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FALÊNCIA
O processo de falência é regido pelas regras da lei especial (n. 11.101), com aplicação subsidiária do
CPC (art. 189 da lei de falência).
Trata-se do mecanismo jurídico adequado para solucionar a situação do devedor que não possui
mais condições de pagar seus credores. É possível que a falência seja decretada sem que seja
averiguado um crime falimentar.
Pode ocorrer diante de de uma crise econômica, financeira ou patrimonial. Em qualquer dessas
hipóteses, se a crise é insuperável, ocorre a falência.
Sempre que pensar em falência, há o interesse juridicamente protegido dos credores, enquanto que
na recuperação, o interesse juridicamente protegido é o da empresa. Há também a necessidade de
pensar sempre na equidade, que significa tratar os iguais igualmente e os desiguais na medida da
sua desigualdade
O objetivo final da falência é dar tratamento equânime aos credores do devedor comum. É
estabelecida uma classificação e ordem de pagamento. O interesse mais protegido é do credor
trabalhista. O tratamento equânime se dá dentro de uma mesma classe – todos os credores
trabalhistas são tratados a partir de um critério de equidade no direito brasileiro. O que muda no
sistema brasileiro é a classificação entre as classes de credores, sendo que umas possuem
preferência de pagamento em relação às demais.
Dentro dessa política é também criada a visão do juízo universal. O Juízo Universal de Falência é o
que tem o juízo atrativa de todas as ações e reclamações contra o credor, que demandem seus
créditos. As demandas contra o devedor devem ser líquidas. O juízo universal não atrai as ações que
o devedor vai propor contra terceiros e ações que não demandam quantias líquidas. Assim, o juízo
universal não, abrange:
a) Ações não reguladas pela lei falimentar em que a massa falida for autora ou litisconsorte ativa;
b) Reclamações trabalhistas;
c) Execuções tributárias, créditos não tributários inscritos na dívida ativa e créditos previdenciários;
d) Ações de conhecimento em que é parte ou interessada a União Federal - a competência aqui é da
Justiça Federal;
e) Ação que demanda obrigação líquida.
* Conflito com o juízo do trabalho, que raramente quer derrogar competência ao juízo de falência. É
possível entrar com uma reclamação trabalhista, ter uma sentença, uma liquidação, mas a execução
se dá no juízo de falência, habilitando o crédito nesta.
II. Economia processual. Atos desnecessários foram expurgados da lei. Aumenta a efetivação
dos atos.
Juízo competente. Local onde são realizadas as principais atividades administrativas e/ou produtivas
da falida – é o local onde há o principal estabelecimento da falida. Ou no mesmo local de onde
ocorreu o processo de recuperação judicial (se houve). Nem sempre é a sede.
Existe diferença entre o juízo universal na recuperação judicial e na falência? Sim, porque na
recuperação todos os credores até o momento da recuperação estão submetidos ao plano da
recuperação. E na recuperação é permitido, por questão de escolha, determinar quem são os
credores que eu vou submeter ao plano da falência. Na falência, é abarcado todos os créditos e
interesses da massa falida. E esse juízo atrai esse universo de coisas para dentro dele
Estrutura procedimental
Caracterização/pressupostos da falência:
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Excluídos:
Profissionais liberais, artistas e exploradores de atividade rural sem registro de empresa; Cooperativas;
Empresas públicas e sociedades de economia mista;
Câmaras ou prestadoras de serviços de compensação e liquidação financeira;
Entidades fechadas de previdência complementar.
Parcialmente excluídos (podem ter a falência decretada, observadas condições específicas)
Instituições financeiras;
Sociedades arrendadoras (leasing);
Sociedades que se dediquem à administração de consórcios, fundos mútuos e atividades semelhantes;
Companhias de seguro;
Entidades abertas de previdência complementar e as de capitalização;
Operadoras de planos privados de assistência à saúde.
I. Impontualidade em sentido estrito (art. 94, I) – será decretada a falência do devedor que, sem
relevante razão de direito, não paga dívida, no vencimento, obrigação líquida materializada em título
ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta)
salários-mínimos na data do pedido de falência (suportes fáticos: inadimplemento + sem razão de
direito + liquidez + protesto + maior que 40 salários-mínimos); A prova da impontualidade é o
protesto do título (mesmo que não cambial). O valor dos títulos em atraso será de pelo menos 40
salários mínimos.
O protesto é uma prova administrativa que prova a impontualidade.
OBS: O protesto do Código Civil é feito pelo Cartório de Títulos e Documentos. O protesto cambial é
feito pelo Cartório de Títulos, seja por títulos de crédito ou títulos que indiquem outra obrigação de
pagamento de quantia.
II. Execução Frustrada (art. 94, II) – basta que o executado por qualquer quantia líquida, não pague,
não deposite e não nomeie à penhora bens suficientes dentro do prazo legal (esse segundo suporte
fático, portanto, não possui um valor limite para a decretação de falência, bastando que o executado
“frustre” a execução; suportes fáticos: existência de um processo de execução por quantia certa e
líquida, ou um cumprimento de sentença por quantia líquida + verificação de uma tríplice omissão
por parte do devedor, ou seja, não pagar, não depositar e não nomear bens à penhora). Credor,
munido de certidão (expedida pelo juízo da execução) que ateste a tríplice omissão, ingressa com
o pedido de falência contra o devedor. Não precisa de protesto de título e pode ser inferior a 40
salários mínimos.
Aqui não há protesto, mas citação.
A execução deve ser suspensa para a falência prosseguir:
Mas se pode tocar os dois processos ao mesmo tempo? Falência e execução? Pede-se uma certidão
da execução, solicitando sua suspensão e parte para a falência, com base no não cumprimento da
execução. Isso é chamado de pedido de falência com base em execução forçada.
III. Atos exteriorizadores da insolvência (art. 94, III) – o legislador aponta um elenco que,
teoricamente é exaustivo de atos promovidos pelo devedor que denotam que ele está insolvência,
que esvaziam seu patrimônio em prejuízo dos seu credores. Instaura espécie de contencioso
preliminar. Demonstrados esses atos, pode se declarar a falência. Demonstram falência antes da sua
decretação. Não tem título protestado com mais de 40 salários mínimos, não tem execução
frustrada, e ainda assim quer pedir a falência: vê que o devedor está praticando atos graves para por
fora o seu patrimônio. O credor, com base nesse artigo, alega, prova em juízo e requer a falência.
Hipóteses
a) Liquidação precipitada - liquidação de forma abrupta, emprego de meios ruinosos ou fraudulentos
para realizar pagamentos;
b) Negócio simulado - retardar pagamentos ou fraudar credores por negócio simulado ou tentativa
de alienação do estabelecimento comercial;
c) Alienação irregular de estabelecimento - o faz sem o consentimento dos credores (salvo se
conservar bens suficientes para responder por seu passivo);
d) Simulação de transferência de estabelecimento - muda o local com o intuito de fraudar a
legislação, frustrar fiscalização ou prejudicar credores;
e) Garantia real - instituição de garantia real em favor de um credor posteriormente à constituição
do crédito (fraude ao par condictio creditorum);
f) Abandono do estabelecimento empresarial - por parte do representante legal da sociedade
devedora;
g) Descumprimento do plano de recuperação judicial - não cumpre o estabelecido
IV. Autofalência (art. 105) – o próprio devedor julga não atender os requisitos da recuperação
judicial – “o devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos para
pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as razões da
impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes
documentos. O pedido de autofalência é um modo regular de dissolução da sociedade. É um dever
do administrador promover a autofalência quando perceber a situação de crise
econômico-financeira não mais superável pelos próprios esforços da sociedade. Em caso de
autofalência os sócios não são responsabilizados, visto que cumpriram com seu dever se reconhecer
a própria situação de dificuldade, não possuindo mais a capacidade de arcar com as dívidas
contraídas pela sociedade. A dívida não precisa estar vencida, mas precisa existir. Promove confissão
da sua crise econômica e fundamenta seu pedido com a explicação da impossibilidade de prosseguir
com sua atividade.
ELEMENTOS DA SENTENÇA DE FALÊNCIA. Só se inicia o processo falimentar com a sentença do art.
