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1. Obrigação e crédito tributário. Obrigação tributária principal e acessória.

CTN
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por
objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se
juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto
as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da
arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância,
converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

CAPÍTULO II
Fato Gerador
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei
como necessária e suficiente à sua ocorrência.
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na
forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que
não configure obrigação principal.

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato


gerador e existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se
verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos
que normalmente lhe são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou
negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência
do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da
obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos
em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)

Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de


lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se
perfeitos e acabados:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento;
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da
celebração do negócio.

Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se:


I - da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos
contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu
objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
Obrigação tributária principal x acessória

a) Principal: é a obrigação de pagar o tributo -> pecuniária


b) Acessória: é obrigação de fazer ou não-fazer, entregar alguma coisa em
prol da fiscalização tributária (ex. manter regular escrituração contábil,
não transportar mercadorias sem nota fiscal). Por vezes, há obrigação
tributária acessória sem que haja obrigação principal (ex. entidade sem
fins lucrativos, que é imune a impostos, deve manter escrituração
contábil regular). Não segue a regra do Direito Civil (o acessório segue o
principal);
Decorre da legislação tributária como um todo (CTN 96), envolvendo
decretos, instruções normativas, resoluções. Caso uma obrigação
acessória não seja cumprida, esta obrigação acessória será convertida
em multa (pecuniária), que será exigida como se fosse uma obrigação
principal (CTN 113, §3º). A penalidade deve estar prevista em lei, tal
como as demais obrigações principais (CTN 97).

2. Regra Matriz de Incidência Tributária

Regra Matriz de Incidência Tributária - RMIT


Paulo de Barros Carvalho, acerca da estrutura da norma jurídica tributária,
desenvolveu o estudo da regra-matriz de incidência tributária (RMIT), cuja organização
lógica é composta pela hipótese de incidência tributária (HIT) em conjunto com a
relação jurídica tributária (RJT) e tanto a HIT, quanto RJT têm em comum serem
construídas a partir dos critérios a seguir identificados:

Na hipótese (descritor), haveremos de encontrar um critério


material (comportamento de uma pessoa), condicionado no
tempo (critério temporal) e no espaço (critério espacial). Já na
conseqüência (prescritor), depararemos com um critério
pessoal (sujeito ativo e sujeito passivo) e um critério
quantitativo (base de cálculo e alíquota) (CARVALHO, 2007, p.
253).

A hipótese de incidência tributária – HIT compõe-se de três critérios que permitirão


identificar o fato jurídico tributário descrito na norma jurídica tributária, que são: o
critério material, o critério espacial e o critério temporal.
O critério material reporta-se a um comportamento de pessoas, físicas ou jurídicas,
indicado por um verbo seja de fazer, dar ou ser, o qual virá seguido de um
complemento, sendo tal comportamento condicionado aos critérios espacial e
temporal (2007, p. 267).
O critério espacial apresenta a circunscrição territorial, ou seja, o local em que o fato
jurídico tributário deverá ocorrer, sendo por vezes identificados expressamente e
outras vezes tacitamente apontados pela lei tributária. Dessa forma, o local do fato
pode se confundir com o campo de eficácia da lei tributária, porém, observa-se que
são figuras distintas, eis que há tributos que poderão se originar de fatos ocorridos no
exterior (CARVALHO, 2007, p. 270-273).
Sobre o critério temporal Paulo de Barros Carvalho reconhece que se refere ao marco
de tempo em que se dá por ocorrido o fato, dano ensejo à obrigação e à relação
jurídica tributária (2007, p. 274).
A “consequência da norma tributária” ou “relação jurídica tributária” se manifestará
imediatamente após a concretização do fato jurídico tributário e sua subsunção à
norma. Os critérios que constituem o laço obrigacional são: a) o critério pessoal, que
aponta os sujeitos (ativo e passivo) da relação; e b) o critério quantitativo, indicador
dos fatores que, conjugados, exprimem o valor pecuniário da dívida, quais sejam, a
base de cálculo e alíquota (CARVALHO, 2007, p. 310).
O critério pessoal envolve o sujeito ativo e o sujeito passivo. O sujeito ativo que irá
exigir/cobrar a prestação pecuniária poderá ser uma pessoa jurídica pública ou
privada, apontando Paulo de Barros Carvalho que nada impede que seja também uma
pessoa física, desde que esta desempenhe atividade exclusiva e de real interesse
público. O sujeito passivo, por sua vez, será pessoa física ou jurídica, pública ou privada
de quem se exige o adimplemento do tributo, ou das obrigações denominadas
instrumentais (CARVALHO, 2007, p. 311).
O critério quantitativo permitirá aferir a exata quantia devida a título de tributo,
partindo-se dos elementos base de cálculo e alíquota. Paulo de Barros Carvalho
ressalta a importância da base de cálculo atribuindo-lhe três funções: 1) mensuradora,
ao medir as proporções reais do fato; 2) objetiva, ao compor a específica determinação
da dívida; e 3) comparativa, ao relacionar-se com o critério material da hipótese,
poderá confirmá-lo, infirmá-lo ou afirmar aquilo que se encontra obscuro no texto da
lei (2007, p. 346).
A alíquota também faz parte do critério quantitativo integrante da regra-matriz de
incidência tributária a alíquota, sendo intrinsecamente ligada à base de cálculo e em
conjunto com esta irá exprimir o valor numérico do tributo. A alíquota poderá
expressar-se em valor monetário fixo ou variável em função de escalas progressivas da
base de cálculo ou em fração percentual da base de cálculo. Ressalta, finalmente,
Paulo de Barros Carvalho que o legislador ao manipular as alíquotas além de realizar o
princípio da igualdade tributária, poderá implementar suas intenções extrafiscais
(2007, p. 353).

