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IBET Goiânia, 28/10/2022.

Seminário VI – ICMS Mercadorias

Diogo Lima Rezende Rios

1) RMIT ICMS Mercadorias:


a. Antecedente: realizar operação jurídica de circulação de mercadorias,
com transferência de sua titularidade (critério material) nos limites
geográficos do Estado ou do DF instituidor (critério espacial), no
momento das saídas das mercadorias do estabelecimento remetente
(critério temporal)
b. Consequente: o dever jurídico dos vendedores das mercadorias de pagar
a tal Estado ou DF (critério pessoal, sujeito passivo e ativo) o imposto
sobre circulação de mercadorias, tendo como base de cálculo o valor da
operação, incidindo alíquota estabelecida na legislação estadual ou
distrital (critério quantitativo).
RMIT ICMS Importação:
a. Antecedente: realizar operação de importação de bens ou mercadorias
do exterior (critério material) nos limites geográficos do destinatário, seja
no Estado ou no DF instituidor (critério espacial), no momento da
entrada jurídica da mercadoria no estabelecimento (critério temporal).
b. Consequente: dever jurídico dos importadores de pagar ao Estado ou DF
(critério pessoal, sujeito passivo e ativo) o ICMS incidente sobre
operações de importação de bens, tendo como base de cálculo o valor
dos produtos importados e incidindo a alíquota estabelecida na legislação
estadual ou distrital (critério quantitativo).
2) A BC incidente sobre o ICMS mercadorias é o valor da operação. Todos os itens
elencados na questão devem ser levado em consideração para determinar a BC
do ICMS, já que é o valor da operação e não o valor da mercadoria.
3)
a. Considerando que os Estados são entes autônomos entre si, pode sim o
Estado de São Paulo proceder de tal forma, tal procedimento recebe a
denominação jurídica de “glosa”, gerando a emissão de autos de infração
e levando a discussão para o âmbito administrativo e judicial.
b. Sim, ambos os diplomas legais alteram a situação acima descrita, a partir
deles, o estado teria legitimidade baseada na lei e no convênio para
deliberar sobre a remissão dos créditos tributários, constituídos ou não,
decorrentes das isenções, dos incentivos e dos benefícios fiscais ou
financeiro-fiscais instituídos e a reinstituição das respectivas isenções,
incentivos e benefícios fiscais ou financeiro-fiscais.
4) Antes dessa LC, o ICMS era devido integralmente ao Estado ou DF de origem.
Depois, o ICMS, nas operações interestaduais, começou a ser partilhado entre o
estado remetente e o estado destinatário, onde o primeiro terá direito ao imposto
que corresponde à alíquota interestadual e o segundo terá direito à diferença
entre sua alíquota interna e a alíquota interestadual (DIFAL-ICMS).
O principal objetivo da Lei é diminuir a guerra fiscal entre os estados e buscar
desenvolver o país por completo, já que os estados menos favorecidos estavam
ficando cada vez mais distantes economicamente dos demais.

Geralmente, quando a venda a consumidor final ocorre presencialmente, mesmo


que ele seja de outro estado, aplica-se a alíquota interna do estado onde ocorreu
a venda. Não há que se falar em DIFAL neste caso.

5)
a. A declaração de inidoneidade fiscal é utilizada pelas Fazenda Estaduais
para evitar com que o contribuinte de ICMS, que esteja em situação
irregular, emita NFs, consideradas inidôneas por algum motivo. Daí
surgem duas consequências principais, i) apreensão de mercadoria, para
comprovar a materialidade da infração. Lavrado o Auto de Infração, a
mercadoria deve ser liberada; ii) vedação do crédito do ICMS, isso
pressupõe que a mercadoria acompanhada de NF inidônea chegou ao
destinatário, ou seja, não foi apreendida durante o transporte.
Os principais motivos que levam o Fisco Estadual a emitir tal declaração
são: simulação de existência de empresa ou estabelecimento; simulação
do quadro societário; inexistência de estabelecimento para o qual houve
inscrição; indicação incorreta de localização do estabelecimento;
indicação de dados cadastrais falsos; fraude fiscal; embaraço à
fiscalização; resistência à fiscalização; receptação de mercadoria roubada
ou furtada; mercadoria falsa ou adulterada; mercadoria contrabandeada.

b. Como dito acima, a declaração de inidoneidade veda o crédito de ICMS,


ou seja, nota fiscal inidônea (fria) não pode gerar créditos de ICMS.