99:
Art. 99. A sentença que decretar a falência do devedor, dentre outras determinações:
I – conterá a síntese do pedido, a identificação do falido e os nomes dos que forem a esse tempo
seus administradores;
II – fixará o termo legal da falência, sem poder retrotraí-lo por mais de 90 (noventa) dias
contados do pedido de falência, do pedido de recuperação judicial ou do 1º (primeiro) protesto por
falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;
III – ordenará ao falido que apresente, no prazo máximo de 5 (cinco) dias, relação nominal dos
credores, indicando endereço, importância, natureza e classificação dos respectivos créditos, se esta
já não se encontrar nos autos, sob pena de desobediência;
IV – explicitará o prazo para as habilitações de crédito, observado o disposto no § 1º do art. 7º
desta Lei;
V – ordenará a suspensão de todas as ações ou execuções contra o falido, ressalvadas as
hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do art. 6º desta Lei;
VI – proibirá a prática de qualquer ato de disposição ou oneração de bens do falido,
submetendo-os preliminarmente à autorização judicial e do Comitê, se houver, ressalvados os bens
cuja venda faça parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuação provisória nos
termos do inciso XI do caput deste artigo;
VII – determinará as diligências necessárias para salvaguardar os interesses das partes
envolvidas, podendo ordenar a prisão preventiva do falido ou de seus administradores quando
requerida com fundamento em provas da prática de crime definido nesta Lei;
VIII – ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação da falência no registro
do devedor, para que conste a expressão "Falido", a data da decretação da falência e a inabilitação
de que trata o art. 102 desta Lei;
IX – nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas funções na forma do inciso III do
o inciso II do caput do art. 35 desta
caput do art. 22 desta Lei sem prejuízo do disposto na alínea a d
Lei;
X – determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições públicas e outras entidades para
que informem a existência de bens e direitos do falido;
XI – pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das atividades do falido com o
administrador judicial ou da lacração dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta
Lei;
XII – determinará, quando entender conveniente, a convocação da assembléia-geral de credores
para a constituição de Comitê de Credores, podendo ainda autorizar a manutenção do Comitê
eventualmente em funcionamento na recuperação judicial quando da decretação da falência;
XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às Fazendas Públicas
Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que
tomem conhecimento da falência.
Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo a íntegra da decisão que
decreta a falência e a relação de credores.
Termo legal da falência: Instituto que traz consequências sobre a eficácia dos atos praticados pelo
devedor antes de sua decretação de falência. É o lapso temporal anterior à decretação da quebra
(ineficácia de atos do falido perante a massa). O termo legal da falência, ao ser fixado, não pode
retroagir por mais de 90 dias contados do (i) pedido de falência, do (ii) pedido de recuperação
judicial ou do (iii) primeiro protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para esta finalidade, os
protestos que tenham sido cancelados– o termo legal da falência, assim, não pode ser fixado mais de
90 dias para trás desses três marcos legais; o legislador está preocupado em saber o que o devedor
fez nesse período que antecede a falência. A avaliação dos atos praticados dentro do termo
poderão ser declarados ineficazes, mas isso não significa que será atestada a existência de uma
fraude
Não é um critério fixo, mas sim um parâmetro máximo. Essa maleabilidade se dá pelo risco de afetar
interesses de terceiros. TODOS os interessados podem recorrer dessa fixação. E quando falamos em
recurso, estamos falando de agravo de instrumento
Nomeação do administrador judicial: É agente criado por lei para o desempenho de certas
atribuições relacionadas exclusivamente com a administração da falência. É o auxiliar do juiz e deve
cumprir com funções definidas na lei. É o representante da comunhão de interesses dos credores. A
escolha do administrador cabe ao juiz, preferencialmente um advogado, economista, administrador
de empresas ou contador ou outra pessoa jurídica especializada. A função é indelegável, mas
permite a contratação de auxiliares, desde que com aprovação prévia do juiz. Ele deve ser de
confiança do juiz. Na falência, ele tem uma atividade muito mais importante. Ao ser nomeado, ele
lacra o estabelecimento do devedor, conta todo o estoque, equipamentos e bens que estão no
estabelecimento, fotografa, faz uma avaliação de todos esses equipamentos, arrecada (no sentido
de apreensão judicial) e ele vai contratar o leiloeiro para vender aqueles bens.
>> A sentença falimentar (art. 99 da lei 11.101 e art. 484 do CPC) – é a sentença que encerra a fase
pré-falimentar e que inaugura a fase falimentar; trata-se da decisão que reconhece a falência, ou,
em outras palavras, que decreta a falência; os efeitos da falência retroagem até 90 dias antes do
pedido, podendo ser estendido caso exista um protesto anterior; a sentença falimentar possui
natureza constitutiva e não meramente declaratória – encerra o processo pré-falimentar e
“declara” a falência) – constitui a massa falida.
Ainda estamos falando da fase pré-falimentar. Após a sentença, é inaugurada a fase falimentar.
Fases do processo de falência: I. Pré-falimentar (busca avaliar o estado de insolvência) e II.
Falimentar (se instaura após a decretação da falência pelo juízo).
a) O próprio devedor, sendo essa a autofalência, não havendo um contencioso, porque ele está
declarando a sua falência, aqui faz-se necessária autorização dos cotistas/acionistas, porque
ocorrerá a dissolução da sociedade. Neste caso não tem contraditório, porque ele já consultou os
demais previamente. Aqui tanto empresário individual, quanto coletivo. A anuência dos sócios é
tratada em outras leis (Código Civil e de Sociedades Anônimas2).
b) Por algum sucessor do empresário individual (cônjuge, herdeiro ou inventariante), ou também de
figuras atípicas (EIRELI e sociedade empresária individual limitada, constituídas por um único
indivíduo, porque as cotas são passíveis de serem inventariadas). A falência póstuma instaura um
concurso universal de credores sobre o espólio do devedor, suspendendo o trâmite do processo de
inventário.
d) Qualquer credor (cuidado: créditos gratuitos não legitimam o credor a pedir a falência – ex.:
crédito decorrente de uma doação; apenas os créditos que estão sujeitos a falência legitimam seu
credor a ingressar com o pedido de falência; o STJ entendeu que credor trabalhista tem interesse de
ingressar com pedido de falência; se o credor é empresário ele deve provar a regularidade da sua
inscrição – o empresário irregular não pode pleitear a falência de seu devedor .§1º do art. 97).
Além disso, o credor deve prestar caução (apenas credores não domiciliados no Brasil) e também
não é necessário que o requerente da falência tenha o seu título vencido, mesmo quando o pedido
se funda na impontualidade injustificada ou na execução frustrada, desde que estas tenham ocorrido
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Na lei das S/A: pleitear a falência ou recuperação é competência privativa da assembleia geral de acionistas –
os administradores, por sua vez, podem pleitear a falência ou a recuperação, mas a validade do pedido
dependerá de posterior manifestação da assembleia geral de acionistas, responsável por convalidar o ato.
em relação a outro título - EXCETO nas as hipóteses de decretação de falência de ofício pelo juiz
durante o desenvolvimento de um processo de recuperação judicial (são as hipóteses de convolação
de falência); STJ reconheceu a legitimidade do administrador judicial de pedir a falência do devedor
em recuperação judicial.
Se não tiver domicílio no Brasil, o credor deve prestar caução. Essa caução se deve em relação às
custas e uma potencial indenização, nos casos de pedido feito de má-fé.
A falência, quando pleiteada pelo credor, deve ser instruída de título executivo e instrumentos de
protesto. Quem define o que é título executivo é o CPC, podendo ser judicial ou extrajudicial. Esse
título precisa estar protestado, mas como se comprova? É através do instrumento de protesto, no
Cartório de Protesto de Títulos. Isso vai gerar uma certidão, que deve demonstrar que este título
protestado ou o conjunto de títulos de no mínimo 40 salários mínimos, que é o valor mínimo para
esse pedido. É preciso do título e o protesto do título.
Há requisitos específicos para justificar o pleito inicial do pedido de decretação da falência – art. 94,
§§3º, 4º e 5º - esses requisitos, por sua vez, remetem aos suportes fáticos da falência, contidos nos
incisos do art. 94 . Isso já foi exposto acima.
Importante:
> Contra a sentença que encerra a fase pré-falimentar, decretando a falência, cabe Agravo de
Instrumento por parte do devedor;
> Se a sentença, entretanto, denegar a decretação de falência, contrariando o pedido do credor,
cabe Apelação, porque extingue o processo. Art. 101: Se houver dolo manifesto do credor que
pediu falência, o juiz poderá, na sentença, condenar ao pagamento de indenização. Além de ser
declaratória negativa, a sentença terá caráter condenatório.
Natureza jurídica da sentença que denega a falência: sentença declaratória negativa. Isso porque
não se está declarando a falência, mas sim a inexistência do estado falimentar. É fundamental saber
isso para efeitos de avaliação da sucumbência.
