNCIA

– EXTERNO: Ver se é caso da jurisdição brasileira ou estrangeira ou se concorrente ou exclusiva.


– INTERNO: Em razão da: MATÉRIA, PESSOA, FUNÇÃO, TERRITÓRIO, VALOR DA CAUSA.

Cada um desse atos pode ser analisado separado individualmente.

QUAL A JUSTIÇA? (é mais o critério pessoa e matéria);


Justiça Comum (estadual/federal);
Trabalho;
Eleitoral;
militar ou
Constitucional
QUAL É O FORO? (utiliza mais o critério territorial). Na Justiça Estadual utiliza muito a palavra comarca, na Federal Seção
Judiciária
QUAL É O JUÍZO? (utiliza mais o critério valor) o Se é juizado especial ou não o Pode ser utilizado os outros critérios
(pessoa/matéria) para definir a vara especializada, vara criminal, vara da fazenda pública..
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• MATÉRIA E PESSOA
Segundo Donizetti (2017), na Justiça Estadual, em regra, a natureza da relação jurídica material (a matéria) e a
qualidade das pessoas (pessoas jurídicas de direito público, por exemplo) servem de critério para especialização. Em
outras palavras, estabelecida qual a justiça competente (federal ou estadual) e em qual foro deva a ação ser proposta, é
a matéria ou a qualidade das pessoas – nada impede que seja o valor da causa – que vai determinar qual a vara (o juízo)
competente para julgar a demanda.
Na comarca do Rio de Janeiro, por exemplo, as ações sobre direito de família são distribuídas a uma das varas
de família (competência ratione materiae); ações em que uma das partes é o Estado ou uma autarquia estadual são
distribuídas a uma das varas da Fazenda Pública (competência ratione personae).
Na Justiça Federal, a própria Constituição adota dois critérios para definir a sua competência: em razão da
matéria (ratione materiae) e em razão da pessoa (ratione personae). As causas elencadas nos incs. III e XI do seu art.
109 são atribuídas à competência da Justiça Federal em razão da matéria discutida. Já as causas arroladas nos incs. I, II e
VIII do mesmo dispositivo levam em conta as pessoas envolvidas no litígio.
A norma de organização judiciária (a lei que organiza a Justiça estadual/Federal) pode especializar varas em
razão da matéria ou do valor da causa, ou seja, estabelecer competência de juízo. (LEI Nº 6956 DE 13 DE JANEIRO DE
2015.) - LOJ’s.

Matéria é o objeto litigioso, o objeto que é discutido.


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Das Partes (Pessoas): a fixação da competência tendo em conta as partes envolvidas (ratione personae) pode ensejar a
determinação da competência originaria dos tribunais, para ações em que a Fazenda Pública for parte etc;

Territorial: É utilizada pelo CPC, para a indicação do foro; e pelas Leis de Organização Judiciária, para a indicação do juízo
competente. Leva em conta a localização territorial, seja do domicílio dos litigantes, seja da situação do imóvel que é
disputado por eles.
Circunscrição geográfica. É o critério de foro encontrado no CPC. A regra principal adotada pelo Código para
distribuir a função jurisdicional entre os diversos órgãos jurisdicionais é a do foro geral ou comum.
“A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra,
no foro do domicílio do réu (art. 46).
Esse é o foro geral. Quando o réu tiver mais de um domicílio (arts. 70 a 78 do CC), ou for esse incerto ou ignorado,
prevê o Código foros subsidiários ou supletivos (art. 46, §§ 1º a 5º) para a propositura da ação.
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FOROS ESPECIAIS:

Foro competente: Da situação da coisa:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? Ações reais imobiliárias (incluindo possessórias e adjudicações
compulsórias). É o foro de situação do imóvel (CPC, art. 47). CUIDADO! § 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do
réu ou pelo foro de eleição se o litígio NÃO RECAIR sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova. ATENÇÃO! Art. 47. § 2º A ação possessória imobiliária será proposta no
foro de situação da coisa, cujo juízo tem competência absoluta.

Foro competente: Do domicílio do autor da herança (falecido)


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? O foro do domicílio do autor da herança no brasil; se ele não possuía
domicílio certo, o da situação dos bens imóveis; se havia bens imóveis em lugares diversos, em qualquer deles; se não havia
imóveis, o foro do local de qualquer bem do espólio (CPC, art. 48).

