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1.

OBJETO:
Versa a presente Nota Técnica sobre modelo operacional para compensação de
débitos e créditos de IBS, de forma a permitir a vinculação do crédito ao efetivo
pagamento do imposto nas etapas antecedentes, nos termos da previsão do artigo
156-A, § 5°, inciso II, alíneas “a” e “b” da Constituição Federal, com as alterações da
Emenda Constitucional n. 132/2023.

2. OBJETIVO:
A presente nota técnica tem como objetivo demonstrar como poderiam ser
desenhados os procedimentos operacionais para o lançamento dos débitos, o
reconhecimento dos créditos e os pagamentos do IBS, seja por compensação com
créditos, seja por recolhimento via instituição financeira credenciada pelo Comitê
Gestor para arrecadar IBS.

O presente texto não tem como objetivo analisar ou tratar de questões legais
ou jurídicas, mas apresentar um modelo operacional com foco em simplicidade,
transparência, isonomia, baixo custo, redução de litígios, redução de estímulo à
emissão de documentos fiscais não correspondentes a operações de aquisição de
bens e serviços ocorridas, redução de estímulo à inadimplência tributária, busca
de eficiência e de alíquota de equilíbrio mais baixas.

3. DOCUMENTAÇÃO FISCAL:
O valor do IBS devido a cada operação realizada pelo fornecedor de bens e
serviços tributado pelo IBS deve ser indicado, linha a linha, no documento fiscal
relativo à operação. O prazo para pagamento do IBS indicado no documento fiscal
deve ser definido para, por exemplo, dia 10 do mês seguinte ao da emissão do
documento fiscal, após o qual devem incidir acréscimos legais.

O cabeçalho do documento fiscal deve indicar os dados do emitente, do


destinatário, a data de emissão, e, em seguida, cada linha do documento fiscal deve
indicar a descrição do bem ou serviço, a natureza da operação (venda, devolução,
etc.), o valor da operação, o valor da BC do IBS (que não se confunde com o valor da
operação), as alíquotas de IBS estadual e municipal, os valores do IBS incidentes na
operação, além de outros dados previstos na legislação.

As informações serão prestadas pelo emitente do documento fiscal, tal como já


ocorre na NF-e de ICMS.

O emitente e o destinatário de cada documento fiscal devem ter acesso às


informações que lhes afetam.

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4. DÉBITO:
O contribuinte emitente, ao indicar o sujeito passivo, a matéria tributável, a base
de cálculo, a alíquota, o IBS total, o destinatário da operação, o local¹ da operação
para fins de IBS, dá início ao lançamento por homologação, que se completa com
o pagamento do imposto.

Quanto ao débito de IBS indicado no documento fiscal, compete à Administração


Tributária listar os valores informados como devidos por cada contribuinte, indicar
quais valores, de quais documentos fiscais, já estão pagos (via compensação com
créditos de IBS, via recolhimento direto do imposto de determinado documento
fiscal, via pagamento do saldo devedor apurado em determinado período de
apuração, ou em razão da combinação destes).

Compete à Administração Tributária informar ao contribuinte emitente o saldo a


pagar referente a cada período de apuração e gerar o código de recolhimento.

Calcular, informar e pagar o IBS devido são tarefas do sujeito passivo, que
poderão ser realizadas de forma simples, transparente e a baixo custo de
conformidade, por meio de integração de sistemas entre o ambiente do sujeito
passivo e o da Administração Tributária.

Presentes os requisitos que definem ser este um lançamento por homologação.

De outro lado, cabe à Administração Tributária fiscalizar, encontrar eventuais


desvios e adotar as medidas para corrigi-los. Seja orientando e incentivando o
contribuinte a retificar as informações prestadas, seja lançando de ofício o imposto
não informado e a multa, ou, ainda, cobrando os valores declarados como devidos,
acaso não pagos.

Neste texto não trataremos do modelo operacional do lançamento de ofício, nem


da cobrança.

5. CRÉDITO:
O valor do crédito de IBS deve ser disponibilizado pela Administração Tributária
ao contribuinte do IBS de forma automatizada, simples e rápida, sempre que
presentes os elementos necessários.

