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2. Conceito de tributo
Introdução
O tributo é o principal elemento do direito tributário. Sempre que houver tributo haverá direito
tributário.
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
Art. 3º,
CTN
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante
atividade administrativa plenamente vinculada.
A relação tributária entre os particulares e o Estado é de cunho obrigacional e somente pode decorrer
de lei (obrigação ex lege) em sentido estrito (é vedada qualquer tentativa de criar obrigações por
meio de atos administrativos ou normas infralegais).
Como o tributo tem por finalidade arrecadar verbas para os cofres públicos, a obrigação deve ser
resolvida em moeda ou outro valor que nela se possa exprimir. O conceito de moeda diz respeito à
moeda nacional. O sistema tributário não aceita, por enquanto, o pagamento em moeda estrangeira.
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Base de cálculo
Expressão econômica de um fato jurídico, ou seja, algo que representa o quantum que servirá
de referência para o pagamento do tributo.
Ocorre que ao tempo do CTN não existia um sistema bancário presente em todo o país, tampouco
boletos ou sistemas eletrônicos de pagamento, como nos dias de hoje. Em razão disso:
O pagamento é efetuado:
Art. 162,
Percebe-se que o CTN sempre aceitou outras formas de pagamento, desde que conversíveis em
moeda. Um exemplo é a previsão do art. 156, XI, de que o valor dos tributos devidos poderia ser
quitado (extinção do crédito tributário) mediante dação em pagamento, ou seja, pela entrega de bens
imóveis ao poder público.
Trata-se de um caso excepcional pelo qual a União, os Estados, os Municípios ou o Distrito Federal
podem, desde que autorizados pelos respectivos poderes legislativos, aceitar imóveis como forma de
extinção de suas dívidas tributárias.
O crédito tributário inscrito em dívida ativa da União poderá ser extinto, nos termos do
inciso XI do caput do art. 156 do CTN, mediante dação em pagamento de bens imóveis,
a critério do credor, na forma desta Lei, desde que atendidas as seguintes condições:
I - a dação seja precedida de avaliação do bem ou dos bens ofertados, que devem estar
Art. 4º, Lei nº 13.259/16
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O CTN preceitua a chamada interpretação objetiva do fato gerador, que deve desconsiderar qualquer
circunstância exógena ou subjetiva para fins de tributação, vale dizer, atividades e fatos econômicos
devem ser alcançados pelos respectivos tributos, independentemente da sua validade ou licitude.
Portanto, rendas e bens irregularmente obtidos em razão de condutas criminosas e que não foram
detectadas quando praticadas devem ser normalmente tributados.
O direito tributário possui evidente objetivo econômico, e, nesse sentido, se os atos legítimos sofrem
tributação, com mais razão as vantagens auferidas de forma ilícita também deverão ser gravadas.
Não se tributa a conduta (que é assunto de ordem criminal), mas o resultado econômico obtido
ilegalmente. Isso decorre do clássico princípio pecunia non olet (“dinheiro não tem cheiro”).
responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos.
Para fins de tributação, pouco importa se o ato praticado pelo sujeito passivo é legal ou ilegal, pois o
que interessa, em termos de incidência, é o resultado econômico obtido.
Qual seria, então, o critério distintivo entre a aplicação do princípio pecunia non olet e a utilização
de outras medidas, de caráter sancionatório? A diferença está no momento da percepção da conduta
pelo Estado. Sempre que as autoridades públicas flagrarem o ato ilícito, deverão agir para
interrompê-lo e evitar os efeitos econômicos dele decorrentes. Por outro lado, quando não foi
possível interceptar a conduta, mas apenas o resultado econômico oriundo da ilicitude, deve ser
aplicado o princípio pecunia non olet.
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A lei é o único instrumento hábil para a criação de tributos.
Art. 96, A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções
CTN internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em
parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
Isso revela, a um só tempo, o caráter legítimo e obrigatório do sistema tributário, pois fundado na
premissa de participação da sociedade, “a legalidade da tributação significa o povo tributando a si
mesmo”. Esquematicamente: Estado -> Lei -> Indivíduos -> Estado.
Ademais, o CTN considera majoração qualquer alteração na base de cálculo do tributo, com o
objetivo de torná-lo mais oneroso. O comando é bastante salutar e visa a impedir que os entes
públicos, por via indireta, aumentem os tributos sem obediência ao princípio da legalidade.
Entretanto, em razão do ambiente inflacionário do País, os tribunais têm reconhecido a possibilidade
legítima de atualização monetária dos tributos, mediante decreto, desde que respeitados os índices
oficiais de correção. Qualquer atualização superior aos índices oficiais exige lei em sentido formal,
pois representaria verdadeiro aumento de carga tributária.
É possível, mediante decreto, a atualização monetária da base de cálculo de tributos, desde que
respeitados os índices oficiais só pode ser promovida por lei em sentido formal.
Em relação aos tratados e convenções internacionais, o CTN estabelece sua prevalência em razão
das normas internas. Sobre os tratados, podemos dizer que são acordos internacionais concluídos e
escritos, celebrados entre Estados ou entre Estados e Organizações, regidos pelo direito
internacional, quer constem de instrumento único, dois ou mais instrumentos conexos,
independentemente de sua denominação específica.
Os tratados celebrados pelo Brasil devem prevalecer sobre a lei interna.
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O CTN reconhece, ainda, a existência e a eficácia, dentro de certos parâmetros, das normas
complementares:
São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e
dos decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
Art. 100, CTN
Convém ressaltar que as normas complementares se revestem das mais variadas denominações. Por
óbvio que nenhum desses veículos tem força de lei, mas cada qual se presta a expressar o
entendimento das diversas instâncias administrativas.
A atividade fiscal de cobrança é vinculada, de tal sorte que a administração tributária e seus
funcionários não poderão realizar juízos de valor ou de mérito quando do desempenho de suas
funções, mas apenas aplicar a lei em sentido estrito, com base na interpretação literal de seus
dispositivos. A administração tributária não pode aumentar, reduzir ou alterar a definição e o alcance
das regras tributárias, pois o seu dever precípuo é o de arrecadar recursos para a satisfação das
necessidades públicas.
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