Os principais fundamentos para essa sentença declaratória negativa podem ser: a) a pertinência
dos argumentos ou dos fundamentos articulados na defesa do devedor; b) ainda que os argumentos
utilizados não sejam pertinentes, pode ser obstada a declaração da falência mediante o depósito
elisivo.
Se a sentença for declaratória da falência, sua natureza jurídica será constitutiva, não meramente
declaratória. Isso porque ela constitui a massa falida.
A natureza jurídica da massa falida é de universalidade de direitos, ou seja, é um novo ente jurídico.
E quem cria isso é a sentença constitutiva. A massa falida será operacionalizada pelo administrador
judicial. Ao tempo em que decreta a falência, passa a constituir a massa falida. Todos os efeitos
decorridos daí pra frente, se dão em relação à massa falida. Novo ente sem personalidade jurídica,
mas só porque o legislador não quis atribuir. É um ente, portanto, despersonificado que se
movimenta e tem capacidade processual.
Com a massa falida criada, o falido continua a existir ou é extinto? Vários conteúdos e poderes do
falido são esvaziados, mas ele continua a existir até que se encerre a falência. Isso porque o processo
de dissolução não se esgota de uma vez só. Existem direitos e obrigações da massa e direitos e
obrigações do falido, que se coordenam. Passado todo o processo da falência, o que “sobrar” vai
para o empresário.
Nesse caso, de sentença constitutiva, cabe agravo porque o processo continua. Depois dessa
sentença é que, de fato, começa o processo falimentar. A sentença ao invés de colocar fim ao
processo, inicia uma nova fase. Quem tem legitimidade para esse recurso? O falido e aquele que
pediu a falência. O MP também pode agravar dessa decisão. O MP nos processos de falência atua
como fiscal da lei. Ainda, qualquer prejudicado pelo pedido de falência.
Empresário individual. O empresário individual é aquele que exerce as suas atividades, sem que haja
uma autonomia patrimonial em relação ao seu patrimônio particular, então é aquele que tem um
único patrimônio, ou seja, o que exerce a sua atividade empresarial e o seu pessoal. Este é o
empresário individual. Em regra, veremos o sujeito que é o pequeno empresário.
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Créditos excluídos da falência:
I. A dívida de alimentos não pode ser reclamada dentro do processo falimentar (é uma obrigação a
título gratuito – obrigações a título gratuito não são exigíveis do devedor na falência);
II. O crédito decorrente do aval da fiança ou da garantia solidária também não pode ser cobrado
no processo falimentar (quando a fiança ou a garantia solidária foi contraída em nome do devedor em
estado falimentar, portanto);
III. Os valores gastos pelo credor para fazer parte do processo de falência também não podem
ser cobrados dentro do processo falimentar (cuidado: quando as custas judiciais forem decorrentes
de litígio com a massa falida, aí sim o crédito poderá ser habilitado na falência);
IV. Penas pecuniárias aplicadas em razão da decretação da quebra da empresa também não
são exigíveis no processo falimentar;
V. O crédito fiscal/tributário (o fisco cobra esse crédito através de uma execução fiscal) – o credor
fiscal não está sujeito a processos onde há concursos de credores (disposição do CNT) – assim, o
fisco não pode habilitar seu crédito no processo falimentar – o produto do seu crédito, não
obstante, será recebido dentro da falência (na ordem de preferência de pagamento, o credor
fiscal é o terceiro, estando atrás dos credores trabalhistas e dos credores com garantia real) –
não é possível, nesse caso, pedir a penhora de um bem individual da massa falida (isso poderia
frustrar a ordem de preferência de pagamento no processo falimentar) – a penhora, assim, só poderá
ser feito no rosto dos autos da falência a (imputa uma responsabilidade sobre a massa falida – de tal
sorte que, pagos os credores que possuem preferência, será satisfeito o crédito do credor fiscal).
Empresário coletivo (sociedade empresarial). No caso do empresário coletivo há separação
patrimonial.
A regra, desde os tempos idos sempre foi de sociedades, porque a partir do momento de criação da
sociedade, há a separação patrimonial, havendo a necessidade legislativa de separação, criando uma
segmentação patrimonial. Assim, há o patrimônio e o alter ego, que possui seu próprio patrimônio.
Isso até o momento em que começam a surgir necessidades de se estabelecer segmentações
patrimoniais para um único sujeito. É preciso fatiar o patrimônio do sujeito em dois patrimônios
distintos. Teoricamente, segmentados, não comunicáveis. O legislador vem, atendendo à
necessidade econômica, vem criar um artifício legal para segmentar esse patrimônio. O primeiro
viés legal brasileiro dessa segmentação patrimonial, podemos dizer que veio emendado no CC, que
é a autonomia patrimonial criada para o menor (incapaz) herdeiro de patrimônio de empresário. O
CC2002 diz que se o sujeito continuar em empresa com patrimônio de pré-morto, ele pode pedir ao
juiz uma separação patrimonial de tal forma que o seu patrimônio atual não responda pelas dívidas
da continuidade dessa atividade empresarial, porque não foi ele quem criou essa atividade, sendo
tão somente um herdeiro. Criou-se também a possibilidade de termos uma sociedade
temporalmente falando, com um único sócio. E nesses casos, ela ficou temporalmente como se
unitária fosse. Depois disso, surgiram as EIRELI, que iniciaram uma nova fase, da plausibilidade
legal de dois patrimônios consubstanciados em uma única pessoa. O legislador reconheceu uma
autonomia patrimonial para o mesmo sujeito, então ele estabelece qual o patrimônio que ele vai
constituir para o exercício da sua atividade empresarial. E essa autonomia patrimonial seria limitada
a responsabilidade dele para o exercício dessa atividade. Na MP da liberdade econômica permitiu a
criação de sociedades limitadas com um único sócio, quase que afetando a sociedade limitada que
poderia ficar com 6 meses somente e depois sendo obrigada a voltar a ter 2 sócios. Afeta-se essa
condição, para que se tenha um único sócio permanentemente. Com a MP aprovada possibilidade
de uma sociedade limitada com um único sócio. Permanentemente, não só limitando a 180 dias.
O que isso tem a ver com a falência? Quando falamos em efeitos da decretação da falência quanto a
pessoa do falido, é preciso pensar quem é o falido nessas condições, porque existem 2 situações
onde essa pergunta é fácil de ser respondida.
Quando se pergunta quem é o falido no caso do empresário individual, é a pessoa natural que é o
falido, porque há uma confusão entre a pessoa natural e o empresário. É ele quem exerce a
atividade. Não há outro sujeito, não há outra pessoa. Quando se olha sob outro prisma, como no
caso do Banco Bamerindos, quem faliu foi o banco, não a família Vieira, que era a dona do banco.
São duas estruturas completamente distantes, o empresário individual e a grande sociedade, que
está institucionalizada. Mas no meio desses dois caminhos começou-se a ter situações mais
complexas. E nas sociedades familiares? E na sociedade unipessoal? O que o legislador diz sobre
isso? Serão sentidos pelo administrador da unidade falida, pelo administrador do ente falido, tanto
quanto teve reflexos no empresário individual falido.
>> Efeitos da falência quanto à pessoa do falido: Serão sentidos pelo administrador da unidade
falida, pelo administrador do ente falido, tanto quanto teve reflexos no empresário individual falido.
Os efeitos da falência são estendidos aos administradores da sociedade, ainda que apenas a
sociedade seja considerada falida (ex.: impossibilidade de se ausentar da circunscrição).
Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação
da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1º do art. 181
desta Lei. Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da
falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.
Art. 103. Desde a decretação da falência ou do seqüestro, o devedor perde o direito de administrar
os seus bens ou deles dispor
- O art. 102 fala em falido, enquanto que o 103 fala em devedor. São dicções diferentes, que
importam em efeitos que são estendidos ao administrador quando a lei o tratar de falido.
O administrador não perde a plausibilidade de administrar livremente os seus bens
Pessoalmente, fica o falido sujeito a determinadas restrições: - não pode ausentar-se do lugar da
falência, sem razão justificadora e autorização do juiz; - suspenso o seu direito constitucional de
sigilo à correspondência, quanto aos assuntos pertinentes ao seu negócio. O administrador deve
entregar ao falido a correspondência de conteúdo estranho ao seu giro comercial; - suspenso o livre
exercício da profissão. *Essas restrições se estendem ao representante legal da sociedade falida.