No caso de operação entre contribuinte sujeitos ao Regime Geral do IBS, tais


elementos seriam:

1. Emissão do documento fiscal de IBS por contribuinte de IBS


em situação cadastral ativa, indicando os elementos de operação na qual houve
a incidência do imposto, e no qual o adquirente também seja contribuinte do IBS

_____________________________

¹Conforme a Constituição federal, artigo 156-A, § 5º, IV, o local da operação, a ser definido na
lei complementar, pode ser o local da entrega, da disponibilização ou da localização do bem, o da
prestação ou da disponibilização do serviço ou o do domicílio ou da localização do adquirente ou
destinatário do bem ou serviço.

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em situação cadastral ativa;

2. Confirmação da compra, pelo contribuinte adquirente indicado


no documento fiscal, que ao confirmar a compra reconhece sua participação no
negócio jurídico realizado entre as partes e, em especial, confirma as informações
indicadas no documento fiscal como a identidade do fornecedor, o bem ou serviço
comprado e o preço ajustado;

3. Declaração do contribuinte adquirente de que a operação relativa


ao bem ou serviço comprado, indicada em documento fiscal, é do tipo que lhe dá
direito a crédito de IBS, seja crédito integral, seja crédito parcial, hipótese na qual
deve indicar o percentual de aproveitamento;

4. Verificação do pagamento do IBS referente ao documento fiscal,


feita pela Administração Tributária, que em seguida deve informar o fato ao
contribuinte emitente, indicando o IBS deste documento fiscal como pago, e deve
informar o fato ao contribuinte adquirente e lhe atribuir o crédito do IBS, se os
demais requisitos estiverem atendidos.

Em síntese, estando atendidos os quatro requisitos, o crédito de IBS deve ser


atribuído pela Administração Tributária imediatamente ao contribuinte adquirente.

Neste texto, trataremos das operações entre contribuintes do IBS sujeitos ao


regime geral do IBS. Não trataremos das operações que envolvam agentes não
contribuintes do IBS, optantes pelo Regime do Simples Nacional (MEI, ME e EPP),
Administração Pública ou operações sujeitas a regimes especiais de tributação
com regras específicas de crédito.

6. LIVROS FISCAIS DE ENTRADA, SAÍDA E APURAÇÃO DE


IBS:
No modelo operacional descrito não seriam previstos livros fiscais a serem
elaborados e mantidos pelo contribuinte de IBS. Nem mesmo os tradicionais
livros de entrada, saída e apuração de impostos seriam necessários para o IBS, na
sistemática ora concebida.

Os arquivos de escrituração fiscal digital também seriam dispensáveis para


fins de IBS, sendo mantidos apenas eventual exigência pela legislação de outros
tributos.

Do ponto de vista do emitente, as saídas seriam registradas e informadas apenas


ao se emitir o documento fiscal referente à venda ou à saída de bens e serviços.
Caberia à Administração Tributária receber, organizar e conservar os dados destes
documentos fiscais pelo prazo previsto na legislação. Do ponto de vista das
entradas, ocorreria algo análogo quando o contribuinte adquirente confirmar
determinada compra referente a um documento fiscal, ou emitir documento fiscal
de entrada nas hipóteses previstas na legislação.

Em determinados casos, certos eventos que não configurem compra e venda


deverão ser informados para fins de ajustes, como, por exemplo, estorno de crédito
IBS referente a coisa comprada, cuja saída, posteriormente, se verificou isenta sem

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direito à manutenção do crédito de IBS.

7. APURAÇÃO DO IBS:
No modelo geral, os débitos de IBS são informados pelo contribuinte à
Administração Tributária ao ser emitido um documento fiscal com incidência
do IBS e os créditos de IBS são disponibilizados pela Administração Tributária ao
contribuinte, após verificado o cumprimento dos requisitos de que trata o item 4
desta Nota Técnica (Créditos).

Todas as operações realizadas pelo contribuinte, em qualquer de seus


estabelecimentos no território nacional, e todos os créditos a ele atribuídos, são
contabilizados pela Administração Tributária em um demonstrativo com, ao
menos, cinco colunas: data, evento, débito, crédito e saldo.

Ao final de um período de apuração, inicialmente previsto para coincidir com o


mês civil, eventual saldo credor será transferido para o mês seguinte.