Hipótese De Incidência

É a hipótese abstratamente prevista em lei; é o descritor da conduta. É fato gerador


em abstrato.
Quando se verifica no mundo real a hipótese abstratamente prevista, teremos o fato
gerador em concreto ou fato imponível.
É no momento do fato gerador em concreto que nasce a obrigação tributária.

3. Constituição do crédito tributário. Lançamento tributário. Modalidades de


lançamento. Modificações do lançamento tributário.
É a linguagem jurídica competente que permite a constituição do crédito tributário
(direito subjetivo do Ente Competente cobrar o tributo) e da obrigação tributária
(dever de pagar o tributo). Permite que a norma jurídica tributária geral e abstrata
(RMIT) se transforme em individual e concreta.

Modalidades de lançamento:

a) De ofício ou direto: o Fisco trabalha com base nos seus próprios dados,
cadastros ou autuações. IPTU geralmente é de ofício;

CTN. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa


constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o
procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato
gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável,
calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo
caso, propor a aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e
obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

CTN. Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade


administrativa nos seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e
na forma da legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado
declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na
forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela
autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste
satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer
elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração
obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa
legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo
seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de
terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade
pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício
daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por
ocasião do lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou
falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma
autoridade, de ato ou formalidade especial.
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto
não extinto o direito da Fazenda Pública.

 Lançamento Tributário:
i) Identifica a matéria tributável;
ii) Verifica a ocorrência do fato gerador;
iii) Calcula o montante devido;
iv) Identifica os sujeitos
v) Aplica, se for o caso, a penalidade cabível

Pontos importantes a serem analisados:

Motivação – descrever de forma clara e expressa os elementos da norma jurídica


tributária – direito a ampla defesa e contraditório

Notificação – termo ad quem (final) da decadência e ato que informa a motivação do


lançamento.

Decadência

CTN. Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário


extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado; (termo a quo – inicial)

b) Por declaração ou misto: há uma atividade conjunta do contribuinte


(apresentação de declaração) e do Fisco (que trabalha sobre a declaração, calcula e
notifica o contribuinte para efetuar o pagamento). Hoje não é utilizado, era utilizado
no Imposto de Importação, mas hoje é um tributo sujeito a lançamento por
homologação ou de ofício.

c) Por homologação ou autolançamento: o contribuinte apresenta declaração ao


Fisco, e além de informar os fatos, ele já efetiva o cálculo de quanto deve e
providencia o pagamento antes de qualquer manifestação do Fisco.

Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos
cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento
sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que
a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida
pelo obrigado, expressamente a homologa.
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo
extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao
lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à
homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à
extinção total ou parcial do crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém,
considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na
imposição de penalidade, ou sua graduação.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar
da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda
Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e
definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de
dolo, fraude ou simulação.

Instrumentos do Lançamento por Homologação: DIPJ, DCTF, GFIP, PER/DCOMP, Termo


de Confissão de Dívida (Parcelamento), Carnê leão, Sped Fiscal (composto de diversos
livros Escrituração Fiscal Digital) e etc.

Pontos importantes a serem analisados:

- Declaração do contribuinte ou responsável


- No lançamento por homologação sempre cabe fiscalização no prazo de decadência
pelo Ente Competente.
Decadência: art. 150, § 4º, do CTN – conta-se 5 anos do fato gerador.
ATENÇÃO: quando o contribuinte não declara ou declara a menor com dolo (intenção
de não pagar tributo) o prazo não favorece o contribuinte, sendo aplicado o prazo
decadencial do art. 173, I, do CTN.

Prescrição: ocorre em face do tributo declarado e não pago. Termo a quo: data da
declaração ou do vencimento, o que for mais remoto.

CTN.   Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em


cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva.

Súmula 436/STJ, verbis: "A entrega de declaração pelo contribuinte,


reconhecendo o débito fiscal, constitui o crédito
tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do
Fisco."

Visão geral da decadência (perda do direito subjetivo da Autoridade Fiscal


Competente de Lançar)

Decadência

 Termo Inicial (a quo) do Prazo Decadencial


- Hipótese 1: Lançamento de Ofício
- Hipótese 2: Lançamento por Homologação, sendo que o contribuinte declara e
paga total ou parcialmente
- Hipótese 3: Lançamento por Homologação, sendo que o contribuinte declara e
não paga
- Hipótese 4: Lançamento por Homologação, sendo que o contribuinte declara e
paga, porém age com dolo, fraude ou simulação
- Hipótese 5: Lançamento por Homologação, sendo que o contribuinte não
declara e não paga

 Hipótese 1: Lançamento de Ofício


- Aplica-se diretamente o art. 173, do Código Tributário Nacional

 Hipótese 2: Lançamento por Homologação, sendo que o contribuinte declara


e paga total ou parcialmente
- Com a declaração e o pagamento, efetiva-se o lançamento por homologação,
aplicando-se, em consequência, o previsto no art. 150, § 4º, do CTN, iniciando o prazo
decadencial com a ocorrência do fato gerador

 Hipótese 3: Lançamento por Homologação, sendo que o contribuinte declara


e não paga
- Já se considerou que sem pagamento, não haveria o que se homologar, não se
efetivando o lançamento por homologação, e, por isso, haveria o prazo decadencial do
art. 173, I, do CTN. Porém, atualmente, entende que que, havendo a declaração, sem
prova de dolo, fraude ou simulação, aplica-se o prazo decadencial previsto no art. 150,
§ 4º, do CTN, iniciando o prazo decadencial com a ocorrência do fato gerador

 Hipótese 4: Lançamento por Homologação, sendo que o contribuinte declara


e paga, porém age com dolo, fraude ou simulação
- Se o contribuinte age com dolo, fraude ou simulação, o ordenamento confere
tratamento favorecido ao Fisco, dilatando o prazo decadencial. Com isso, aplica-se a
previsão do art. 173, I, do CTN.

 Hipótese 5: Lançamento por Homologação, sendo que o contribuinte não


declara e não paga
- Sem declaração e pagamento, não há lançamento por homologação, regendo-
se o prazo decadencial pelo regime do lançamento de ofício, com base no art. 173, I,
do CTN.
Modificação do lançamento
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode
ser alterado em virtude de:
I - impugnação do sujeito passivo;
II - recurso de ofício;
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no
artigo 149.

Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de


decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela
autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser
efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador
ocorrido posteriormente à sua introdução.