>> Efeitos quanto aos bens do falido: art. 103. A propriedade continua sendo do falido, mas a
administração não. O direito de propriedade é quebrado, a administração e disposição deixam de ser
do seu legítimo proprietário e passam a ser da massa falida. Não é uma livre disposição, depende de
autorização judicial (para dispor desses bens para poder pagar os credores, mas o administrador
judicial passa a vender esses bens para poder pagar os credores). Há, então, o que Isfer chama de
propriedade quebrada, cabendo ao falido apenas a observância do que é feito, ou seja, a
fiscalização. Duas pessoas estarão em conjunto na tutela desse bem. O falido pode fiscalizar,
disciplinada pelo art. 103. Que figura tem o falido nos litígios em relação ao patrimônio? Não
aparece como autor ou réu das demandas, porque aqui é a massa falida. Entra como assistente no
processo. Assistente litisconsorcial.
● Esses bens, por sua vez, irão compor a massa falida objetiva (conjunto de bens, enquanto a
subjetiva é o conjunto de credores); a arrecadação segue as mesmas regras dos bens
penhoráveis/impenhoráveis do CPC – assim, o administrador judicial não pode arrecadar
bens considerados impenhoráveis (arrecadação e penhorabilidade, portanto, são sinônimos
para fins de processo falimentar – ex.: a residência não poderá ser arrecada, assim como não
pode ser penhorada). Os bens do falido serão objeto de arrecadação feita pelo
administrador judicial, que arrecadará todos os bens do falido, mesmo que se achem em
posse de terceiro, a título de locação ou comodato e, ainda, aqueles que estejam em posse
do falido (serão excluídos aqueles que não lhe pertencem, mediante restituição). Não serão
arrecadados os bens absolutamente impenhoráveis, nem os gravados com cláusula de
inalienabilidade. Não poderão ser arrecadados os bens da meação do cônjuge, nem as
substâncias entorpecentes ou que determinam dependência física ou psíquica. A guarda e
conservação dos bens arrecadados é da responsabilidade do administrador judicial,
podendo o falido ser nomeado o depositário. As despesas decorrentes são de
responsabilidade da massa falida. A arrecadação dos bens terá natureza jurídica de
constrição judicial
Bens de sócios x bens de falidos. Outra questão importante no que diz respeito ao patrimônio: bens
do falido e bens dos sócios. Não pode confundir, no regime de autonomia patrimonial o que são
bens do falido e bens dos sócios de uma sociedade. Não se pode fazer essa confusão, porque
responderão pelas dívidas da falida apenas os bens próprios da falida. Os bens dos sócios não
respondem, exceto no caso de sociedade cujos sócios tenham responsabilidade ilimitada. Neste
caso, haverá duas formações de massa na decretação da falência, sendo também o chamamento de
uma massa dos bens dos sócios, formando uma massa complementar, que também responderá
pelas dívidas.
Nas sociedades limitadas, todos os sócios são solidários até a integralização do capital social. O que
importa destacar aqui é que se a sociedade tiver bens não integralizados, neste caso, ainda que o
prazo para a integralização seja mais longo, com a decretação, antecipa-se o prazo de integralização
e os sócios são obrigados a integralizar o capital na data da falência. É possível a limitada operar
durante anos, indefinidamente, com seu capital social ainda não integralizado por completo; na
decretação da falência, todos os sócios passam a ser solidariamente responsáveis pela integralização
do capital social faltante – o administrador judicial é obrigado a fazer com que os sócios cumpram
com a integralização do capital social da sociedade limitada em falência
Efeitos da falência sobre os contratos: distinção entre contratos uni e bilaterais. Se forem unilaterais
benéficos ao falido, não se rompem. Se forem benéficos à outra parte, o administrador judicial tem
capacidade de decidir se irá mantê-lo ou não, sempre observando o benefício da massa. Nos
bilaterais, não há uma resolução em decorrência da decretação da falência, e podem ser cumpridos
pelo administrador judicial em benefício da massa também. Norma de ordem pública, de
discricionariedade do administrador judicial. Um credor não pode ser beneficiado com prejuízo dos
demais. Desde que a massa esteja cumprindo com suas obrigações daquele contrato. Aqui são
alistadas as regras gerais.
Art. 117 – “Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos pelo
administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou
for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do Comitê” (ex.:
um contrato de guarda dos bens é importante de ser mantido, evitando que os bens do falido sejam
roubados)
Art. 118: “O administrador judicial, mediante autorização do Comitê, poderá dar cumprimento a
contrato unilateral se esse fato reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa falida ou for
necessário à manutenção e preservação de seus ativos, realizando o pagamento da prestação a qual
está obrigado” (o artigo se refere ao contrato unilateral no qual a falida é devedora – naqueles
contratos unilaterais em que a falida é credora, a obrigação será cumprida sem nenhum óbice;
naqueles em que é devedor, o cumprimento se vincula ao reconhecimento de benefício objetivo
para a massa)
O legislador criou regras específicas a partir do art. 119 para alguns contratos, até o art. 122. Isfer
não irá analisá-los um a um, e o que falamos são as regras gerais.
A falência é uma das modalidades de dissolução da sociedade, então, dissolve-se a sociedade com
a decretação da falência.
Art. 119: Há um contrato que talvez mereça atenção, porque, na prática, eles são bastante
utilizados. Inciso IX, que trata dos patrimônios de afetação.
Regra geral, a falência do empresário faz com que todo o patrimônio seja arrecadado pelo juízo. O
legislador previu a possibilidade (não é uma imposição) de os incorporadores afetarem parcela do
seu patrimônio para um determinado empreendimento imobiliário. Quando afetam esse
patrimônio, esse passa a ser como um item apartado do seu patrimônio. Assim, é como se
tivéssemos uma sociedade de propósito específico dentro da própria sociedade, mesmo sem ser
uma outra propriedade. Patrimônio que fica apartado do patrimônio geral. Sempre que tiver
patrimônio de afetação, haverá um regime especial de tributação para essa atividade que você
desenvolver. Qual a grande dificuldade? O próprio empresário controla esse patrimônio de
afetação. Durante o exercício o empresário fica usando esse patrimônio, quando não poderia. Faz o
corte desse patrimônio de afetação apenas quando vai prestar contas para a Receita. Sendo
patrimônio de afetação, em tese, o empresário não pode tocar nesse. Um segundo patrimônio do
empresário com destinação específica.
Não há vasos comunicantes entre o patrimônio de afetação e o remanescente da sociedade
Ou seja, o empresário A é dono do empreendimento, mas tudo o que ele gastar e tudo o que ele
gastar relativo ao empreendimento fica segmentado dentro deste patrimônio de afetação
No final do exercício contábil, o empresário é obrigado a prestar contas à receita, de modo que
precisa estabelecer o corte. Mas, durante o exercício, ele fica utilizando o patrimônio afetado,
mesmo sabendo que teoricamente não poderia fazer isso. Quando há a falência, há uma solução
especial para isso, que é a criação de uma comissão dos adquirentes, que receberá do falido todos
os documentos daquele empreendimento, receberá prestações de contas dos falidos, todos os
ativos do empreendimento e esta omissão passará a administrar aquele empreendimento. E, para
tanto, está permitida a contratar uma construtora que levará a cabo esta atividade. Cumprida a sua
finalidade, o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida (no caso de
superavitário) ou listará no passivo de credores da massa falida (no caso de deficitário).
Questões relativas à ineficácia e revogabilidade de alguns atos praticados pelo falido durante as
atividades por ele desenvolvidas.
Ineficácia do ato. Neste ponto, a ineficácia é relativa. Não decorre de um aspecto subjetivo, mas de
aspectos objetivos, ou seja, ela demandará sempre a prática de certos e determinados atos
independentemente da vontade, para que ocorra a caracterização da eficácia do ato. A Lei de
Falências considera determinados atos praticados pelo falido antes da quebra como ineficazes
perante a massa falida. Não são atos nulos ou anuláveis, mas ineficazes
Art. 129 – traz uma ideia de ineficácia objetiva para o instituto da falência; no direito civil, quando
falamos em ineficácia estamos falando, em regra, de uma ineficácia geral/global; na falência,
quando falamos de ineficácia estamos falando, em regra, de uma ineficácia parcial.
Após a decretação da falência há dois entes de importância para o processo: a massa falida e o
próprio falido; há certos atos praticados pelo falido que são ineficazes em relação à massa falida –
art. 129: são ineficazes em relação à massa falida (ou seja, é uma ineficácia relativa/parcial – apenas
em relação à massa falida), tenha ou não o contratante conhecimento do estado de crise
econômico-financeira (ou seja, não socorre argumentar que o ato só foi realizado pois houve a
apresentação de certidões negativas por parte do devedor – independe do conhecimento da
situação de crise), seja ou não intenção deste fraudar credores (ou seja, é uma ineficácia objetiva – a
ineficácia independente da vontade do devedor).