Ao longo do tempo, os débitos relativos aos documentos fiscais constantes de


uma apuração podem ser pagos por um dos seguintes meios (ou pela combinação
destes):

1. Compensação com os créditos, realizada pela Administração


Tributária, utilizando-se o critério cronológico, por antiguidade.

2. Recolhimento em instituição financeira do valor relativo ao saldo


devedor apurado no período, pelo mesmo critério cronológico por antiguidade, e

3. Recolhimento em instituição financeira do imposto relativo a um ou


mais documentos fiscais específicos e determinados.

No caso de o período ser encerrado com saldo credor, o contribuinte tem a


opção de requerer o ressarcimento do crédito de IBS em dinheiro, a se dar no
prazo cominado pela legislação. Caso fique inerte, o saldo credor será transferido
sucessivamente aos períodos seguintes.

No caso de o período ser encerrado com saldo devedor, o contribuinte deve


pagar o valor equivalente ao saldo devedor apurado, até o prazo de vencimento
estabelecido pela legislação (dia 10 do mês seguinte, por exemplo).

8. DO PAGAMENTO DE IBS DA COMPRA, PELO


ADQUIRENTE, SE ASSIM DESEJAR:
Nas operações entre contribuintes do IBS, cujas partes estejam sujeitas ao regime
geral do IBS, o modelo prevê que o aproveitamento do crédito ficará condicionado
à verificação do efetivo recolhimento do imposto.

Para tornar viável a aplicação do condicionamento, a Constituição prevê que a


Administração Tributária deva garantir meios, para que o adquirente, se desejar,
possa:
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Opção A – efetuar o recolhimento do imposto incidente nas suas aquisições de
bens ou serviços, ou;

Opção B – recolher o imposto na liquidação financeira da operação.

Destacamos que, por um lado, há a obrigação da Administração Tributária em


disponibilizar meios para que o adquirente possa efetuar o recolhimento do IBS
de suas aquisições, mas cabe a ele escolher se deseja fazer isto. Obrigação da
Administração Tributária, direito do adquirente.

Para atender ao disposto na Constituição Federal, a Administração Tributária


deve fornecer meios para que o adquirente possa realizar o pagamento do IBS
de determinado documento fiscal relativo às suas aquisições. Na sequência,
identificam-se formas de garantir esses meios:

Opção A – Smart PIX

A pedido do adquirente, a Administração Tributária deve gerar e enviar ao


adquirente um Código PIX Identificado - Smart PIX - que permita o pagamento
do IBS de um único documento fiscal determinado e específico, ou o pagamento
de uma lista de documentos fiscais, definida pelo adquirente. Feito o pagamento
com o Smart PIX, os documentos fiscais selecionados terão o IBS pago. A solução
deve gerar código apenas para documentos fiscais cujo IBS ainda não esteja pago,
para evitar pagamento em duplicidade.

Opção B – Smart Split

A Administração Tributária deve desenvolver junto às instituições financeiras


um protocolo de integração que permita ao adquirente fazer o pagamento do
valor relativo a determinadas compras, referente a um ou mais documentos
fiscais emitidos pelo mesmo fornecedor, de forma que o eventual IBS devido,
relativamente àquelas compras, seja consultado, calculado e pago à Administração
Tributária, e o valor restante seja enviado ao fornecedor.

Se o adquirente decidir realizar o pagamento da compra para o fornecedor


utilizando o Smart Split, a instituição vai consultar o valor do IBS a pagar referente
aos documentos fiscais da compra, transferir à Administração Tributária o
montante suficiente e necessário para pagar o IBS devido naquele momento,
já levando em consideração quaisquer pagamentos anteriores, e transferir ao
fornecedor o valor remanescente.

Simples e prático, sem burocracia, sem impacto no capital de giro do adquirente,


sem pagamento em duplicidade de IBS, sem formação de saldo credor de IBS no
fornecedor.

Opção C – Pagamento pelo Fornecedor

Restariam apenas os casos em que o adquirente não exerça quaisquer das


opções acima.

A Constituição Federal estipula como condição suficiente para o


condicionamento do crédito à verificação do pagamento do imposto a mera

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disponibilização de meios para que o adquirente possa efetuar o pagamento do
imposto de sua aquisição por seus próprios meios – não exige que o contribuinte
adquirente exerça tal faculdade.