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário


extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por
vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Modificação de ofício: de forma espontânea pela Autoridade Fiscal Competente


Modificação em consequência de decisão administrativa: proferida pela 1ª ou 2ª
instância administrativa no Processo Administrativo Fiscal (suscitada pela defesa
administrativa do contribuinte ou responsável)
Modificação em consequência de decisão judicial: decisão judicial proferida em caráter
geral e efeitos ex tunc (controle concentrado de constitucionalidade ADI) e recursos
repetitivos do STJ e STF, que podem incidir no lançamento pendente (sem decisão
administrativa definitiva). Ou ainda em decisão de controle difuso para o contribuinte
X sujeito ao lançamento ainda pendente.
Modificação dos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no
exercício do lançamento: pode decorrer de erro de direito ou de erro de fato.
Uma vez promovido um lançamento tributário, a qualificação jurídica [7] a ele
atribuída (critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa) não pode ser
alterada em relação aos mesmos fatos geradores e ao mesmo sujeito passivo. (Diego
Diniz Ribeiro)

 erro de direito, demonstrando-se desajuste no embasamento


legal ou na ausência de fundamento legal para a infração descrita,
em especial em relação ao fundamento legal do fato gerador, da
infração descrita, da base de cálculo e da alíquota; também serão
demonstradas as inconstitucionalidades ou ilegalidades existentes
em relação à norma aplicada pela autoridade fiscal competente nos
lançamentos;
 erro de fato, demonstrando-se desajuste na operacionalidade
dos fatos ou no levantamento das provas do fato pela Ilma.
Autoridade Fiscal, em especial em relação à ocorrência do fato
gerador ou da infração descrita e à identificação do montante
tributável. Caso o erro de direito não seja reconhecido, mas exista
erro de fato também verificado em relação à apuração realizada pela
autoridade fiscal, necessário adequar o lançamento aos valores
efetivamente devidos.

Elementos formais, quais sejam (arts. 2º a 7º da Portaria RFB nº 1.684/2014):


- O Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal de Fiscalização (TDPF-F), para
instauração de procedimento de fiscalização;
- Os dados identificadores do sujeito passivo;
- O(s) tributo(s) objeto do procedimento fiscal;
- O período de apuração (pode ser ampliado, mas tem que haver despacho pelo
auditor responsável)
- Se houver diligência, deve ser lavrado também o Termo de Distribuição de
Procedimento Fiscal de Diligência (TDPF-D), para realização de diligência (coleta de
informações ou outros elementos de interesse da administração tributária, inclusive
para atender exigência de instrução processual); -> não pode alterar o critério jurídico
- Procedimentos de fiscalização em uma região fiscal, por Auditores-Fiscais da Receita
Federal do Brasil em exercício em unidades de região fiscal diversa – deve ter previa
Ordem de Serviço do Coordenador-Geral de Fiscalização, do Coordenador-Geral de
Administração Aduaneira ou do Coordenador Especial de Ressarcimento,
Compensação e Restituição e, após, manifestação da Superintendência que
jurisdiciona o contribuinte – ou seja, deve ter um ato formal nesse sentido.

Elementos materiais, quais sejam:


- Decadência do período em apuração.
- Prova da ocorrência do fato gerador e da infração *deficiência de motivação
- Materialidade do tributo (fatos gerador, elementos da base de cálculo e alíquota);
- Analisar sujeição passiva se atribuída a quem não é contribuinte – responsáveis
solidários, terceiros e sucessores;
- multa e juros se aplicados corretamente.
4. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Modalidades

CTN. Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:


I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança.
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras
espécies de ação judicial; 
VI – o parcelamento. 
Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das
obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito
seja suspenso, ou dela conseqüentes.

Moratória

Art. 152. A moratória somente pode ser concedida:


I - em caráter geral:
a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o
tributo a que se refira;
b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito
Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto
aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado;
II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa,
desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior.
Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever
expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território da
pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe
ou categoria de sujeitos passivos.

A União poder conceder moratória de tributos estaduais e municipais? NÃO:


fundamentado no Princípio Federativo. SIM se fundamenta no artigo 152 do CTN, o
qual estabelece que a União pode oferecer moratória para os tributos estaduais e
municipais, desde que o faça simultaneamente em relação aos seus próprios tributos
e conceda ainda moratória nas relações entre particulares. O artigo 152 prevê uma
moratória geral e foi recepcionado pela CF na medida em que, nos períodos
extraordinários, a União pode inclusive instituir impostos, portanto, a concessão de
moratória geral também se justificará em situações excepcionais – a União não estará
tentando prejudicar os outros entes federados, pois, além de se tratar de situação
excepcional ela estará também abrindo mão dos seus próprios tributos.

