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Boletim IPI nº 13 - Julho/2008 - 1ª Quinzena

Matéria elaborada conforme a legislação vigente à época de sua publicação, sujeita a mudanças em decorrência das
alterações legais.

IPI

CRÉDITOS DO IPI
Hipóteses de compensação e ressarcimento

ROTEIRO

1. INTRODUÇÃO
2. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DO IPI
3. TRANSFERÊNCIA PARA OUTRO ESTABELECIMENTO
4. RESSARCIMENTO
5. COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS FEDERAIS

1. INTRODUÇÃO

Nesta matéria, iremos abordar as possibilidades diversas de utilização dos créditos do IPI a que têm direito os
contribuintes do imposto. Passando pela compensação com os débitos do próprio IPI, serão abordadas ainda a
compensação com outros tributos federais, a transferência de créditos para outros estabelecimentos, e ainda a
possibilidade de ressarcimento dos créditos do IPI.

2. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DO IPI

A primeira hipótese de utilização dos créditos do IPI é a compensação com débitos do próprio imposto, decorrentes das
saídas de produtos tributados, o que ocorre automaticamente, através de compensação na conta gráfica (livro Registro
de Apuração do IPI), seguindo o princípio da não-cumulatividade que rege o imposto.

O princípio da não-cumulatividade do imposto encontra-se consagrado no art. 163 do Regulamento do IPI, aprovado pelo
Decreto nº 4.544/2002.

Remanescendo, ao final do período de apuração, créditos do IPI na escrita fiscal da empresa, estes poderão ser
mantidos para a compensação de débitos que venham a ocorrer em períodos de apuração posteriores. Outra
possibilidade, conforme a origem destes créditos, é a transferência para outro estabelecimento da mesma, conforme
veremos a seguir.

3. TRANSFERÊNCIA PARA OUTRO ESTABELECIMENTO

Haverá algumas situações em que o crédito do IPI remanescente ao final do período de apuração poderá ser transferido
para outro estabelecimento da mesma empresa. São três situações que ensejam esta possibilidade:

a) créditos presumidos do IPI, concedidos a título de ressarcimento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, no
caso de insumos utilizados na produção de mercadorias destinadas à exportação, conforme previsto nas Leis nº
9.363/96 e 10.276/2001;

b) créditos decorrentes de estímulos fiscais na área do IPI, relativos a relativos a insumos efetivamente empregados na
industrialização de produtos exportados, não aproveitados no período de apuração em que foram escriturados, citados
na Portaria MF nº 134/92;

c) créditos do IPI passíveis de transferência a filial atacadista, no caso de estabelecimento industrial que dê saída
destinada a filial atacadista dos produtos citados nos artigos 139 e seguintes do Regulamento do IPI (produtos cujo
imposto é calculado por unidade ou por determinada quantidade de produto, sendo o valor do IPI fixado em reais,
conforme tabelas de classes de valores ou valores), com suspensão do IPI, conforme previsto no item 6 da IN SRF nº
87/89. Frise-se que somente será possível a transferência, para a filial, do crédito do tributo relativo às matérias-primas,
produtos intermediários e material de embalagem, empregados na industrialização desses produtos transferidos, sendo
necessário que o estabelecimento tenha condições de demonstrar a equivalência entre a quantidade desses produtos
remetidos e o valor do crédito correspondente aos insumos adquiridos, empregados na industrialização dos produtos
remetidos. A transferência destes créditos encontra previsão legal no item "6" da IN SRF nº 87/89.
A transferência dos créditos do IPI dar-se-á mediante a emissão de uma nota fiscal pelo estabelecimento que está
transferindo os créditos. Esta nota fiscal será emitida exclusivamente para essa finalidade, e, na mesma, deverá constar
o valor dos créditos transferidos, o período de apuração a que se referem os créditos, e a fundamentação legal da
transferência dos créditos.

O estabelecimento que estiver transferindo os créditos deverá escriturá-los no livro Registro de Apuração do IPI, a título
de Estornos de Créditos, com a observação: "créditos transferidos para o estabelecimento inscrito no CNPJ sob o nº ...
(indicar o número completo do CNPJ)".

O estabelecimento que estiver recebendo os créditos por transferência deverá escriturá-los no livro Registro de Apuração
do IPI, a título de Outros Créditos, com a observação: "créditos transferidos do estabelecimento inscrito no CNPJ sob o
nº ... (indicar o número completo do CNPJ)", indicando o número da nota fiscal que documenta a transferência.