Foro competente: Do último domicílio:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? O art. 49 prevê que nas ações contra o ausente, bem como no
inventário, partilha e arrecadação de seus bens e cumprimento de disposições testamentárias, será competente o foro do
seu último domicílio.
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Foro competente: Do domicílio do representante ou assistente:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? A ação proposta contra o réu absolutamente incapaz deve tramitar no
foro do domicílio de seu representante; a ação proposta contra réu relativamente incapaz tramitará no foro de domicílio de
seu assistente (art. 50).

Foro competente: De domicílio do réu:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? Quando a união, o estado ou o distrito federal forem autores, será
competente para processar e julgar a demanda o foro de domicílio do réu (art. 51, 1ª parte, c/c o art. 52, 1ª parte).

Foro competente: Regras específicas dos arts. 51 e 52:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? Se a união, o estado ou o distrito federal forem réus, a ação poderá ser
proposta: a) no foro de domicílio do autor; b) no de ocorrência do ato ou fato que originou a demanda; c) no da situação da
coisa; ou d) no distrito federal, tratando-se da união, e na capital do respectivo ente federado, tratando-se do estado ou do
distrito federal (ex.: se o estado de minas gerais for o demandado, a ação deverá ser proposta em belo horizonte).

Foro competente: Do domicílio de quem detiver a guarda de incapaz:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? detiver a guarda de incapaz: Ações de separação, divórcio, anulação de
casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável. O foro de domicílio do guardião do filho incapaz; do último
domicílio do casal; ou do domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no último domicílio do casal (cpc, art. 53, i).
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Foro competente: Do domicílio ou da residência do alimentando:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? Ações de alimentos, ainda que cumuladas com investigação de
paternidade.

Foro competente: Para as ações em face de pessoas jurídicas:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? A ação em que for ré pessoa jurídica será proposta onde se localizar a
sua sede. Tratando-se de agência ou sucursal, o foro competente será aquele do lugar onde a pessoa jurídica contraiu suas
obrigações. (art. 53, iii, “a” e “b”).

Foro competente: Para as ações em face de entes despersonalizados:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? Tratando-se de ação em que for ré sociedade ou associação sem
personalidade jurídica, será competente o foro do lugar onde esses entes exercem suas atividades (art. 53, iii, “c”).

Foro competente: Para as demandas obrigacionais


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? Se a ação for proposta para exigir o cumprimento de determinada
obrigação, a competência será do foro do local em que ela deveria ser satisfeita (art. 53, iii, “d”).

Foro competente: Para as demandas que versem sobre os direitos do idoso


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? De acordo com o art. 53, iii, “e”, para as causas que versem sobre
direitos previstos no estatuto do idoso, será competente o foro da residência do idoso.
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Foro competente: Da sede da serventia notarial ou registral


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? Os termos do art. 53, iii, “f”, as ações de reparação de danos por atos
praticados em razão do ofício deverão ser propostas no foro da sede da serventia e não no domicílio do autor da ação. Vale
ressaltar que, segundo entendimento mais recente do stj, como os cartórios não possuem personalidade jurídica, a
responsabilidade civil decorrente da má prestação dos serviços cartoriais deve ser imputada ao tabelião, titular do cartório

Foro competente: Do lugar do ato ou fato:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? Ações de reparação de danos em geral. Sendo que é o foro do lugar
do ato ou fato, salvo quando se tratar de relação de consumo, quando a competência será a do domicílio do consumidor
(cpc, art. 53, iv , a, e cdc, art. 101, i). Nas ações de reparação de danos e naquelas em que o réu for administrador ou gestor
de negócios alheios, a competência será do lugar do ato ou do fato

Foro competente: Do domicílio do autor ou do local do fato:


Em que tipo de situação se aplica, qual tipo de ação? Ações de reparação de danos em acidentes de veículo. Se a ação de
reparação de danos estiver relacionada a delito (infração penal) ou a acidente de veículos (inclusive aeronaves). Obs.: sobre
o domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de
veículos, inclusive aeronaves: A jurisprudência assim delimita o tema:. De acordo com o art. 53, V do CPC/15, em se
tratando de acidente de trânsito, o autor poderá escolher, para o ajuizamento de ação, entre seu domicílio ou o local do
fato.
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• Competência Absoluta (Art. 64)