Exemplo:
Portaria do Ministério da Fazenda nº 12, de 20 de janeiro de 2012

Prorroga o prazo para pagamento de tributos federais, inclusive quando objeto de


parcelamento, e suspende o prazo para a prática de atos processuais no âmbito da
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e da Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional (PGFN), na situação que especifica.

O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso das atribuições que lhe


conferem os incisos II e IV do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal, e
tendo em vista o disposto no art. 66 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, e no
art. 67 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, resolve:
Art. 1º As datas de vencimento de tributos federais administrados pela
Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), devidos pelos sujeitos passivos
domiciliados nos municípios abrangidos por decreto estadual que tenha reconhecido
estado de calamidade pública, ficam prorrogadas para o último dia útil do 3º (terceiro)
mês subsequente.
§ 1º O disposto no caput aplica-se ao mês da ocorrência do evento que
ensejou a decretação do estado de calamidade pública e ao mês subsequente.
§ 2º A prorrogação do prazo a que se refere o caput não implica direito à
restituição de quantias eventualmente já recolhidas.
§ 3º O disposto neste artigo aplica-se também às datas de vencimento das
parcelas de débitos objeto de parcelamento concedido pela Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (PGFN) e pela RFB.
Art. 2º Fica suspenso, até o último dia útil do 3º (terceiro) mês subsequente,
o prazo para a prática de atos processuais no âmbito da RFB e da PGFN pelos sujeitos
passivos domiciliados nos municípios de que trata o art. 1º.
Parágrafo único. A suspensão do prazo de que trata este artigo terá como
termo inicial o 1º (primeiro) dia do evento que ensejou a decretação do estado de
calamidade pública.
Art. 3º A RFB e a PGFN expedirão, nos limites de suas competências, os atos
necessários para a implementação do disposto nesta Portaria, inclusive a definição dos
municípios a que se refere o art. 1º.
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

CTN. Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize


sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros
requisitos:
        I - o prazo de duração do favor;
        II - as condições da concessão do favor em caráter individual;
        III - sendo caso:
        a) os tributos a que se aplica;
        b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que
se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à
autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter
individual;
        c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de
concessão em caráter individual.
Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito
adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o
beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não
cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor,
cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora:
I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do
beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele;
II - sem imposição de penalidade, nos demais casos.

Depósito integral (em juízo)

Não é o depósito feito com intuito de quitar o débito, mas sim com a finalidade de se
questionar a sua exigência. O que se busca é a suspensão da exigibilidade enquanto de
se questiona a sua própria exigência.

Regras pertinentes ao Depósito como causa de suspensão da exigibilidade:

 Súmula 112 STJ: o depósito suspensivo deve ser integral e em dinheiro.


 Súmula 1 do TRF/3ª Região: Possibilidade de ser feito em Ação
Declaratória: o que define se é ação declaratória ou anulatória é o
Lançamento, pois se ainda não há atos tendentes ao lançamento, e o
contribuinte quer uma declaração da inexistência relação jurídico-
tributária, a Ação é Declaratória. Se já houver lançamento trata-se de
Ação Anulatória. Não há prejuízo em relação a esse deposito, pode ser
feito também em MS, e Processo Cautelar.
 Súmula 18 do TRF/4ª Região: Efetivado o depósito, o valor não poderá
ser levantado até que o depositante obtenha em seu favor uma
decisão transitada em julgado [mesma regra da Lei 9.803/98]. Se ele
perder o depósito será convertido em renda para o Fisco e servirá para a
extinção do crédito tributário. Tal regra se dá pois, para evitar que o
contribuinte tenha um débito.
ARTIGO 206 CTN – hipóteses nas quais a certidão positiva tem força de
CND: 1. quando o débito ali apontado está com a exigibilidade suspensa;
2. quando consta da certidão um dívida não vencida; 3. quando o
apontamento já for uma Execução Fiscal já garantida por penhora.

Feito o depósito o Fisco pode efetivar o Lançamento se ainda não o tiver realizado,
pois não há medida que impede o Fisco de constituir o seu crédito. Poderá também
inscrever o débito na dívida ativa, porém, da própria inscrição deverá constar que
aquela dívida está com sua exigibilidade suspensa.

As reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário


administrativo
Quando o sujeito passivo tributário é autuado (recebe a notificação de lançamento de
ofício) ele pode impugnar a autuação administrativamente (defesa de 1ª instância
administrativa, no inciso chamada de reclamação). O prazo para impugnação é,
normalmente, de 30 dias. O mesmo ocorre com o recurso administrativo (defesa
administrativa de 2ª instância, que será analisada pelo órgão colegiado).

A existência de impugnação ou recurso administrativo é em verdade causa impeditiva


da formação do crédito tributário. O STF tem entendido que se há investigação por
crime material contra ordem tributária [que exige resultado para sua consumação],
não se pode ofertar a denúncia enquanto houver pendência administrativa
[impugnação, recurso administrativo], pois, por ser crime material o resultado é
exigido, e se não há certeza quanto à existência do tributo não pode haver denúncia.
Para o STF o crime material só se consuma no momento em que os Recursos
Administrativos Fiscais estejam encerrados, e só a partir de então que corre a
prescrição penal e que se pode oferecer a Denúncia Criminal.

Crimes materiais: Artigo 1º da Lei 8.137/90 [Crime contra ordem


tributária]; apropriação indébita de contribuição para a seguridade
social[168, ‘a’, CP]; crime de sonegação de contribuição para a
seguridade social [337, ‘a’, CP];

A concessão de medida liminar em mandado de segurança e a concessão de medida


liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial

Pedido de liminar em MS ou de tutela de urgência nas demais ações expresso no


sentido de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, preenchidos os requisitos
da probabilidade do direito e do perigo de dano ou ao resultado útil da ação.
Não exige depósito integral (é uma modalidade distinta).
A decisão judicial deve ser expressa no sentido de suspensão da exigibilidade do
crédito tributário.

Parcelamento
Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição
estabelecidas em lei específica. 
§ 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito
tributário não exclui a incidência de juros e multas. 
§ 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta
Lei, relativas à moratória.  
§ 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos
tributários do devedor em recuperação judicial. 
§ 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3 o deste artigo
importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação
ao devedor em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo
de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica.

Para que ocorra um parcelamento, normalmente, se exige uma confissão da dívida. E


também se exige desistência de discussão administrativa e judicial.

STJ Tema Repetitivo 375 (REsp 1133027/SP, 25/04/2011, Ministro Relator


LUIZ FUX)

Questão submetida a julgamento: Questão referente à impossibilidade de revisão


judicial da confissão de dívida, efetuada com o escopo de obter parcelamento de
débitos tributários, quando o fundamento desse reexame judicial é relativo à
situação fática sobre a qual incide a norma tributária.

Tese Firmada: A confissão da dívida não inibe o questionamento judicial da


obrigação tributária, no que se refere aos seus aspectos jurídicos. Quanto aos
aspectos fáticos sobre os quais incide a norma tributária, a regra é que não se
pode rever judicialmente a confissão de dívida efetuada com o escopo de obter
parcelamento de débitos tributários. No entanto, como na situação presente, a
matéria de fato constante de confissão de dívida pode ser invalidada quando
ocorre defeito causador de nulidade do ato jurídico (v.g. erro, dolo, simulação e
fraude).

Confessada a dívida estará interrompida a prescrição, que só terá curso novamente


se rompido o parcelamento [a partir do rompimento o Fisco terá 5 anos de prescrição
para exigir o seu crédito remanescente].

ATENÇÃO: verificar se houve efetiva adesão (normalmente ocorre com o pagamento


da primeira parcela e não com o mero termo de parcelamento). E também verificar o
prazo de rescisão da lei do parcelamento e não o que consta da informação do órgão
da fazenda, pois as vezes o sistema demora a constatar a rescisão, mas deve seguir o
prazo legal.

Punibilidade na esfera penal: O parcelamento é considerado causa de suspensão da


pretensão punitiva no âmbito criminal e se o devedor honrar o acordo haverá extinção
da punibilidade. Entretanto, se o parcelamento não for honrado a pretensão punitiva
do Estado [Processo Criminal] volta a contar.

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