A transferência de créditos presumidos do IPI por estabelecimento matriz não contribuinte do imposto dar-se-á mediante
emissão de nota fiscal de entrada pelo estabelecimento industrial que estiver recebendo o crédito, devendo, o
estabelecimento matriz, efetuar em seu livro Diário a escrituração dos créditos que foram transferidos.

4. RESSARCIMENTO

Ao final do trimestre-calendário, após efetuadas as compensações dos créditos do IPI com os débitos próprios, e
efetuadas as transferências de créditos para outros estabelecimentos da mesma empresa, conforme citamos no tópico
anterior desta matéria, o estabelecimento que detiver os referidos créditos poderá pleitear à SRF o ressarcimento dos
créditos em nome do estabelecimento que os apurou, bem como utilizá-los na compensação de débitos próprios relativos
aos tributos e contribuições administrados pela SRF - em ambos os casos, desde que tratem-se de créditos passíveis de
ressarcimento do IPI.

São créditos passíveis de ressarcimento:

- os créditos presumidos do IPI, concedidos a título de ressarcimento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, no
caso de insumos utilizados na produção de mercadorias destinadas à exportação, conforme previsto nas Leis nº
9.363/96 e 10.276/2001, escriturados no trimestre-calendário*;

- os créditos relativos a entradas de matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem para


industrialização, escriturados no trimestre-calendário.

*Nota: o contribuinte somente poderá pedir o ressarcimento ou efetuar a compensação em relação aos créditos
presumidos após a entrega do Demonstrativo de Crédito Presumido (DCP) do trimestre-calendário de apuração.

O pedido de ressarcimento deverá ser efetuado pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica mediante a utilização do
Programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante petição/declaração (papel) acompanhada de
documentação comprobatória do direito creditório.

Cada pedido de ressarcimento deverá referir-se a um único trimestre-calendário, e ser efetuado pelo saldo credor
remanescente no trimestre calendário, após efetuadas as deduções na escrituração fiscal.

No período de apuração em que for apresentado à SRF o pedido de ressarcimento, o estabelecimento que escriturou os
créditos deverá estornar, em sua escrituração fiscal, o valor do crédito cujo ressarcimento foi solicitado.

ATENÇÃO: É vedado o ressarcimento a estabelecimento pertencente a pessoa jurídica com processo judicial ou com
processo administrativo fiscal de determinação e exigência de crédito do IPI cuja decisão definitiva, judicial ou
administrativa, possa alterar o valor a ser ressarcido. Ao requerer o ressarcimento, o representante legal da pessoa
jurídica deverá prestar declaração, sob as penas da lei, de que a pessoa jurídica não se encontra nesta situação.

5. COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS FEDERAIS

A compensação dos créditos do IPI com débitos relativos a outros tributos federais deverá ser efetuada pelo
estabelecimento matriz da pessoa jurídica mediante a utilização do Programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de
sua utilização, mediante petição/declaração (papel) acompanhada de documentação comprobatória do direito creditório.

A compensação de créditos deverá ser precedida de pedido de ressarcimento.

O crédito passível de restituição ou de ressarcimento (vide tópico anterior desta matéria) poderá ser utilizado na
compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados
pela SRF.

A compensação será efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação à SRF da Declaração de Compensação
gerada a partir do Programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação, à SRF, do
formulário Declaração de Compensação, constante do Anexo IV da IN SRF nº 600/2005, ao qual deverão ser anexados
documentos comprobatórios do direito creditório.

A IN SRF nº 600/2005 relaciona as hipóteses em que não é possível a compensação com créditos, que são as
seguintes:

- o débito apurado no momento do registro da DI;

- o débito que já tenha sido encaminhado à PGFN para inscrição em Dívida Ativa da União;

- o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela SRF;

- o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente
de decisão definitiva na esfera administrativa;

- o débito do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional com crédito de terceiro;

- o débito e o crédito que não se refiram aos tributos e contribuições administrados pela SRF;

- o saldo a restituir apurado na DIRPF;

- o crédito que não seja passível de restituição ou de ressarcimento;

- o crédito do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional reconhecido por decisão judicial que ainda não tenha
transitado em julgado;

- o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da SRF, ainda que
o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa;

- o valor informado pelo sujeito passivo em Declaração de Compensação apresentada à SRF, a título de crédito para
com a Fazenda Nacional, que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente da SRF, ainda que a
compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa;

- outras hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição.

Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 600/2005, além dos fundamentos indicados no próprio texto da
matéria.

ECONET EDITORA EMPRESARIAL LTDA


Autor: André Luiz Doniak de Mello

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