Regra de competência visa atender ao interesse público. É matéria que o juiz pode conhecer de ofício! Deve ouvir a outra
parte - Art. 10 do CPC
Cabe ao réu arguir a incompetência absoluta desde logo, em preliminar de contestação, contudo, caso não o faça,
poderá alegá-la ao longo do processo. Isso porque não há preclusão da incompetência absoluta (pode ser alegada em
qualquer tempo e grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício). Tanto é assim, que cabe ao magistrado, de ofício e após
atendimento ao princípio do contraditório, pronunciar a incompetência absoluta a qualquer tempo e grau de jurisdição. A
incompetência absoluta pode ser alegada a qualquer tempo, por qualquer das partes, podendo ser reconhecida ex officio
pelo órgão julgador (art. 64, § 1º, CPC). Pode, inclusive, ser alegada como preliminar de contestação pelo réu (art. 64, caput,
CPC).
Trata-se de defeito grave; uma vez transitada em julgado a última decisão, ainda será possível, no prazo de dois
anos, desconstituí-la por ação rescisória, com base no art. 966, II, CPC. Com a mudança superveniente de competência
absoluta impõe o deslocamento da causa para outro juízo, caso seja incompetente pode alegar a incompetência por meio da
Impugnação.
Competência em razão da matéria, da pessoa e da função são exemplos de competência absoluta. A competência
em razão do valor da causa também pode ser absoluta, quando extrapolar os limites estabelecidos pelo legislador. Em alguns
casos, a competência territorial também é absoluta. A regra de competência absoluta não pode ser alterada pela vontade
das partes. Não se admite negócio processual que altere competência absoluta
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Competência Relativa (Art. 63)


Ela pode ser modificada/ajustada Regra de competência criada para atender precipuamente a interesse particular.
A regra de competência relativa pode ser modificada por conexão ou continência. Competência territorial é, em regra,
relativa. Além disso, também é relativa a competência pelo valor da causa, quando ficar aquém do limite estabelecido pela
lei.
A competência relativa deve ser por preliminar de contestação. Já impedimento e suspeição podem ser em uma
simples petição, arguição de impedimento ou suspeição.
Em regra competência em razão do valor e territorial é relativa. Mudança superveniente de competência relativa é
irrelevante para o processo, mantida a perpetuação da competência. (Art. 65)

Competência Concorrente: Essa cabe ao autor escolher o lugar em que entrará com a ação. Por
exemplo: Nas hipóteses previstas em lei – caso o autor tenha proposto em uma hipótese diferente da lei, o réu alegará a
incompetência; Art. 109, §2º da CF OBS.: na relativa o autor e o réu podem escolher, de comum acordo, o foro.

Ineficácia do foro de eleição CDC- Consumidor propõe a ação no seu domicílio, o tratamento diferenciado no
processo está por ser o autor a parte mais fraca da relação. Empresa coloca foro de eleição no contrato de adesão, um local
distante do consumidor
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Art. 63. § 3º “Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio do réu.”
Tema contraditório: O juiz pode alegar que é abusiva até a citação – passou da citação, precluiu para o juiz, já a parte pode
em contestação. Ou seja, precluiu para o juiz, para o réu não.
Art. 63. § 4º “Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de foro na contestação, sob pena de
preclusão.”

Competência dos juízos regionais: Criar outros juízos em outros bairros não muda a competência (juízos especiais
distribuídos em uma região). Mesmo estando em bairros diferentes, o foro é o mesmo.

DECLÍNIO de COMPETÊNCIA: O juiz vendo que não é o competente para julgar aquela ação declina
para o órgão correto. Há uma situação que em vez de declinar, vai ser extinto. É o caso do Juizado Especial, art. 51 da Lei
9099/95.
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CAUSAS DE MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA


As hipóteses de modificações são aquelas causas que incidem na derrogação dos critérios relativos de fixação da competência,
ou seja, dos critérios instituídos em prol do interesse de particulares. Decorrentes de previsão legal, são elas: conexão,
continência, inércia e vontade das partes. Essas figuras existem para conferir segurança jurídica e isonomia, pois serão julgadas
pelo mesmo magistrado. (Art. 54).

CONEXÃO. Reputam-se conexas duas ou mais ações quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir (art. 55).

CONTINENCIA. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir,
mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais (Art. 56).

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