Entretanto, para os casos em que a NF seja posteriormente declarada


inidônea, o Superior Tribunal de Justiça emitiu a súmula 509 com o
seguinte teor: “É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de
ICMS decorrentes de nota fiscal posteriormente declarada inidônea,
quando demonstrada a veracidade da compra e venda”.

É possível encontrar acórdãos pró-contribuinte, desde que haja boa fé no


momento da compra e que a declaração seja posterior, vejamos:

“Agravo de instrumento – Tributário – Anulatória de débito fiscal


– Declaração de inidoneidade de empresa posterior à operação
mercantil realizada – Análise perfunctória do caso em concreto
que evidencia aparente boa-fé da agravante ao celebrar
operações mercantis anteriormente à declaração de
inidoneidade – Apresentação de documentos que sinalizam a
efetiva materialização das operações comerciais questionadas –
Aplicabilidade da Súmula nº 509 do A. STJ – Presença de
periculum in mora e fumus boni iuris – Reversibilidade da medida
assegurada quando do julgamento do mérito – Decisão
interlocutória reformada – Recurso provido”. (TJSP; Agravo de
Instrumento 2224765-85.2021.8.26.0000; Relator (a): Souza
Meirelles; Órgão Julgador: 12ª Câmara de Direito Público; Foro
Central – Fazenda Pública/Acidentes – 13ª Vara de Fazenda
Pública; Data do Julgamento: 12/12/2021; Data de Registro:
12/12/2021).
c.
6) Apenas com base no art. 155 não é possível concluir que as situações
apresentadas na questão podem ou não utilizar de créditos na entrada de
materiais de uso e consumo. Como por exemplo em relação ao ativo imobilizado
em que o requisitos para que possa tomar crédito estão elencados na lei Kandir,
mais precisamente em seu art. 20, §5º, exigindo que a apropriação seja feita em
48 parcelas mensais e que o crédito mensal seja apropriado proporcionalmente
às saídas ou prestações em que incide o ICMS, não se admitindo créditos em
relação às prestações isentas ou não tributadas.

7) Leasing não gera incidência de ICMS, em nenhum dos casos descritos na


questão. Arrendamento mercantil é “o negócio jurídico realizado entre pessoa
jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade
de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela
arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta”,
conforme art. 1º, § único da Lei 6.099/74.
Apesar do esforço do legislador, tentando fazer incidir o imposto em tal
situação, verifica-se que não ocorre venda, nem circulação de mercadoria e nem
troca de titularidade, fatos que impossibilitam a ocorrência do critério material
da RMIT do ICMS.

8) Não deve haver tributação. Inclusive, há estados em que e prevê expressamente


a dispensa ao pagamento do tributo no caso de roubo, furto ou extravio, desde
que caso tenha ocorrido tomada de crédito, que seja feito o estorno. Nesse
sentido, vale observar que segurança é um dever do Estado, portanto, em meu
entendimento, no caso de furto, roubo ou extravio, não há que se falar em
quitação de tributo por qualquer pessoa que seja. Assim, a cobrança do tributo
em face de “A” em que pese ser a priori procedente, não pode o contribuinte
arcar com o ônus gerado devido à incompetência do Estado em fornecer
segurança.

9)
a. Destinatário físico é aquele receberá a mercadoria importada, ou seja, a
quem a mercadoria será remetida. Entendimento que vai ao encontro
com Carrazza, que explica que o destinatário jurídico será sempre onde
as mercadorias ingressam fisicamente, mesmo que seja outro o real
adquirente.
Segundo o STF, o ICMS é recolhido no Estado em que está localizado o
destinatário jurídico da mercadoria importada, não importando o
destinatário físico, que, normalmente, em caso de importação
intermediada, é o estabelecimento de entrada da mercadoria.
b. Sujeito ativo e passivo serão o Estado e contribuinte onde se localiza o
estabelecimento do importador da mercadoria, sendo irrelevante para a
incidência do ICMS que a importação seja realizada por conta e ordem
ou até encomenda de terceiro.
Na questão, entendo que o ICMS será devido no local de estabelecimento
do importador, onde ocorreu a entrada da mercadoria, ou seja, devido ao
estado do Espírito Santo (mas nada impede que a empresa tenha filial em
Foz, neste caso, o tributo seria devido no estado do Paraná). O sujeito
passivo será o importador, localizado no ES.

c. Entendo que não há sentido falar em distinção entre importação por


conta e ordem e por encomenda. Nos dois casos o ICMS será devido no
local que se encontra o estabelecimento do importador, local da entrada
física das mercadorias.

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