Alguns atos antes da falência são ineficazes ou revogados, por determinação do legislador. Para a
investigação desses atos, é necessário que já tenha sido decretada a falência. Quando eu falo de
ineficácia e revogação, estas são duas situações distintas. Foram atos praticados antes da falência,
porque se depois da falência, são atos nulos. Os atos ineficazes decorrem de algo extrínseco, de
modo que o ato não é anulado, mas tenho sua eficácia afetada. Eficácia não tem a ver com validade
do ato, de forma que o ato permanece válido. A presunção aqui é absoluta, não havendo o
elemento subjetivo. Dessa forma, a contraparte não precisa saber do estado de insolvência/crise do
devedor, e nem se cogita da intenção de fraude no negócio jurídico. Não decorre da vontade. Aqui
há a questão temporal. Aqui fala em elemento objetivo, portanto. É uma ineficácia relativa.
O termo legal da falência tem utilidade na definição da ineficácia de alguns atos praticados pelo
falido. Tanto os atos denominados como “ineficazes” quanto os “revogáveis” não produzem
qualquer efeito perante a massa falida.
Se ele conseguir revogar aquela ordem de falência, deixa de existir a falência e consequentemente a
ineficácia também perderá efeitos. Quando se fala de eficácia e revogabilidade, trata-se sobre o
pressuposto que há uma falência
Atos revogáveis. Os atos revogáveis contam com o elemento subjetivo. Não há fixação temporal e
sequer fixação numerus clausus, sendo necessária a consciência dos participantes do negócio de que
poderá haver prejuízo aos credores. Os atos tipificados no art. 130 da LF se caracterizam
diferentemente. Aqui é irrelevante a época em que o ato foi praticado, bastando para a sua
ineficácia perante a massa a demonstração de que o falido e o terceiro contratante agiram com
fraude. Essas hipóteses são de ineficácia subjetiva, porque se caracterizam pela motivação
fraudulenta das partes.
Atos nulos. Com a decretação da falência, há a perda de administração do falido de seus bens. Se
praticar atos de administração, esses serão nulos, porque esse vício afetará intrinsecamente o ato.
Quem pode atuar depois da falência? O administrador judicial. Este vende ativos para pagar
passivos. Atuação para beneficiar credores da massa.
-
Ex.: fraude à execução – atos realizados pelo credor em fraude à execução são ineficazes
objetivamente, independentemente da vontade das partes e da existência de terceiros de boa-fé
Ex2.: fraude contra credores – ajuizamento de uma ação pauliana, demonstrando a existência de
fraude contra credores (nesse caso não há ação de execução anterior, como no primeiro exemplo) –
assim, para configurar fraude contra credores, o credor que ajuizou a ação deverá demonstrar o
elemento subjetivo na atividade do devedor – ou seja, os atos de disposições podem ser ineficazes
subjetivamente, a depender da análise do elemento volitivo do devedor em fraudar seus créditos
Parágrafo único – a ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa ou
pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.
Feita essa divisão, vamos tratar especificamente dos atos ineficazes que estão disciplinados no art.
129.
O elemento subjetivo é afastado completamente nesse tipo. Inciso I: Elemento é extrínseco, não
importando se o objetivo era fraudar credores. É preciso um elemento forte para que o AJ vá
desconsiderar esse ato. O parágrafo único dá uma amplitude enorme para o Inciso I. quem tem mais
interesse nisso é o AJ, mas qualquer credor que queira “espetar” outro credor, pode requerer de
ofício. Inciso II: sujeito vai pedir recuperação judicial ou vai entrar em estado de insolvência, tendo
credores cobrando, ele tem bens disponíveis, que faz dação em pagamento para quitar as dívidas.
Isso é muito comum. Cancela o ato, voltando para a massa falida. Mais comum.
Quais são os direitos reais de garantia? Hipoteca, penhor e anticrese. Qual outro que a doutrina tem
entendido como um direito de garantia? Alienação fiduciária, ainda que não seja, que tenha outra
modalidade.
Caução está dentro disso? Títulos caucionados. O que é isso? Garantia por caução. Esta caução é
empenho. Qual a diferença entre empenho e penhora? O empenho é um ato particular de garantia,
ao passo que a penhora é uma garantia judicial. A caução e penhor são sinônimos. Caução é uma
expressão utilizada pelo sistema financeiro que é similar ao penhor. Entrega os títulos não em
transferência de propriedade, faz-se a tradição como garantia de uma determinada obrigação. Os
títulos de crédito são bens móveis, então se entrega a posse, presume-se que é proprietário, porque
a posse presume a propriedade do bem móvel.
- Garantia real sobre bem móvel: Caução ou penhor. Quando isto se especializar para títulos de
crédito, chama-se de caução. Quando pega o imóvel sob a promessa de entregar algo a futuro (caso
de construções), qual a garantia que se dá? Confissão de dívida com garantia hipotecária.
- Garantia real sobre bem imóvel, garante-se pelo próprio imóvel que era objeto sobre a
negociação.
IV. a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da falência;
Há uma questão temporal distinta, que é um período em que as questões são analisadas como uma
suspeição4 mais leve, possível de levar a anulação de certos e determinados atos. Com questão a
prazos, a renúncia a herança até dois anos. Caso de empresário individual. Se renunciar a herança ou
legado, essa renúncia pode ser ineficaz em relação à massa, porque o patrimônio presente ou
futuro do devedor irá arcar com a dívida.
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Período de suspeição falimentar – vai até dois anos antes da decretação de falência – esse período de
suspeição, entretanto, não é elemento da sentença, mas sim um período onde os atos realizados pelo devedor
são eivados por “suspeição” e deverão ser investigados para constatar eventuais abusos
credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro de títulos e
documentos;
Cuidado: venda de cotas sociais não é venda de estabelecimento / venda de ponto comercial não é
venda de estabelecimento – a venda do estabelecimento é a venda do conjunto produtor de
riquezas / da globalidade de bens organizados para cumprir o fim comum da atividade empresarial –
muitas vezes esse conjunto sequer é um patrimônio tangível – ex.: a venda de um site na internet
pode constituir a venda de um estabelecimento, desde que ele seja a fonte produtora de riquezas
daquela atividade específica) – o contrato de venda de estabelecimento é o contrato de trespasse –
esse contrato identifica o estabelecimento e o aliena.
O STJ não se define sobre o que seja o estabelecimento empresarial. Ora emprega para um único
estabelecimento, ora para todo o complexo da sociedade.
A lógica é que se vender o estabelecimento, não sobra bem nenhum para ser vendido em favor do
credor. Há como ter patrimônio não afetado para o estabelecimento. É um conceito ampliativo, que
ao fim ao cabo abarca todos os bens reunidos para o exercício da atividade.
Pode vender, desde que tenha bens o suficiente para pagar as suas dívidas. A eficácia plena do
negócio jurídico estará regulada pela ciência dos credores e a não oposição no prazo de trinta dias.
Eficácia parcial porque só terá efeitos no caso de decretação da falência
VII. os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título oneroso
ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver
havido prenotação anterior.
Na recuperação judicial o AJ tem uma função de acompanhar o processo, sem implicações para além
disso – o AJ, na recuperação, é tão somente um fiscal Se de um lado a Recuperação tem por escopo
a manutenção da atividade produtiva, de outro lado a Falência tem por pressuposto tirar da
atividade econômica as empresas não recuperáveis (possibilitar a substituição da empresa não
recuperável no mercado por outra que seja tecnologicamente mais avançada).
Designação única para recuperação e falência. São funções distintas, mas como uma única raiz, o
critério de escolha ainda é subjetivo, com uma tonalidade objetiva.
À escolha recai sobre alguém que o juiz depositar confiança, ou seja, sobre aquele que tenha se
habilitado perante as varas responsáveis por esses processos.
Art. 121. Quando fala de administrador judicial pode ser pessoa natural ou jurídica. Em qualquer dos
casos, o juiz deve levar em consideração o critério da confiança e de outro da especialidade para
fazer a indicação. É preciso que haja capacidade
Essas atividades são distribuídas em um elenco ao longo do art, 22 que faz um recorte, que são para
recuperação e falência, depois só para recuperação e depois só para as falências.