Assim, é perfeitamente factível que o modelo operacional condicione o crédito


do adquirente à confirmação do pagamento do saldo devedor, pelo fornecedor,
quando aquele, no exercício de sua discricionariedade, não se valer do meio posto
a sua disposição para o pagamento do imposto de sua aquisição

Nesta hipótese, o crédito do adquirente somente será concedido pela


Administração Tributária ao contribuinte adquirente, quando verificado o
pagamento, pelo contribuinte fornecedor, quer pelo pagamento/compensação
do saldo devedor de sua apuração², quer pela liquidação do imposto daquela
operação em específico.

9. DA RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DO IBS:


Quem tem a responsabilidade tributária de pagar não precisa ser a pessoa que de
fato paga o imposto. A responsabilidade enseja uma obrigação, de quem se exigirá
o cumprimento na sua falta. Já quem paga é aquele que satisfaz a obrigação, ou em
nome próprio, ou em nome de terceiro.

No modelo operacional proposto, a simples disponibilização ao adquirente dos


meios para liquidar o IBS de sua aquisição não desloca para si a responsabilidade
de pagar o tributo. Esta segue assentada na pessoa do contribuinte fornecedor.
O adquirente, ao optar por pagar o imposto da operação, o faz em nome do
fornecedor, saldando débito de terceiro junto à Administração Tributária, e
deduzindo tal valor do montante a ser pago pela compra³.

10. O SMART PIX E O SMART SPLIT NA PRÁTICA:


A grande questão é como fazer os pagamentos do IBS, na prática, sem risco ao
direito de crédito pelo adquirente, sem afetar seu fluxo de caixa, sem complexidade,
e respeitando a livre escolha dos agentes privados?

Para responder essa pergunta vamos considerar cinco casos possíveis, tomando
por base a seguinte operação comercial:

O fornecedor realiza a venda do produto para o adquirente no dia 10 de março,


pelo valor de 10 mil reais, emite a Nota Fiscal número 1001, com IBS destacado
à alíquota de 25%, no montante de 2.000 reais (IBS por fora), e que o prazo de
pagamento do IBS das operações de março seja o dia 10 do mês seguinte, portanto
10 de abril.
_____________________________
² Em montante suficiente para alcançar a liquidação da operação por critério cronológico – vide
item 6 – Apuração, desta Nota Técnica, desde que presentes os demais requisitos para o crédito, vide
item 4, desta Nota Técnica.
³ Código Civil. Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a dívida em seu próprio nome, tem
direito a reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-roga nos direitos do credor.

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Caso 1 – Saldo Credor - Se o fornecedor, no dia da venda, 10 de março, ou em
qualquer data entre o dia da venda e o dia de fechamento da apuração referente
ao mês de março, tiver saldo credor de IBS em sua conta gráfica, este saldo
será utilizado para pagar o IBS da venda representada pela NF 1001, mediante
compensação, sem burocracia, e sem nenhuma necessidade de ação por parte
do vendedor ou comprador.

Caso 2 – Venda à vista - Por outro lado, se o fornecedor não tiver saldo credor e a
venda for à vista, o adquirente poderá realizar o pagamento da compra por meio de
Smart-Split4 . Ao optar por pagar desta forma ao fornecedor, o comprador garante
que o IBS indicado na Nota Fiscal 1001 tenha sido pago. A instituição financeira
consulta o Comitê Gestor do IBS, e caso o IBS da NF 1001 ainda não tenha sido pago,
destina ao fornecedor 8.000 reais e ao Comitê Gestor 2.000 reais, correspondentes
ao IBS. Se o IBS da nota já estiver pago, o fornecedor recebe integralmente os 10.000
reais.

O pagamento via Smart-Split, portanto, garante risco zero, burocracia zero,


impacto no fluxo de caixa do adquirente zero, haja vista não prever qualquer
desembolso em valor diferente daquele pago pela aquisição da própria mercadoria.

Caso 3 – Venda a prazo 90 dias – Se o fornecedor ajustar a venda com o


adquirente, e conceder 90 dias de prazo para o adquirente pagar o preço referente à
compra, o fornecedor deverá pagar o IBS antes de receber o valor referente à venda,
tal como já ocorre atualmente com o ICMS, IPI e ISS. Neste caso, o pagamento do
IBS referente a NF 1001 pode ser feito por compensação, com eventual saldo credor,
ou até o dia 10 de abril, mediante recolhimento do saldo devedor correspondente às
operações realizadas no mês de março.

