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LEGENDA

Quando seu texto estiver preenchido com esta cor, estaremos


falando da jurisprudência do STJ

Quando seu texto estiver preenchido com esta cor, estaremos


falando da jurisprudência do STF

Quando seu texto estiver preenchido com esta cor, estaremos


falando de QUESTÕES DE CONCURSO

TRIBUTOS EM GERAL

CONCEITO DE TRIBUTO DESTRINCHADO


Leandro Paulsen conceitua tributos dizendo que é prestação em dinheiro
exigida compulsoriamente, pelos entes políticos ou por outras pessoas jurídicas de
direito público, de pessoas físicas ou jurídicas, com ou sem promessa de devolução,
forte na ocorrência de situação estabelecida por lei que revele sua capacidade
contributiva ou que consubstancie atividade estatal a elas diretamente relacionada,
com vista à obtenção de recursos para o financiamento geral do Estado, para o
financiamento de fins específicos realizados e promovidos pelo próprio Estado ou por
terceiros em prol do interesse público1.

Esse é um bom conceito doutrinário, que vai te ajudar a entender, inclusive,


algumas situações relativas à classificação dos tributos, como a caracterização dos
empréstimos compulsórios (restituíveis que são) como uma espécie tributária.

Mas, o que realmente nos interessa é o conceito legal de tributo:

1
Paulsen, Leandro. Curso de direito tributário completo – 8.ed. – São Paulo: Saraiva, 2017.
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória,


em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

É importante que esse conceito seja esmiuçado, trecho a trecho, pois há uma
série de consequências de cada parte do conceito legal de tributo que tem implicações
jurídicas relevantes para concursos públicos.

Prestação pecuniária, em moeda ou cujo valor nela se


possa exprimir
Obrigações de fazer ou não fazer, relacionadas à tributação, como a de
escriturar os livros fiscais ou a de emitir notas fiscais, que são definidas no CTN como
obrigações tributárias acessórias (art. 113, § 2º, do CTN), não constituem tributo.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato


gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou
penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o
crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária


e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas,
nela previstas no interesse da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos.

§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua


inobservância, converte-se em obrigação principal
relativamente à penalidade pecuniária.

Tributo exige prestação pecuniária. Isso significa que não se pode pagar um
tributo com uma prestação in natura ou in labore: o particular não pode pagar IPTU
promovendo o calçamento das ruas da cidade ou laborando gratuitamente em uma
instituição de ensino municipal.

Verificamos duas oportunidades em que o STF se manifestou sobre esse tema:

1) o STF considerou constitucional a criação de novas hipóteses de extinção


do crédito tributário por lei ordinária local (ADI 2.405-MC, Pleno, Rel. Min.
Carlos Britto, j. 06.11.2002), sob o argumento de que o pacto federativo
permitiria ao ente estipular a possibilidade de receber algo do seu interesse
para quitar um crédito de que é titular e também sob a ideia de que, se o
ente pode perdoar (remissão), pode autorizar a quitação de tributo em
forma não prevista no CTN.
2) o Supremo considerou inconstitucional lei do DF (ADI 1.917 – Pleno, Rel.
Min. Ricardo Lewandowski, j. 26.04.2007) que permitia o pagamento de
débitos tributários de micro, pequenas e médias empresas, mediante
dação em pagamento de materiais destinados a atender programas de
governo distritais, porque somente por lei complementar federal poderia
ser criada nova hipótese de extinção de crédito tributário (art. 146 da CF) e
porque somente lei federal poderia tratar sobre regras de licitação (a
aquisição de bens móveis aconteceria, nesse caso, sem licitação);

A propósito, a ADI 2.405, acima citada, foi decidida definitivamente pelo


Supremo Tribunal Federal em setembro de 2019, ocasião em que se confirmou a
cautelar conferida em 2002, entendendo que “não há reserva de Lei Complementar
Federal para tratar de novas hipóteses de suspensão e extinção de créditos
tributários”, concluindo pela “possibilidade de o Estado-Membro estabelecer regras
específicas de quitação de seus próprios créditos tributários”2.

Para provas, atente-se para a seguinte ordem temporal:

a) o STF, em 2002, considerou constitucional a criação de novas hipóteses de


extinção do crédito tributário por lei local;
b) o STF, em 2007, afastou a possibilidade de quitação de tributo por meio de
dação em pagamento de bens MÓVEIS por considerar que isso ofende a
regra da licitação;
c) o CTN traz hipótese de extinção do crédito tributário por meio da dação em
pagamento de bens IMÓVEIS (alteração incluída pela LC 104/01 ao art. 156,
XI, do CTN);
d) em 2019, o STF reafirmou que não há reserva de Lei Complementar
Federal para tratar de novas hipóteses de suspensão e extinção de créditos
tributários, podendo o Estado-Membro estabelecer regras específicas de
quitação de seus próprios créditos tributários.

Esta letra “d” deve ser o que virá nas próximas provas, por ser enten dimento
mais recente da Suprema Corte. De todo modo, o tema ainda inspira dúvidas, afinal,
neste último julgado, não se apreciou a situação sob a ótica da possível burla ao
procedimento licitatório.

Por que dação em pagamento de bem móvel ofende a regra de licitação, mas a
dação em pagamento de imóveis (cujo procedimento licitatório é mais rígido até) não?
A mim, o tema ainda não parece definitivamente decidido pelo Supremo.

Vejam-se alguns pontos da constituição e da legislação que aclaram sobre o


assunto:

2
STF. ADI 2405, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 20/09/2019,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-215 DIVULG 02-10-2019 PUBLIC 03-10-2019.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 146. Cabe à lei complementar:
I - dispor sobre conflitos de competência, em matéria
tributária, entre a União, os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios;
II - regular as limitações constitucionais ao poder de
tributar;
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária, especialmente sobre:
a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em
relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a
dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e
contribuintes;
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e
decadência tributários;
c) adequado tratamento tributário ao ato cooperativo
praticado pelas sociedades cooperativas.
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para
as microempresas e para as empresas de pequeno porte,
inclusive regimes especiais ou simplificados no caso do
imposto previsto no art. 155, II, das contribuições
previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a
que se refere o art. 239. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL
Art. 156. Extinguem o crédito tributário:
I - o pagamento;
II - a compensação;
III - a transação;
IV - remissão;
V - a prescrição e a decadência;

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