> A principal atividade do AJ na falência é a arrecadação de bens – deve angariar o maior número de
bens, apreendendo judicialmente tanto os bens materiais quanto os imateriais para que eles
venham a compor a massa falida (antigamente a parcela mais importante estava disposta nos bens
materiais, hoje já podemos falar que os bens mais expressivos, em alguns casos, são os imateriais –
ex.: google, facebook, uber, etc. – nessas empresas o verdadeiro valor está na marca, na inovação
tecnológica, e não nos bens materiais que possuem). A arrecadação não significa algo físico, a sua
natureza jurídica é de apreensão judicial. Isso pode não significar retirar um objeto de um lugar
específico, de um lugar que ele esteja. Ela se materializa pela discriminação no auto de arrecadação,
que será por ele assinado, podendo ser acompanhado pelo falido. A arrecadação que discriminará
esses bens deve ser promovida em relação a todos os bens que o administrador encontrar em poder
do falido. Foi determinado pelo legislador que não discrimine, não perguntando ao falido o que lhe
pertence. Ele deve inventariar todos, inclusive os de terceiros. Nesse ponto, há o pedido de
restituição, que é justamente o pedido que irá socorrer aqueles que tiveram bens arrecadados
dentro do estabelecimento do falido, e os bens não são dele.
> também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor
nos 15 dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada.
Após arrecadar os bens tangíveis e intangíveis, o AJ deve proceder com a avaliação desses bens, se
valendo de profissionais habilitados para tal – importante: é indispensável que o profissional seja
especializado na avaliação de bens, especialmente quando a falência envolve a arrecadação de bens
imateriais (é muito difícil, pelos meios convencionais, avaliar quanto vale uma marca, um logotipo,
um site na internet, etc. – o profissional deverá avaliar a capacidade de produção de riquezas desses
bens intangíveis, o que exige um refinamento técnico ímpar)
Ao final, o AJ deve prestar contas de todas as atividades que desenvolveu ao longo do processo
falimentar.
Só o juiz é quem pode escolher o administrador judicial. Ele pode ser, depois de escolhido:
- destituído. O ato é motivado, e em decorrência disso é considerando a justa causa pela destituição,
deve ser também destituído de todos os outros processos que ele atue como AJ no juízo. A justa
causa impregna todos os demais processos que ele atue como AJ. Há uma quebra de confiança tal
que ele perde confiança no juízo, bem como os seus honorários.
- Substituído. Quando o juiz deseje, sem motivação, trocar o administrador. Como é um ato
discricionário e depende de confiança, ele pode substituir o administrador e em caso de
substituição, ficam preservados os honorários pelo período que ele esteve na condução.
- Renúncia. terá direito aos seus honorários até o momento que trabalhou.
O AJ faz o quadro geral de credores e a sua consolidação.
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Legislador fixa elementos para que não se pague indevidamente e fora da cronologia adequada. Foi
estabelecido um percurso para que os pagamentos que devem ser feitos seja realizado de tal modo
que haja prova e contraprova para que os credores, de uma forma geral, possam agir frente os
créditos dos demais credores. Isso porque é facilmente encontrável situações em que haja conluio
entre falidos e terceiros, entre AJ e falido ou AJ e terceiros. Como é possível a existência de fraudes
nesse processo, o legislador trouxe um entendimento para reduzir isso. Para que isso ocorra, nos
elementos da sentença de falência é prevista a publicação de editais da decretação e para que os
credores, de uma maneira geral, possam fazer a sua habilitação no processo de falência. Esta
habilitação é, segundo alguns autores, constitutiva. Quer dizer que não basta encontrar na
contabilidade do devedor a existência ou menção de um determinado débito para que um credor
receba o seu crédito, precisa passar por um processo de verificação:
VERIFICAÇÃO DE CRÉDITO
A lei dispõe que os credores que se sentirem prejudicados pela classificação que receberem ou pelo
montante de seu crédito deverão se pronunciar; quando o crédito não tiver sido contemplado pela
lista emitida pelo devedor, o credor irá requerer a habilitação de seu crédito; do outro lado,
quando o crédito tiver sido contemplado de maneira insuficiente ou parcial pela lista emitida pelo
devedor, o credor irá requerer a verificação de seu crédito;
não cabe nenhum recurso contra a lista como um todo, mas tão somente contra créditos
particulares; os pedidos de verificação e habilitação de crédito são julgados em autos apartados no
juízo universal.
A habilitação do crédito e a verificação do crédito não formam um efetivo contencioso – não houve,
ainda, uma judicialização da questão; o que há é tão somente uma disputa em nível de
administrador judicial; apenas após a publicação de uma lista pelo administrador judicial, com o
término da verificação do crédito pelo mesmo, é que os credores poderão se valer do Poder
Judiciário para discutir a questão (inicia-se, assim, uma potencial revisão judicial do crédito,
inaugurando a terceira fase da verificação de crédito
> O devedor faz uma listagem de quem são os seus credores. Feita essa primeira listagem, que é por
conta do devedor, tenho uma segunda possibilidade (art. 7°), em que ocorre uma verificação no
espaço administrativo, não contencioso, ainda que haja espaço para que o falido se manifeste
contrariamente. O falido se manifestou na primeira possibilidade. Na segunda, se manifestam os
credores quando não concordarem com o valor, origem ou classificação, pedindo uma verificação
do seu crédito. Essa será formulada perante o administrador judicial.
Nesta listagem, o devedor vai dizer o v alor, origem e classificação. O próprio devedor faz essa
listagem. Feita essa primeira listagem, que é por conta do devedor, há uma segunda possibilidade,
que está disposta no art. 7º - Art. 7º A verificação dos créditos será realizada pelo administrador
judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos
documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de
profissionais ou empresas especializadas. Art. 8º No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da
relação referida no art. 7º , § 2º , desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o
Ministério Público podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a
ausência de qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação
de crédito relacionado.No art. 8º se lista quem pode não estar satisfeito com a primeira listagem
apresentada.
> Precisa de um procedimento de que o crédito já está lá e deve ser iniciado por meio da decretação
da falência e este procedimento vai se espraiar para o segundo momento, que é em que o AJ
encaminhará para todos os credores listados pelo falido uma comunicação, uma correspondência
declarando que foi decretada a falência do empresário e que consta um crédito a seu favor na
importância de tanto. Ele pede para que se verifique, e o credor deverá se manifestar sobre o
procedimento, a carta que recebeu. Então de um lado tem o edital para terceiros que não tenham
sido devidamente notificados pela correspondências e a correspondência que fará à notificação
direta nos casos em que o nome constar na lista dos credores do devedor comum.
> No momento subsequente o AJ deve fazer uma nova publicação, com a relação dos credores. Isso
vai encontrar em poder do falido. Vai buscar na contabilidade, com auxílio do falido e dizer quem são
os credores extraconcursais (ACC, que tenham outros tipos de situações) e concursais (trabalhistas,
por acidente de trabalho, com garantia real, alienação fiduciária, privilégio geral, especial),
formulando um quadro geral com nome e identificação com valor. Essa lista será publicada.
Eventualmente, alguns credores não terão recebido e não estarão na lista, porque a contabilidade
pode ser falha nessa discriminação. Pode acontecer também de ter uma interpretação inadequada
acerca da classificação a ser empregada. A partir desta lista, deve o credor que não está
devidamente aquinhoado (seja por não estar listado, alistado inadequadamente por valor ou
classificação), deve habilitar o seu crédito, fazendo um processo de verificação do seu crédito.
O credor, ao impugnar, pode pedir a reserva de valores, para não atrasar o processo de falência.
Suponhamos que o nome do credor esteja na listagem do art. 99, III, pelo próprio devedor. O sujeito
não verificou, não analisou a lista e apresentou uma impugnação em juízo. Seria possível apresentar
a publicação, mesmo se já listado? Primeiro, é preciso interesse. Se já está listado e
consequentemente habilitado, não haverá o necessário interesse jurídico para impugnar a listagem
na qual já se foi listado. É preciso tomar cautela, especialmente em função das questões de
sucumbência, porque se for excluído, eventualmente pode responder por um valor de sucumbência
enorme. Se apenas pede a verificação, não há sucumbência, mas pedir a impugnação pela via
judicial, há.