Decorridos 90 dias da data da compra, em 10 de junho, o adquirente pode optar


por fazer o pagamento ao fornecedor por meio de Smart-Split. Feito o pagamento,
a instituição financeira deverá consultar o Comitê Gestor para confirmar se o IBS da
Nota Fiscal 1001 está pago. Caso positivo, o valor de 10.000 reais será integralmente
transferido ao fornecedor.

Caso negativo, o valor de 2.000 reais, mais acréscimos5, será transferido ao Comitê
Gestor, e o saldo restante ao fornecedor.

O Smart-Split, novamente, garante que o pagamento que suporta o crédito


ocorra sem risco para o comprador, que em qualquer caso terá seu direito ao
crédito do IBS sem burocracia e sem impacto em seu fluxo de caixa.

Caso 4 – Venda a prazo em parcelas – Se o fornecedor ajustar a venda com o


adquirente, e conceder 15, 45 e 75 dias de prazo para o adquirente pagar a compra,
a primeira parcela venceria dia 25 de março, antes do prazo de pagamento do IBS.
Neste caso, se o adquirente optar por fazer o pagamento desta parcela por meio
de Smart-Split, a instituição financeira deverá consultar o Comitê Gestor para
confirmar se o IBS da Nota fiscal 1001 está pago. Caso positivo, o valor de 3.333 reais

_____________________________
4 Solução de liquidação financeira a ser oferecido por instituição financeira credenciada pelo
Comitê Gestor do IBS para receber IBS com pagamento repartido ou split payment.
5 mediante consentimento prévio do fornecedor a nível cadastral para desconto do acréscimo
no preço da venda, condição necessária para autorização do Smart-Split a prazo

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será transferido ao fornecedor. Caso negativo, o valor de 2.000 será transferido
ao Comitê Gestor para pagar o IBS da Nota Fiscal 1001, e o remanescente será
transferido ao fornecedor. Outra vez, a própria sistemática de pagamento garante
que a não cumulatividade ocorra sem risco para o comprador e sem impacto em
seu fluxo de caixa.

Caso 5 – Venda sem liquidação financeira – Se o fornecedor ajustar a venda


com o adquirente sem que o pagamento seja integralmente por meio de liquidação
financeira, o adquirente, se desejar, pode optar por realizar o pagamento do
IBS devido pelo fornecedor, até a data do vencimento do imposto, mediante
pagamento de guia de recolhimento específica (ou PIX identificado), com código
gerado pelo Comitê Gestor, se até o dia deste pagamento o IBS da NF 1001 ainda
não tiver sido pago.

Assim, também neste caso, o adquirente pode evitar quaisquer riscos, se pelo
menos uma fração do valor da compra for paga por meio de liquidação financeira
do tipo IBS Smart-PIX.

Da análise destes exemplos podemos extrair a regra geral de que, respeitando a


liberdade de contratar das partes, sem gerar riscos ao adquirente, e sem impactar
seu fluxo de caixa, é possível reduzir o estímulo a fraudes de crédito no IBS com
regra que vincule o crédito de IBS ao efetivo pagamento do IBS da compra, se tal
regra for desenhada de forma adequada.

A concepção de um modelo simples, eficaz, de aplicação genérica, que


disponha das ferramentas tecnológicas disponíveis e que opere em favor da
segurança jurídica e do combate à fraude é perfeitamente factível, bastando que
a lei complementar de instituição da nova tributação sobre o consumo assegure
a efetiva aplicação da não cumulatividade constitucionalmente garantida.

11. CASOS ESPECIAIS NÃO TRATADOS NESTE MODELO:


O modelo proposto foi desenhado para tratar das operações entre contribuintes
do IBS, sujeitos às regras gerais do imposto.

Neste texto não tratamos das operações que envolvam agentes não
contribuintes do IBS, optantes pelo Regime do Simples Nacional (MEI, ME e EPP),
Administração Pública ou operações sujeitas a regimes especiais de tributação,
com regras específicas de crédito.

Em termos de quantidade de operações, o caso mais frequente deve ser venda


destinada a optante pelo Simples Nacional ou destinada a consumidor (não
contribuintes do IBS).