É possível então deixar de observar o prazo do art. 7º? Sim. Pode habilitar retardatariamente. No
entanto, o art. 7º diz que a verificação dos créditos será feita pelo AJ, e publicado o edital, os
credores tem o prazo de 15 dias para apresentar as suas habilitações ou divergências. Não
observado o prazo, serão recebidas como retardatárias. Não são as divergências, mas tão somente
as habilitações. O STJ, em julgado recente, disse que há diferença em relação a isso, para nos
acautelarmos no sentido de que se o sujeito não foi listado e consequentemente não sabia da
falência, é possível habilitar o crédito retardatariamente, mas se foi listado e foi consequentemente
intimado por edital ou pessoalmente, a divergência não pode ser feita retardatariamente. A
consequência é que o art. 10 está imbricado parcialmente com o 7º. Ou seja, todas as vezes que
quiser fazer uma habilitação de crédito retardatária, pode, mas não pode fazer uma verificação de
crédito retardatária, ao ver do STJ
_________________________________
Primeiramente, cabe nos registrar que pela nova sistemática prevista na Lei n° 11.101/2005 (Lei
falimentar) o procedimento de verificação e habilitação de créditos prevalece tanto para a
recuperação judicial como para a falência de empresas, pois a citada lei as tratam em capítulo único
intitulado de "Disposições Comuns à Recuperação Judicial e à Falência".
A verificação dos créditos nada mais é do que realizar um levantamento dos créditos contra o
devedor (talvez ficasse mais completo dizer dos débitos do devedor), ou seja, do que ele está
efetivamente devendo. Esse levantamento é tarefa do administrador judicial que para cumpri-la
deverá ter por base os documentos que lhe forem apresentados pelos credores, livros contábeis,
documentos comerciais e fiscais do devedor, podendo contar com auxílio de profissionais ou
empresas especializadas. Com base nessas informações, o administrador fará publicar edital
contendo a relação nominal dos credores legalmente habilitados.
Na prática, realizada a verificação dos créditos, deve ser publicado um edital com a relação de
créditos já apurados, para que no prazo de 15 (quinze) dias os credores apresentem ao
administrador judicial suas habilitações (de créditos que não foram relacionados no edital) ou suas
divergências em relação aos créditos já verificados e relacionados.
Com base nessas novas informações e documentos serão os créditos verificados novamente para
que, logo em seguida, seja publicado edital contendo nova relação de credores no prazo de 45
(quarenta e cinco) dias, contados do fim do prazo concedido aos credores (15 dias). Neste edital
deverá ser indicado o local, horário e prazo comum em que o comitê, qualquer credor, o devedor ou
seus sócios ou o Ministério Público terão acesso aos documentos que a fundamentaram.
VERIFICAÇÃO DE CRÉDITOS. A verificação dos créditos deve ser realizada pelo administrador judicial,
com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor (empresário e
sociedade empresária) e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores. Para tanto,
ele pode contar com o auxílio de profissionais ou empresas especializadas.
É importante registrar que:
Havendo divergência quanto ao valor ou classificação dos seus créditos o credor deve suscitar a
divergência por escrito ao administrador judicial. Se entender que a divergência suscitada procede,
ele republica a relação de credores, sem levá-la ao juiz.
Como podemos perceber, o objetivo dessa fase preliminar, ainda não contenciosa, prevista na letra
"a" acima, é checar à relação de credores estipulada na letra "b", de forma a evitar habilitações ou
impugnações retardatárias que, obrigatoriamente, movimentarão a máquina judiciária, acarretando,
de certa forma, prejuízos à sociedade, os quais o legislador tentou evitar.
IMPUGNAÇÃO CONTRA RELAÇÃO DE CREDORES. Impugnação é a ação incidente que tem por
objetivo apontar a ausência de qualquer crédito ou manifestar-se contra a legitimidade, importância
ou classificação de crédito listado na relação dos credores habilitados, publicada no edital
mencionado na letra "b" do capítulo anterior. Poderá intentar impugnação o comitê, qualquer
credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público, dentro do prazo de 10 (dez) dias, contados
da publicação do mencionado edital.
A impugnação não será encaminhada ao administrador judicial, a mesma será encaminhada ao juiz
por meio de petição com as provas que serão necessárias e os documentos, assim os credores dos
créditos impugnados, serão intimados para contestar tal ato no prazo de 5 (cinco) dias, após o prazo
para contestar a impugnação será dado prazo de 5 (cinco) dias para que o administrador judicial se
manifeste trazendo aos autos os livros contábeis.
Como se pode verificar nas letras "a" e "b" acima, ficou estabelecido 2 (duas) regras para o exercício
do direito de voto na assembleia geral de credores, a
Transcorrido esse prazo, o devedor e o comitê, se houver, serão intimados pelo juiz para se
manifestar sobre ela no prazo comum de 5 (cinco) dias, findo o qual, o administrador judicial será
intimado pelo juiz para emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias.
O administrador judicial deverá juntar à sua manifestação o laudo elaborado pelo profissional ou
empresa especializada, se for o caso, e todas as informações existentes nos livros fiscais e demais
documentos do devedor acerca do crédito, constante ou não da relação de credores, objeto da
impugnação.
Além disso, o juiz determinará, para fins de rateio, a reserva de valor para satisfação do crédito
impugnado. Só cabe reserva relativamente à parte impugnada, uma vez que, se a impugnação for
parcial, não ficará impedido o pagamento da parte incontroversa.
CONSOLIDAÇÃO QGC. O administrador judicial será responsável pela consolidação do QGC, a ser
homologado pelo juiz, com base na relação dos credores a que se refere à letra "b" do capítulo "2"
acima, e nas decisões proferidas nas impugnações oferecidas.
O QGC, assinado pelo juiz e pelo administrador judicial:
Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como QGC, a relação dos credores constante do
edital a que se refere à letra "b" do capítulo "2" acima, dispensada a publicação de que trata o
capítulo "6" acima.
_________________________________________
Trabalhemos por hipótese. Temos 500 credores numa falência. Na lista do art. 99, 400 credores
foram listados e estão de acordo, sem necessidade de uma verificação ou impugnação. Todos estão
devidamente assentados. Passados por verificação, e indo para a lista do art. 7º, foram incorporados
aos definitivos mais 70 credores pelo AJ. Há desses, 30 impugnando o valor do crédito. Se olhar este
quadro, é correto suspender o eventual pagamento dos credores até que sejam todos julgados? Não
há lógica nisso. É possível ir pagando, não se interrompendo a falência com as impugnações. Vai
vendendo o ativo, eventualmente tendo dinheiros para pagar os credores. Então, desses 470
credores, há as classes que já foram estudadas por nós. Eventualmente, vai fazendo o seu
pagamento. Esses 30 que impugnaram perdem a classificação deles? Depende deles mesmos.
Podem fazer o pedido de reserva na sua classe. Pede reserva do valor da sua classe. “tem que pagar
tanto, mais tanto daqueles que fizeram o pedido de reserva”. Quem não terá esse direito? Os
retardatários. Eles não podem reclamar das distribuições que foram feitas antecipadamente
_______________________
Com relação à classificação legal dos créditos, o legislador criou um princípio de isonomia material e
substancial – é material pois trata todos os credores de uma mesma classe de maneira igual, mas é
também substancial por dar tratamento distinto aos credores de classes distintas.
Na falência os credores são subdivididos entre espécies:
I. credores da falida,
II. credores da massa falida,
III. credores com pedido de restituição e
IV. credores dos sócios da falida.
Os credores da falida são todos aqueles que são titulares de créditos contraídos pelo devedor até a
data da decretação da falência; a partir da data de decretação da falência é possível que novos
créditos sejam contraídos em nome da massa falida – esses serão os credores da massa falida,
portanto (inclusive o administrador judicial, que também poderá ser credor da massa falida). Os
credores que pediram restituição ou ingressaram em juízo com embargos de terceiro – quando a
própria coisa não possa ser devolvida, a devolução deverá ser feita em dinheiro (gera um crédito,
portanto – esse crédito não se confunde com aqueles da falida ou então da massa falida – trata-se
de uma nova classe.
Qual deles paga antes? Há uma classificação entre eles? Teoricamente falando, deve pagar nessa
ordem, do art. 85, 151 e 84. Ultrapassado isso, passa-se para a classificação definida no art. 83. O
art. 83 classifica os créditos inseridos na categoria “credores da falida”
Qualquer credor, já que é uma ação penal incondicionada, pode pedir que esta ação seja
processada. É importante dizer também que sócios, administradores, gerentes, diretores,
conselheiros de fato ou de direito e o administrador judicial equiparam-se ao falido ou ao devedor
para os efeitos da pratica do delito. O vínculo com a empresa pode ser apenas de fato, e não de
direito.
Falamos de direito penal, e neste, como uma PJ não pratica crime, é preciso então identificar quem o
está praticando. Dentro dessa perspectiva, o legislador trabalhou com crimes em espécie e dividiu,
apesar de fazer uma sequencia que não está bem estabelecida, duas possibilidades. Há crimes que o
próprio devedor pode ter praticado e crimes que podem ter sido praticados por terceiros e que
eventualmente tragam prejuízos ao credor.
Conforme o crime cometido, existe uma punição penal prevista na Lei de Recuperação Judicial,
que pode ser multa, detenção (pode ser cumprida no regime semiaberto ou aberto) ou reclusão
(deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto).
Entretanto, o artigo 181 lista alguns efeitos da condenação por crimes falimentares que não são
essas sanções penais. São três possíveis:
Para que esses efeitos sejam atribuídos aos autores de crimes falimentares, o juiz deve declarar
expressa e motivadamente na sentença, já que eles não são automáticos. A duração dessa
inabilitação ou impedimento perdura no máximo por 5 anos após a extinção da punibilidade. A
reabilitação penal pode diminuir esse prazo.
Assim que a sentença penal condenatória transita em julgado, o Registro Público de Empresas
é notificado para que adote medidas necessárias que impeçam novo registro em nome dos
inabilitados.
Na Lei nº 11.101/2005, existem 11 crimes falimentares, dispostos nos artigos 168 a 178.
Fraude a Credores
A fraude a credores ocorre quando um indivíduo, para conseguir uma vantagem para si ou para
terceiros, pratica um ato que causa ou pode causar prejuízo aos credores.
● Elaboração de escrituração contábil ou balanço com dados inexatos;
● Omissão de lançamento ou alteração na escrituração contábil ou no balanço;
● Destruição ou corrupção de dados contábeis ou negociais armazenados em computador ou
sistema informatizado;
● Simulação de composição do capital social;
● Destruição, ocultação ou inutilização de documentos de escrituração contábil obrigatórios.
Indução a erro
Indução a erro é o crime falimentar por meio do qual o agente sonega, falsifica ou omite
informações no processo de falência, recuperação judicial ou recuperação extrajudicial, para induzir
a erro o juiz, o Ministério Público, o administrador judicial, os credores, a assembléia-geral de
credores ou o Comitê.
Favorecimento de credores
O agente que pratica ato para favorecer um ou mais credores, em detrimento dos demais, comete o
crime de favorecimento de credores. Nesse ato, ele pode gerar obrigações ou dispor/onerar o
patrimônio. Incorre no mesmo crime o credor que, em conluio, se beneficia do ato.
Violação de impedimento
De acordo com o artigo 177 da Lei de Falências, se juiz, administrador judicial, representante do
Ministério Público, perito, gestor judicial, avaliador, oficial de justiça, escrivão ou leiloeiro adquirir
bens de massa falida ou de devedor em recuperação judicial, ou entrar em alguma especulação de
lucro em relação a estes, quando tenham atuado nos respectivos processos, cometerá o crime de
violação de impedimento.
Fase de Liquidação
A liquidação é dividida em dois pedaços: I. Realização do ativo e II. Pagamento do passivo; não se
fala em dois momentos, mas sim em dois sistemas; antigamente era promovida a liquidação através
da realização do ativo e do pagamento do passivo em momentos subsequentes – hoje, à luz do
princípio da celeridade processual, essas duas atividades devem ser realizadas concomitantemente
(não é preciso esperar a realização de todo o ativo para então iniciar o pagamento do passivo).
O primeiro passo é arrecadação o ativo (que é um dever do AJ) – após, dá-se inicio à sua
arrecadação, ou seja, é iniciada a venda desse ativo; quando a guarda do ativo for custosa ou
quando o ativo perecer rapidamente, a realização do ativo pode se dar imediatamente após a
arrecadação (isso, entretanto, é uma exceção, devendo haver requerimento expresso e
fundamentação suficiente por parte do administrador judicial) – trata-se, portanto, da hipótese
excepcional da “venda antecipada” (ideia de evitar custos desnecessários e otimizar o ativo).
Art. 139. Logo após a arrecadação dos bens, com a juntada do respectivo auto ao processo de
falência, será iniciada a realização do ativo.
Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a
seguinte ordem de preferência:
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor;
Realizar o ativo significa transformar todos os bens e o patrimônio do falido em dinheiro (desde que
já não estejam em dinheiro, obviamente) – ou seja, significa transformar o patrimônio ilíquido em
quantia líquida, sempre visando o melhor benefício possível.
quando falamos em falência, o interesse juridicamente tutelado é focado no interesse dos credores –
assim, é preciso obter a maior quantidade de recursos possíveis, a fim de que os credores recebam
os valores de seus créditos; com base nisso, o legislador resolver enquadrar uma metodologia de
alienação que julgou a mais adequada possível para trazer retorno aos credores – foi desenhado na
legislação um método específico para atribuir a maior eficiência possível à esse procedimento.
No art. 142 vai se encontrar quais as modalidades de venda previstas pela legislação. E qual o
interesse que se tem em entender essas modalidades? Primeiro, elas são disciplinadas na lei. O
segundo motivo que se deve aprender é que quando o legislador diz que se vende uma UPI de uma
massa falida ou de uma recuperação judicial (unidade produtiva independente), vende-se sem que
haja qualquer sucessão da massa falida ou recuperanda. O comprador positivo compra e não é
sucessor das obrigações do Expoente. Para que ocorra esse afastamento, a jurisprudência diz que a
venda deve ter sido feita de acordo com um dos modelos estabelecidos em lei, que são os do art.
142, que são leilão, proposta fechada ou pregão. Se não for assim, pode se entender que há
sucessão.
Quando se vai pagar o passivo, antes de efetuar esse pagamento, o AJ vai classificar os credores
em espécies e classes.
Cada espécie se subdivide em classes de credores. Art. 151: Os créditos trabalhistas de natureza
estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite de
5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.
Extraordinária preferência.
Art. 149: Realizadas as restituições, pagos os créditos extraconcursais, na forma do art. 84 desta Lei,
e consolidado o quadro-geral de credores, as importâncias recebidas com a realização do ativo serão
destinadas ao pagamento dos credores, atendendo à classificação prevista no art. 83 desta Lei,
respeitados os demais dispositivos desta Lei e as decisões judiciais que determinam reserva de
importâncias
Pagamento dos credores – art. 149 – realizado todo ativo, transformado em dinheiro, começarão a
ser realizados os pagamentos dos valores devidos aos credores – deverá ser respeitada a ordem
estipulada pelo art. 83 e pelo art. 84 (devem ser respeitados, também, os demais dispositivos legais,
principalmente aqueles que determinam reserva de importâncias – quando um determinado
crédito é impugnado judicialmente, o juiz, enquanto não julgar a impugnação, determinará a
reserva de valores para aquele cujo crédito tenha sido habilitado na falência; no quadro geral de
credores, o administrador judicial deverá indicar os credores que tenham créditos determinados e
impugnados – esses valores devem ficar reservados, em função da impugnação ainda não julgada;
art. 16 + art. 149 – dois artigos que disciplinam a reserva dos créditos impugnados)
Foi vendido o ativo e tem caixa para efetuar pagamentos. Já tem também quadro geral de credores
formado, com base no terceiro edital publicado, depois da fase das impugnações judiciais.
Considerou também as reservas e estabeleceu um quadro definitivo, como diz a lei. Só não é
plenamente definitivo porque tem as reservas. Começa a efetuar os pagamentos.
Para começar a pagar os credores da falida do art. 83, tem que levar em consideração três outros
dispositivos legais que disciplinam a ordem de pagamento dos credores. O art. 84, que trata dos
extraconcursais(credores que não se submetem ao concurso estabelecido no art. 83), tem que levar
em conta os credores trabalhistas, os que tem preferência, no art. 151 e levar em consideração os
credores do art. 150, que são os que foram admitidos como credores enquanto a massa estava em
funcionamento. São os credores da massa.
84, 151 e 150.
Antes de pagar os do art. 83, esses três dispositivos são os que autorizam a gastar recursos da massa
para pagar despesas ou custos .
Quando paga a turma da massa extraconcursal, está habilitado a entrar no quadro geral de credores
tal qual formatado pela terceira lista.
Pago os credores do art. 83, e como a arrecadação tem natureza jurídica de apreensão judicial, o
bem que sobrar é devolvido ao falido. Encerrados os pagamentos porque acabou o dinheiro ou
porque todos os credores foram pagos, em 30 dias, o administrador judicial deve prestar contas da
sua administração, que serão processadas e julgadas pelo juiz da falência. E a partir deste
julgamento, o juiz dá a segunda sentença do processo. Essa sentença é de encerramento da
falência.
Operado qualquer um desses casos, o falido requererá ao juízo que suas obrigações sejam
declaradas extintas, e a falência terá uma terceira sentença.
O encerramento da falência não extingue as obrigações, apenas as hipóteses supracitadas.