Para este tipo de operação, na qual o adquirente não se credita de IBS, outros
desenhos de modelo operacional podem ser propostos e analisados.

Neste caso, talvez seja interessante a aplicação de regra de pagamento do


imposto para os casos de devedor qualificado, assim entendido o contribuinte do
IBS que faz as vendas, emite os documentos fiscais, informa o imposto devido,
porém não paga o imposto apurado no final do período após as compensações

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com os créditos das compras. Para estes casos, deve ser analisada a possibilidade
de retenção na fonte, dos valores recebidos por meio de instituição financeira,
ou de se exigir o prévio pagamento do imposto, nota a nota, como condição para
autorizar a emissão do documento fiscal.

São reflexões que fogem ao escopo deste texto e servem de incentivo a outros
estudos e debates.

12. CONCLUSÃO:
O desenho de um tributo deve privilegiar a simplicidade, a neutralidade, o bom
ambiente de negócios, a livre negociação entre as partes privadas, o incentivo ao
regular pagamento do imposto, e gerar incentivos negativos à fraude, à sonegação
e à inadimplência.

Pensando nestes objetivos, entendemos que no IBS, nas transações entre


contribuintes sujeitos à regra geral do imposto, o crédito do IBS deve ter como
requisito elementos passíveis de serem verificados de forma automatizada, em
especial o efetivo pagamento do IBS da operação de compra.

Apresentamos duas opções de pagamento que permitem que o adquirente


possa ter segurança de que o IBS da compra foi efetivamente pago, de forma
simples, prática, sem impacto em seu fluxo de caixa.

O modelo pode ser uma importante inovação para reduzir litígios, reduzir custos
de conformidade tributária, reduzir inadimplência, e reduzir a alíquota de equilíbrio
do IBS a ser fixada pelo Senado Federal.

Cada um pagando sua parte, a carga de quem paga fica menor.

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A FEBRAFITE
A FEBRAFITE - Associação Nacional de
Associações de Fiscais de Tributos Estaduais
congrega 26 Associações do Fisco estadual e
representa cerca de 30 mil Auditores Fiscais
em todo o país. Nas pautas econômicas e
fiscais, área de atuação e expertise, a Entidade
atua com rigor técnico na análise de matérias
que impactam o sistema tributário brasileiro.
Nos últimos anos, tem se dedicado com
especial afinco à Reforma Tributária, tema
sobre o qual sua Comissão Técnica produz
estudos com foco nos impactos fiscais dos
Estados e do DF, arrecadação e propostas Porta-Voz FEBRAFITE e AFRESP
relacionadas à Administração Tributária.
Rodrigo Spada é Auditor Fiscal do Estado de
São Paulo, presidente da Febrafite (Federação
O Movimento Viva Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos
Estaduais) e da Afresp (Associação dos
O Movimento VIVA é uma iniciativa da
Auditores Fiscais da Receita Estadual de São
Associação dos Auditores Fiscais da Receita
Paulo).
Estadual de São Paulo que tem como
objetivo discutir e propor soluções para o
sistema tributário brasileiro. Fundado em
2015, o movimento foi berço de importantes www.febrafite.org.br
discussões e ideias encampadas pela Emenda
Constitucional 132, da Reforma Tributária.
/febrafite
Essa articulação criativa foi proposta
pelo Auditor Fiscal da Receita Estadual de
São Paulo, José Roberto Soares Lobato (in
memorian), partiu do diagnóstico de que a Atendimento à imprensa:
aguda crise vivida pelo Fisco Paulista à época Francisca Azevedo
Coordenadora de Comunicação
decorria de uma crise maior, do sistema
(61) 98432-3669 (WhatsApp)
tributário brasileiro. Assim, a iniciativa conduziu
debates, workshops e seminários sobre os
modelos de tributação e de administração
tributária mais adequados. Desse Movimento
surgiram articulações e propostas que foram
valiosas para permitir uma participação ativa
dos Fiscos Estaduais no atual debate sobre a
reforma tributária.

Desde o início, o projeto conta com o apoio


do Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID).

Associações filiadas à FEBRAFITE:

AFRAFEP ASFAL
www.febrafite.org.br

SRTVN 702 BLOCO P SALA 1059, Edifício Brasília Rádio Center


Asa Note, Brasília/DF -70.719-900

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